Lixo Zero aplica 121 multas no primeiro dia
A guimba de cigarro jogada no chão foi a responsável por 90% das 121 autuações aplicadas ontem, primeiro dia da Operação Lixo Zero, no Centro do Rio. As multas variam de R$ 157 a R$ 3 mil. A maioria das pessoas flagradas pelos fiscais alegou que se esquecera da nova lei. Desde ontem, 58 equipes formadas por um PM, um guarda municipal e um agente da Comlurb, no total de 174 pessoas, percorrem as ruas à caça dos sujismundos. Em Copacabana, próximo bairro onde haverá operação, o alvo principal serão os donos de cães
Tinha uma guimba no meio do caminho
Mau hábito de abandonar filtro de cigarro na rua é um dos principais desafios para uma cidade limpa
Flávio Tabak
Thiago Jansen
Depois das baforadas, basta um peteleco para a guimba voar longe rumo a alguma fresta de pedra portuguesa. E o fumante, livre do lixo, segue seu rumo. A cena é comum no Rio.
O hábito parece cristalizado em muitos fumantes de qualquer classe social, inclusive entre alguns que não jogariam qualquer outro resto na rua, mas, por alguma razão, pensam que guimba não é lixo.
Algumas consequências desse hábito são óbvias, como o risco de incêndios, e outras, inimagináveis para os dependentes da nicotina. O economista e ambientalista Sérgio Besserman exemplifica.
- Minha geração achava bacana ir à praia descalço. Hoje ninguém faz isso. Mas o meu querido cachorro Bolo ainda anda descalço e já pisou numa guimba acesa. É muito chato. A interpretação psicológica é uma aventura, mas quem fuma está preso ao vício. Vejo nesse gesto alguém querendo escapar do cigarro num conflito entre o prazer e o risco.
Médica do Inca e coordenadora da política nacional de controle do tabaco do Ministério da Saúde, Tânia Cavalcante diz não conhecer estudos que expliquem esse comportamento, mas afirma que a dependência química, como a do tabagismo, é hoje considerada uma doença do cérebro. Assim, o fumante faz coisas que não faria normalmente:
- Um aspecto da dependência é o automatismo do consumo. Provavelmente explica o ato de jogar o filtro na rua.
Professor de História na Uerj, André Azevedo enfatiza o nosso passado escravocrata, principalmente o do século XIX.
- Quase todo serviço público era prestado pelos escravos, como recolhimento de lixo e calçamento. Isso causou um relaxamento do homem livre, que podia sujar a rua e a casa, pois o escravo iria recolher.
Porcaria no Rio é coisa de pobre, da classe média e dos ricos.

adicionada no sistema em: 21/08/2013 04:12 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário