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(cana aos canalhas).
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
ESTADOS DO PSDB REAGEM ÀS CRÍTICAS DO GOVERNO |
Autor(es): Por Cristiane Agostine, Raquel Ulhôa e Marli Lima | De São Paulo, Brasília e Curitiba |
Valor Econômico - 05/12/2012 |
As regras para renovação das concessões das usinas hidrelétricas acabaram por gerar uma guerra política entre os Estados governados pela oposição e o Executivo federal. Ontem, as estatais Cesp, Cemig e Copel, dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, todos governados pelo PSDB, rejeitaram a proposta de renovação de suas concessões na área de geração, por considerar que as novas regras não garantem o equilíbrio financeiro das empresas.
Embora o governo tenha dito ontem que não negociará mais com as estatais que não aderiram a sua proposta para renovação antecipada das concessões, os Estados não se deram por vencidos e ameaçam transformar a questão em uma guerra judicial. O secretário de Energia de São Paulo, José Anibal, disse que vai recorrer à Justiça contra a decisão de Brasília de levar a leilão no ano que vem a usina de Três Irmãos, cujo prazo de concessão esgotou-se no ano passado. "Fomos vítimas de lacaios do governo", afirmou, em reação às declarações do presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, que acusou os Estados de tratarem as elétricas como "capitanias hereditárias". O secretário disse que o governo federal obrigou a Eletrobras a aderir a uma proposta absurda e elevou o tom ao afirmar que as autoridades são "gente vulgar e rasteira, que queria fazer uma tunga em São Paulo". A Cemig deve também bater às portas da Justiça.
Os Estados comandados pelo PSDB reagiram com fortes críticas à declaração do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, de que os governos estaduais que não renovaram as concessões estatais têm visão de "curtíssimo prazo". Tolmasquim referiu-se às decisões da paulista Cesp, da mineira Cemig e da paranaense Copel.
No contra-ataque, representando Minas Gerais, o senador Aécio Neves (PSDB) afirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff está fazendo uma "profunda intervenção no setor elétrico a pretexto da diminuição do custo da conta de luz". Para Aécio, é "um risco, uma imprudência, um desatino" querer reduzir o preço da energia "à custa da insolvência do setor". O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal (PSDB), classificou o governo federal como "autoritário" e "inábil" e reforçou que o Estado não renovará os contratos das usinas da Cesp.
No Paraná, o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, afirmou que a decisão que a companhia tomou não tem a ver com política e disse que a contribuição do Estado ao governo federal "não foi pequena".
A reação dos representantes de governos tucanos se deu no mesmo dia em que o presidente da Empresa de Pesquisa Energética criticou e "lamentou profundamente" a decisão dos governos estaduais que, como acionistas majoritários, decidiram não renovar as concessões de suas estatais. Na mesma linha, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse "não entender a lógica" das empresas que decidiram deixar vencer suas concessões.
Representando o governo de Antonio Anastasia (PSDB), Aécio foi à tribuna do Senado para criticar o governo federal. O tucano apontou a "gravíssima instabilidade no setor" elétrico, em consequência da medida provisória que deu prazo até ontem para que as empresas optassem pela renovação antecipada em troca da redução de preço.
Um dia depois de ser lançado pré-candidato à Presidência, Aécio disse que se o governo quiser, de fato, diminuir a conta de luz, deveria "cortar na própria carne, não agindo como faz costumeiramente com o chapéu alheio". Para o senador tucano, está havendo descumprimento de contrato no caso de empresas que teriam direito a uma renovação automática não onerosa pelos próximos 20 anos. É o caso das três usinas da Cemig, que não aderiram à medida.
Integrante do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Aníbal reagiu com indignação às declarações dos representantes do governo federal. "O governo, em vez de buscar consenso, vem nos estigmatizar e hostilizar. Não só falta habilidade na negociação como há excesso de truculência e de autoritarismo", afirmou.
Ontem o tucano reuniu-se com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia para uma nova rodada de negociações em torno da renovação antecipada das concessões das três hidrelétricas da companhia (Três Irmãos, Ilha Solteira e Jupiá), mas não houve acordo. "O que nos propuseram é uma tunga", reclamou Aníbal.
Segundo o secretário, a Cesp tinha a expectativa de receber R$ 7,2 bilhões pela renovação antecipada de concessões de três hidrelétricas. O governo, no entanto, ofereceu R$ 1,8 bilhão. "E a diferença de R$ 5,4 bilhões, cara pálida? A Cesp não tem uma contabilidade de fundo de quintal", reclamou Aníbal. " Não vamos renovar e não vamos recuar dessa posição".
Representando o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), o presidente da Copel disse que a decisão da empresa foi técnica. "Nosso conselho aprovou e foi referendada pelos acionistas a proposta que causa menos estragos à empresa", disse Zimmer.
A Copel renovou o contrato de concessão de transmissão que vence em 2015 e que representa 86% do seu sistema de transmissão. Mas optou por não renovar antecipadamente a concessão de quatro usinas que, juntas, somam 272 megawatts e respondem por 6% da potência instalada da estatal.
"Nossa contribuição não foi pequena", acrescentou Zimmer, citando que, com a renovação da transmissão, abriu mão de receitas, que cairão de R$ 305 milhões por ano para R$ 127 milhões.
O executivo afirmou que o Estado também fará sacrifícios. "Com a MP 579 o governo federal impôs ao Paraná perda de R$ 450 milhões de ICMS por ano." (Colaborou Daniel Rittner, de Brasília)
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Rosângela Bittar |
Valor Econômico - 05/12/2012 |
A presidente Dilma Rousseff está a engendrar uma novidade no conjunto de alterações que pretende fazer na composição do governo para 2013, o terceiro e crucial ano de seu mandato, quando as coisas têm que acontecer ou não chegará lá, no horizonte da reeleição. Não há decisão ainda e nem haverá este ano, mas a hipótese com que trabalham autoridades de coordenação é uma migração da presidente da Petrobras, Graça Foster, para o Ministério das Minas e Energia, na reforma ministerial que ocorrerá após a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro.
Sabe-se que a presidente da Petrobras fará o que for determinado pela presidente da República. Ocupa o posto de colaboradora número 1, título que inclui até a concordância em rebaixar seu posto. O senso comum indica que é queda a troca de um posto no governo rico e flexível por outro no governo pobre e rígido, como se definia em reformas de gestão os órgãos da administração direta e as estatais.
Porém, ao produzir essa ideia e deixar em algum momento os circunstantes perceberem quais são suas conjecturas e intenções futuras, Dilma está a desconsiderar esse tipo de firula porque o poder dos ministros é ela quem dá.
Dilma sabe que do jeito que está o governo não chega lá
Na concepção do governo, as prioridades estão muito bem definidas e equacionar o problema da energia é a preocupação número um da presidente. Ao que parece, ela descobriu que não atingirá essa meta com o atual plantel que vem produzindo trapalhada atrás de trapalhada e apagão atrás de apagão. Dilma quer continuar, por exemplo, atribuindo o festival de apagões e o risco de racionamento ao governo Fernando Henrique Cardoso. De dez anos atrás, é verdade, e depois dele o PT já teve dois governos Lula e um Dilma para resolver os obstáculos nessa área em que a presidente, como técnica, está mergulhada desde o governo de transição, mas o assunto lhe é caro, nele é especialista, e quer continuar deixando o problema na responsabilidade da década adversária.
A direção da Petrobras poderia ficar com qualquer um dos bons executivos da área e a presidente teria a seu lado, na Esplanada, a executiva de sua maior confiança para que possam resolver em conjunto o problema mais explosivo que vem se avolumando para a campanha da reeleição: a ameaça de apagão total com racionamento, uma vez que em matéria de sucessivos apagões minis, médios e grandes o sistema elétrico tem sido pedagógico.
Dilma pode digerir todos os cálices, menos esse, e sabe que Graça Foster lhe é absolutamente fiel e fará o que ela própria faria. É considerada também melhor gestora que Márcio Zimermann, que Nelson Hubner, que Maurício Tolmasquim, que Hermes Chipp. Ministro interino que assumiu o cargo titular em várias oportunidades por períodos até longos, com os impedimentos do senador Edison Lobão por problemas de saúde, a gestão não é o forte do Zimmerman nem de outros que estão há anos labutando no escuro. E há, no governo Dilma, quem tenha certeza que essa quantidade de apagões se deve mais à falha dos humanos do que do sistema. Este, por incrível que pareça, é considerado ainda muito bom.
Além disso, está na área de energia a queda de braço do governo com o mercado na regulação das concessões, e a presidente acha que os técnicos já se deram o direito de se equivocar o suficiente, nessa negociação. Como foi possível errar o ano de início de operação de uma usina para efeito de cálculo da depreciação de seu patrimônio? Até isso aconteceu e foi considerado um atestado absoluto da maneira mambembe como o assunto foi tratado.
Sobre a negociação das concessões, por sinal, houve derrocada coletiva. Todas as autoridades com poder ao redor da presidente, inclusive o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foram convocados a ajudar a explicar, tentar persuadir, de jornalistas a empresas do setor elétrico e governos estaduais, sem sucesso. Nas boas intenções do governo com as propostas da Medida Provisória 579, em tramitação no Congresso, o mercado e os governos não desvendaram os olhos. Até porque a crise, não só nesse setor, mas muito nele, é também de confiança. O fato de ter espalhado a missão é mais um reconhecimento de que, para a presidente, tão momentoso assunto não pode ficar apenas aos cuidados do órgãos próprios do governo que, durante dois meses, não conseguiram reduzir sua aflição.
No caso de optar pela solução da transposição de Graça Foster, a presidente Dilma tiraria o Ministério das Minas e Energia do domínio de partidos que integram a aliança política do seu governo, no momento com o PMDB, devendo dar à legenda do vice-presidente Michel Temer algum outro posto de equivalente importância. Um pouco menor, vá lá.
Apagão de energia, bem como a crise que se instalou no setor elétrico com reflexos negativos nas bolsas, atingem de frente a imagem de boa gestora da presidente e a tiram do sério. A oposição acha que não tem mais remédio e que as falhas se devem a modelo colocado de pé pela própria Dilma.
Outra área crucial para a campanha da reeleição é a da Educação, e a ela a presidente está também se dedicando, apoiou a atribuição dos recursos de royalties do pré-sal integralmente para o setor que será uma dos carros-chefes do seu marketing. Aqui, porém, não se fala em ineficiência do ministro da área, ao contrário. Dilma traz Aloizio Mercadante a tiracolo, leva-o nas suas viagens e não há dúvidas sobre o poder exercido por ele. Não tem entrado na lista de substituições e não existem sinais de que até março do ano que vem o status de Mercadante seja alterado.
O outro elemento determinante do seu sucesso, para formar esse novo tripé do governo tendo em vista resultados concretos a alavancarem a campanha, é a economia, e nela a retomada dos investimentos para que o crescimento saia dos índices pífios em que se encontra.
As medidas adotadas não estão dando certo, o otimismo do ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou de ser contagiante, e a presidente Dilma não dá indicações do que fará. Mas não se vislumbra mudança de equipe até porque, nesse particular, sempre há a crise internacional a quem responsabilizar pelos insucessos.
Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras
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(*) Fábula de 'La Fontaine'.
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Cristiano Romero |
Valor Econômico - 05/12/2012 |
O governo baixou os juros, desvalorizou a taxa de câmbio, aumentou o gasto público, adotou medidas para diminuir custos de produção, reduziu impostos, abriu a concessão de serviços públicos ao setor privado, fez intervenções em alguns setores e, mesmo assim, a economia brasileira não reagiu. Os investimentos estão em terreno negativo há exatos dois anos e a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) registra média, na era Dilma, inferior à dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (2,47% ao ano), tão criticado pelo PT.
E agora? Aliado de primeira hora dos petistas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), acha que, a exemplo do que ocorreu tanto na redemocratização quanto no processo de estabilização da economia e de redução da desigualdade social, o país precisa de um novo consenso. Este consenso é necessário não apenas para fazer a economia avançar mais rapidamente no curto prazo, mas também para posicionar o Brasil no pós-crise.
Campos vê a turbulência mundial em curso como um elemento perturbador, embora igualmente transformador. Ninguém sabe ao certo o que virá adiante, mas ele acredita que a crise obriga o país a repensar sua estratégia, o que, na visão do governador, não está sendo feito. Esse debate deveria ter ocorrido durante a eleição de 2010, quando o pior da primeira fase da crise havia passado.
Ativismo do governo gerou insegurança, diz governador de PE
"O processo eleitoral daquele período não favoreceu nem no empresariado nem nos partidos políticos nem na academia um debate que dissesse "olha, qual é a natureza desse novo ciclo que se inicia? Quais são exatamente os paradigmas, os valores? Qual é a nova pauta brasileira?", indaga Campos. "O fato é que estamos no século XXI com a pauta do século XX, metidos numa grande crise e tentando sair dela."
Na segunda-feira, durante debate promovido pelo Valor com a presença de empresários e do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e do prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (SP), Campos lembrou que, durante os ciclos históricos recentes, o país só avançou porque os líderes souberam construir consensos na sociedade. Foi assim na redemocratização (durante os últimos governos militares e os primeiros da era civil), no combate à inflação crônica (durante os governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso) e na diminuição da desigualdade (no governo Lula).
Aliado de Lula, Campos afirma que sua grande contribuição ao país foi "não mexer naquilo que efetivamente tinha sido a conquista brasileira [o fim da hiperinflação]" e, ao mesmo tempo, "emprestar ao país a sua colaboração no que consiste um olhar ao conjunto do Brasil real, do Brasil mais profundo". "Quando Lula assinou a Carta aos Brasileiros para dizer "muita calma nessa hora", foi para afirmar que era possível construir aquele passo sem dilapidar o que estava feito e construído ao longo desses anos, e nós estamos [agora] numa quadra assemelhada", observa o mandatário pernambucano.
Campos acha que, neste momento, a presidente Dilma deveria reunir as forças políticas - todas, inclusive da oposição - para construir um novo consenso. Ele reconhece que a presidente está tomando decisões difíceis para tentar acelerar o crescimento, mas o fato é que, passados dois anos, o ritmo está "muito aquém" do desejado. "Este é o momento de abrir um diálogo nacional sereno, objetivo, colaborativo na essência, para ganharmos o ano de 2013, porque dá para ganhar. Um diálogo em que todos vamos ter papéis importantes e o diálogo é a ferramenta para encontrar uma agenda que possa fazer uma grande aposta no investimento", defende.
Campos tem suas propostas. Ele acredita que o consumo não perdeu importância como motor do crescimento, mas não é suficiente para sustentar a expansão daqui em diante. O foco deve ser o investimento. O governador sugere que o governo tome duas decisões nessa área: desconcentrar o investimento público e estabelecer marcos regulatórios.
Campos diz que a Constituição de 1988 desconcentrou recursos para Estados e municípios, mas que o ambiente econômico conturbado daquela época provocou a reconcentração - aprovaram-se mais de 28 emendas à Carta Magna desde então. "O constituinte de 88 refletiu movimento pendular da história republicana: quando há democracia, desconcentra-se poder; quando não tem, concentra-se", observa.
A tese de Campos é que, uma vez superada a crise fiscal do Estado, chegou a hora de desconcentrar poder para fortalecer a Federação, afinal, quem conhece melhor as necessidades de investimento do país são governadores e prefeitos. "Todas as prioridades do Brasil não estão nem conseguem ser colocadas nos PACs que foram lançados", critica ele.
Não há mais razão também para manter a desconfiança, disseminada no pós-88, quanto aos padrões de governança estaduais e municipais. "O processo histórico nos legou um padrão na gestão regional e de municípios que daqui a pouco vai se transformar quase que num pressuposto. Não vai ter mais na política quem vá disputar um mandato que não tenha condição de fazer uma governança que escute a sociedade, mas que use ferramentas que os senhores [os empresários] usam na gestão de grandes empresas e que são fundamentais, como remuneração variável, metas de desempenho etc."
Campos engrossa o coro dos que acham que o ativismo do governo Dilma na macro e na microeconomia está assustando empresários, a ponto de provocar adiamento de investimentos. "Sei do compromisso da presidente em honrar contratos, [mas] muitas mexidas a um só tempo num conjunto de setores terminaram por gerar impressão de que é preciso esperar pelos [novos] marcos, o que provocou uma certa insegurança de uma série de atores, algo negativo numa hora como essa."
O político pernambucano assegura que não pretende "eleitoralizar" o momento atual. Ele não é, neste momento, candidato à sucessão de Dilma, mas sugere que, se nada for feito e, em 2013, a economia não se recuperar, a conversa será outra. "O grande desafio neste momento é o de compreender que esta é a hora. Temos o primeiro semestre de 2013 para ganhar essa disputa, mas aí todo mundo tem que jogar de forma organizada, tem que ter uma estratégia dessa construção da travessia", diz ele.
Cristiano Romero é editor-executivo e escreve às quartas-feiras
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