




[Homenagem aos chargistas brasileiros].
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
Dora Kramer - Dora Kramer |
O Estado de S. Paulo - 12/06/2009 |
Por muito menos, qualquer outra instituição ou pessoa envolvida em ilícito de natureza pública já teria sido objeto de abertura de comissão parlamentar de inquérito para investigar fatos plenamente determinados. Mas, como a instituição em foco é o Parlamento e as pessoas envolvidas são congressistas, a saída por enquanto tem sido a anistia do passado e juras de apreço à probidade no futuro. A última descoberta da série de ilícitos em exibição desde fevereiro, contudo, reduz muito a margem das manobras que vêm sendo usadas pelo Poder Legislativo no intuito de remendar uma história que não suporta mais remendos. Quanto mais se tenta suavizar a situação com restaurações pontuais, mais danificada fica a credibilidade do Congresso, dos parlamentares, dos políticos, da política. Na quarta-feira, o Estado desvendou um mistério, mostrando como foi possível nos últimos anos o Senado se transformar numa confraria de benesses sustentada por uma rede de ilícitos comandada a partir da diretoria-geral da Casa. Os repórteres Rosa Costa e Leandro Colon revelaram a existência de mais 300 atos secretos por meio dos quais foram distribuídos empregos em troca de favores, criados cargos em comissão para acomodar apaniguados, assinados aumentos de salários, permitidas operações bancárias fora dos limites da lei, estendida a assistência médica vitalícia destinada aos senadores para funcionários, autorizados pagamentos de horas extras não trabalhadas e toda sorte de decisões a serem mantidas longe se qualquer controle. Uma instituição onde existe esse tipo de prática sem justificativa legal e que contraria frontalmente um dos princípios constitucionais da administração pública - o da publicidade - não pode ser vista como o "Poder mais transparente da República", muito menos ser considerada a "casa do povo". A descoberta deveu-se ao trabalho da comissão de sindicância interna criada há 45 dias para investigar irregularidades. Seria um ponto a favor do Senado, caso não tivesse havido a tentativa de ocultar a existência dos atos secretos que, uma vez detectados, passaram a ser publicados com data retroativa e sob a rubrica de "boletins suplementares". Com isso, fica patente que as transgressões no Senado ocorreram por premeditação criminosa - única qualificação possível para aplicação de dinheiro público em vantagens pessoais -, cujo plano incluiu a ocultação dos esqueletos na gaveta do então diretor-geral, Agaciel Maia. Não há desleixo administrativo. Ao contrário, pelo que se vê é tudo feito com muito esmero. E doses oceânicas de cinismo. Os atuais e ex-integrantes da Mesa Diretora do Senado pretendem que se acredite na inocência deles. De nada sabiam. Agaciel Maia contratou a ex-presidente da Câmara Municipal de Murici, município politicamente dominado pela família Calheiros, por iniciativa própria. Assim como achou por bem e espontânea vontade requisitar o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá - domicílio eleitoral de Sarney - para prestar serviço no conselho editorial. Chega ser constrangedor ouvir e ver homens adultos tentando disfarçar o indisfarçável de maneira tão pueril. Mas admitamos que Agaciel tenha formado um feudo transgressor pelas costas - não obstante embaixo dos narizes - de gente com décadas de experiência no ramo da esperteza. Nessa hipótese, seria aquilo que no auge do escândalo do mensalão o presidente Luiz Inácio da Silva chamou de "traidor". Um homem assim tão venal, inclusive recentemente exonerado de suas funções por esconder patrimônio da Receita Federal, mereceria a desconfiança dos inocentes por ele iludidos. No lugar disso, recebeu tratamento de compadre no casamento da filha dia desses, em Brasília. Estavam lá José Sarney, como padrinho, Renan Calheiros, Garibaldi Alves e Edison Lobão, todos com passagem pela presidência do Senado, onde o pai da noiva reinou absoluto durante quase 15 anos, cometendo infrações à revelia da chefia, uma gente completamente desatenta. Tudo muito adequado. Mais não fosse pela escolha do tema musical extraído da trilha sonora de O Poderoso Chefão. Hora incerta A decisão da Petrobrás de divulgar informações obtidas por meios de comunicação privados "ao primeiro minuto do dia previsto para a publicação da matéria" ou é fruto da relutância em reconhecer por completo um erro ou é produto de autoritarismo incurável. Não é da alçada da empresa petrolífera as decisões tomadas numa redação de jornal, revista, emissora de rádio ou televisão. A prerrogativa é exclusiva dos editores que não são obrigados a prestar contas ao Estado sobre quando, como e onde divulgarão seu material jornalístico. Queira o bom senso, portanto, que a Petrobrás não se proponha a fazer como a ditadura na época da censura prévia e montar um serviço de controle do noticiário a ser publicado. ---------------- (*) Onomatopéia para "choro, soluço, lamentos...". ------------- |
Carlos Eduardo Novaes **,
Jornal do Brasil
RIO - Não sei se já fizeram um levantamento dos países com mais feriados, mas o Brasil com certeza está entre os primeiros. Na véspera do Corpus Christi, Marta me surpreendeu ao chegar mais cedo do consultório:
– Todos os clientes da tarde desmarcaram! – explicou.
– O que houve? – interrompi meu texto no computador. – Um complô contra você?
– Amanhã, quinta-feira, é feriado. Esqueceu?
Como haveria de lembrar? Diferente da maioria dos mortais, realizo meu trabalho em casa, o que faz com que todos os dias se pareçam, seja segunda, domingo ou feriado.
– Reservei uma pousada no Pico de Itatiaia – continuou ela.
– Não podia arranjar um lugarzinho mais frio? – ironizei.
– Vamos embora! Levanta daí e vai arrumar sua mala.
– Já está pronta desde o último feriado.
– Ótimo! Sairemos mais depressa. Vombora! Vombora, que tem 3 mil ônibus e 320 mil carros deixando o Rio e eu não quero passar o fim de semana prolongado num congestionamento!
Salvei o texto no computador e tentei argumentar:
– Já viajamos no Carnaval, Semana Santa, Tiradentes, São Jorge, Primeiro de Maio... não dá para ficarmos em casa dessa vez?
– Fazendo o quê? Todo mundo está indo para fora! A cidade vai ficar um deserto. Vombora! Precisamos relaxar!
Não adiantou dizer que eu estava relaxado, relaxadíssimo. Levantei-me sem ânimo, praguejando contra o calendário. Irrita-me esse clima que antecede os feriados prolongados, as pessoas excitadas como que preparando uma fuga em massa da cidade. Desci a garagem, enquanto Marta fazia sua mala, uma mala para dois meses de feriados. Encontrei um vizinho arrumando a bagagem da família no carro. Sua aparência não era das melhores, expressão cansada, olheiras profundas, ele gemeu:
– Mais um feriado prolongado...
– Está viajando também?
– Que jeito? Sou sempre voto vencido na família. Eu não aguento mais! Não aguento mais ir para fora. Quero ficar em casa coçando o saco, olhando para o teto, mas minha mulher diz que precisamos viajar ou os vizinhos vão pensar que a crise nos pegou e estamos sem dinheiro.
– Quatro dias passam rápido – reconfortei-o. – Procura se manter ocupado. Pega uma enxada, tira leite da vaca, levanta um muro... Você nem vai notar o tempo passar!
– Ando à beira de um estresse de tanto feriado – lamentou-se.
Nisso, apareceu a mulher dele com os três meninos. Cumprimentou-me com cara de poucos amigos, enfiou os filhos no carro e berrou para o marido:
– Vamos, Mateus! Vamos logo para essa droga desse feriado!
Ele despediu-se e percebi seus olhos brilharem quando consolei-o informando que não haveria mais feriados até setembro.
– Agora só no Dia da Independência. É uma segunda-feira!
– Putz! – abateu-se. – Outro prolongado! É por isso que nosso PIB está caindo. Ninguém mais trabalha nessa terra!
Ao chegarmos à pousada, recuperei o ânimo ao ver um cartaz anunciando que a pizza era feita em forno caipira. Marta dirigiu-se ao quarto e eu chamei a recepcionista a um canto:
– Escuta. Vocês não precisam de alguém para fazer as pizzas?
– Temos um excelente pizzaiolo – disse ela. – Mas... o senhor não veio para descansar?
– Descansar? Estou exausto de tanto descansar. Quero é trabalhar! Posso ajudar a cortar lenha?
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** Carlos Eduardo Novaes é escritor
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(*) AQUARELA DO BRASIL (Ary Barroso).
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Autor(es): CRISTIANE BARBIERI | |||
Folha de S. Paulo - 12/06/2009 | |||
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Clóvis Rossi |
Folha de S. Paulo - 12/06/2009 |
Antonio Estella, professor de direito da Universidade Carlos 3º, de Madri, faz, para "El País", uma bela análise sobre "o paradoxo de que a direita ganhe as eleições europeias após naufragar o neoliberalismo", que é ou era o seu navio-insígnia. ----------------- (*) 2010 (o filme);
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Autor(es): Claudia Safatle | |||
Valor Econômico - 12/06/2009 | |||
A compra de dólares para acumulação de reservas cambiais, retomada em maio pelo Banco Central (BC), deve ter como subproduto uma blindagem política nada desprezível: o país chegará às vésperas das eleições presidenciais de 2010 com um colchão de reservas jamais visto. Não há meta, mas, conforme a intensidade do ingresso de recursos, as reservas poderão atingir a casa dos US$ 250 bilhões.
De 1º de maio a 5 de junho o BC adquiriu US$ 3,62 bilhões de dólares dos US$ 3,68 bilhões de saldo que havia no mercado, absorvendo praticamente toda a sobra. Ao fazer isso, não pretendeu sustentar uma determinada taxa de câmbio, mas evitou um derretimento mais acentuado do dólar. A estratégia do BC é prosseguir nessa toada, comprando as sobras do mercado e esterilizando os recursos. As turbulências de 2002, que produziram uma megadesvalorização do real por medo de um calote da dívida pública - primeiro com ascensão do então candidato Ciro Gomes nas pesquisas eleitorais e, em seguida, pela consolidação da liderança de Luis Inácio Lula da Silva, que venceu no segundo turno a disputa com o governador de São Paulo, José Serra - ficaram marcadas na memória dos agentes econômicos e das autoridades deste governo. Naquele ano o país, mais uma vez, quebrou. O dólar chegou a ser cotado a R$ 3,95 em outubro de 2002, mesmo depois que Lula assinou a Carta aos Brasileiros, comprometendo-se a respeitar contratos e descartando a possibilidade de um calote (entre outras promessas). Não se espera, para as eleições de 2010, nada parecido com o vendaval de 2002. O país mudou e o mundo é outro. Os técnicos da área econômica, porém, identificam um histórico de depreciações cambiais em períodos de campanha presidencial, fruto das incertezas com relação às diretrizes econômicas das novas administrações. Acham que na eventual disputa entre Dilma Roussef, ministra da Casa Civil, e José Serra, provável candidato do PSDB, não haverá dúvida quanto ao compromisso de Dilma com a preservação dos fundamentos da macroeconomia, dados pelo tripé meta de inflação, superávit fiscal e câmbio flutuante, mas tal incerteza, alegam esses técnicos, é legítima no caso de Serra, alimentada pelo fato de que ele nunca demonstrou nenhuma simpatia por esse arcabouço, à exceção da área fiscal, onde muito provavelmente ele seria mais austero. Serra também não esconde seu desacordo com a autonomia do Banco Central, que ele acha que, por excesso de conservadorismo ou erros de avaliação, vem mantendo os juros ainda elevados. Em jantar na residência do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), na segunda-feira, Lula, perguntado sobre o futuro da taxa de câmbio, reiterou sua posição. "O câmbio é flutuante e, portanto, flutua. Sempre que me trazem esse problema (taxa muito valorizada que compromete o desempenho das exportações) eu digo: façam uma proposta. Mas o que eles querem é que eu mude (o regime cambial)." Lula também deixou aberta a porta para uma taxação maior do ingresso de capital externo. "Se fizermos alguma coisa ela será pontual, como, por exemplo, a taxação via IOF", referindo-se à proposta que circula no governo, de taxar o ingresso de moeda estrangeira para aplicação em renda fixa em títulos da dívida pública com 1,5% de IOF. A ideia, que vinha sob estudo de técnicos oficiais, está em banho-maria. Autoridades argumentam que tal medida, agora, seria de pouca valia já que o ingresso de moeda estrangeira está mais concentrado em investimentos diretos e bolsa de valores (ver tabela). A parte destinada a títulos públicos e renda fixa, atingida pelo IOF, é pequena. A retomada da política de acumulação de reservas cambiais associada à redução de mais 1 ponto percentual na taxa Selic, conforme decisão do Copom, que na quarta-feira cortou a taxa básica para 9,25% ao ano, pode dar uma ajuda momentânea no câmbio, mas não se espera uma mudança da tendência, que é de apreciação do real. Juros mais modestos reduzem o custo de carregamento das reservas, dado pelo diferencial entre a taxa paga pelos títulos públicos e os juros internacionais que remuneram as aplicações das reservas. A estratégia do Banco Central, porém, não é pacífica entre os economistas. Há os que acreditam que, num regime de câmbio flutuante, a acumulação de reservas é totalmente desnecessária e eventuais desequilíbrios no balanço de pagamentos podem ser corrigidos pela própria oscilação da taxa de câmbio e veem a retenção de riqueza sob a forma de reservas internacionais como prejudicial se confrontada com a possibilidade de uso desses recursos para investimentos mais nobres no país. Os defensores de reservas altas como um seguro salientam, entre outras vantagens, o fato de que elas atenuam os efeitos de uma parada abrupta do fluxo de capitais para o país, desestimulam ataques especulativos contra a moeda e diminuem a perda de produto em casos de crise cambial. Discordâncias teóricas à parte, é inquestionável o papel das reservas de mais de US$ 200 bilhões na solvência do país depois da crise global disparada em setembro de 2008. Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas feiras |
12 de junho de 2009
O Globo
Manchete: Gripe suína chega a 74 países e vira pandemia
Atos secretos podem ser 500 no Senado
FMI e Bird: economia só melhora em 2010
EUA: US$ 1,3 tri mais pobres
Peça de avião chegou 2 dias antes da pane
Foragido, mas nem tanto
Fiscais da Lei Seca passarão a usar palmtops (págs. 1 e 12)
Charge Chico
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Folha de S. Paulo
Manchete: Gripe suína já é pandemia, diz OMS
Renegociação de dívida lidera queixas contra bancos no BC
Senado dos EUA aprova lei mais rigorosa contra o cigarro no país
Atos secretos serviram para dar privilégios
Ação da polícia na USP apenas acirrou ânimos
Divisão religiosa marca eleições de hoje no Irã
Grandes redes vetam carne de área desmatada
Editoriais
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O Estado de S. Paulo
Manchete: OMS faz acordo e anuncia pandemia moderada de gripe
Senado apura conta de atos secretos
Exame dá força à tese de que avião se partiu no ar
Começa a batalha das indenizações
Judiciário cria comissão fiscal de suas obras
Classe média pode derrotar Ahmadinejad
Rentabilidade de exportador já caiu 12%
Entrevista: "É nosso direito ficarmos juntos"
Notas & Informações:
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Jornal do Brasil
Manchete: Gripe suína é primeira pandemia do milênio
Resgate fica cada vez mais difícil
Queda na Selic ajuda no crédito
Sociedade aberta
Sociedade aberta
Sociedade aberta
Sociedade aberta
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Correio Braziliense
Manchete: Casa legalizada para 10,5 mil pessoas
Escândalo sem culpados no Senado
UnB decide destino de fundações
Apreensão pelo mestre Niemeyer
Concurso
Gripe suína é epidemia mundial
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Valor Econômico
Manchete: Nova ‘Lei do Bem’ espalha perdões e generosidades
PIB modesto explica corte de juros
Universidade inova mais que empresa