Caça a deputados em bares e hotéis
Panelões de galinhas e arroz de cabrito para saciar a fome
Maria Lima, Jorge William e Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA
Pesadelo. Parlamentares são vencidos pelo sono no restaurante
Prato da casa. "Quentinhas" ajudaram deputados a atravessar a noite
bastidores,
Não foi fácil enfrentar o falatório, as brigas, as acusações de maracutaias, a fome, o sono e o tédio da madrugada na votação da MP, que começou na manhã de quarta e só terminou ontem às 9h43.
Enquanto no plenário oposição e governistas se digladiavam, num canto do restaurante anexo um grupo de parlamentares assistia ao jogo da Copa Libertadores: Corinthians x Boca Juniors. Isolado numa fileira de cadeiras, no fundo do plenário, o deputado Luiz Carlos (PSDB-AP) distraia-se em bate-papos na internet e jogando em seu celular, que tapava com as mãos, para não mostrar o conteúdo.
- Faço parte de um grupo que manda foto de todo jeito. Não posso dizer "não" a todo mundo que manda foto. E tem muita coisa que abre de pop up sem a gente querer.
O deputado Fabinho Ramalho (PV-MG), do baixo clero, saciou a fome de quem resistiu no plenário. Com sua cozinheira a tiracolo, levou panelões de galinhada e arroz de cabrito ao restaurante do plenário. Quando raiava o dia, a deputada Flávia Morais (PDT-GO) distribuiu uma rodada de pães de queijo no plenário.
O momento mais dramático da falta de quórum aconteceu entre 3 horas e 5 horas. Enquanto muitos parlamentares, vencidos pelo cansaço, roncavam em poltronas, a obstrução da oposição levou líderes, assessores e ministros a caçar os fujões em casa, restaurantes, bares e hotéis. O deputado Deley (PSC-RJ), ex-craque da seleção brasileira e ídolo do Fluminense e outros times cariocas, voltou com sinais de embriaguez e arrancou gargalhadas ao arriscar um discurso, tropeçando na língua.
- Eu estava bebendo mesmo! Me chamaram e voltei para marcar presença.
Muitos deputados foram tirados da cama e chegaram esbaforidos, sem terno, cinto e gravata. Bernardo Vasconcelos (PR-MG) foi um deles.
- Quando o telefone tocou, estava de pijama de ursinho, enrolado no meu travesseirinho, no melhor dos sonos.
O clima voltou a esquentar quando o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), já rouco de tanto discursar, colocou-se ao lado do microfone para fazer mais um encaminhamento. Desesperado, Geraldo Tadeu (PSD-MG) partiu em sua direção:
- Eu não aguento mais ouvir sua voz! Já te ouvi discursando umas 18 vezes! Isso não se faz homem, deixa disso!
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