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Homenagem aos chargistas brasileiros.
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(*) Roberto Carlos.
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A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
Recuo menor no consumo de etanol já afeta os estoques |
Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo |
Valor Econômico - 15/03/2011 |
O preço do álcool hidratado disparou, a demanda se retraiu em 26% desde dezembro e ainda assim crescem as preocupações com os níveis de estoques e o desabastecimento em casos pontuais. Em São Paulo, maior produtor nacional do etanol, donos de postos relatam que há racionamento na entrega do produto pelas distribuidoras. A expectativa do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras) era que o consumo caísse mais de 40%, como ocorreu há um ano, diz Alísio Mendes Vaz, diretor. Mas a migração para a gasolina, possibilitada pelos carros flex, não foi até agora forte o suficiente para frear os preços e regular a demanda. Hoje, só é vantajoso abastecer o veículo com etanol no Estado do Mato Grosso. Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, uma das maiores comercializadoras de etanol do país, afirma que, apesar disso, o repasse de preços ao consumidor não acompanhou a alta observada na indústria. Ele informa que, nas usinas, o etanol subiu 28% entre dezembro de 2010 e março deste ano, enquanto nas bombas o reajuste ficou ao redor de 8%. Vaz, do Sindicom, acredita que nos próximos dias as pesquisas da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostrarão um repasse maior. "Só com um choque de preços o consumidor vai mudar sua percepção", afirma. Apesar do preço mais alto do etanol hidratado, o consumidor brasileiro não está migrando para a gasolina com a intensidade que o setor de combustíveis imaginava. As vendas caíram 26% em fevereiro na comparação com dezembro, mês referência por ser o de maior consumo. Mas, o Sindicom, que representa as distribuidoras de combustíveis do país, informa que esperava que essa queda fosse mais acentuada, entre 40% e 50%. Com esse cenário, a preocupação do mercado é que os estoques de passagem de etanol - não divulgados - sejam suficientes para atender o consumo até o início da próxima safra de cana, a partir de abril. Postos de São Paulo, Estado maior produtor nacional do biocombustível, relatam que já há racionamento na entrega do produto pelas distribuidoras. José Alberto Gouveia, presidente do sindicato que representa os postos de combustíveis de São Paulo (Sincopetro-SP), afirma que não se trata de falta de produto, mas de administração mais cautelosa dos estoques por parte das distribuidoras. Desde a última semana, essas empresas não estão entregando todo o volume solicitado pelos postos. "Se pedimos 18 mil litros, por exemplo, recebemos 10 mil litros. Acredito que seja para evitar que uma revenda fique com muito e outra com pouco".Tudo isso porque o consumidor e seu carro flex não estão regulando o mercado. Esperava-se que quando os preços do etanol atingissem mais de 70% do valor da gasolina, o proprietário do carro fosse migrar para a gasolina, o que não vem ocorrendo na intensidade imaginada. Desde janeiro, o consumo de etanol vem caindo menos do que o esperado e em fevereiro esse comportamento se repetiu. "Em março, os relatos também são de que o consumo não está recuando como esperado", diz Alisio Mendes Vaz, diretor do Sindicom, cujas associadas representam 60% do mercado de etanol hidratado do país. O levantamento da entidade mostra que em fevereiro deste ano a venda de etanol foi de 650 milhões de litros, 26% mais baixa do que os em dezembro de 2010. No mesmo intervalo de um ano atrás, a demanda havia caído 55%. O comportamento do consumidor neste ano é um mistério, pois só está compensando usar etanol em Mato Grosso. Além disso, em fevereiro deste ano, os preços na usina foram, em média, 7,3% maiores do que em fevereiro de 2010. Gouveia, do Sincopetro do Estado de São Paulo, acredita que mais uma vez o motorista não está fazendo conta na hora de abastecer. Analistas acreditam também que a mídia de massa não tratou da alta do etanol na bomba com a mesma intensidade da realizada no ano passado. Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, uma das maiores comercializadoras de etanol do país, avalia que o repasse de preços ao consumidor final não está chegando na mesma velocidade da alta na indústria. Ele argumenta que os preços do biocombustível na usina subiram 28% entre dezembro de 2010 e março deste ano, enquanto na bomba, esse reajuste ficou na casa dos 8%. "As usinas são apenas um elo da cadeia. Há ainda as distribuidoras e os postos, estes últimos, muitas vezes, com elevada concorrência entre si, o que pode ajudar a explicar o porquê da resistência em repassar preços", diz. Vaz, do Sindicom, acredita que nos próximos dias as pesquisas da Agência Nacional de Petróleo (ANP) devem mostrar um repasse maior dos preços ao consumidor. "Essa demanda persistente preocupa, pois mantém pressão sobre os estoques. Somente com um choque de preços o consumidor vai mudar sua percepção", diz Vaz. Procurada, a ANP não retornou para comentar o monitoramento dos estoques privados. A União da Indústria da Cana-de-açúcar afirmou em nota que não tem expectativa de problemas de abastecimento. Analistas ouvidos pelo Valor acreditam que distribuidoras que não têm contrato de compra, ou seja, estão no mercado spot, podem ter dificuldades pontuais para adquirir o produto até a entrada da nova safra. Mas que os volumes já contratados estão assegurados. |
MERCADO FAZ CONTA COM A TRAGÉDIA NO JAPÃO |
Autor(es): Daniele Camba |
Valor Econômico - 15/03/2011 |
A paralisação de boa parte da máquina produtiva do Japão, a terceira economia mundial, espalha dificuldades para toda a rede integrada de fabricação regional asiática, em uma cadeia de consequências que atinge o Brasil. Com a destruição assustadora do nordeste do país, o perigo de mais vazamentos radioativos na usina nuclear atingida pelo terremoto e sem perspectiva de regularização do fornecimento de energia por várias semanas, a Sony, maior exportadora japonesa de eletrônicos de consumo, suspendeu a operação de dez fábricas. A Toyota, maior montadora do mundo, fez o mesmo com suas 12 unidades.Automóveis, autopeças e material eletroeletrônico predominam na pauta de vendas do Japão para o Brasil. O país é o maior exportador de autopeças para o Brasil - US$ 1,84 bilhão, ou 14% de todas as importações de componentes automotivos. As subsidiárias de suas montadoras - Honda, Mitsubishi, Toyota e Nissan - são as mais dependentes de peças e podem sofrer interrupção em suas linhas de montagem. O efeito sobre a produção brasileira de eletroeletrônicos não deve ser grande, pois ela pode ser abastecida com insumos fabricados em outros locais da Ásia. Por outro lado, os japoneses são um dos principais compradores do minério de ferro do Brasil - em 2010, consumiram US$ 3,27 bilhões. Todo o comércio será afetado de imediato, pois a infraestrutura japonesa sofreu abalos consideráveis e os portos do nordeste foram destruídos. E com fábricas paralisadas, o desembarque de encomendas tende a ser um problema a mais para as empresas japonesas. "Num primeiro momento deve acontecer a suspensão de contratos, depois o can- celamento de alguns", prevê José Augusto de Castro, vice-presidente da Asso- ciação de Comércio Exterior do Brasil. Não existem dúvidas de que o terremoto e o tsunami no Japão são tragédias gigantescas para a população japonesa e para o mundo. No entanto, o mercado vive de oportunidades e o que se vê é que essa catástrofe pode abrir algumas boas alternativas, pelo menos na Bovespa. Os analistas acreditam que as principais beneficiadas devem ser as empresas que, de alguma forma, podem contribuir para a reconstrução do país. Nessa linha de raciocínio, as siderúrgicas devem ser as maiores ganhadoras. Isso explica, inclusive, a valorização desses papéis na sexta-feira e ontem. As notícias dão conta de que as cinco principais siderúrgicas japonesas (Muroran e Kimitsu, da Nippon Steel; Chiba e Keihin, da JFE Holding; e Kashima, da Sumitomo Metal Industries) paralisaram ou reduziram significativamente a produção. O chefe de análise da corretora SLW, Pedro Galdi, lembra que, além de ter que importar aço de outros países, o Japão provavelmente deixará de exportar, o que deve causar um equilíbrio entre oferta e demanda e contribuir para um aumento nos preços da commodity no mercado internacional. "As siderúrgicas brasileiras devem ganhar mais com a melhora do cenário para o aço do que propriamente com a exportação para o Japão, já que, por uma questão de logística, o país deve importar muito mais de outras siderúrgicas asiáticas", explica.
Já sobre a Vale, existe uma discussão de como ela deve ficar com a tragédia. Galdi lembra que, num primeiro momento, a mineradora perderia, já que 11% do seu faturamento vem das exportações para as siderúrgicas japonesas, sendo que algumas estão parando suas operações. Ele acredita, no entanto, que a Vale deve ganhar vendendo minério de ferro para as outras siderúrgicas que precisarão produzir mais do que nunca para bancar a reconstrução do país. Na visão economista-chefe da Way Investimentos, professor de finanças da ESPM-RJ e do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo, esse possível crescimento nas vendas pode deixar em segundo plano problemas que pairam hoje sobre as ações da Vale. "Existe uma nuvem negra em cima da companhia, por causa das questões dos royalties e pelas incertezas sobre a possível saída de Roger Agnelli", lembra o professor. A outra gigante do mercado brasileiro, a Petrobras, também pode ganhar com a tragédia chinesa, acredita Espírito Santo. Os problemas nas usinas nucleares, com a possibilidade de vazamentos, deve provocar falta de energia, se refletindo sobre o preço do petróleo. Junte-se a isso os conflitos no Oriente Médio e no norte da África, que já estão pressionando o preço da commodity. Galdi, da SLW, também acredita que empresas de alimentos, como Brasil Foods, Marfrig e JBS, também devem ganhar com a exportação para a China. "O país precisará de tudo um pouco para se reerguer, de comida à matéria-prima para construir casas, ruas, estradas etc." Ele cita as produtoras de madeira, como a Duratex. Daniele Camba é repórter de Investimentos |
BRASIL TEME ABALO EM PROGRAMA NUCLEAR |
Autor(es): Marta Salomon |
O Estado de S. Paulo - 15/03/2011 |
CNEN acompanha esforços para impedir vazamento no Japão e Empresa de Política Energética diz que plano de novas usinas está mantido
Retomado no segundo mandato do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, com a decisão de levar adiante as obras de Angra 3, o programa prevê a construção de mais quatro usinas no país até 2030. "O debate sobre a segurança das instalações vai ressurgir, com resistências, mas espero que o programa não seja paralisado", afirmou Gonçalves. Subordinada ao Ministério de Minas e Energia, a Empresa de Política Energética informou ontem que, por ora, está mantido o cronograma de construir mais quatro usinas no Brasil, além das três usinas de Angra dos Reis (RJ). As novas usinas devem entrar em operação nos próximos 19 anos. A presidente Dilma Rousseff não dá prioridade ao assunto. Mantém sem data marcada uma nova reunião da cúpula do governo para definir a localização dessas quatro usinas - duas delas no Nordeste e outras duas no Sudeste - e há sinais de que o assunto ficará fora da pauta do Planalto, pelo menos até as consequências do terremoto japonês ficarem mais claras. "A situação é preocupante", reconhece Gonçalves. Mas ele viu nos relatos da AIEA, ainda com base em informações precárias, uma chance de os reatores nucleares resistirem. Estudo recente feito pelo governo sobre a oportunidade de o país exportar urânio enriquecido para geração de energia elétrica considera um cenário pessimista para o negócio "no caso de algum incidente nuclear que reavivasse a rejeição popular a esse tipo de energia". Esse cenário foi considerado pouco provável no estudo, que apontava grandes chances de crescimento do número de usinas nucleares no mundo, estimuladas sobretudo pela necessidade de gerar energia com baixa emissão de gases de efeito estufa. Debate nos EUA. A crise nuclear no Japão também ressuscitou nos EUA o dilema da convivência com 104 usinas - a maioria próxima do limite de 40 anos de operação - e abriu uma polêmica em torno do plano do governo americano de construir 20 novas centrais. O episódio trouxe de volta o mais grave acidente do gênero nos EUA - o derretimento do reator da usina nuclear de Three Mille Island, na Pennsylvania, em 1979. Houve vazamento radioativo e cerca de 140 mil pessoas foram retiradas da região. Segundo Arnie Gundersen, engenheiro da área nuclear, 23 reatores nos EUA são iguais aos de Fukushima. Com base em documentos oficiais, Gundersen afirmou que a Comissão Reguladora Nuclear admitiu que as usinas com esses reatores jamais deveriam ter recebido sua licença. Boa parte das 104 atuais usinas - responsáveis por 20,3% da eletricidade nos EUA - começa a ser desativada em 2012. Será preciso substituí-las por outras mais modernas ou ampliar a geração em outras fontes. / DENISE CHRISPIM MARIN, DE WASHINGTON |