




Homenagem aos chargistas brasileiros.
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
28/11/2010
Sérgio Lima/Folha
Empenhado em manter Fernando Haddad no governo de Dilma Rousseff, Lula cede ao ministro, nesta segunda (29), os refletores do Planalto.
Ao lado do presidente, o ministro da Educação vai anunciar a entrega de 30 escolas técnicas e 25 campi vinculados a 15 universidades federais.
No melhor estilo “nunca antes na história desse país”, Haddad vai expor números que, para Lula, ofuscam as críticas aos erros que tisnaram o Enem de 2009 e 2010.
Haddad anunciará o cumprimento da meta de expansão da rede de escolas técnicas fixada em 2005. Com as 30 unidades, chega-se à marca de 214 novas escolas.
Para fechar a meta, incluíram-se na conta 12 estabelecimentos que só começam a operar em 2011, já sob Dilma.
A proliferação de escolas técnicas federais é uma espécie de menina dos olhos de Lula. Ele passou toda a campanha eleitoral se jactando do feito.
Dizia nos comícios que um presidente operário, com escolaridade primária, erigiu mais escolas do que todos os antecessores diplomados.
Para corroborar o chefe, o MEC de Haddad faz a seguinte conta: Em 93 anos (de 1909 a 2002), foram inauguradas no Brasil 140 escolas técnicas federais.
Nos oito anos de Lula, ergueram-se 202 escolas novas, elevando o número de unidades para 342.
O número de matrículas, diz o MEC, cresceu 148% sob Lula. Em 2003, ano inaugural da gestão petista, os alunos eram contados em 140 mil. Hoje, há 348 mil.
Quanto ao ensino superior, também trombeteado por Lula nos palanques, Haddad desfiará no Planalto um rosário de boas novas.
Criaram-se, pela conta do ministro, 126 novos campi e universidades federais. Em 2002, último ano de FHC, havia 148. Hoje, há 274.
Valendo-se do par de naufrágios do Enem, um pedaço do PT animou-se a pedir o escalpo de Haddad.
Decidido a manter a cabeça do ministro sobre o pescoço, Lula recomendou-o a Dilma. E a sucessora decidiu manter Haddad no posto.
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Escrito por Josias de Souza às 23h05/folha.
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29/11/2010
Ricardo Stuckert/PRLula agendou para o próximo sábado (4) uma reunião com a sucessora Dilma Rousseff e o ministro Nelson Jobim (Defesa).
Vai à mesa um tema espinhoso: a aquisição dos 36 caças que equiparão a Força Aérea Brasileira.
A pedido de Lula, Jobim fará a Dilma uma exposição sobre os motivos que o levam a recomendar a compra do avião Rafale, de fabricação francesa.
Endossado por Lula, o parecer do ministro se sobrepôs à posição da própria FAB, que preferia os caças Grippen, fabricados na Suécia.
A Força Aérea alega que, além de sair pela metade do preço, os Grippen atendem mais às necessidades brasileiras do que os Rafale.
Jobim contrapõe o argumento de que a França comprometeu-se a transferir tecnologia para o Brasil.
Para poupar Dilma da polêmica, Lula deseja anunciar a compra do equipamento da França antes de deixar o Planalto. Porém...
Porém, condiciona o anúncio à concordância de Dilma. Do contrário, deixará que a pupila tome a decisão depois da posse, em janeiro de 2011.
Lula espera, de resto, que, antes da reunião de sábado, Dilma acerte com Jobim os detalhes da permanência dele na pasta da Defesa.
A presidente eleita inclusive já conversou com Jobim na última sexta (26). A sobrevida do ministro foi assegurada nesse contato.
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Escrito por Josias de Souza às 05h17-FOLHA.
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Autor(es): Luiz Filipe Ribeiro Coelho |
Correio Braziliense - 29/11/2010 |
Advogado, ex-presidente da OAB-DF Outro dia, fim de tarde, resolvi dar um pulinho ao cinema. Chamava atenção o aglomerado, basicamente formado por adolescentes, para assistir, muito mais tarde, ao lançamento de Harry Potter. Embora goste dos filmes de J. K. Rowling, havia dois problemas a enfrentar: primeiro, eram ainda 6h da tarde e a sessão só começava à meia-noite. Depois, a fila, já àquela hora, era assustadora. Fiquei, portanto, com o oposto daquilo que me afastara de Harry: nenhuma fila e sessão imediata. E que filme se prestava a essas mínimas exigências: Muita calma nessa hora!O filme tem cenas engraçadas, reúne humoristas e atores do momento. É agradável de se ver, a não ser por um detalhe: o uso absolutamente despropositado da maconha. Não vou falar a favor ou contra o uso da maconha. Deixo para os especialistas. Mas o que se viu no filme me parece inaceitável. A película vem rodando bem, com cenas divertidas e algumas nem tanto e, então, aparece a maconha rolando levemente, de consumo tão livre e ingênuo tal qual o dos biscoitos Globo. Alô, erva; alô, biscoito! O uso recreativo da erva revela evidente apologia. Creio que nenhuma forma de informação, embora algumas autoridades pensem em contrário, pode ser submetida à censura. Mas não é disso que se trata. Não há nas cenas enfumaçadas qualquer sinal de crítica à criminalização do uso da droga ou às políticas públicas para o tema. Ao contrário, estimula-se o uso recreativo da planta e pronto. E aí, meu amigo, é preciso muita calma nessa hora! Não me pareceria impertinente se alguém do elenco aparecesse, mesmo fumando, e defendesse a descriminalização, com eventual diminuição nos índices de violência; os indicadores positivos de seu uso terapêutico ou mesmo os benefícios no uso não médico. Mas a aparição jamais deveria prescindir de um tom crítico. Como é comum em diversos filmes aparecerem cenas que claramente mostram o lado marginal do uso da droga, não se deve fugir ao debate sonegando espaço àqueles que acreditam em outra abordagem. No entanto, o que o filme traz é evidente apologia, e apologia a crime é crime. É crime contra a paz pública. Essa paz pública de que trata o Código Penal só poderá ser alcançada se houver o respeito às instituições. E nossas instituições dizem que é crime usar maconha e é crime fazer apologia ao uso de drogas. E aí fica ainda mais difícil de entender: Se tudo isso é crime, se recursos do Estado são destinados à prevenção e repressão de condutas ilegais, qual a razão de um filme que contém cenas com esse perfil ser financiado pelo Estado? Ministério da Cultura, Ancine, governo do Rio de Janeiro, prefeitura do Rio de Janeiro, BNDES e Eletrobrás são os patrocinadores da apologia. Não se trata de mero mau uso do dinheiro público, conduta por si já condenável. Trata-se de desrespeitar as instituições como valor garantidor da cidadania. Trata-se de não reconhecer que os marcos normativos se traduzem em garantias que dizem respeito à manutenção da eficácia e à proteção da ordem pública contra fatores que possam colocá-la em risco. O que o filme revela é que alguns se acham autorizados a romper a ordem legal, como se o consenso nela expresso fosse um obstáculo na construção do que acreditam ser a sociedade ideal. A sociedade ideal se constroi no livre confronto das ideias e não sob a desmoralização sistemática das instituições. O patrocínio estatal ao consumo recreativo da maconha me faz lembrar do extinto Instituto Brasileiro do Café, criado em 1952 sob a forma de autarquia para o fim de, entre outros, definir a qualidade do produto para o consumo. A seguir a lógica dos patrocinadores do filme, logo veremos a Seleção Brasileira de Futebol ostentando em seu uniforme a logomarca dessa nova autarquia, como ocorreu entre os anos de 1979 a 1983, período em que o IBC patrocinava a Seleção Canarinho. Mas enquanto não se altera a lei relativa aos impedimentos ao consumo da maconha, não vejo como esse patrocínio possa vingar. Mas como vingou, então, esse patrocínio, se a administração pública, antes de mais nada, está presa ao princípio da legalidade? A meu sentir, a conduta dos patrocinadores, agentes públicos que são, contraria a lei, indicando falta no que tange aos procedimentos esperados da administração pública. Ao ferir o interesse público, cometeram os responsáveis improbidade administrativa. Não bastasse a discutível propaganda de empresas estatais que detêm monopólio de serviços ou produtos, ainda temos mais essa na conta do contribuinte. Alô, erva; alô, biscoito! |
Briga entre partidos complica Dilma | |
Autor(es): Tiago Pariz | |
Correio Braziliense - 29/11/2010 | |
TRANSIÇÃO Dos oito políticos convidados para a Esplanada, presidente eleita encontrou lugar para sete. Além de não saber o que fazer com Paulo Bernardo, precisa compor com PT, PMDB, PR, PP, PTB e PCdoB Dilma oficializou três ministros e convidou outros cinco, dos quais apenas um não se sabe qual rumo tomará: Paulo Bernardo, cotado para Previdência e Comunicações. Os certos são: Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), José Eduardo Cardozo (Justiça), e Fernando Pimentel (Desenvolvimento). Os dois primeiros que serão anunciados nos próximos dias se somam a Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central), oficializados na semana passada. Ela também anunciará a Secretaria de Relações Institucionais, que deverá ficar com Alexandre Padilha. Em outros sete ministérios, a presidente eleita tem o perfil definido e já bateu o martelo. Apesar da resistência do PT, Dilma deverá mesmo atender o pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manter Fernando Haddad, no Ministério da Educação. Além disso, até o fim da semana passada, ela estava decidida, segundo interlocutores, a entregar para o PSB a Integração Nacional. O titular deve ser Fernando Coelho. A expectativa é a oficialização dessa indicação em conversa entre Dilma e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, hoje ou amanhã. No atual estágio das conversas, o PSB terá seu desenho refeito. Perderá o Ministério de Ciência e Tecnologia e a Secretaria dos Portos, que deverá ser inflada com a responsabilidade de cuidar da aviação civil. A hipótese mais forte é que a primeira pasta caia na mão do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que a partir do ano que vem não tem mais mandato. A segunda entrará no balaio de negociações com os partidos. O PMDB almeja essa secretária renovada. Os peemedebistas estão de olho em tudo. Até agora não há alguém no partido que dê certeza sobre o qual o tamanho terá no futuro governo. A única quase certeza é de Edison Lobão em Minas e Energia. De resto, existem peemedebistas cotados na Cidades, na Defesa, no Meio Ambiente, na Agricultura e nos Transportes. Segundo interlocutores, o mesmo partido não ficará com Cidades e Transportes, as duas meninas dos olhos da lista de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O que se sabe é que o ex-governador do Rio Moreira Franco virará ministro, mas por enquanto seu destino é pura especulação. Ele é lembrado para Cidades, mas, segundo uma fonte próxima da presidente eleita, não está certo que o PMDB tomará conta da pasta que hoje está com o PP. Insatisfação Nessa seara, PP e PR são dois partidos com grandes chances de se tornar um antro de insatisfação a partir das oficializações dos indicados. Os progressistas não deverão ter ministro e o PR deverá perder os Transportes — hoje, a hipótese mais aventada é Dilma manter o atual titular Paulo Sérgio Passos. O único ministeriável do PR é o senador eleito Blairo Maggi (MT), cotado para a Agricultura, posto disputado também pelo PMDB. O senador eleito Eduardo Braga (PMDB-AM) é nome para o Ministério dos Transportes. O ex-governador do Amazonas é lembrado até para o Meio Ambiente, disputado também pelo PT. Mas não há definição. Dilma ainda não sabe o que fazer também com a Secretaria de Comunicação Social que poderá ficar como está, dividir poder com a Secretaria-Geral e a Casa Civil e até perder status de ministério. Nesse caso, a indicada é a jornalista Helena Chagas. |
Por espaço no governo, PMDB exige unidade |
Autor(es): Raquel Ulhôa | De Brasília |
Valor Econômico - 29/11/2010 |
Cobrado pela presidente eleita Dilma Rousseff, seu vice-presidente, Michel Temer, decidiu sufocar e punir os dissidentes do PMDB que não se engajarem no apoio ao governo. A cúpula pemedebista considera que o partido sempre foi "leniente e complacente" com as divergências porque nunca conseguiu ter unidade nem na própria Executiva Nacional. Agora, porém, o grupo de comando entende que chegou a hora de fazer valer o estatuto, que prevê democracia interna e direito de formação de correntes de opinião, mas também exige disciplina partidária para assegurar a unidade de ação programática. Terão de ser acatadas as decisões tomadas em convenções, na Executiva e, no caso de parlamentar, também nas respectivas bancadas. Quem não se sujeitar a essas decisões poderá se desligar do partido, sem que este lhe exija o mandato de volta. Eleito vice-presidente da República e aliado a lideranças nacionais do partido com as quais seu grupo divergia no passado - como os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) -, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), decidiu sufocar os dissidentes da legenda. Cobrado pela presidente eleita, Dilma Rousseff, pela existência de focos de oposição no PMDB, Temer ameaça puni-los daqui para a frente e, assim, ter autoridade para falar em nome de todo o partido no governo. A cúpula pemedebista avalia que o partido sempre foi "leniente e complacente" com as divergências, porque nunca conseguia ter unidade nem na própria Executiva Nacional. Essa conduta prejudica o partido agora, nas negociações com Dilma e o PT pela composição do governo. Historicamente, o PMDB sempre conviveu bem com as divergências de posições entre as lideranças regionais. Sempre manteve os pés em canoas diferentes. Não há intenção de punir ninguém por posições passadas. "O objetivo é abrir um novo tempo no partido", define um dirigente. O grupo que comanda o PMDB acha que, agora no governo, é hora de fazer valer o estatuto, que prevê democracia interna e direito de formação de correntes de opinião, mas, por outro lado, disciplina partidária para assegurar a unidade de ação programática. Terão que ser obedecidas decisões tomadas em convenções, na Executiva e, no caso do parlamentar, também nas respectivas bancadas. A decisão de endurecer com os dissidentes foi formalmente anunciada por Temer em artigo publicado na "Folha de S.Paulo" no dia 23, previamente discutido com integrantes da cúpula partidária. Nele, o vice-presidente eleito admite até "a expulsão do recalcitrante" em caso de descumprimento de orientação partidária. Diz, no entanto, que a intenção não é tomar o mandato do rebelde, apenas cobrar fidelidade, para que o partido tenha unidade de ação. "Quem não se conformar com as decisões tomadas em convenções poderá se desligar do partido, sem que este exija o mandato. É melhor sermos menores numericamente, mas unidos na ação política, do que maiores, sem unidade de comportamento. (...) Só assim ganharemos densidade política e respeito popular", afirma. Segundo ele, o PMDB "somente se imporá nacionalmente e na opinião pública se tiver unidade de ação, o que exige fidelidade, tal como a definiu o Supremo Tribunal Federal ". Temer prega a necessidade de aprovar em convenção nacional "regras rigorosas" , se for necessário, mas foi convencido por outros dirigentes do partido de que o estatuto já dispõe de instrumentos de punição suficientes para cobrar fidelidade. Pelo artigo 10, os membros e filiados do partido estarão sujeitos a medidas disciplinares, quando, entre outras coisas, desrespeitarem a orientação política fixada pelo órgão competente e as deliberações tomadas em questões consideradas fundamentais, inclusive pela bancada a que pertencer o ocupante de cargo legislativo e também os titulares de cargos executivos. As medidas disciplinares previstas no artigo 11 vão de advertência a expulsão, passando por outras punições mais brandas, como suspensão temporária. Os destinatários da ameaça são setores dos diretórios de Pernambuco - o senador Jarbas Vasconcelos à frente -, de Santa Catarina - especialmente o ex-governador e senador eleito Luiz Henrique da Silveira-, de Mato Grosso do Sul, do Acre, e do Rio Grande do Sul, que não apoiaram a candidatura de Dilma Rousseff (PT). "O que se viu como descumprimento da orientação nacional foi lamentável. Pode-se argumentar ser compreensível à vista de rivalidades locais. Mas a disputa local não autorizava a insurgência contra a decisão nacional", diz o artigo. O recado de Temer pode enfraquecer a intenção de setores da oposição de organizar a atuação no Senado, reunindo os dissidentes do PMDB aos senadores do DEM, do PSDB e de partidos governistas com postura de independência, como pretende ser a novata Ana Amélia Lemos (PP-RS). A ideia é fortalecer a oposição, que será reduzida na Casa, para que ela seja mais eficiente na fiscalização dos gastos e ações do governo, e "não dê tiro a esmo", como aconteceu no governo Luiz Inácio Lula da Silva. A conduta atual de alguns senadores de oposição é considerada "inútil e folclórica": falta de foco nas críticas ao governo, discursos desorientados e pedidos de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Um dos objetivos desse grupo informal que se pretende criar seria trabalhar pela realização da reforma política e contra a recriação de um imposto sobre movimentação financeira, nos moldes da CPMF. Jarbas, que foi derrotado pelo governador Eduardo Campos (PSB) na disputa pelo governo de Pernambuco mas tem mais quatro anos de mandato, está disposto a se manter na oposição. Fez discurso na tribuna do Senado na véspera da publicação do artigo de Temer, prometendo "postura combativa e construtiva" e pedindo que Dilma respeite a atuação oposicionista. Mas a tendência é que Jarbas fique cada vez mais isolado na bancada pemedebista do Senado. Seu maior aliado seria o ex-governador Luiz Henrique, parceiro do PSDB e do DEM no Estado e nacionalmente. Ambos são ligados ao ex-governador José Serra, derrotado na eleição presidencial. Mas, a interlocutores, Luiz Henrique já manifestou preocupação com as ameaças da direção nacional. O PMDB de Santa Catarina sofreu intervenção da Executiva Nacional, durante a pré-campanha eleitoral, por causa do apoio dado ao candidato do DEM a governador, Raimundo Colombo. Pedro Simon, cuja atuação em relação ao governo é ciclotímica no Senado, não pretende alinhar-se a nenhum grupo organizado de oposição. Está disposto a continuar independente. No primeiro turno da eleição presidencial, votou em Marina Silva (PV) e no segundo turno, em Dilma. Atualmente com 80 anos da idade, ele deixou o comando do partido no Rio Grande do Sul e planeja afastar-se da atuação partidária cada vez mais. O ex-governador Roberto Requião, que apoiou a candidatura de Dilma, é um dos senadores eleitos com os quais a oposição sonha contar ao menos em questões pontuais. A avaliação é que dificilmente ele irá se submeter ao comando de Sarney e Renan, que comandam a bancada pemedebista no Senado. |
UMA OCUPAÇÃO SEM RESISTÊNCIA | ||
Autor(es): Renata Mariz | ||
Correio Braziliense - 29/11/2010 | ||
Com o complexo do Alemão ocupado pela polícia, os 400 mil moradores querem saber qual o próximo passo Debaixo de bala, um contigente de cerca de 12 mil militares invadiu, na manhã de ontem, as vielas íngremes e confusas do conjunto de 13 favelas há 30 anos dominado pelo tráfico. No entanto, bastou uma hora de tiroteio para que os bandidos deixassem de resistir. De acordo com o chefe do Estado Maior da PM do Rio de Janeiro, a quantidade de drogas, armas e munições apreendidas é o maior sinal do sucesso da operação. Mas, com a ocupação, moradores e especialistas em segurança pública se preocupam com o futuro. Garantir serviços públicos, mesmo os básicos, e conter a fome das milícias são alguns dos desafios, dificultados pela densidade demográfica da área e pela urbanização quase inexistente. GUERRA NO RIO Ao contrário do que alardearam as autoridades da área de segurança no Rio, a guerra com traficantes restringiu-se a uma hora de tiroteio no início da incursão policial
Rio de Janeiro — A guerra psicológica travada entre traficantes de drogas refugiados no Complexo do Alemão e as forças de segurança pública — que mantiveram um tanque blindado apontado para o conjunto de 13 favelas desde sábado — transformou-se em batalha real na manhã de ontem. Às 7h59, foi dado o comando para a invasão de um dos territórios mais perigosos dominados pelo crime na capital fluminense foi dado. Um contingente de cerca de 12 mil homens, posicionados nas principais vias de acesso ao local, esperaram seis helicópteros cruzarem o céu, bem azul naquele momento, com a manobra previamente combinada. Era a senha para o início da operação. Os primeiros avanços dentro das vielas íngremes e confusas do Alemão foram feitos debaixo de bala. A guerra esperada pela própria polícia, no entanto, restringiu-se a cerca de uma hora de tiroteio, logo no começo da incursão. Falta de capacidade de resposta por parte do tráfico é a hipótese mais aceita dentro dos órgãos de segurança. “Os bandidos se comportaram como um bando de covardes, fugindo das forças policiais. Às 9h, o território já estava todo ocupado”, afirma o chefe do Estado Maior da Polícia Militar do RJ, coronel Álvaro Rodrigues Garcia. Para ele, será possível chegar a uma parcela significativa dos criminosos, além dos poucos líderes do tráfico presos ontem, continuando o trabalho de varredura nas casas. A quantidade de drogas, armas e munições apreendidas, segundo o coronel Álvaro, é o maior sinal do sucesso da operação. “Quebramos as pernas do tráfico, ele está completamente aleijado.” O relações públicas da corporação, coronel Henrique Lima Castro, explica melhor. “É dessa forma, cortando os canais financeiros, que vamos conseguir desarticular essa rede criminosa”, ressalta o policial. Ninguém se arriscar a dizer que os bandidos já deixaram o Complexo do Alemão. Para tentar barrar a saída de algum criminoso, militares e agentes da Polícia Civil fizeram inspeções nos moradores que deixavam o local, especialmente pela Estrada do Itararé, uma via que circunda o conjunto de favelas. Houve foragido da polícia que tentou sair como pastor de igreja evangélica, com Bíblia debaixo do braço. Outros usaram uniformes escolares. Até de policiais teve quem ousou se disfarçar. O traficante Vitor Roberto da Silva Leite, conhecido como Vitinho, vestiu-se de mata-mosquito, como são conhecidos os agentes de saúde que combatem a dengue. E conseguiu passar pelo pente-fino dos policiais. Mas uma denúncia anônima levou os agentes à casa da tia do rapaz de 27 anos, já sem o uniforme, numa favela próxima. Apresentado à imprensa, Vitor negou qualquer envolvimento em atividades criminosas. “Não tenho nada a ver com isso”, afirmou, em relação às acusações de tráfico e homicídio. Alertados pela população, que fazia contato por telefone e também pessoalmente, os policiais começaram a vasculhar a rede de esgotos por onde os traficantes estariam tentando fugir. Até o início da noite, nenhuma prisão feita nas tubulações foi confirmada. O capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio, Ivan Blaz, destacou que as denúncias da comunidade foram de importância vital para tantas apreensões e prisões. “A informação por telefone é mais segura. Mas pessoalmente, às vezes por meio de sinais, o efeito é mais rápido”, explica. Numa das entradas do morro, onde policiais montaram uma espécie de comando central, vez por outra passavam informantes de toucas pretas acompanhados de agentes. São pessoas da população que aceitam denunciar, mas têm medo de, por isso, serem assassinadas. Bandeira Ainda pela manhã, o chefe de operações especializadas da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Ronaldo Oliveira, fincou uma bandeira do Brasil na estrutura de um teleférico ainda em construção, no alto do Alemão. Sem dar muita atenção ao próprio gesto, Oliveira destacou que não “sentiu nada” ao posicionar o objeto. “Normal, a gente colocou ali, mas acho que com o vento deve ter até caído. Vamos colocar outra, do estado do Rio, em outro ponto”, disse o policial. Para Oliveira, a operação é importante para devolver a paz aos moradores. “Quase 100% das pessoas aqui são corretas, vão para o crime por falta de oportunidade. Sem o tráfico, elas vão se articular melhor, procurar outras coisas, vão virar crente”, diz Oliveira, rindo. Lembranças de uma batalha Durante a revolução de 1930, a batalha de Itararé foi explorada pelos jornais. O conflito deveria ocorrer entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal, que vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. A cidade de Itararé fica na divisa de São Paulo com o Paraná — antes do conflito “mais sangrento da América do Sul”, os grupos rivais fizeram acordos e adiaram a batalha paras sempre. Denúncias de mais abusos Uma cerca de ferro instalada pela polícia na Estrada do Itararé, via que dá acesso ao Complexo do Alemão, manteve cinco ônibus estacionados ao longo do domingo com o objetivo de transportar suspeitos encontrados durante a operação. Mas o local ficou durante boa parte do dia cheio de moradores que reclamavam de abusos — desde a detenção de parentes que nada teriam a ver com o tráfico à derrubada de casas por parte dos policiais. Ontem, o Correio mostrou as mesmas denúncias na Vila Cruzeiro, localizada no mesmo complexo. Léia de Souza, 30 anos, tentava manter a calma, depois que a proximidade do helicóptero da Polícia Militar derrubou metade da casa de sua mãe, na Rua Araruá. “Graças a Deus ninguém ficou ferido, mas a gente não tem para onde ir. Quando reclamei com o policial, ele me mandou morar na casa dos vagabundos”, reclama a mulher, visivelmente confusa em relação a como pedir providências. Uma senhora que se identificou como Sônia, da casa ao lado de Léia, também teve o muro destruído. Desesperada, a mulher gritava em meio aos policiais. “Tenho três filhos, moro sozinha, não sou bandida nem vagabunda. Mas eles não querem saber. Que proteção é essa que querem dar para a gente?”, questionava Sônia, transtornada. A destruição de seu muro e da casa de Léia ocorreu no momento em que o helicóptero da PM praticamente pousou numa laje próxima para carregar drogas encontradas em um imóvel perto dali. Quando as famílias pediram para a imprensa fotografar as casas destruídas, um policial ordenou: “Sai da rua, entra para casa e não atrapalha nossa operação”, disse, rispidamente, o policial. Priscilaine Santana, 24 anos, pedia aos policiais, na cerca instalada na Estrada do Itararé, que liberassem logo seu marido. “A gente estava indo para o supermercado, aí revistaram a gente. Viram que ele tinha uma tatuagem e uma cicatriz na barriga, de uma cirurgia. É crime ter tatuagem?”, dizia Priscilaine. Dois homens, Jackson Soares e Elídio Bortolati, diziam ter apanhado de policiais, mostrando marcas pelas costas. (RM) |
29 de novembro de 2010
O Globo
Foto legenda: Deu praia no Alemão
Ação policial deixa bandidos em pânico
Moradores ajudaram até com gestos e sinais
Foto legenda
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Folha de S. Paulo
Manchete: Polícia ocupa morro do AlemãoTráfico estava arrasado, conta mediador de ONG
Análise/Nelson de Sá
Ruy Castro
Brasil disfarçou luta antiterror, dizem EUA
Casa Branca espionou a ONU , revela WikiLeaks
Planalto negocia a aquisição de avião para Dilma
Editoriais
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O Estado de S. Paulo
Manchete: Polícia ocupa Alemão; traficantes fogemNegociação: Mediador encontra dupla que quis matá-lo
Análise: João Ubaldo Ribeiro
WikiLeaks abala diplomacia dos EUA
Candidatos querem anular eleição no Haiti
Europa socorre Irlanda com € 85 bilhões (Págs. 1 e Economia B1)
Carlos A. Sardenberg: Por que não colocam na lei?
Notas & Informações: A questão quilombola
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----------------------------------------------------------------------Valor Econômico
Manchete: Megaoferta de gás reativa investimento em térmicasCombate ao crime exige mais medidas
Após atrasos, Transnordestina deslancha
Perda de exportações diminui o ritmo de produção da indústria
PMDB decide sufocar seus dissidentes
Meirelles pode ficar com novo ministério que cuidará de portos e aeroportos (Págs. 1 e A6)
Premiê irlandês, Brian Cowen, descarta calote e comemora o socorro da EU (Págs. 1 e A13)
Orçamento pode ficar para 2011
Especial/Seguros
Faltam mudas para plantio de café
Venda de créditos de carbono
Controles insuficientes
Estratégia defensiva
Executivos sob medida
Ideias
Ideias
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