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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
16/04/2013 | |
Prisão dos mensaleiros refunda a República
:: Marco Antonio Villa
O julgamento do mensalão está chegando à sua etapa decisiva. O processo, na verdade, começou quando da instalação da CPMI dos Correios, em maio de 2005. A brilhante produção do relator Osmar Serraglio e das sub-relatorias permitiu, depois de muitos meses de trabalho e inúmeras pressões vindas do Executivo, aprovar, numa sessão muito conturbada, devido à ação dos petistas, seu relatório em abril de 2006. Foi, sem sombra de dúvidas, a mais importante e eficiente CPMI da história do Congresso.
Juntamente com o trabalho dos congressistas, foi aberta em Minas Gerais investigação pelo Ministério Público Federal para apurar as denúncias, pois dois braços do mensalão, o publicitário e o financeiro, tinham lá sua base inicial. A somatória dos dois excelentes trabalhos permitiu que, em agosto de 2007, o inquérito 2.245 fosse aceito pelo STF e se transformasse na Ação Penal 470. Deve ser recordado que não foi nada fácil o recebimento do inquérito. Foram 4 sessões de muito debate, porém o STF não se curvou. Registre-se o triste papel do ministro Ricardo Lewandowski, que, em um restaurante de Brasília, após a última sessão, foi visto falando ao celular, muito nervoso, que não tinha sido possível amaciar (a expressão é dele) as acusações contra José Dirceu. Falava com quem? Por que tinha de dar justificativa?
A terceira - e mais longa - batalha do processo foi o trabalho desenvolvido entre agosto de 2007 até julho de 2012 para a confecção da Ação Penal 470. Foram dezenas e dezenas de depoimentos, documentos, laudos, registrados em milhares de páginas organizadas em mais de duas centenas de volumes. Deve ser destacado o importante papel do Ministério Público Federal, que permitiu apresentar o conjunto das provas e a acusação efetuada com ponderação e argúcia pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Mas, é óbvio, nunca é demais ressaltar o papel central em todo este processo do relator, o ministro Joaquim Barbosa. Não é exagero afirmar que, se não fosse a sua determinação - apesar de tantas dificuldades -, os trabalhos não teriam chegado a bom termo.
Deve ser lembrada ainda a lamentável (e fracassada) tentativa de chantagem contra o ministro Gilmar Mendes efetuada pelo ex-presidente Lula.
Em 2 de agosto de 2012, finalmente, teve início a quarta batalha, o julgamento propriamente dito. Foram 53 sessões. Centenas de horas de debates. Com toda transparência, o Brasil assistiu a um julgamento único na nossa história. Não foi fácil chegar ao final dos trabalhos com a condenação de 25 réus. Algumas sessões foram memoráveis, especialmente no momento da condenação do núcleo político liderado por José Dirceu, sentenciado por formação de quadrilha - considerado o chefe - e nove vezes por corrupção ativa, além de mais três membros da liderança petista.
A quinta - e última - batalha é a que estamos assistindo. Depois da publicação do acordão e com os recursos apresentados pelos advogados, inócuos, pois não foram apresentadas novas provas que pudessem justificar alguma mudança nos votos dos ministros, teremos finalmente o cumprimento das sentenças. Mas, até lá, serão semanas tensas. Já vimos várias tentativas de desmoralização do STF. A entrevista do quadrilheiro e corrupto José Dirceu, condenado a dez anos e dez meses de prisão, acusando o ministro Luiz Fux de traidor, foi apenas uma delas. Os advogados de defesa, pagos a peso de ouro, vão tentar várias manobras, mas dificilmente obterão algum êxito. Outra tentativa de desmoralização foi a designação dos condenados José Genoíno e João Paulo Cunha para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. É neste momento que cresce a importância dos dois ministros mais antigos do STF: Celso de Mello e Marco Aurélio. Devem servir de escudo contra a tentativa golpista do petismo de pressionar os ministros mais jovens da Corte para conseguir, através de algum subterfúgio, a revisão das penas.
A sociedade não pode silenciar. Muito menos perder o foco. É no STF que está sendo jogada a sorte do estado democrático de direito. Os mensaleiros golpistas sabem que perderam, mas os democratas ainda não perceberam que ganharam. No momento que os condenados ao regime fechado estiveram adentrando o presídio, a democracia brasileira vai estar obtendo umas das suas maiores vitórias.
Era muito difícil, quase impossível, encontrar alguém que, no início do processo, imaginasse a condenação dos mensaleiros. E mais, que eles fossem (como irão) cumprir suas penas. A satisfação não advém de nenhum desejo de vingança. Longe disso. É sentimento de justiça.
Quando José Dirceu estiver cruzando o portão de entrada do presídio - certamente com um batalhão de jornalistas aguardando sua chegada - isto deverá servir de exemplo para todos aqueles que continuam desrespeitando a legalidade, como se estivessem acima das leis, cometendo atos que violam o interesse público, a ética e a cidadania.
Estamos há mais de cem anos procurando homens públicos republicanos. Não é tarefa fácil. Euclides da Cunha, em 1909, numa carta ao seu cunhado, escreveu que "a atmosfera moral é magnífica para batráquios". E continuou: "Não imaginas como andam propícios os tempos a todas as mediocridades. Estamos no período hilariante dos grandes homens-pulhas, dos Pachecos empavesados e dos Acácios triunfantes". A confirmação das sentenças e o cumprimento das penas podem ser o começo do fim dos "homens-pulhas" e a abertura da política para aqueles que desejam servir ao Brasil. Iniciaremos a refundação da República.
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16/04/2013 | |
Calote volta a subir
Inflação pressiona e inadimplência avança 3,6%. Provável alta de juros vai apertar mais orçamento piora no crédito
SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA
Além de ter ultrapassado, em março, o teto da meta do Banco Central (BC), a inflação alta acabou freando o movimento de queda da inadimplência. De acordo com o Indicador Serasa de Inadimplência do Consumidor, no mês passado houve um aumento de 3,6% nos registros de calotes em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2012, a alta foi de 8,7%, pouco menor que o avanço de fevereiro, de 10,1% sobre o mesmo mês do ano anterior. Assim, a provável alta nos juros básicos da economia, que deve ser decidida pelo BC esta semana, encontrará o consumidor brasileiro com o orçamento mais apertado não só pela alta dos preços, como também por dívidas em atraso.
A inflação acumula alta de 6,59% nos últimos 12 meses, ou seja, acima do teto da meta perseguida pelo governo, que é de 6,5%. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne hoje e amanhã para decidir a nova taxa básica Selic. E, na previsão da maioria dos analistas, o BC deve subir a taxa, atualmente em 7,25% ao ano. Desde julho de 2011 não há uma elevação na Selic. Uma alta nos juros teria impacto imediato no custo de dívidas com taxas flutuantes, como o rotativo dos cartões de crédito e o cheque especial.
mercado vÊ Selic maior esta semana
A pequisa da Serasa Experian constatou um aumento da inadimplência em todas as modalidades de dívida. O maior avanço foi dos calotes com cheques sem fundos, que aumentaram 26,4% em relação a fevereiro. As dívidas não bancárias - com cartões de crédito, financeiras, lojas e prestadores de serviços, como telefonia e fornecimento de energia e água -, que têm peso maior, cresceram 2,5%.
Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian, observa que março, por razões sazonais, como a concentração de muitos pagamentos de impostos (IPVA, IPTU etc.) e das despesas escolares, é tradicionalmente um período de aumento na inadimplência. E neste ano, particularmente, o indicador de março ainda teve a contribuição da inflação. Com exceção de outubro, por causa do Dia das Crianças, quando o indicador subiu 5%, a inadimplência apresentava queda desde junho do ano passado.
- Não dá para dizer, ainda, que o cenário de mais inflação e a provável alta dos juros vai mudar a tendência de queda da inadimplência - diz Almeida, da Serasa Experian.
O analista de processo Jobson Vieira Lima, de 24 anos, deve R$ 800 a uma operadora de celular por causa de uma assinatura cancelada em 2011. Na época, a conta que deixou de pagar era de R$ 71. Agora, tenta negociar uma redução na dívida.
- Eles estão irredutíveis - reclama.
Segundo pesquisa feita pela Bloomberg News com 45 economistas, o Copom deve elevar amanhã a Selic em 0,25 ponto percentual, para 7,50% ao ano. Pelo levantamento, 60% dos economistas apostam em uma alta da Selic e outros 40% na manutenção da taxa. Entre os que veem a possibilidade de elevação, 15 apostam numa alta de 0,25 ponto percentual e outros 12, em meio ponto.
Para Marcelo Carvalho, economista do banco BNP Paribas, o ciclo de aumento dos juros chega com atraso.
- O aumento de preços não ocorreu apenas no tomate, mas também em serviços. Virou um assunto popular. Nessa altura do campeonato, não subir juros parece impensável. E subir 0,25 ponto parece muito pouco - disse Carvalho.
As taxas de juros futuros nos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta pela sexta sessão consecutiva ontem. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 subiu de 7,53% para 7,60%.
- A curva de alta aponta mais para uma alta de meio ponto percentual do que para 0,25 - disse João Júnior, especialista em mercado de juro da Icap Brasil.
Os analistas diminuíram a previsão para a inflação este ano, pela segunda semana seguida. A expectativa para o IPCA caiu de 5,7% para 5,68%, de acordo com a pesquisa semanal Focus, do BC.
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16/04/2013 | |
Governo faz nova manobra para reduzir o esforço fiscal
Estados e municípios poderão abater investimentos da meta
Martha Beck
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA
Pressionado pela necessidade de estimular o crescimento da economia, o governo anunciou mais uma manobra para reduzir, na prática, o superávit primário (esforço fiscal para o pagamento de juros da dívida pública) em 2013. A equipe econômica enviará ao Congresso um projeto para mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de forma que os investimentos feitos por estados e municípios possam também ser abatidos da meta fiscal cheia, equivalente a 3,1% de Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), o que já é permitido nos caso dos investimentos do governo federal.
A proposta, antecipada pelo GLOBO em 7 de fevereiro, pode reduzir o esforço fiscal deste ano para um patamar abaixo de 2% do PIB.
Se estados e municípios investirem em 2013, por exemplo, o mesmo montante de 2012 - R$ 21,5 bilhões ou 0,43% do PIB - o superávit primário cairia para 1,37% do PIB. Hoje, os investimentos do governo federal feitos dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e parte das desonerações tributárias para estimular a economia já podem ser descontados do superávit primário. O limite para esses abatimentos em 2013 é de R$ 65,2 bilhões, ou 1,3 % do PIB.
- Estamos criando um mecanismo anticíclico para estados e municípios - disse o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Governo cogita assumir meta menor
O governo tem sido muito criticado pela condução da política fiscal.
Analistas afirmam que falta transparência, uma vez que o governo fixa uma meta de superávit primário com a qual não trabalha. As críticas se acentuaram em 2012, quando o Tesouro teve que fazer várias manobras para fechar as contas. Além de abater do resultado fiscal os investimentos do PAC, antecipou dividendos de estatais e sacou recursos do Fundo Soberano para alcançar a meta.
A nova manobra foi recebida com surpresa por técnicos do Orçamento. A avaliação é que a meta cheia, na prática, já não existe mais. As críticas à falta de transparência na política fiscal levaram o governo a discutir na semana passada a possibilidade de a equipe econômica assumir publicamente que perseguiria uma meta de superávit primário menor este ano.
Segundo a LDO 2013, cabe ao governo central fazer um primário de 2,15% do PIB e aos estados e municípios, 0,95% do PIB. Segundo o projeto da LDO de 2014, a meta de superávit ficou em 3,1% do PIB (R$ 167,4 bilhões), sendo 2,15% (R$ 116,1 bilhões) para o governo central e 0,95% (R$ 51,2 bilhões) para estados e municípios.
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SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS
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