PROCURADOR-GERAL REJEITA DENÚNCIA CONTRA PALOCCI
GURGEL ARQUIVA DENÚNCIA |
Autor(es): » Denise Rothenburg e Débora Álvares |
Correio Braziliense - 07/06/2011 |
Roberto Gurgel arquiva o pedido para investigação dos negócios feitos pela empresa do ministro da Casa Civil. Mas ainda há dúvidas sobre a permanência dele no governo. Pela manhã, no Planalto, Antonio Palocci recebeu apoio de Hugo Chávez:"Fuerza,fuerza"
Procurador-geral da República considera que contratos firmados pela empresa de Antonio Palocci estão corretos, mas permanência do ministro no cargo ainda é uma incógnita
Com a decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de arquivar o pedido para investigar o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, cresce entre os aliados do ministro a perspectiva de que ele possa permanecer no governo, ainda que atravesse um período de turbulência nos próximos dias. Gurgel considerou que os contratos assinados entre Palocci e seus clientes estão corretos e não há o que apurar. A decisão, pela qual torcia o ministro, foi comemorada no Planalto. "Ele ganhou uma batalha, vamos ver se a guerra acabou e ele pode ficar", comentou um assessor da presidente Dilma. Os dois próximos dias serão decisivos. Gurgel foi direto no fim do parecer: "Com a mesma firmeza com que sustentei oralmente, no plenário do Supremo Tribunal Federal, a acusação contra o representado (Palocci) na PET 3.898 (o caso do caseiro Francenildo), entendo que os elementos trazidos pelas representações dos eminentes parlamentares e mesmo pelas matérias jornalísticas são absolutamente insuficientes para um juízo de reprovação no campo penal". O parecer do procurador diz em várias passagens que não há indício suficiente de tráfico de influência. "Não há igualmente indício idôneo da prática do crime de tráfico de influência, que, segundo os representantes, decorreria necessariamente do fato de clientes da empresa Projeto terem celebrado contratos com entidades que integram a administração indireta e fundos de pensão", informa o texto. Gurgel ressalta ainda que "os fatos, do modo como descritos nas representações, não se enquadram, sequer em tese, no crime de tráfico de influência." Mas se Palocci ainda terá força para permanecer no governo é uma pergunta que ontem à noite ninguém conseguia responder. Isso quem vai dizer é a presidente Dilma Rousseff e o próprio ministro. Afinal, ninguém descarta que ele de viva-voz avalie que é melhor deixar o cargo. Ontem pela manhã, entretanto, não tinha essa ideia. "Estou todo esfolado. Cotovelos, joelhos, braços, pernas." Assim, Antonio Palocci, reagiu quando um amigo lhe perguntou sobre seu estado de espírito. A frase dele, entretanto, não quer dizer que ele vá pedir demissão. À noite, em nota, Palocci comentou a decisão de Gurgel. "Prestei todos os esclarecimentos de forma pública. Espero que essa decisão recoloque o embate político nos termos da razão, do equilíbrio e da Justiça", destacou. O ministro conversou longamente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo. Juntos, avaliaram que a situação requer cuidados, mas nem tudo está perdido. A presidente Dilma ainda não decidiu o que fazer. Vai depender do que vier pela frente. Ela considera que a crise não terminou e que as explicações dadas por Palocci na televisão deixaram a desejar, mas a decisão de Gurgel irá pesar. Ou seja, se a situação política se acalmar, Palocci fica. A oposição pretende ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o tema em alta e buscar as assinaturas necessárias para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso. Cenário A maior parte do dia foi ocupada pela visita do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Na cerimônia de ontem no Planalto, Chávez desejou "fuerza, fuerza" ao ministro da Casa Civil. No fim do discurso, o presidente venezuelano citou Palocci, ao agradecer à Dilma e propor um relacionamento mais próximo com o governo brasileiro. Palocci evitou a imprensa a todo custo ao longo do dia. Ao chegar ao Palácio do Itamaraty, para o almoço em homenagem a Chávez, usou a entrada privativa, diferentemente de outros colegas de ministério. Ele tem feito tudo para demonstrar tranquilidade e trabalhar normalmente. Hoje, participará da reunião sobre a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, a Rio 20, às 11h. Colaborou Diego Abreu Definição na Câmara Personagem da notícia |
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