'Ruth Cardoso deu novo sentido ao papel de primeira-dama'
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SÃO PAULO - Nascido em Araraquara, conterrâneo de Ruth Cardoso, o escritor Ignacio de Loyola Brandão diz que a antropóloga "deu novo sentido" ao papel de primeira-dama no País, e promoveu um avanço ao lançar ações sociais que levam a "olhar para o outro, mas num sentido moderno, sem esmola".
Ele se refere ao programa Comunidade Solidária e às ONGs que o sucederam na rede Comunitas, com projetos de geração de renda e desenvolvimento sustentável em comunidades carentes. "Tem tudo a ver com a cabeça dela", observa Loyola.
A cabeça de Ruth, segundo o escritor, era a de uma mulher autêntica, objetiva e simples. "Há um ano e pouco, fui encarregado de convidá-la para uma vaga na Academia Paulista de Letras, e ela me disse: 'Não sou autora, não sou escritora'.
A cabeça de Ruth, segundo o escritor, era a de uma mulher autêntica, objetiva e simples. "Há um ano e pouco, fui encarregado de convidá-la para uma vaga na Academia Paulista de Letras, e ela me disse: 'Não sou autora, não sou escritora'.
Argumentei que as academias convidam pessoas de notório saber, que engrandecem a cultura, mas Ruth disse simplesmente que isso não era para ela."
Loyola lembra de Ruth na adolescência, nos idos de 1945, e da família "fantástica" da qual ela fazia parte. A mãe, dona Mariquita, foi professora de biologia do escritor. "Era bem-humorada e severa, uma ótima professora", recorda. E Ruth cresceu "uma moça muito bonita, que todo homem queria namorar".
Autor de Zero, Não Verás País Nenhum e outros títulos consagrados, Loyola conta que dedicou um capítulo a Ruth em A Altura e a Largura do Nada, de 2006.
"Estive distante dela por muitos anos, mas recentemente havíamos nos aproximado." O Brasil, diz ele, perde uma grande mulher.
--------------------David Moisés - do estadao.com.br [Foto: Renata Jubran/AE - 24/04/1996].
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