quinta-feira, agosto 07, 2008

MEC/ENADE: A ESCOLA PÚBLICA AINDA É MELHOR QUE A PRIVADA

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Nas páginas de “O Espírito de Alexandre Dumas Filho”, há uma pergunta incômoda do escritor francês:
“Como é possível que, sendo as crianças tão inteligentes, a maioria das pessoas sejam tão tolas?”
O próprio Alexandre Dumas (1824-1895) arriscou uma resposta: “A educação deve ter algo a ver com isso.”
Nesta quarta (6), o ministério da Educação divulgou os resultados do último Enad, realizado em 2007.
Enad é o exame nacional de desempenho dos estudantes. Visa avaliar os resultados do ensino superior.
No ano passado, avaliaram-se 3.239 cursos universitários. Apenas 25 obtiveram nota máxima. Repetindo: só 25. Todas públicas. Nenhuma privada.
Inscreveram-se para o exame 387.118 alunos. Desse total, 215.443 foram selecionados para fazer a prova.
Avaliaram-se cursos em 16 áreas de conhecimento: agronomia, biomedicina, educação física...
...Enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição...
...Odontologia, serviço social, tecnologia em radiologia, tecnologia em agroindústria, terapia ocupacional e zootecnia.
Com base no desempenho de seus respectivos estudantes, os cursosreceberam notas que variaram de um a cinco.
Alça à casa das cinco centenas os cursos precários, que receberam notas 1 ou 2. Serão agora inspecionados pelo MEC.
Ficou evidenciado o novo desafio que assedia a educação brasileira no estágio atual: já não está em causa a universalização do ensino, mas a qualificação dele.
Os dados vão compor o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior), que o MEC está na bica de concluir.
Passa-se agora à última fase: a atribuição de conceitos às instituições de ensino. Sai até o fim do mês.
Trata-se de um aperfeiçoamento do sistema de avaliação do ensino. O ministro Fernando Haddad (Educação), realça as diferenças em relação ao antigo sistema de avaliação de ensino:
Na educação básica, diz o ministro, o que se avaliava era a unidade da federação e não as escolas.
Na educação superior, dava-se o oposto: avaliação do curso, mas não da instituição.
Busca-se agora o que o ministro chama de “um meio termo.” Assim, a avaliação dos cursos será apenas parte de uma aferição maior, que envolve as próprias instituições de ensino.
No limite, vai-se chegar a um modelo que permitirá aferir qualidade das escolas em três níveis: infra-estrutura, competência dos professores e eficiência do projeto político-pedagógico.
Registre-se, por oportuno, um detalhe nefasto: a USP e a Unicamp, duas das mais vistosas fábricas de diploma do país, não puderam ser avaliadas no Enad de 2007.
Por que? Os alunos dessas universidades decidiram boicotar o exame. Dumas decerto os definiria como “pessoas tolas”.
Atiram não contra o MEC, mas contra o próprio pé. De resto, lançam no ar uma questão: será que a propalada qualidade da USP e da Unicamp corresponde aos fatos?
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Escrito por Josias de Souza - Folha.

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