Oposição vai à Justiça após ex-assessora de Néstor Kirchner denunciar corrupção
Ariel Falados
Correspondente / Buenos Aires
A deputada de oposição Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, apresentou ontem um pedido à Justiça argentina para que investigue uma denúncia de corrupção feita no fim de semana por Miriam Quiroga, ex-secretária de Néstor Kirchner (2003-2007).
Segundo a assessora particular do ex-presidente, morto em 2010, o líder argentino recebia de empresários "pesadas" sacolas de dinheiro na sala na Casa Rosada, que não se manifestou sobre o caso.
"Ela (Miriam) contou agora a mesma coisa que eu havia denunciado em 2008. Espero que o juiz finalmente investigue o caso. É uma tristeza tudo o que (os Kirchners) roubaram", afirmou Carrió.
A ex-secretária presidencial apontou o ministro de Planejamento Federal, Julio De Vido, e o ex-secretário presidencial Daniel Munoz, como alguns dos receptores das entregas. A denúncia foi feita no domingo à noite, durante o programa Jornalismo Para Todos, do jornalista Jorge Lanata, no canal Trece.
O ex-chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández (2003-2008), afirmou ontem não saber nada sobre o caso.
"Eu nunca vi nada disso que a Miriam contou. Mas tampouco posso dizer que aquilo que ela está dizendo não é certo. Talvez acontecesse em outras salas da Casa Rosada. Eununcavi uma sacola de dinheiro no palácio presidencial Mas isso não quer dizer que não existiram".
Fernández rompeu com o governo há cerca de dois anos.
Segundo Miriam - que trabalhou com o casal Kirchner mais de dez anos atrás na Província de Santa Cruz - a presidente Cristina "estava por dentro de tudo". "A proximidade que teve com o presidente (Kirchner) me permitiu sempre ouvir as conversas".
Em 2011, uma reportagem da revista Noticias a classificou como "a outra viúva de Néstor Kirchner".
As sacolas, entregues na Casa Rosada, eram, segundo ela, levadas na sequência para a Província de Santa Cruz, terra natal de Kirchner e seu feudo político. Miriam disse que na época em que trabalhava com Kirchner ouviu conversas dos assessores presidenciais que indicavam que o dinheiro, além de lingotes de ouro, estava dentro de cofres em casas que os Kirehners possuíam nas cidades de Rio Gallegos e El Calafate.
Miriam, que foi locutora do ex-presidente e diretora do Centro de Documentação Presidencial ~ além de sua secretária (embora sem o cargo formal) foi despedida poucas semanas depois da morte de Kirchner.
Patrimônio.
A ex-secretária, que tinha seu escritório na frente da sala de Kirchner na Casa Rosada, também citou as conexões do casal presidencial com, o empresário Lázaro Báez, que há um mês começou a ser investigado pela Justiça por lavagem de dinheiro.
Báez, sócio dos Kirchners em vários empreendimentos, deu a Cristina o luxuoso mausoléu de granito no qual está o corpo de Kirchner em Rio Gallegos. O empresário, que nos anos 90 era um simples funcionário do Banco de Santa Cruz, enriqueceu nos últimos dez anos com uma empreiteira criada em 2003.
A empresa realizou grande parte das obras públicas do governo Kirchner e detém 82% dos contratos desse tipo em Santa Cruz; Baéz é o dono da empresa "Atlântico Sul, que tem um hangar onde está estacionado o avião presidencial Tango 01.
O casal Kirchner também enriqueceu nesta década em que esteve no poder.
Segundo a declaração oficial de bens, a fortuna aumentou em mais de 1.000% desde 2003. No período, o patrimônio dos Kirchners saltou de US$ 1,47 milhão para US$ 18,8 milhões.
Para lembrar
"A outra viúva", disse revista
Miriam Quiroga tornou-se conhecida em fevereiro de 2011, quando a revista Notícias publicou uma reportagem de seis páginas sobre ela intitulada "a outra viúva de (Néstor) Kirchner". "Tinha uma união muito forte com ele. Deixei tudo para vir com ele do sul. Deixei minha família", declarou Miriam, sem entrar em detalhes. Em janeiro de 2031, três meses após a morte de Kirchner, Cristina Kirchner a demitiu do cargo de diretora do Centro de Documentação Presidencial. / A.P.
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