






[Homenagem aos chargistas brasileiros].
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
Fundação esotérica faz previsões meteorológicas para os governos do Rio, SP, RS e SC
Lula minimiza chapa puro-sangue |
Autor(es): Vera Rosa e Beatriz Abreu |
O Estado de S. Paulo - 22/12/2009 |
Uma chapa puro-sangue com os governadores tucanos José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas) pode não surtir o efeito desejado. Foi assim, minimizando a possibilidade de composição na seara do PSDB para a eleição de 2010, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaixou ontem a disputa ao Palácio do Planalto em suas metáforas futebolísticas. "Eu não sei se dois Coutinhos, dois Tostões se saem bem no mesmo time", brincou ele, em café da manhã com jornalistas. "Tenho dúvidas se é bom jogar Tostão com Tostão, Coutinho com Coutinho e Dirceu Lopes com Dirceu Lopes. Não sei se daria certo." Lula adotou tom cauteloso ao comentar a desistência de Aécio do páreo presidencial, abrindo caminho para Serra. "Parece que foram razões internas. Não sei se isso é definitivo, se foi uma forma de pressão ou um gesto para dentro do PSDB", argumentou ele. Depois, disse que vai conversar com Serra amanhã, em São Paulo, e com Aécio depois das festas de fim de ano. "Eu me dou muito bem com os dois", afirmou, rindo. Embora o presidente diga que uma chapa puro sangue no PSDB em nada afetaria a campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), dirigentes do PT avaliam que eventual dobradinha entre os governadores dos dois maiores colégios eleitorais seria perigosa. Menos de um mês depois de afirmar que o PMDB precisa apresentar uma "lista tríplice" para Dilma escolher quem será o candidato a vice de sua chapa ao Planalto, Lula jogou água na fervura da crise. Fez vários elogios tanto ao PMDB como ao presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cotado para ocupar a vaga ao lado de Dilma. "O PMDB é o maior partido da base aliada e tem todo o direito de indicar o vice", corrigiu Lula. "Agora, quem é candidato é a Dilma, não sou eu. Rei morto, rei posto, nem vento bate nas costas. É ela que tem de escolher o vice." Sem economizar nos afagos, disse que Temer é "um grande companheiro e um grande presidente da Câmara." POLARIZAÇÃO Visivelmente mais magro - mas sem contar quantos quilos perdeu -, Lula insistiu em pregar a polarização entre Dilma e Serra, em 2010. Mais: garantiu que Dilma, se eleita, manterá a política econômica e o controle da inflação - "uma coisa preciosa". Lula também não poupou elogios a Ciro Gomes (PSB-SP). Disse que ele é "como se fosse um irmão" e quer sua candidatura à sucessão de Serra, com apoio do PT. O deputado, porém, resiste. "Se eu perceber que o jogo político não comporta mais de um candidato da base aliada à Presidência, tenho de ser leal e discutir isso com Ciro", comentou. Ao ser questionado sobre uma afirmação de Ciro, para quem o PT e o PMDB fizeram a "aliança do mal", Lula escapou da polêmica. "Temos de fazer aliança com os partidos que existem no Brasil. Não podemos fazer aliança com partidos extraterrestres", reagiu. ----------------------- (*) ''PO'' (Puro de origem). ------ |
Lula fecha o caixa da Previdência | ||||
Autor(es): Tiago Pariz | ||||
Correio Braziliense - 22/12/2009 | ||||
Presidente avisa que só dará reajuste de 2,5% acima da inflação a 8 milhões de segurados do INSS
Já o salário mínimo saltará em janeiro de R$ 465 para pelo menos R$ 506, acréscimo de 8,81%. Relator-geral do Orçamento da União de 2010, o deputado Geraldo Magela (PT-DF) disse que a oferta do governo para os aposentados, se aceita, resultará num custo adicional de R$ 3,5 bilhões. O dinheiro já foi reservado na proposta de lei orçamentária em tramitação no Congresso. Magela ressaltou, no entanto, que trabalha para chegar a R$ 510 como o novo valor do mínimo. Funcionalismo Como o clima era de confraternização no café da manhã com jornalistas, Lula comparou a demanda de aposentados a um pedido de seu filho para ir ao exterior quando era adolescente. Lembrou que quando negou ao menino, com 12 anos na época, uma viagem a Miami com a escola, explicou que não tinha dinheiro e não poderia contrair dívidas. “A Previdência tem um limite que é a arrecadação”, disse Lula. O presidente rejeita dar o aumento desejado pelos aposentados por entender que a proposta prejudica a política de valorização do salário mínimo, que prioriza os trabalhadores da ativa, os quais ainda contribuem para a Previdência Social. Os negociadores do governo no caso são o ministro da Previdência, José Pimentel, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci. Os dois contam com o apoio da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Entidades setoriais, como a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Copab), rejeitam o acordo. Eles pedem, pelo menos, 80% do crescimento econômico, e não 50%. O grupo reúne outras cinco centrais mais modestas. Enquanto fechou a mão para os aposentados, Lula mostrou-se disposto a conceder aumentos salariais aos servidores públicos. Ele disse que não haverá arrocho para conter gastos nessa área. “A máquina pública foi desmantelada, destruída e está atrofiada. Os funcionários públicos do alto escalão estavam porcamente remunerados”, disse.
R$ 3,5 bilhões -------------- |
Yolanda Costa e Silva, Ruth Cardoso, Maria Tereza Goulart e Marisa Letícia
Dona Santinha era mulher opiniática, mas ficava longe da política. Guardava-se para as coisas da religião, baixando pareceres burilados em conversas com parceiras de corte, costura e carolice, que reunia em tertúlias no Palácio Guanabara ou nas audiências sem testemunhas com dignitários da Igreja Católica. Ao casar-se com o tenente Eurico Gaspar Dutra, a carioca Carmela Telles Leite, viúva de outro militar, tinha 30 anos e dois filhos. Já ostentava o apelido que canonizou em vida essa feroz guardiã dos bons costumes. Em 1946, não lhe foi difícil induzir o marido presidente, devoto de Santo Antônio, a decretar o fechamento dos cassinos do Brasil.
Darcy Vargas, primeira-dama antes e depois de Carmela Dutra, a Dona Santinha, nunca perdeu tempo com essas coisas. Padroeira da linhagem dedicada ao trabalho social, a mulher de Getúlio consolidou a Legião Brasileira de Assistência e criou a Casa do Pequeno Jornaleiro. Tais iniciativas parecem tímidas demais se confrontadas com a inventividade tentacular da Comunidade Solidária dirigida por Ruth Cardoso, a única entre todas com profissão definida, luz própria e mente brilhante. Mas o Brasil do casal Vargas, pobre e injusto como todos os Brasis, era mais singelo.
Getúlio Vargas viajou para o Exterior uma única vez, e não foi além da Argentina. O presidente Fernando Henrique Cardoso somou mais horas de vôo que muito comandante de jato. FH divertiu-se com espetáculos refinados em distintos idiomas. A Getúlio bastava um bom teatro rebolado, sobretudo se a estrela era Virginia Lane, ”A Vedete do Brasil”. Virginia contou que, embora não tratasse de política nos encontros com Getúlio, teve a honra de conviver intimamente com ”o maior estadista da República”. Não revelou os quesitos que fundamentaram seu julgamento nem o peso atribuído a cada um.
Darcy e Ruth figuram na ala amplamente majoritária das primeiras-damas afinadas com a sobriedade requerida pelo posto. Embora diferentes no nível cultural, no grau de influência exercida sobre o marido em conversas a dois, no interesse por assuntos públicos, o temperamento reservado agrupa na mesma página da História mulheres como Sarah Kubitschek, Eloá Quadros, Scylla Medici, Lucy Geisel e Marli Sarney, além de Darcy Vargas, Santinha Dutra e Ruth Cardoso. Maria Tereza Goulart, a mais jovem, mais bela e mais injustiçada entre todas, foi apenas a perplexidade em palácios inseguros. E há, magnificamente jeca, o bloco das deslumbradas.
A madrinha é Yolanda Costa e Silva. Em Paris, às margens do Sena, Yolanda disse ao general Arthur, presidente eleito, uma das frases do século: ”Quem diria, hein, Costa? Nós aqui e você Presidente da República”. (Além de tudo, ela chamava o marido pelo sobrenome). Dulce Figueiredo requisitava o avião presidencial para decolar rumo ao Rio e dançar em festas abrilhantadas pela presença do ator Omar Shariff. Rosane Collor levou para o centro do poder o sertão alagoano.
Marisa Letícia Lula da Silva não tem similares. Instalar a primeira-dama num gabinete do Planalto foi idéia de Duda Mendonça, convencido de que isso sublinharia a imagem do casal unido. Duda não aparece por lá faz tempo. Marisa continua, cada vez mais à vontade. Como quer distância de programas sociais, falta serviço e sobra tempo para tudo. Para entrar sem bater no gabinete do marido, para infiltrar floridas estrelas vermelhas nos jardins do Alvorada e da Granja do Torto tombados pelo Patrimônio Histórico e, sobretudo, para viajar com o presidente.
Como Lula se tornou o maior campeão de milhagem da História da República, Marisa Letícia divide com o marido o recorde que inspirou o título pelo qual será lembrada: Primeira Passageira. Pousos e decolagens pelos cinco continentes a aconselharam a restringir o mapa dos passeios a paragens especialmente glamurosas. A África está fora desde 2007. É diminuto o espaço reservado à América Latina e aos países do Leste europeu. A primeira-dama fez a opção preferencial por Paris e Roma. Não fala nenhum outro idioma, mas conseguiu a cidadania italiana e o passaporte que lhe permite viajar ─ em silêncio ─ pelo mundo civilizadíssimo.
Nunca houve uma primeira-dama assim. Nem haverá.
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A poucas horas da festa de premiação do maior evento cívico de 2009, a Comissão Organizadora do Homem sem Visão do Ano compilou algumas singularidades da disputa que já tem campeã ─ Dilma Rousseff, a Pacheco de Terninho ─ mas ainda não definiu o nome do vice. No momento, com a votação avançando para a histórica marca dos 4.000 votos, Tarso Genro luta para eliminar a reduzida diferença que o separa de Celso Amorim e conquistar a medalha de prata. Para diminuir a tensão dos leitores-eleitores e dos concorrentes, a coluna divulga a lista montada pela Comissão Organizadora.
O berço dos HSVs - Dos seis Estados representados na eleição, três emplacaram trincas de campeões: Rio Grande do Sul (Marco Aurélio Garcia, Tarso Genro e João Pedro Stedile), Minas Gerais (Dilma Rousseff, Edmar Moreira e Joaquim Barbosa) e São Paulo (Celso Amorim, Aloísio Mercadante e José Antonio Toffoli). Os candidatos restantes são filhos de Sergipe (Ayres Britto), de Pernambuco ( Dom José Cardoso Sobrinho) e do Maranhão (José Sarney).
Berço de feras - Dos três paulistas, dois brincaram na mesma rua, frequentaram a mesma praia, tomaram sorvete na mesma sorveteria e faltaram às aulas nas mesma escolas. Ambos nascidos em Santos, Celso Amorim e Aloízio Mercadante não foram amigos de infância pela diferença de idade, mas os caprichos do destino acabaram por reuni-los no mesmo governo, no mesmo partido e na mesma finalíssima. Bonito, isso.
Não para a terra natal, acha a Câmara de Vereadores de Santos: num manifesto aprovado por unanimidade, o legislativo municipal comunicou nesta tarde que a boa gente da aprazível cidade litorânea não tem nada a ver com isso.
O decano e o caçula - Com 79 anos, Sarney é o mais idoso dos concorrentes. O mais novo é Toffol, com 42. Dono da maior votação individual do ano (973 votos em junho), Madre Superiora é um dos três representantes do Poder Legislativo.
Grupo de elite - Computados mais de 3.600 votos, os três primeiros colocados, todos produzidos pela montadora do Executivo, somavam 60% do total. O índice sobe para 90% se forem incluídos os três seguintes.
Mulher é o Homem - Única mulher a conquistar uma vaga na finalíssima, Dilma Rousseff estreou nas urnas com o pé direito: a caminho dos 1.000 votos, já garantiu o troféu de 2009. Ao ganhar a disputa de agosto, a filhote do Lula exigiu que o título não fosse adaptado às circunstâncias. ”Não quero ser a Mulher sem Visão do Ano”, explicou. ”Quero ser o Homem sem Visão do Ano, porque isso vai mostrar que uma mulher pode ser presidenta das brasileiras e também dos brasileiros”. Um assessor confidenciou que a versão feminina de Pacheco já mandou passar o terninho de gala que usará na cerimônia de premiação.
A luta está chegando ao fim, mas continua! A enquete só tem fera! Que os três piores subam ao pódio! E que vença o pior!
Andres Birch/Laif/Other Images | "Não sou um cético da ciência, sou um cético das políticas de combate ao aquecimento global" |
O cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg, de 44 anos, não tem carro. Usa bicicleta ou metrô para se deslocar em Copenhague. Lomborg é um dos mais respeitados entre os pesquisadores céticos em relação aos efeitos catastróficos do aquecimento global. Seus livros e artigos provocam a ira de ambientalistas, mas seus argumentos afiados também são ouvidos com atenção pelos cientistas. Sua descrença se dá em torno da histeria criada acerca do assunto e do que se pretende fazer para solucionar o problema da elevação da temperatura. "Não sou um crítico da ciência que prova o aquecimento. Sou um crítico da política de combate ao aquecimento." Ele concedeu a seguinte entrevista a VEJA na sede da COP15, em Copenhague.
Qual foi o estrago do "climagate", o escândalo do vazamento de e-mails em que cientistas confessam a manipulação de dados para reforçar a tese do aquecimento global?
O que está claro é que havia uma inclinação evidente para não compartilhar dados com pesquisadores cujos trabalhos não reforçariam a teoria do aquecimento global. Possivelmente, os dados foram mascarados, o que não significa exatamente uma falsificação.
Sim, mas mascarar dados não é suficiente para invalidar toda a pesquisa?
Não. É um erro achar que esse escândalo invalida todo o trabalho que os cientistas do clima produziram nas duas últimas décadas. O aquecimento global está aí. É um desafio.
Então, o senhor aconselha a esquecer o episódio e continuar levando seus autores a sério?
Não é isso. O escândalo não pode ser considerado apenas uma tempestade em copo d’água. O que eles fizeram é muito sério e perturbador. Tem implicações muito maiores. Esses cientistas formam uma máfia que se apossou da questão do clima. Tive muitos problemas com essa máfia do clima. Quando estava escrevendo meu livro, tentei me corresponder com alguns daqueles pesquisadores que detinham dados pelos quais eu tinha interesse. Recebi de volta algumas mensagens em cujo campo de destinatário eu fui incluído por engano. Foram mensagens reveladoras. Elas diziam: "Esse homem é perigoso. Não forneçam nenhum dado a ele. Devemos ter cuidado em não deixar que nossas informações apareçam em pesquisas públicas".
Por que o senhor é cético em relação às previsões sobre o aquecimento global?
Discordo da forma como as discussões sobre esse tema são colocadas. Existe a tendência de considerar sempre o pior cenário – o que aconteceria nos próximos 100 anos se o nível dos mares se elevar e ninguém fizer nada. Isso é irreal, porque é óbvio que as pessoas vão mudar, vão construir defesas contra a elevação dos mares. No entanto, isso é só uma parte do que tenho dito. Sou cético em relação a algumas previsões, sim. Mas sou cético principalmente em relação às políticas de combate ao aquecimento global. O problema principal não é a ciência. Precisamos dos cientistas. A questão é que tipo de política seguir. E isso é um aspecto econômico, porque implica uma decisão de gastar bilhões de dólares de fundos sociais. Em outras palavras, não sou um cético da ciência do clima, mas um cético da política do clima. Basicamente, digo que não estamos adotando as melhores políticas porque não estamos pensando onde gastar o dinheiro para produzir os maiores benefícios.
"ONGs verdes querem mudar a natureza humana, dizendo que não se deve querer ter ou gastar mais. É muito difícil. Prefiro ter tecnologia e fazer o que quiser, mesmo emitindo CO2" |
O relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) diz que a humanidade é "provavelmente" responsável pelo aquecimento. O que significa esse "provavelmente"?
Os cientistas estão dizendo que têm 90% de certeza. Que há fortes evidências de que somos responsáveis em pelo menos 50% pela elevação da temperatura. É a partir daí que temos de elaborar as políticas. Se a maior parte dos cientistas diz que algo provavelmente vai acontecer, temos de agir de acordo com essa informação. O que não significa que não se deva garantir financiamento às pessoas que trabalham para descobrir erros nessa proposição. Deveríamos gastar dinheiro com as pesquisas dos céticos justamente para aperfeiçoar a informação que tem dominado os debates.
Com que cenários é razoável trabalhar quando se fala da elevação do nível dos oceanos?
Quando perguntamos aos cientistas do IPCC qual seria o resultado mais provável do aquecimento sobre o mar, eles disseram que o nível das águas subiria entre 18 e 59 centímetros. Esse é o parâmetro mais aceitável. Não faz sentido trabalhar com cenários de até 6 metros, como quer o Al Gore, ex-vice-presidente americano. Porque é tão improvável que isso aconteça quanto que não haja elevação alguma. As pessoas que fazem projeções catastróficas acreditam que fazer mais alarde estimula a população a agir. Mas vale lembrar: análises e argumentos baseados no pior dos piores cenários induzem ao pânico, e o pânico não é a melhor forma de fazer um bom julgamento. Esse foi o mesmo argumento que George W. Bush usou quando invadiu o Iraque. Ele disse que estava absolutamente certo sobre a localização das armas de destruição em massa, e o resultado foi o que se viu. Por isso prefiro trabalhar com os impactos mais prováveis.
Quais são esses impactos?
Costumamos esquecer que a maioria dos lugares ricos no mundo conseguirá lidar com o aquecimento global. Sabemos disso porque é o que os holandeses vêm fazendo desde o século XVII. A Holanda tem 60% de sua população vivendo abaixo do nível do mar. O principal aeroporto de Amsterdã fica 3 metros e meio abaixo do nível do mar. É simplesmente uma questão de tecnologia. Ninguém que vai à Holanda fica pensando: "Ai, meu Deus, estou abaixo do nível do mar". Não que isso não seja problemático ou custoso. Mas é um custo que chega a 0,5% ou no máximo 1% do PIB. Então, é bom enfatizar, o Rio de Janeiro nunca vai submergir, tampouco Nova York. Nos últimos 150 anos, o nível do mar subiu 30 centímetros. Pergunte a uma pessoa muito idosa quais as coisas mais importantes que aconteceram no século XX. Ela vai mencionar as guerras mundiais, ou talvez a revolução tecnológica. Sua resposta não vai ser que o nível do mar subiu.
"Tive problemas com a máfia do clima. Quando escrevi meu livro, recebi por engano, de pessoas a quem pedi informações, mensagens que diziam: ‘Esse homem é perigoso, não lhe forneça nenhum dado’" |
Fala-se muito do impacto causado pela forma como as pessoas desperdiçam produtos e energia. Como o senhor faz no seu dia a dia?
Há muita confusão em torno desse debate sobre consumo ético, como se a questão toda se resumisse ao que a pessoa faz. É uma visão torta porque, no fim das contas, o que nós fazemos está profundamente regulado pela forma como a sociedade funciona. Posso pegar um ônibus em vez de um carro na Dinamarca (eu nunca tive carro). Mas não poderia fazer isso nos Estados Unidos. Por isso, acho que reduzir tudo à ideia de que você deve fazer algo sobre seu consumo não é o melhor caminho. Para dar uma noção de proporção, se todos no mundo ocidental trocassem suas lâmpadas atuais por um modelo mais econômico, ao final de um ano as emissões se reduziriam apenas o equivalente à quantidade de CO2 que a China joga na atmosfera em um dia. Acho inútil adotar o argumento de que não se deve agir desta ou daquela maneira porque é imoral. Resumindo: organizações verdes querem mudar a natureza humana, dizendo que não se deve querer ter ou gastar mais. É muito difícil mudar a natureza humana. Prefiro mudar a tecnologia. Assim, poderemos fazer o que quisermos, mesmo emitindo CO2.
As empresas estão fazendo sua parte?
A maioria das coisas que se veem por aí é marketing. É o chamado banho verde. Estão fazendo economia de energia como sempre fizeram, desde o início do século XIX, de quando datam as estatísticas. Todas as empresas, em todos os lugares, inclusive nos Estados Unidos e na Europa, vêm reduzindo o desperdício de energia. Ou usando cada vez menos energia para cada dólar que produzem. O que é uma das maneiras de manter a liderança no mundo dos negócios. Cada vez que conseguem essa redução, anunciam que estão economizando CO2. Mas é óbvio que o que estão economizando são dólares. Não há nada de errado nisso. Só não devemos achar que elas estão salvando o planeta.
Por que o crescimento populacional não é levado em consideração nas discussões sobre clima?
Se fosse possível limitar substancialmente o crescimento da população mundial, provavelmente as emissões não aumentariam tanto. Mas você só consegue alterar essa variável dramaticamente num regime autoritário como o da China, onde o governo determina que os casais só podem ter um filho. Não acho que se vá reduzir a taxa de natalidade com informação. As pesquisas mostram que as pessoas agem de forma muito racional sobre o número de filhos que têm. Para os pobres, crianças são fonte de renda. Para os ricos, representam despesa. Então você pode interferir no tamanho da prole tornando as pessoas mais ricas. Independentemente disso, é preciso lembrar que a principal razão para os nascimentos até 2050 não é que muitas pessoas têm muitos filhos, mas porque há muitos jovens que ainda não têm filhos e querem ter. Até lá teremos provavelmente mais 2,5 bilhões de pessoas. Há muito pouco que se possa fazer sobre isso.
Se o senhor tivesse filhos, estaria preocupado com o futuro?
Tenho primos que têm filhos, e alguns dos meus melhores amigos também têm. Claro que desejo que eles tenham uma vida boa. E eles terão. Vão ficar bem, serão ricos. Porque todos os filhos geneticamente gerados que conheço são brancos. Não é com eles que temos de ficar mais preocupados. É com os outros três quartos das pessoas deste planeta, a quem não sou intimamente ligado, que não são brancas, são pobres e vivem hoje uma situação difícil. O paradoxo é que a ONU espera que todos enriqueçam. Os filhos dos meus primos estarão entre quatro e oito vezes mais ricos no fim do século. As pessoas nos países em desenvolvimento estarão 35 vezes mais ricas. A média das pessoas em Bangladesh não será pobre em 2100, mas classe média alta. Ou seja, estamos pensando em ajudar pessoas que serão ricas daqui a 100 anos, mas deixando de ajudar as pessoas pobres que estão aqui agora, hoje. Esse é, para mim, o grande dilema ético: nós nos importarmos tanto com os ricos do futuro e tão pouco com os pobres do presente.
O senhor pode dar um exemplo?
O caso dos países insulares é claro. Se você olhar para Tuvalu, que tem 12 000 habitantes e pode desaparecer, verá que as pessoas de lá não vão sumir. Elas terão de se mudar, o que será triste. Mas é curioso lembrar que a cada sete horas e meia um número equivalente de pessoas morre no mundo em decorrência de doenças infecciosas facilmente curáveis. São cerca de 15 milhões de pessoas que morrem desta maneira todo ano no mundo. As pessoas de Tuvalu terão apenas de se mudar. Para mim, é muito curioso que estejamos gastando tanto dinheiro para ajudar as pessoas de Tuvalu e fazendo tão pouco pelas 12 000 que morreram nas últimas sete horas e meia. Fala-se muito em aquecimento global. Mas as pessoas de verdade têm problemas mais urgentes. A maioria das pessoas nos países em desenvolvimento, ou três quartos da população mundial, quer saber como vão sobreviver até a semana que vem.
O que se pode esperar das decisões tomadas na conferência?
Quando 120 líderes se reúnem, eles não podem não fazer um acordo, em torno de números que soam agradáveis. O problema é que não conseguiremos cumpri-lo. Faremos um lindo documento, todos vão brindar com champanhe, depois vão para casa, e nada vai acontecer. Vem sendo assim nos últimos dezoito anos. Não cumprimos o que foi acertado no Rio de Janeiro em 1992. Em Kioto, houve um compromisso legalmente assumido, no qual se prometeu cortar ainda mais, e ainda nada foi feito. Acreditar que Copenhague será diferente me parece uma fantasia política.
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http://veja.abril.com.br/231209/podemos-fazer-melhor-p-021.shtml
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22 de dezembro de 2009
O Globo
Lula diz que pode manter IPI menor
Dilma de cara nova
Orçamento prevê mais R$ 22 bi em gastos
Carioca já pode pegar metrô em Ipanema (págs. 1, 20 e 21)
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O Estado de S. Paulo
Manchete: STJ susta operação contra DantasLula minimiza chapa puro-sangue
Foto legenda: Novo visual - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, aparece em público pela primeira vez sem peruca, após tratamento contra o câncer (pág. 1)
Retaliação aos EUA pode chegar a US$ 829 mi
Licitação do Enem não é só preço, diz novo responsável
Morre Gordon, o embaixador dos EUA no Brasil em 1964
Europa: Onda de frio mata mais de 80
Aviação: TAM compra a Pantanal
Notas e Informações: O fiasco de Copenhague
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Jornal do Brasil
Manchete: Paes derruba liminar e pode cobrar taxaLula admite que pode tirar Ciro da campanha
Assalto a turista antes da chegada ao Rio
Walmart investirá R$ 2 bi no país
Morre diplomata do golpe de 64
Coisas da política
Informe JB
Anna Ramalho
Editorial
Sociedade Aberta
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Correio Braziliense
Manchete: Denúncias ameaçam atrasar obra do VLTArrocho nos aposentados
Foto-legenda: A eleição debaixo dos caracóis de Lula
Diplomatas: Farra das multas perto do fim
Irã: Enterro de aiatolá acaba em repressão
Educação: Estrutura do Enem vai ser mudada
Concurso: Petrobras abre 662 vagas para servidores
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Valor Econômico
Manchete: Cooperativas tentam criar gigante do leiteFoto legenda: Casa-forte
O que mudou no Orçamento de Lula
Mercado de concursos atrai investidores
Crédito imobiliário bate recorde
Mesmo com crise, BH eleva investimento
Reforma da saúde avança no Senado dos Estados Unidos (págs. 1 e A11)
Bronzeado ecológico
Walmart investirá até R$ 2,2 bi
TAM compra a Pantanal
Crescimento esgotado
Celesc tenta apertar o cinto
Expansão da São Martinho
Retomada global
CCR fecha seguro bilionário
Incentivos ao mercado