29 de outubro de 2010
Epitáfio
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Com a morte de Nestor Kirchner, o continente sul-americano perde um modo absolutamente peculiar de ver o mundo.
Com um olho praticamente em cada hemisfério, o ex-presidente atraía à primeira vista a atenção de todos!
Conversa de surdos
Claro que ele vai dizer que jamais pensou em vender a Petrobrás. Ela, pra variar, negará a encomenda de dossiês aloprados à Receita Federal. Um dirá que a turma do outro – e vice-versa – não vale um tostão furado. Até aí tudo bem, a despeito da falta de talento para o improviso, o eleitor se daria por satisfeito neste último debate na TV se os candidatos restabelecessem minimamente a correspondência de assunto entre pergunta e resposta.
Se já entram no estúdio sabendo exatamente o que vão dizer, que ao menos se preocupem em encaixar o tema de cada resposta com a questão levantada na fala anterior ao sinal do mediador concedendo-lhes a palavra. Hoje em dia, como se sabe, não raro a pergunta é sobre aborto, a resposta acusa uma roubalheira qualquer, a réplica defende as UPPs e a tréplica ataca o José Dirceu – não necessariamente nessa ordem.
Mas, a julgar pela firmeza com que William Bonner anuncia para logo depois de Passione um embate de “ideias e propostas para o Brasil”, o jornalista vai dar um jeito de garantir a toda pergunta o sagrado direito a resposta específica e pretensamente esclarecedora. Alguém precisa botar ordem nesse galinheiro!
(...)
Vocês querem bacalhau?
Embora o ministro Guido Mantega garanta que o fluxo cambial está sob controle, não custa nada dormir de fralda, né não? Vai que no meio da noite a latinha de caviar fique mais barata que a dúzia de bananas! Motivada pela forte valorização do real, a súbita mudança nos hábitos alimentares do brasileiro pode virar um caso de saúde pública. O povão não está preparado para se empapuçar de queijo roquefort.
Com o preço dos importados em queda livre, já tem consumidor de supermercado popular trocando o contra-filé do açougue pelo bacalhau da Norurega, a bananada pelo doce de leite argentino, o Sangue de Boi pelo vinho português e logo, logo, não vai faltar geléia americana Queensberry no café da manhã do miserável. Quando, enfim, a classe D invadir a seção de importados das grandes delicatéssens do País, o desarranjo será completo.
Foie Gras, snacks, escargots, tartufo nero, magret de canard, chocolate suíço, queijo brie, vieiras espanholas em conserva, Veuve Clicquot … Sabe Deus onde a cesta básica do brasileiro vai parar se o ministro da Fazenda não restabelecer a competitividade do arroz com feijão no mercadinho.
http://blogs.estadao.com.br/tutty/
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