PENSAR "GRANDE":

***************************************************
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
***************************************************


“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

----

''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

=========
# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
1Radio 1455824919 nhm...

valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

***

Mostrando postagens com marcador CRÔNICA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CRÔNICA. Mostrar todas as postagens

terça-feira, fevereiro 08, 2011

CRÔNICA: ''INTERNET'' & LIXO ELETRÔNICO

...

PÃO E JORNAL


Um magnata, dono de dezenas de jornais e obcecado por vendas, diz, orgulhoso:
“Sou um daqueles que não precisam de um país ou um hino nacional, coisas assim.” Não, não estamos falando do australiano Rupert Murdoch, o magnata que está nas manchetes porque um de seus tabloides grampeou os telefones de membros da família real, políticos e celebridades britânicas.
Estamos na Londres de 1908, onde o dito magnata não sabe soletrar compunção, mas sabe calcular as manchetes alarmantes que espalham medo da guerra entre seus milhões de leitores. A ação se passa no palco de um minúsculo teatro off-Broadway, no terceiro andar de um prédio cinzento em Manhattan.
O Mint Theater é uma companhia especializada em arqueologia dramática. Resgata peças esquecidas como What The Public Wants (O Que o Público Quer) e deixa a plateia com a estranha sensação de que, quanto mais as coisas mudam, mais ficam como estão.
A peça foi um sucesso extraordinário há um século e passou quase dois anos em cartaz. O autor, Arnold Bennett, conhecia bem seu métier. Começara a carreira na redação do jornal The Woman (A Mulher), uma publicação aquém de suas ambições literárias.
O Que o Público Quer foi inspirada no magnata Alfred Harmsworth, cujo sobrenome ele viria a justificar. Harm em inglês quer dizer ferir e worth, valor. Ele era o mais influente empresário da imprensa britânica no começo do século 20, dono de inúmeros jornais pequenos e grandes, como o Times e o Daily Mail. Seu poder de fogo era de tal ordem que, numa tentativa de assassinato, navios alemães bombardearam sua residência durante a 1ª Guerra. Harmsworth saiu da infância pobre para o colo da nobreza, ungido com o título de Visconde de Northcliffe. O filho plebeu do Visconde é o estilo do jornalismo sensacionalista inventado por seus tabloides. Os jornais deste Cidadão Kane vitoriano derrubavam governos e assassinavam reputações.
A peça de Bennett serviu de espelho tão claro para a sociedade da época que, numa votação do jornal Manchester Guardian, ele foi apontado entre um punhado de autores influentes que seria relevante cem anos depois. Infelizmente não foi o autor e sim a trama que sobreviveu e desenvolveu resistência à penicilina da democracia. O magnata da peça se considera o verdadeiro democrata porque se interpõe entre os malignos intelectuais e as massas inocentes. Seu escárnio constante contra o que chama de gente de cultura parece ter saído de uma biografia de Rupert Murdoch e revela o mesmo recalque do australiano contra a rejeição sofrida na estratificada sociedade inglesa.
Na peça de Bennett, o personagem inspirado em Harmsworth se gaba de saber com precisão o que espera o leitor de cada classe social. E vê sua dieta de obscurantismo populista como militância libertária contra a opressão da elite bem-educada.
Seu mais importante crítico de teatro exige uma correção porque o copidesque vulgarizou a linguagem de seu texto. Diante da recusa, o crítico pede demissão. A cena escrita com um tom de farsa desenrola-se no presente como uma interação jurássica. Um crítico nova-iorquino, ao escrever a resenha da peça, em janeiro, se sentiu compelido a explicar aos leitores o significado de “jornalismo marrom”.
No último ato, o irmão do magnata – o intelectual que insiste em ter consciência – se despede dele com um conselho.
“Você continue dando ao público o que ele quer. É sua missão na vida. Mas se prepare para quando chegar o dia chuvoso.”
“Que dia chuvoso?”
“O dia em que o público quiser algo melhor do que você pode dar.”
Lembrei desse diálogo final ao ter a rotina virada ao avesso pela necessidade de acompanhar a violenta crise no Egito. Com o crescimento exponencial das fontes de informação, a pergunta não é mais o que o público quer, mas como encontrar a agulha desejada no palheiro de ofertas. O romancista David Foster Wallace, morto prematuramente em 2008, observou que “há 4 trilhões de bits de informação vindo em nossa direção, 99% é merda e dá trabalho demais fazer a triagem e decidir. É claro que vai haver um nicho econômico para os que filtrarem a passagem da informação. Senão, nós vamos passar 95% do nosso tempo surfando no mar de merda.”
Não tenho números para provar, mas suspeito que os acontecimentos do Egito deram mais audiência aos meios de comunicação que nos protegeram do catinguento esporte previsto pelo romancista.
---
http://sergyovitro.blogspot.com/
---

quarta-feira, setembro 29, 2010

CRÔNICA/ENSAIO: DORA KRAMER

...

Dora Kramer

Em marcha à ré

Publicado em 28/09/2010 |
Agência Estado •
dora.kramer@grupoestado.com.br



A justificativa do desembargador Liberato Póvoa para impor censura a 84 jornais, sites, emissoras de rádio e televisão expressa o pensamento dos defensores da tese de que liberdade de expressão é um conceito relativo.

Bem como a alegação do governador do Tocantins para pedir na Justiça o embargo da divulgação de notícias sobre a investigação de que é alvo por corrupção reproduz o raciocínio de que a imprensa serve aos propósitos da oposição, devendo, por isso, ser obrigada a calar.


O ato do governador acusado, e que disputa agora a reeleição, de mandar a Polícia Militar apreender a partida da revista Veja no aeroporto, antes da distribuição às bancas de Palmas, caracteriza, entre outros crimes, o de uso da máquina pública em proveito individual.

Dirão que é exagero, pois agora se instituiu a prática da defesa moderada da democracia, mas nesse caso escabroso estão presentes todos os elementos da guerra contra a liberdade de manifestação aberta pelo PT em geral e o presidente Luiz Inácio da Silva em particular.

Há o conceito do PT, aprovado no último congresso do partido, sobre a necessidade de se criar controles sobre o conteúdo do que se publica nos meios de comunicação; há o envolvimento do outro parceiro da aliança presidencial, o PMDB, como o partido do requerente da censura; há a argumentação presente nos discursos do presidente e há o uso eleitoral do patrimônio público.

A Justiça já havia feito parecido numa sentença que mantém o jornal O Estado de S.Paulo há mais de um ano impedido de publicar notícias sobre a investigação que alcança o filho empresário do senador e presidente do Senado, José Sarney. A última providência judicial foi remeter o caso para a Justiça do Maranhão, onde está até hoje sem decisão enquanto o jornal e o leitor ficam interditados.

Agora a atitude de um desembargador cuja suspeição é total, porque teve a mulher indicada para cargo pelo governador favorecido pela censura, atingiu 84 veículos.

A liminar foi dada na sexta-feira e suspensa ontem à tarde pelo plenário do TRE do Tocantins. A suspensão alivia, mas não resolve o problema.

A gravidade do episódio é que junto com outros dá sinais de que os arautos do atraso e do retrocesso estão se sentindo à vontade ultimamente.

Só isso explica uma decisão tão obviamente contrária aos ditames democráticos e que muito dificilmente esse desembargador teria tido coragem de proclamar caso não se sentisse em ambiente propício.

Muito já se falou sobre isso, mas é sempre bom repetir: o Brasil avançou em quase tudo da redemocratização para cá, menos na política, cujos métodos são exatamente os mesmos da primeira metade do século passado. E agora, no governo Lula, celebrados como evidência de habilidade.

Primeiro escolhemos não avançar, depois optamos por aprofundar relações com os velhos vícios e mais recentemente parece que resolvemos manifestar preferência pelo retrocesso.

Estamos voltando ao tempo em que era preciso organizar um abaixo-assinado, lançar um manifesto por dia. OAB, AMB, CNBB e similares toda semana estão no noticiário dizendo alguma coisa em defesa da democracia ou denunciando alguma agressão à Constituição.

Ora, o que precisa ser defendido com essa frequência, convenhamos, é porque vai mal.

Alguém já viu isso em país de democracia consolidada?

Pois aqui no Brasil voltou a se tornar uma questão em aberto. Governantes consideram que têm o condão de arbitrar o que seja correto ou incorreto divulgar, juízes prestam serviços particulares, militantes decretam o fim da moralidade que agora passa a se chamar “moralismo udenista” e os parvos ainda acham que os protestos exorbitam e enxergam fantasmas ao meio-dia.

Amanhã ou depois nada impede que o gesto do desembargador tocantinense se repita, até ampliado, caso não haja uma reação muito forte e desprovida de meios tons.

Defesa da democracia que o Brasil reconquistou ao custo de vidas, da liberdade e de anos perdidos não comporta moderação nem bom-mocismo de ocasião.

-------------