Novo grampo reforça suspeita contra Paulinho

Um grampo capturado no dia 23 de janeiro, durante as investigações da Operação Santa Tereza, é apontado pela Polícia Federal como novo elo entre o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, e a suposta organização criminosa que operava desvios de verba do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na gravação, dois dos réus da Santa Tereza discutem quem "é o chefe que define os porcentuais". Para os federais, "o chefe" é Paulinho.
A PF crava a informação ao cruzar o conteúdo da gravação com o interrogatório do coronel Wilson Consani Junior, realizado no dia 24 de abril. Na ocasião, afirmou: "Paulinho é nosso chefe maior." Há quatro dias, Consani compareceu à Justiça Federal. Apesar de seu depoimento ter sido remarcado para o dia 23 de junho, reafirmou à imprensa: "O chefe é mesmo o Paulinho. É o tratamento que dávamos a ele." Os réus pegos no grampo são Jamil Issa Filho - assessor do prefeito de Praia Grande (SP), Alberto Mourão (PSDB) - e o dono do prostíbulo WE Original, Manuel Fernandes de Bastos Filhos, o Maneco, até hoje foragido. Eles ainda não haviam sido tão fortemente ligados ao parlamentar. Contudo, para os federais, quando Maneco fala com Jamil a respeito da verba do BNDES para Praia Grande, o acusado está falando de Paulinho. De acordo com a Polícia Federal, o deputado receberia R$ 256.547,13 pelo empréstimo de R$ 123 milhões do banco estatal à prefeitura paulista. O valor foi encontrado em planilha na sede da Progus Consultoria, empresa de Marcos Mantovani, também réu da Santa Tereza. O advogado de Paulinho, Antonio Rosella, afirma que as acusações contra o deputado são absurdas e as citações a seu nome não significam que ele esteja envolvido no esquema do BNDES. O defensor critica ainda o que denomina de "grampolândia".
TRECHO DO GRAMPO
Jamil: "Escuta"
Maneco: "Fala Jamil"
Jamil: "O Beto comentou alguma coisa contigo?"
Maneco: "O quê?"
Jamil: "Ele foi lá pra liberar pra você"
Maneco: "É que o Mourão deve ter mandado ele ir lá"
Jamil: "Bom, e aí o Zé falou que era pra liberar 4%. De repente ele tá jogando"
Maneco: "Certo"
Jamil: "Ele tá jogando, entendeu?
Maneco: "Tá"
Jamil: "E de repente ele não tá jogando e os caras estão querendo ainda ganhar um e meio"
Maneco: "Ganhar um e meio de quem?"
Jamil: "Hahaha, do chefe."
Maneco: "Mas o chefe é que tem que ter ligado avisando qual era o porcentual"
Jamil: "É"
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[Roberto Almeida, Estadão. 1606]. Foto Celso Junior/AE.
[Roberto Almeida, Estadão. 1606]. Foto Celso Junior/AE.
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