Genoino e Dirceu evitam comentar decisão
Autor(es): Por Cristiane Agostine | De São Paulo |
Valor Econômico - 18/12/2012 |
No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado federal José Genoino, ambos petistas condenados, foram aclamados por militantes de esquerda e integrantes de movimentos sociais, ao participarem ontem à noite do debate "O Estado Democrático de Direito, a Mídia e o Judiciário", em São Paulo. O evento, organizado por órgãos de imprensa de esquerda, foi marcado por críticas à decisão do STF de cassar o mandato de parlamentares condenados.
Ao chegarem à sede do Sindicato dos Engenheiros, no centro de São Paulo, os dois petistas evitaram falar sobre a decisão do Supremo e sobre suas condenações.
"Só posso dizer boa sorte a vocês", afirmou Genoino aos repórteres. Dirceu disse que "não poderia comentar a decisão do Supremo" e que só dará entrevistas depois das festas de fim de ano. O STF condenou Dirceu pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha a uma pena de 10 anos e 10 meses. Genoino foi condenado pelos mesmos crimes a 6 anos e 11 meses.
Na plateia, a União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, gritava: "Cada poder/ tem seu lugar/ o Supremo não pode legislar."
Outro réu do mensalão, Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, também participou do evento. Condenado pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 12 anos e 7 meses, Pizzolato foi aplaudido pela plateia ao ser identificado.
Mediador do debate, o escritor Fernando Morais criticou a decisão do Supremo de cassar o mandato de parlamentares. "Foi uma escandalosa apropriação do direito constitucional que é só do Congresso", disse. "A esperança é que o Parlamento resista à usurpação desses poderes", afirmou. Morais defendeu a regulamentação da mídia, semelhante ao modelo adotado pelo governo argentino. "É algo que temos de aprender com a maior urgência", declarou.
O jornalista Raimundo Pereira, diretor editorial da revista "Retrato do Brasil", defendeu que o julgamento do mensalão seja anulado e foi ovacionado pela plateia, com cerca de 200 pessoas. Para o ator José de Abreu, o julgamento do mensalão estimulou a delação "como um ato eticamente perfeito" e criticou essa prática.
O evento foi organizado pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, Brasil de Fato, Brasil Atual, Revista Fórum, Carta Maior e Associação Brasileira de Empreendedores de Comunicação.
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OURO DE TOLO (Raul Seixas).
''Ah!
Eu que não me sento No trono de um apartamento Com a boca escancarada Cheia de dentes Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas Que separam quintais No cume calmo Do meu olho que vê Assenta a sombra sonora De um disco voador...''
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