No domingo, 1º de abril, dia da mentira, num blog de notícias apareceu a delirante teoria de que os controladores de tráfego aéreo são para o presidente Lula o que o caminhoneiros foram para Salvador Allende, em 1973, no Chile. Em outras palavras: os sargentos da FAB seriam agentes desestabilizadores, provocadores de um golpe.
Brincadeira ou não, o episódio serve para ilustrar o funcionamento da nossa mídia. A verdade é que a cobertura tem sido espasmódica, intermitente, embora a intensidade da crise seja ascendente. Basta que depois de uma crise aguda os atrasos nos vôos diminuam ligeiramente – ou que o movimento nos principais aeroportos pareça mais tranqüilo – e a mídia logo afrouxa o acompanhamento, esquecida de que os impasses básicos continuam intocados e ocultos. Os jornais de sábado (31/3) coincidiram na classificação do movimento dos controladores em Brasília como "motim". Tecnicamente estavam certos. Mas como é que se poderia classificar o comportamento das autoridades que desde o início tentaram esconder o problema dos controladores? Seria, por acaso, "obstrução da justiça"? A crise aérea só será efetivamente resolvida quando se souber exatamente o que aconteceu e o que está acontecendo. E para isso não é preciso de uma CPI. Basta que mídia assuma as suas verdadeiras responsabilidades. Observatório da Imprensa, Alberto Dines.
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(*) Jean de la Fontaine (1621-1695): "Quem vai pôr o guizo no pescoço do gato?": a moral da história era a seguinte: "Não adianta ter boas idéias se não temos quem as coloque em prática". Ou ainda: "Inventar é uma coisa, colocar em prática é outra".
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