FHC vai criar grupo de conjuntura na ABL
Por Paola de Moura | Do Rio
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito ontem para uma vaga na Academia Brasileira de Letras.
Fernando Henrique recebeu 34 dos 39 votos e foi eleito para a cadeira 36, na vaga do escritor e jornalista João de Scantimburgo, que morreu em março deste ano.
FHC evitou comentar aspectos políticos do país, mas frisou que seu papel na ABL será o de criar um grupo apartidário para discutir o cenário brasileiro no contexto atual, nacional e mundial.
"O que eu posso colaborar é falar sobre o Brasil e seus desafios. Neste momento, o Brasil está sem rumo, falta estratégia", disse.
Em agosto, o ex-presidente participará de seminário na ABL no qual discursará sobre o papel do Brasil no mundo. Segundo FHC, os integrantes da ABL têm conhecimento suficiente para discutir e influenciar o país sem interesses de atender ao poder.
O ex-presidente comemorou sua vitória para a ABL com uma brincadeira.
"As outras eleições foram mais difíceis, mas espero que eles [os demais imortais da ABL] saibam o que estão fazendo", disse.
Fernando Henrique lembrou que anteriormente não queria concorrer porque, segundo ele, não queria misturar sua vida política com a acadêmica. "Desde os anos 90 sou convidado a concorrer. Mas agora refleti que o que está em jogo aqui é o conhecimento que tenho a transmitir e não minha vida política", afirmou. Em sua página na rede social Facebook, ele complementou: "Ao saber, porém, que desde sua fundação a Academia contemplava intelectuais em geral, e não apenas escritores [...], arrisquei submeter meu nome à apreciação dos acadêmicos.
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Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.
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