


Homenagem aos chargistas brasileiros;
e ao Irmãos Grimm.
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
Muitas pessoas afirmam que a corrupção chegou a níveis intoleráveis. E algumas, como Juan Arias, editor do El País, perguntam por que os brasileiros não se indignam. Em vez de buscar as causas sociológicas e econômicas, tão debatidas nos artigos sobre o tema, procuro utilizar também a memória.
Os governos Juscelino Kubitschek e João Goulart eram acusados de corrupção. É possível até dizer que os oficiais da Aeronáutica que promoveram a Revolta de Aragarças achavam a corrupção intolerável e não entendiam por que os brasileiros não se indignavam. No período Goulart havia uma forte ligação entre sindicatos e governos. Movimentos independentes no setor só surgiram no fim da década de 1960, com as greves de Osasco e Contagem. Na época anterior à ditadura, como agora, as denúncias de corrupção parecem ser apenas um contraponto oposicionista e figuram como um episódio lateral ao impulso desenvolvimentista de JK ou ao projeto de reformas de base de Goulart.
O pensamento da esquerda no poder é semelhante. Para ela, a floresta é o desenvolvimento com distribuição de renda. A corrupção é apenas uma árvore torta que insistimos em denunciar. Nesse quadro, a História do Brasil contemporâneo seria circular, com as realizações se desdobrando e algumas forças, à margem, gritando contra a corrupção.
Muita coisa mudou. O projeto de desenvolvimento recheado de corrupção não é sustentável. Novos e poderosos instrumentos estão à disposição de brasileiros muito mais bem informados que no passado. Nem sempre é preciso ir às ruas: 50 pessoas em Nova Friburgo conseguiram se organizar para pressionar a Câmara por uma CPI independente. O governo tinha maioria, mas elas venceram. Minúscula exceção, numa cidade atingida pela tragédia.
Mas a verdade é que em outros campos há também resistência. É o caso da resistência contra o mais importante ator econômico do momento: a associação do governo com alguns empresários, fundos de pensão e o BNDES. Esse grande ator é percebido de forma fragmentária. Ora se esforçando para tornar viável a usina de Belo Monte, ora no varejo tentando fundir Pão de Açúcar e Carrefour, ora sendo rejeitado no seu progressismo ingênuo, como no projeto do trem-bala. Sua ação articulada nem sempre é percebida como a de um novo ator. Exceto pelos vizinhos latino-americanos, que o consideram - a julgar pelo seminário internacional realizado no iFHC - um elemento singular do capitalismo brasileiro. Apoiadas no BNDES, as empresas brasileiras tornam-se mais competitivas no exterior. Mas trazem a desconfiança como um efeito colateral.
Cheguei, num certo momento, a comparar Lula-Dilma com Putin-Medvedev. E o capitalismo dirigido pelo Estado como fator que aproximava as experiências de Brasil e Rússia. Mas o desenrolar da crise de 2008 foi diferente para os dois. A Rússia sofreu mais que o Brasil e a interpretou como sinal para modernizar algumas áreas, privatizando-as. O Brasil, como uma oportunidade para ampliar o papel do Estado.
Pode-se compreender a demanda de indignação. Mas o sistema político está dominado, há um ator econômico poderoso e o governo emergiu vitorioso das eleições. Não há desemprego de 40% entre os jovens, como na Espanha. Ainda assim, houve indignação em Teresópolis, revelada em inúmeras manifestações. O movimento esbarrou no próprio processo político, pois conseguiu uma CPI e ela foi controlada pelo governo. O que as pessoas decidiram? Continuar manifestando indignação ou voltar à carga no momento eleitoral, quando o sistema fica mais vulnerável? Optaram pela última alternativa. Na Espanha foi a proximidade das eleições que permitiu o avanço dos indignados, mesmo sem a pretensão de disputar cargos.
Parte dos brasileiros acha que a corrupção é um preço que se paga ao desenvolvimento. Um setor da esquerda não somente acha isso, como confere uma qualidade especial ao desvio de dinheiro para causas políticas: os fins justificando os meios. Não se pode esquecer que 45 milhões votaram na oposição depois de oito anos do mesmo governo. Não eram da UNE nem da CUT.
A corrupção no Ministério dos Transportes é bastante antiga. Às vezes ele muda de mãos, passa de um partido a outro. Para os que conhecem o processo político brasileiro, a notícia não foi surpresa. As denúncias de corrupção sucedem-se diariamente e não se resolvem dentro dos canais parlamentares. Se os eleitores se indignarem, ostensivamente, podem se transformar numa indignação ambulante. As próprias pessoas que pedem hoje que se indignem vão achá-las monótonas e repetitivas. Para que os que têm o potencial de se indignar, coloca-se a questão da oportunidade exata, do preciso emprego da energia. Navega-se num sistema político cada vez mais distante, tripulado por um gigantesco ator econômico e um crescimento com viés inclusivo. Quando o adversário é ao mesmo tempo indiferente, opaco e poderoso, a indignação social tem hora.
É um problema deixar de se indignar com uma corrupção que mata, como na saúde e nos transportes, e aniquila sonhos, como na educação. Mas também é um problema indignar-se e voltar para casa de mãos vazias.
A indignação na Espanha ocorreu num momento em que poderia crescer. Ainda assim, como não se voltou para a ocupação de espaço institucional na política, seus resultados estão em aberto. O caso de Teresópolis mostrou que sem uma contrapartida institucional as melhores aspirações se afogam no pântano do próprio sistema político. O que torna a questão mais complicada do que pura e simplesmente se indignar às vésperas das eleições. É necessário vencê-las ou, no mínimo, eleger uma oposição de verdade.
A pergunta de Juan Arias é legítima. Mas seria ilusório pensar numa resposta simples, como se houvesse no enigma uma espécie de bala de prata, uma descoberta que pusesse a indignação em movimento. Em processos complicados, uma das respostas mais sábias é a do comercial de televisão: Keep walking.
Valentes, mas não ao ponto de explicitar insatisfação em caráter irrevogável, deputados do PR reagem às demissões no Ministério dos Transportes com ameaças veladas ao governo.
O líder do partido na Câmara, Lincoln Portela, reivindica isonomia no rigor para toda base aliada e diz que a presidente Dilma Rousseff está "brincando com fogo".
O deputado Luciano de Castro avisa que, atingido "na cabeça e no coração", o PR "não tem mais que ter medo de perder o que já não existe".
Outros tratam de disseminar a versão de que tão logo volte do recesso e reassuma sua cadeira no Senado, o ministro exonerado Alfredo Nascimento fará um discurso para pôr os pingos nos is.
De seu ponto de observação na trincheira do PMDB, o notório Eduardo Cunha pontifica: "É preciso tomar cuidado para isso não se transformar em regra: sai nos jornais e revistas e vai direto para o Diário Oficial".
O restante do partido, vice-presidente da República inclusive, fica na encolha. Provavelmente esperando para ver se a faxina é um espasmo e passa ou se a regra é para valer, para todos e por tempo indeterminado.
Enquanto isso, suas excelências buscam, nos bastidores, abrigo na concepção flexível de ética e na falta de interesse do ex-presidente Lula em que, uma vez (e se) consolidada a dinâmica da vassoura impiedosa, as comparações de estilo evoluam para a constatação de que o antecessor deixou uma herança para lá de maldita à sucessora.
A maneira desabrida de Lula privilegiar a lealdade em detrimento dos bons costumes é que levou as coisas do fisiologismo ao atual estado de degradação. Logo, se a presidente estiver mesmo decidida a mudar o padrão, a opinião pública acabará percebendo o que nos últimos oito anos achou mais cômodo não perceber.
Daí as versões de que Lula está "preocupado" com a saúde da base governista, enxergando riscos à governabilidade no modo Dilma de lidar com as denúncias (por hora só) relativas ao Ministério dos Transportes.
Quais seriam esses riscos?
Depende da atuação da presidente. Se ela der vazão à impetuosidade à deriva, como no caso em que mandou Antonio Palocci ameaçar o vice Michel Temer com a demissão dos ministros do PMDB se o partido não votasse o Código Florestal na Câmara tal como queria o governo, o perigo de isolamento é real.
Terá a maioria do Congresso contra ela e poderá acabar em maus lençóis quando precisar de amparo.
Agora, se agir com precisão e fundamento na correção dos rumos do que estiver realmente malfeito, o que farão diante do apoio que ela receberá da sociedade?
Declarar independência ou morte? Chamar o povo às ruas? Atear fogo às vestes? Pedir demissão coletiva de todos os cargos?
Sem unidade nem credibilidade, por hora os parceiros do consórcio blefam e torcem para que a chuva seja de verão.
Dois fervendo. O presidente da Infraero, Gustavo Matos do Vale, saiu na quarta-feira literalmente correndo de uma solenidade na Base Militar de Brasília, após receber um telefonema.
Era Dilma chamando para mandar que Vale desse um "sacode" na empresa aérea Gol por causa dos atrasos e cancelamentos no dia anterior em Congonhas.
Dividendos. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pode sair no lucro com a crise no PR, que, além das agruras com o governo federal, enfrenta um racha interno.
A primeira ideia dos insatisfeitos era fundar um novo partido, mas eles chegaram à conclusão de que não daria tempo de tomar todas as providências legais até setembro, data limite para poder concorrer às eleições municipais de 2012.
O plano B é a adesão ao PSD de Kassab. O prefeito já recebeu alguns deputados do PR para conversar a respeito.
Ela acha. Pode ser até que não seja, mas a presidente Dilma pôs na cabeça que José Serra será o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo.SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS |
22 de julho de 2011
O Globo
Manchete: Portos inaugurados há dois anos afundam na Amazônia
Arco do Rio só tem 35% executados
Equador: sentença ameaça jornalistas
Erro médico mata mais que acidente aéreo
Promotores viram réus no caso do mensalão do DEM (Págs. 1 e 11)
Acordo dá € 109 bi e novo fôlego à Grécia
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Folha de S. Paulo
Manchete: Europa aprova socorro que deve levar Grécia ao calote
Empresário alertou sobre propina em carta a Kassab
Justiça é quem deve conferir assinaturas do PSD, diz prefeito
Ministro do STF vai à Itália para festa de advogado
Foto legenda: Sob a terra
Equador condena editores de jornal à prisão por artigo
Editoriais
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O Estado de S. Paulo
Manchete: Dnit libera verba de estradas para fazer casas
UE anuncia socorro de € 158 bilhões para a Grécia
Kassab defende seu secretário
Equador prende por injúria ao presidente (Págs. 1 e Internacional A14)
Cirurgia bariátrica polêmica é vetada
Dora Kramer
Fernando Gabeira
Notas & Informações
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Correio Braziliense
Manchete: Três vidas soterradas pelo descaso
Nem desmaios nem "pitis" salvam Deborah na Justiça
Mudança no GDF - Pressionado por petistas, Pitiman sai (Págs. 1 e 21)
Foto legenda: Presente para grego
R$ 1,555: Dólar cai e é o mais barato em 12 anos
Três mil vistos para os EUA
Servidores: Aviso aos grevistas
Exame da OAB: Prova na berlinda
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Valor Econômico
Manchete: Aditivos param trechos de obras no São Francisco
Foto legenda: Largada agressiva
Pacote europeu tenta prevenir novas crises
Licitações de novos portos a caminho
Setor siderúrgico vai a Dilma pedir ajustes
R$ 3,5 bi da Vale em Santos e em ferrovia
Brasil lidera consumo de defensivo
Justiça dá hora extra para trabalho em casa
Ensino técnico melhora salário
FCC na Argentina
Serviços nos aeroportos
Receios do mercado sobre o BC
Queiroz Galvão capta US$ 700 mi
Ideias
Ideias
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