Stedile põe Estado na lista dos inimigos do MST
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) colocou o governo federal na lista dos inimigos dos movimentos sociais no Brasil. Ontem o líder nacional do MST João Pedro Stedile afirmou que o latifúndio já não é mais o principal inimigo e listou as empresas transnacionais, o agronegócio e o Estado como os principais adversários. Para Stedile, o Estado faz as leis para proteger o agronegócio quando deveria valorizar os pequenos produtores. Até pouco tempo, a principal preocupação, segundo o líder dos sem-terra, estava ligada ao latifúndio. "Agora são as empresas transnacionais que levam nossas riquezas para fora", disse durante a 6ª Jornada de Agroecologia realizada na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), em Cascavel (500 km de Curitiba). De acordo com Stedile, no primeiro semestre do ano, empresas multinacionais ligadas ao agronegócio levaram para fora do Brasil US$ 4 bilhões. Ele disse ainda que o governo protege essas empresas pelo fato de elas terem financiado a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa suposta proteção estaria atrasando o processo de reforma agrária no Brasil. Stedile também fez críticas a postura do governo federal em relação ao biocombustível. Ele disse que a soberania brasileira sobre a matriz energética do biocombustível e do etanol está ameaçada pelas multinacionais que estão investindo em terras e aquisição de usinas em vários estados brasileiros. "Os grandes fazendeiros estão se aliando a esses grupos internacionais e o governo federal está abençoando esse casamento." Stedile disse que o MST e a Via Campesina não são contra a nova matriz energética. "O que somos contra é forma de produção e a apropriação dessa matriz energética", disse. Luiz Carlos da Cruz, Colaboração para a Agência Folha, em Cascavel.
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(*) dito popular infantil.
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