17/04/2013 | |
Fleury assume responsabilidade política por Carandiru
Por Agência Brasil, de São Paulo
O então governador à época em que ocorreu o massacre do Carandiru, Luiz Antonio Fleury Filho, prestou ontem depoimento no júri popular sobre o caso, que acontece no Fórum da Barra Funda, em São Paulo.
O ex-governador disse não ter dado a ordem para a invasão policial ao presídio, quando 111 presos foram mortos. Fleury Filho disse que, se estivesse em São Paulo naquela dia, teria dado a autorização.
"Não dei ordem para a entrada. Mas a entrada foi absolutamente necessária e legítima. Se estivesse no meu gabinete, teria dado [a autorização para a invasão da polícia]. A polícia não pode se omitir", disse o ex-governador.
A Polícia Militar entrou no pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru pouco depois do início de uma rebelião de presos. Segundo Fleury Filho, a informação era de que alguns presos haviam morrido, após uma briga entre os próprios detentos.
Durante o depoimento, o ex-governador assumiu a responsabilidade política pelo episódio, mas negou qualquer outra. "A responsabilidade política do episódio é minha. A criminal cabe ao tribunal responder".
Em depoimento de 40 minutos, Fleury Filho contou que não estava em São Paulo no dia em que o massacre ocorreu, 2 de outubro de 1992. "Era véspera de eleição municipal e estava em Sorocaba, porque sabíamos que em São Paulo não tinha possibilidade de o meu candidato se eleger prefeito".
"Saí de lá de helicóptero por volta das 16h ou 16h30. Quando cheguei no Palácio dos Bandeirantes [sede do governo paulista], descobri que tinha ocorrido a invasão. Liguei, então, para o Campos e perguntei se havia necessidade de a polícia ter entrado. Ele me disse que sim", contou o ex-governador.
Naquele dia, Fleury Filho disse ter sido informado que a invasão no Carandiru tinha provocado 40 mortes. À noite, a informação foi alterada para 60 mortos. No dia seguinte, domingo de eleição, ele tinha a informação de cem mortos. "Pedi então que só informassem o número de mortos quando tivessem o número correto", disse.
Segundo o ex-governador, só à noite, às 18h, horário em que as urnas estavam fechadas, ele recebeu a confirmação de que haviam 111 mortos.
Na época, a imprensa noticiou oito mortos no massacre e só recebeu a confirmação do número exato de mortos após o término das eleições.
Fleury Filho contou também que os ânimos das tropas policiais se alteraram quando houve a notícia de que o comandante da PM à época, Ubiratan Guimarães, atingido por um tubo de TV, desmaiou pouco depois que a tropa policial invadiu o presídio. "Ubiratan foi atingido por um tubo de TV e isso deve ter causado, evidentemente, comoção à tropa", contou.
O ex-governador disse também que não esteve no local do massacre. "Não fui ao local porque não era minha obrigação de governador. É por isso que existe a posição de hierarquia abaixo do governador", afirmou.
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