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O FETICHE DA MERCADORIA (Um conto)
Após uma batalha quase hercúlea
com o ócio, resolvemos atender aos reclames do (novo) cardiologista e iniciar um
programa de atividade física (... no singular).
Para tanto, aproveitamos o final
do curto, mas tenebroso inverno e enfrentamos a pista de caminhadas sob uma
temperatura de 4 graus, n’alguns dias e de 6 a 8 noutros, nas madrugadas das 7 horas matutinas (7:00
AM). E, assim, trocamos os “edredom,
orelhas e conchas” pelo par do “velho” tênis. Tênis; posto que o outro, em
similar som[1] não
é tão velho assim e, infelizmente , não nos foi provido em “par” pela mãe
Natureza.
Ato contínuo e “... para a nossa
alegria’’ (tal qual aquele conhecido viral que circulou pela internet) numa bela manhã de sábado nos
encontramos com o "nosso" cardiologista, também em sua caminhada.
“Nosotros”, mais do que depressa, enviamos a ele um “cordial bom
dia’’, com o intuito de lhe dizer com esse social gesto: “—Veja! vou reduzir meu colesterol”.
E ele, contudo, “impávido que nem
Muhammed Ali”[2].
Não convencido, na outra volta do
circuito, refizemos nossa ‘’cordialidade’’, porém, desta vez restrita a um
meneio com a cabeça.
(...)
Ao retornar para casa “comentamos
com os nossos” e eles entenderam como uma “atitude normal” por parte do médico.
E, ainda justificaram: “ — Entenda!
Você é
um dos muitos que ele atende no dia a dia de seu consultório e nos
plantões das “Uni’s da vida...”.
(...) É impossível que ele te reconhecesse de uma ou de duas consultas
realizadas”.
E, “eu do meu lado aprendendo, a
ser louco, ... maluco total, ... na loucura real...”[4]
e pensando:
“ — É! Talvez eu já represente a
sua clientela (“pacientela”) de velhinhos
com a ‘’mesma cara’’ e achaques
semelhantes!!!
“ — OK! Você venceu. Batatas
fritas!!!”[5]
(...)
Assim, na próxima consulta
cumpriremos o protocolo do "fetiche da mercadoria"[6].