




Homenagem aos chargistas brasileiros.
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
Autor(es): Bettina Barros | De São Paulo |
Valor Econômico - 10/02/2011 |
A multinacional americana Archer Daniels Midland (ADM), maior processadora de grãos do mundo, anunciou ontem a construção de sua primeira fábrica de esmagamento de palma no Brasil, entrando em um mercado com crescimento potencial mas ainda concentrado em poucas empresas. Com início da construção previsto para 2013, a planta estará localizada próxima a São Domingos do Capim, a 140 Km de Belém (PA), e deverá iniciar as operações em 2016. A unidade faz parte do plano de investimento - não revelado - de cinco anos, que incluirá o plantio de árvores em 21 mil hectares, informou a empresa, em nota. A ADM também não informou o volume de produção estimado. Segundo a presidente do conselho e CEO da ADM, Patricia Woertz, uma parte importante da estratégia do grupo para o crescimento rentável é expandir o tamanho e alcance global da originação e unidades de processamento. E o investimento em palma acrescenta uma nova commodity à cadeia de valores da ADM no país e diversifica as opções de matéria-prima para a produção de biodiesel. "Somos incentivados pelo compromisso do governo brasileiro com a promoção do desenvolvimento agrícola sustentável que, além de auxiliar a suprir as demandas crescentes de energia do país, também melhora o meio de vida de centenas de famílias de agricultores no programa Selo Combustível Social", afirmou Domingo Lastra, presidente da ADM do Brasil. Membro da Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO, na sigla em inglês), a aliança internacional que reúne produtores, varejistas e ambientalistas para incutir os conceitos de produção sustentável na cadeia produtiva, a ADM afirma que cumprirá com as orientações e processos da organização para a plantação de palma e fábrica de processamento. A planta brasileira será a primeira do mundo da ADM que irá processar o óleo de palma. A empresa, no entanto, já refina o mesmo óleo nos EUA e na Alemanha. Ainda que tenha pouca relevância no Brasil, responsável por pouco mais de 100 mil toneladas de uma produção mundial anual da ordem de 37 milhões de toneladas, o óleo de palma é o óleo vegetal mais consumido. A oferta é encabeçada por Malásia e Indonésia. A China é o maior consumidor. O principal produtor brasileiro é a Agropalma, que tem 40 mil hectares próprios plantados e outros 10 mil de pequenos e médios produtores, ligados à empresa. Cerca de 90% da produção brasileira da palmácea está no Pará. No início deste mês, a Vale anunciou a aquisição do grupo paraense Biopalma, por US$ 173,5 milhões. A empresa iniciará sua operação este ano, com estimativa de produzir 500 mil toneladas de óleo por ano em 2019. A produção será usada pela Vale para fabricação de biodiesel para abastecer sua frota de locomotivas, máquinas e os equipamentos de grande porte, em uma mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel comum. Extraído da polpa da palmeira, o óleo é utilizado na alimentação, como o azeite de dendê. Já o óleo de palmiste, extraído da semente, serve às indústrias oleoquímica e de cosméticos, entre outras. |
Lista fechada e voto distrital dividem PT e PMDB |
Autor(es): Cristian Klein | De São Paulo |
Valor Econômico - 10/02/2011 |
A disposição da presidente Dilma Rousseff em aprovar a reforma política, reiterada em sua mensagem ao Congresso, já mobiliza os principais partidos. Mas a divisão entre PT e PMDB sobre o tema não favorece uma proposta de consenso.
Depois que a presidente Dilma Rousseff - revendo declaração em contrário - enfatizou, sob aplausos do Congresso, a necessidade de aprovação de uma reforma política, em mensagem lida no Parlamento, na semana passada, o assunto voltou à tona e mobiliza deputados e senadores, que já se preparam para um novo esforço de votação neste primeiro semestre - o que pode ser, no entanto, novamente inócuo. Levantamento feito pelo Valor, com líderes de 16 partidos da Câmara - que reúnem 501 dos 513 deputados da Casa -, mostra uma divisão de forças que está longe de favorecer a aglutinação em torno de uma proposta mais ousada de mudança do sistema eleitoral. A lista fechada - pela qual os eleitores passariam a votar só em partidos - perdeu força. O modelo que nos últimos anos tem centralizado o debate é apoiado pelos líderes de PT, DEM, PSC, PCdoB, PV, PPS e PSOL. Isso representaria a preferência de 192 deputados, sem descontar as inevitáveis defecções - que contribuíram em muito para a derrota da proposta em 2007, quando, por exemplo, 27 dos 71 petistas em plenário não seguiram a orientação do partido. Outro sinal de que a lista fechada entraria no debate com menos fôlego é o fato de a maioria dos líderes de legendas adeptas do sistema terem citado modelos alternativos, com mais chances de aprovação, como a lista flexível - que permite ao eleitor escolher um candidato e mudar a ordem prévia do partido. No caso do PV, a lista preordenada seria apoiada, mas a preferência viria depois do distrital misto - sistema que, em sua versão clássica, alemã, elege metade dos parlamentares pela lista fechada e metade pelo voto majoritário em circunscrições de um só representante (voto distrital puro). PV, PTdoB e PRB, que totalizam 126 deputados, citaram o distrital misto. O maior golpe contra a lista fechada, no entanto, vem do PMDB. O partido, que apoiava a proposta abraçada com entusiasmo pelas cúpulas de PT e DEM, agora cerra fileiras na ideia patrocinada pelo PP: o distritão. Tido como um projeto que incentiva o personalismo - em contraste com o voto partidário da lista fechada - o distritão empolga também o PR e reuniria, assim, 162 votos. A principal diferença entre o distritão e o modelo atual, de lista aberta, é que os candidatos seriam eleitos exclusivamente pelos seus votos. Em São Paulo, por exemplo, os 70 mais votados seriam eleitos para a Câmara dos Deputados. Não haveria mais o chamado quociente eleitoral, que exige dos partidos um patamar mínimo de votação como primeiro critério de distribuição das vagas. O distritão foi apresentado em 2007 como uma proposta de emenda constitucional (PEC) pelo senador Francisco Dornelles (RJ), presidente do PP, e pelo então líder do partido na Câmara, Mário Negromonte (BA), atualmente ministro das Cidades. Desde então, ganhou força e entusiastas. Os principais líderes do PMDB o defendem: o vice-presidente da República, Michel Temer, o líder e o vice-líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (RJ), e o presidente do Senado, José Sarney (AP). O apoio declarado de líderes de peso dá uma nova inflexão ao debate. Se a direção do PT sempre demonstrou mais determinação na reforma política e com isso moldou-a a seu gosto, agora é a vez do PMDB, que parece querer fazer o mesmo. No dia 1º, ao se reeleger para o quarto mandato à frente do Senado, José Sarney declarou que dará alta prioridade ao assunto e já criou uma comissão especial. Henrique Eduardo Alves afirma que a reforma política será o item número 1 da pauta do PMDB na Câmara, antes da reforma tributária. "A lista fechada não conseguiu apoio até agora e vai ficar se falando, falando... Penso em algo que possa ser aprovado", disse o deputado. O principal argumento dos defensores do distritão é que ele acabaria com a possibilidade de um candidato se eleger com menos votos do que outro que ficou de fora. Na disputa do ano passado, no Rio de Janeiro, 56 candidatos que ficaram na suplência tiveram votação maior que a do último dos 46 eleitos, Jean Wyllys (PSOL). O ex-participante do programa Big Brother Brasil (BBB) conquistou apenas 13.018 votos, mas foi puxado pela popularidade do colega de partido, Chico Alencar, que obteve mais de 240 mil. Outra vantagem apontada é que o distritão, ao abolir a necessidade de os partidos atingirem o quociente eleitoral, reduziria o número de candidatos e legendas. Para o líder do PR, Lincoln Portela, os partidos não ficarão mais como "barata tonta" atrás de candidatos que só têm 2 ou 3 mil votos para inchar o total dado às suas listas. O modelo, defende o deputado, enxugaria o número de partidos. A lógica é que, sem a exigência do quociente eleitoral, se extinguiriam naturalmente também as coligações partidárias e, logo, as pequenas legendas, que se apoiam nas alianças eleitorais para sobreviver. "Infelizmente, o debate da reforma política tem ocorrido como aqueles times de futebol que só jogam por um lado do campo, só pela esquerda, por exemplo. Pensam que só é lista fechada. Esse sistema é retrógrado, horroroso", diz Portela, ao citar o risco de oligarquização dos partidos. Para o grupo de legendas favoráveis à lista fechada, o distritão é que deve ser evitado, por estimular o personalismo na arena eleitoral. "Temos que fugir de qualquer modelo distrital, majoritário, que personaliza a disputa e subverte a representação", defende Paulo Teixeira (SP), líder do PT. Se no sistema proporcional de lista aberta, como o adotado pelo Brasil, é grande a quantidade de candidatos que se elegem com menos votos que outros, no sistema majoritário, lembra o deputado, a distorção ocorre na representação dos partidos. No Reino Unido, por exemplo, em 1974, num caso extremo, o Partido Liberal alcançou uma votação nacional de 19,3%, mas levou apenas 2,2% das cadeiras do Parlamento. Por causa dessa distorção, nem sempre radical, porém sistemática, que lhes prejudica, os liberais são os maiores defensores de uma reforma política britânica em direção a um sistema mais proporcional. O modelo brasileiro, com distritos muito grandes, entre 8 e 70 cadeiras, para as eleições à Câmara, faria com que o resultado ainda fosse bem mais proporcional que as do Reino Unido ou dos Estados Unidos, onde os distritos são uninominais (só uma vaga em disputa). O problema maior, segundo seus críticos, seria o aumento do individualismo e o enfraquecimento dos partidos. "Nesse ponto, o PT converge com a gente. Hoje a política não é programática, privilegia o dinheiro, campanhas milionárias, e estruturas de poder", afirma Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), líder do DEM, para quem o risco de caciquismo da lista fechada pode ser evitado com uma reforma partidária que estimule a democracia interna das legendas. O PSDB, marcado pela posição ambígua nas discussões anteriores, está menos indeciso. Mas não a ponto de se alinhar automaticamente às propostas principais. Sua preferência é pela criação de um sistema distrital com circunscrições que elegeriam cinco representantes. O líder do partido, Duarte Nogueira (SP), nega que o sistema tornaria a política mais paroquial. "Essa possibilidade até cabe no distrital puro [uninominal]. Mas com cinco cadeiras, em São Paulo, por exemplo, os deputados responderiam a um eleitorado de 1,5 milhão de pessoas", rebate Duarte, que divide a autoria do projeto com os colegas paulistas Mendes Thame e Emanuel Fernandes. A divisão dos tucanos, contudo, pode se repetir. No Senado, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves é adepto do distrital misto. Ele participará da comissão especial ao lado, entre outros, dos ex-presidentes Fernando Collor (PTB-AL) e Itamar Franco (PSDB-MG). A Câmara também terá sua comissão especial, anunciada anteontem pelo presidente da Casa Marco Maia. |
Dora Kramer - Dora Kramer |
O Estado de S. Paulo - 10/02/2011 |
Pela primeira vez em anos o PMDB ocupa formalmente o poder, mas sente que não fez exatamente um negócio da China e, pela primeira vez em anos, se sente sem condições de usar seus truques de manobrista para pressionar o governo e reagir à situação adversa. O governo Dilma Rousseff em que o PMDB ocupa a Vice-Presidência da República entra em seu segundo mês e até agora nada saiu como previsto pelo partido, que se imaginava sócio-fundador do mandato da presidente e, com isso, dono de direitos inalienáveis expressos na divisão mais ou menos igualitária dos espaços na Esplanada dos Ministérios e adjacências na administração federal. O primeiro revés, diga-se, veio das urnas, que não deram aos pemedebistas as bancadas previstas na Câmara e no Senado. Eleito um número de deputados (78) aquém das expectativas, o partido precisou adiar seus planos de presidir a Câmara para daqui a dois anos. E isso se as coisas melhorarem, porque do jeito que assa a batata do líder deputado Henrique Eduardo Alves no Palácio do Planalto e dentro da própria bancada do PMDB, é de se dar ouvidos ao ministro do PT que, ao se referir ao projeto dele de presidir a Câmara a partir de 2013, acrescenta: "Se estiver vivo até lá." Politicamente falando, evidente. Cargos de segundo escalão, até agora nenhum que o PMDB considere à sua altura. Na Fundação Nacional de Saúde tudo caminha para o desmonte do feudo e em Furnas as exorbitâncias do deputado Eduardo Cunha provocaram outro dissabor. A parceria de Henrique Eduardo com Eduardo Cunha, aliás é um fator de enfraquecimento dele, que também desagrada à bancada ao subordinar todos ao projeto presidência/2013. Um exemplo: o partido havia recebido o Ministério das Cidades, mas Henrique Eduardo cedeu ao PP em troca de votos adiante. Os ministérios são capítulo especialmente desagradável ao PMDB. O partido ficou nas Minas e Energia, onde reina como sua majestade Elizabeth da Inglaterra. Na Agricultura, a Embrapa é do PT e a Conab do PTB. No Turismo, a Embratur é indicação de Antonio Palocci e a secretaria executiva é do PT. Na Previdência, onde a ordem ao ministro Garibaldi Alves é calar, a secretaria executiva é do PT. A irrelevância da Secretaria de Assuntos Estratégicos, sem orçamento nem função, dispensa apresentações. Do ponto de vista do que pretendia o PMDB ao se associar oficialmente ao PT, um acinte. Por ora assumidamente sem remédio, porque para todos os efeitos de opinião pública a presidente Dilma trava o bom combate. É o que dá o olho-grande e nenhuma preocupação com o nome a zelar. Fica refém da má fama, prisioneiro de uma agonia construída com as próprias mãos, pagando o preço de não ter dado ouvidos aos poucos pemedebistas que ao longo dos últimos anos alertaram que os maus passos teriam cedo ou tarde sua consequência. Agora, que parcela minoritária da bancada (12 em 78) se levanta publicamente contra a referência exclusiva no fisiologismo, a direção do mesmo modo ignora os reclamos. Enquanto isso as principais lideranças vão se desgastando em escândalos, agindo de forma a corroborar a imagem negativa e o partido, ao perder espaços de governo, perde força eleitoral para 2012. No dizer de um dirigente, "acaba virando o DEM do PT". Outro rumo. Se dependesse da vontade do PSDB, o destino do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não seria o PMDB. Preferível, na visão tucana, o PSB ou até mesmo um novo partido. A ida para o PMDB, nessa análise, teria dois inconvenientes: engrossaria as fileiras parlamentares governistas e, para Kassab, representaria o risco de amanhã ficar a ver navios internamente em matéria de poder. Constatação. Na situação e na oposição, todo mundo em Brasília já percebeu: Antonio Palocci acumula as tarefas de ministro da Casa Civil e chefe de governo. -------------- |
Autor(es): Cláudio Gonçalves Couto |
Valor Econômico - 10/02/2011 |
O pioneiro de todos os cientistas políticos, Nicolau Maquiavel, ensinava aos príncipes (com base no que fizeram outros príncipes, bem sucedidos), que o mal se faz de uma vez e o bem aos poucos. Transposto à vida democrática contemporânea, esse ensinamento sugere aos governantes que tomem as medidas mais duras e de difícil implantação no início de seus mandatos, quando ainda dispõem de uma considerável reserva política de paciência e expectativa. A paciência e a expectativa não se distribuem da mesma forma e nem significam a mesma coisa para os cidadãos e os políticos - ou, nos termos de Maquiavel, o povo e os poderosos. Para os primeiros, a expectativa decorre da esperança de que um novo governante consiga atender aos anseios que tornaram possível a sua eleição. Mesmo aqueles que não votaram nesse governante costumam alimentar a esperança de que sua gestão contrarie a avaliação negativa feita por ocasião das eleições, revelando-se uma grata surpresa. Já os que votaram no candidato vitorioso alimentam uma esperança ainda maior, decorrente de sua natural simpatia prévia. Tanto num caso como no outro é de se esperar que os cidadãos deem ao novo governante um tempo para demonstrar que suas políticas surtirão efeito e que as expectativas positivas não eram em vão - é aí que se revela a paciência dos cidadãos em relação aos novos governantes. Até mesmo o presidente Fernando Collor, quando confiscou as poupanças dos cidadãos, contou com paciência e expectativas positivas de uma larga parcela da população. Os governados torciam para que aquela medida surtisse efeitos positivos, apesar de ser tão drástica. Por isto, pacientemente aguardaram. Ao fim e ao cabo, aquele mal de uma vez só plantado mostrou-se somente um mal, sem que fosse possível colher gradualmente os benefícios que pudesse ter gerado. A perda de popularidade do presidente foi inevitável. Para os políticos, a expectativa e a paciência têm a ver com seus cálculos prospectivos de sobrevivência e ganho político durante todo o período de mandato do novo governante. A ninguém serve - sobretudo a quem não sabe o que fazer na oposição - inviabilizar um governo do qual fará parte, nem indispor-se precocemente com o novo mandatário mor. É preciso ter paciência para colher paulatinamente os frutos do sucesso de uma administração vitoriosa, assim como manter ativos os canais que permitem um bom relacionamento com a chefia do governo. Por isto, políticos matreiros evitam bater de frente com o novo chefe de governo logo de início, apostando em ganhos diferidos no tempo. Ou seja, é preciso ter paciência e não perder as esperanças. Tal situação mostra-se especialmente útil aos presidentes recém-eleitos no início de seu mandato - um período que não casualmente alguns chamam de "lua de mel". A presidente Dilma Rousseff parece ter atentado para isto, ao menos tendo em consideração duas estratégias de seu início de governo. A primeira delas diz respeito à montagem da equipe; a segunda à negociação do salário mínimo. No atinente à montagem do novo governo, com as indicações de praxe para os cargos de livre provimento, a nova presidenta parece ter cometido um excesso e um acerto - ao menos estrategicamente. O excesso diz respeito à distribuição das pastas ministeriais para os partidos da coalizão: novamente o PT se viu sobrerrepresentado na alocação de ministros (como no primeiro governo Lula), relegando os aliados (principalmente o PMDB) a uma condição claramente subalterna. Se isto visa abrir espaço para, num segundo momento, de eventuais dificuldades ou desgaste, recompor o governo com os demais partidos, transferindo-lhes ministérios antes ocupados por petistas, pode-se entender que a estratégia é a de poupar munição para tempos difíceis. Se não for isto, está-se gerando um desgaste inicial desnecessário e se trata de um erro de cálculo. Já o acerto evidente diz respeito às nomeações para postos no segundo e terceiro escalões. Mesmo arcando com um considerável desgaste junto aos partidos coligados - principalmente o PMDB - a presidente parece ter percebido que ou impõe certos limites à politização da máquina governamental agora, no início de seu mandato, ou não conseguirá jamais assegurar um mínimo de racionalidade à gestão de órgãos públicos que há tempos sofrem com desmandos políticos - como, notadamente, a Infraero, os Correios, a Funasa e empresas do setor elétrico. O problema é somar o custo desde necessário ajuste de órgãos de perfil nitidamente mais técnico com o desperdício de cacife político na alocação dos ministérios, onde o perfil eminentemente político do dirigente máximo faz sentido. Já no que diz respeito à negociação do salário mínimo, a presidenta buscou o casamento da oportunidade com a necessidade. Todos sabem ser indispensável o ajuste das contas públicas neste momento, tendo em vista a aceleração inflacionária e a deterioração de nossa situação fiscal. Esta é a necessidade. Tal ajuste, contudo, dificilmente poderia ser feito a partir do ano que vem (quando ocorrem as eleições municipais) e menos ainda ao final do mandato, quando a "lua de mel" já terá passado. A oportunidade se apresentou agora e o reajuste do mínimo mostrou-se oportuno para que a nova chefe de governo apresentasse à sua base social de apoio os limites de sua flexibilidade. Tal negociação se reveste de ainda maior importância se considerarmos o quão significativo é sinalizar para a sociedade brasileira em geral, e para a classe política e a elite sindical, em particular, que acordos de longo prazo precisam ser cumpridos, sob a pena de ao não fazermos isto solaparmos o processo em curso, de aprimoramento institucional da nossa democracia. Isto, contudo, não foi levado em conta por algumas lideranças sindicais e partidárias, que veem na oportunidade de ganhos no curto prazo algo mais atraente que a construção de instituições - o que, necessariamente, leva mais tempo. --- Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP. A titular da coluna, Maria Inês Nassif, está em férias |
Pimentel participará de escolha de caças da FAB |
Autor(es): Eliane Oliveira e Roberto Maltchik |
O Globo - 10/02/2011 |
A presidente Dilma tirou as negociações para a compra de caças da área exclusiva do Ministério da Defesa, enfraquecendo o ministro Nelson Jobim, e decidiu que Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, participará da escolha. Os americanos F-18 ganharam força frente aos Rafalle franceses, preferidos de Lula. |
10 de fevereiro de 2011
O Globo
Manchete: Governo corta R$ 50 bi e Mantega diz que 'vai doer'A fatura da gastança eleitoral
E naquele voo de carreira ...
Dilma põe Pimentel na negociação sobre caças
Congresso se omite sobre estacionamento
Egípcios fazem greve e cercam o Parlamento
Serra: PSDB não pode se apequenar
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Folha de S. Paulo
Manchete: Temor da inflação faz governo cortar R$ 5 biGoverno quer que Eletrobras entre no leilão do trem-bala
Foto legenda: Celebridade
Onda de greves faz vice egípcio alertar sobre risco de golpe
Boa Notícia
Senado aprova ministro indicado ao STF por Dilma
Por sugestão de Cabral, Obama deve subir morro pacificado no Rio (Págs. 1 e Mundo A16)
Professor de SP vai poder mudar sua disciplina
Jânio Freitas
Eliane Catanhêde
Editoriais
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O Estado de S. Paulo
Manchete: Dilma corta emendas do Congresso e preserva PACSerra reaparece em defesa do mínimo de R$ 600
Confrontos se espalham no Egito e regime ameaça
Remédio contra aids terá versão brasileira
Procuradoria pede que Berlusconi seja indiciado (Págs. 1 e Internacional A15)
Notas & Informações
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Manchete: Cortes indicam queda real de 2,6% na despesaInflação alta antecipou as medidas
Hypermarcas manda preço de farmacêuticas para o espaço
Reforma política está longe do consenso
BC barra fundo na aquisição de bancos
Construtoras do Brasil sustentam campanha eleitoral de Alejandro Toledo no Peru (Págs. 1 e A10)
Eike cria empresa na Colômbia
Plataforma de exportação
EUA avançam no mercado de etanol
Limagrain investe em milho no país
Nilza suspende falência
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