Lula pode retirar convite a Mangabeira por ação contra fundos.
Com a ressalva de que falava "em tese" sobre o tema, o ministro Walfrido Mares Guia, Relações Institucionais, sugeriu nesta quinta-feira que o professor Roberto Mangabeira Unger cogite da desistência de assumir a nova Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo. Convidado para o cargo em abril, Mangabeira acionou judicialmente, nos Estados Unidos, a Brasil Telecom (que tem entre os controladores fundos de pensão de estatais brasileiras), o que foi reprovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Se isto (a ação contra a empresa) for um empecilho legal, ou ele retira a ação ou ele desiste do cargo", disse Mares Guia a jornalistas depois de reunir-se com Lula no Palácio da Alvorada. Lula já avalia a hipótese de retirar o convite ao professor, o que será decidido na volta da viagem de dez dias a Inglaterra, Índia e Alemanha, que começa nesta quinta, segundo uma fonte graduada do Planalto. De acordo com esta fonte, o presidente esperava que o próprio Mangabeira desistisse do cargo depois de ser informado sobre o descontentamento de Lula com o fato de ter aberto a ação judicial já na condição de ministro convidado. Mangabeira Unger prestou serviços como advogado à Brasil Telecom quando a empresa era controlada pelo banqueiro de investimentos Daniel Dantas. Na ação judicial, ele estaria exigindo dos novos controladores pagamento por aqueles serviços. Ainda segundo a fonte do Planalto, Mangabeira fez chegar a Lula nesta quinta-feira a notícia de que teria retirado a ação e fechado um acordo com a Brasil Telecom, mas uma fonte credenciada da empresa informou à Reuters que a ação continuava existindo e que não houve acordo formal ou verbal com Mangabeira Unger. Mangabeira teria sido escolhido por Lula, aceitando uma indicação do vice-presidente José Alencar. Os dois são do mesmo partido, o PR. O presidente justificou a aliados que o cobraram pela escolha que Alencar nunca havia lhe pedido nada, e que não havia como negar. Além disso, Mangabeira Unger é do PR e Lula entende que todos os partidos que compõem a base precisam estar representados no Ministério e esta seria a forma de cumprir isso. Na vice-presidência, já há sinais de que esta indicação não seja tão importante. Colaboradores de Alencar chegam a negar que tenha partido dele a indicação de Mangabeira.
O professor de Direito da Universidade de Harvard "converteu-se" durante a campanha eleitoral de 2006, quando apoiou Lula. Mangabeira Unger foi um ácido crítico de Lula durante a crise do mensalão. Em 2005, publicou artigo afirmando que o governo Lula era "o mais corrupto da história". (Colaborou Tânia Monteiro), Reuters e AE.
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