Governistas agem para impedir depoimento de Rose na Câmara
Autor(es): Isabel Braga |
O Globo - 06/12/2012 |
Base aceita apenas que ministros sejam chamados ao Congresso
BRASÍLIA
A tropa governista derrubou ontem mais uma tentativa da oposição de ouvir na Câmara Rosemary Noronha, a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo indiciada pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. Com a presença em peso dos integrantes da base aliada, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle rejeitou, por 12 votos a 3, a emissão de convite para que Rosemary preste depoimento sobre denúncias de venda de pareceres fraudulentos por autoridades do governo federal.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) saiu em defesa do governo durante a votação na Comissão de Fiscalização. Ele disse que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Troncon, estiveram anteontem no Congresso dando todos esclarecimentos sobre o caso. E que ontem Cardozo voltou a depor no Senado, desta vez ao lado do ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams.
- Nós apoiamos a vinda dos ministros, mas quando a este resto (os denunciados pela PF) não vamos apoiar - disse Eduardo Cunha.
A estratégia da base governista é permitir a ida ao Congresso apenas dos ministros de órgãos que tiveram funcionários envolvidos no esquema. Para a oposição, o governo teme o depoimento de Rosemary Noronha, indicada pelo ex-presidente Lula para o cargo e mantida na função pela presidente Dilma Rousseff.
- Há uma tentativa de blindagem da Rosemary Noronha, principalmente porque ela sabe muito - disse o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), um dos autores do requerimento derrotado. - O governo está criando uma "áurea de blindagem" sobre os integrantes do escândalo.
Os deputados também rejeitaram, em votação simbólica, convites para ouvir o delator do esquema de corrupção Cyonil Borges, ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), e os diretores afastados da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os irmãos Paulo Vieira e Rubens Carlos Vieira.
Diante da blindagem, setores da oposição tentam criar a já chamada "CPI da Rosemary". O PPS começou a coletar assinaturas na terça-feira, mas dificilmente conseguirá o mínimo necessário para instalar a investigação - apoio de pelo menos 171 deputados - antes do recesso do fim de ano, marcado para dia 21.
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(*) Chico Buarque. O QUE SERÁ - A FLOR DA PELE.
''O que será que Será? Que vive nas idéias Desses amantes...''
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