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terça-feira, maio 14, 2013

SARCÓFAGO

14/05/2013
Argentina debate cofre dos Kirchners


Jornalista diz que casa de Cristina tem caixa-forte e tumba de Néstor parece suspeita; governo protesta.

Ariel Palacios
Correspondente Buenos Aires


Ter um cofre em casa nunca foi crime na Argentina, mas a polarização entre defensores e detratores do governo de Cristina Kirchner fez com que a existência de uma caixa-forte na casa dos Kirchners em Rio Gallegos virasse tema central no noticiário político do país.

Durante anos, a hipotética existência de um cofre "escondido" em alguma das residências do casal Néstor e Cristina Kirchner na Patagônia não passou de um mito urbano. No domingo à noite, o jornalista Jorge Lanata apresentou em seu programa de TV Jornalismo para todos uma série de depoimentos que confirmam a existência de uma caixa-forte, com medidas de 2,85 metros por 0,97 metro, no subsolo da mansão da família Kirchner no vilarejo de El Calafate, no extremo sul da Argentina, perto da fronteira chilena.


Lanata denunciou o vínculo entre os Kirchners e o empresário Lázaro Báez, sócio do casal presidencial em vários empreendimentos imobiliários. Báez está sendo investigado por lavagem de dinheiro.


Lanata exibiu planos de arquitetura da casa dos Kirchners e o depoimento do próprio arquiteto, Antonio Canas, que construiu essa área em 2002, quando Néstor despontava como candidato presidencial. 

Há uma semana, Miriam Quiroga, secretária particular de Néstor por 11 anos, hoje rompida com o kirchnerismo, falou sobre o recebimento de "pesadas sacolas de dinheiro" na sala do então presidente na Casa Rosada. 


As sacolas com dinheiro e lingotes de ouro, segundo Miriam - eram entregues a Néstor por empresários e na sequência levadas para Santa Cruz. Para os críticos do governo, a existência de uma caixa-forte na casa dos Kirchners daria força a essas denúncias.


Quiroga foi convocada pelo juiz Julián Ercolini para prestar depoimento sobre as sacolas nesta semana. Denúncias semelhantes da deputada opositora Elisa Carrió foram consideradas infundadas pela Justiça.

Durante o programa, Eduardo Arnold, ex-vice-governador de Néstor Kirchner na Província de Santa Cruz - afastado do kirchnerismo desde 2006 -, relatou como Cristina, em 2001, durante a construção da casa, mostrou-lhe a área onde seria instalado o quarto da caixa-forte. "Com total naturalidade, Cristina me disse que era para colocar as caixas de segurança. Mas é estranho tanto espaço para guardar coisas de valor", relatou.

Mausoléu. Para o antigo aliado dos Kirchners, até mesmo o mausoléu construído para Néstor no cemitério de Rio Gallegos desperta suspeita. "Ora, por que é que o mausoléu conta com tal nível de segurança?" No programa, Lanata questionou tantas câmeras de segurança no prédio fúnebre. Segundo ele, as imagens são monitoradas de um escritório de Buenos Aires. Lanata ironizou: "é preciso vigiar um morto desse jeito?"

Ontem, o subsecretário da presidência da República, Gustavo López, protestou contra as especulações: "É uma total falta de respeito! A coisa chegou a extremos insustentáveis. É falta de respeito contra uma pessoa que foi um presidente que mudou a história da Argentina e agora não pode se defender. É uma baixeza".

terça-feira, maio 07, 2013

ARGENTINA: "HEAVY BAGS"

07/05/2013
Oposição vai à Justiça após ex-assessora de Néstor Kirchner denunciar corrupção


Ariel Falados
Correspondente / Buenos Aires


A deputada de oposição Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, apresentou ontem um pedido à Justiça argentina para que investigue uma denúncia de corrupção feita no fim de semana por Miriam Quiroga, ex-secretária de Néstor Kirchner (2003-2007).

Segundo a assessora particular do ex-presidente, morto em 2010, o líder argentino recebia de empresários "pesadas" sacolas de dinheiro na sala na Casa Rosada, que não se manifestou sobre o caso.

"Ela (Miriam) contou agora a mesma coisa que eu havia denunciado em 2008. Espero que o juiz finalmente investigue o caso. É uma tristeza tudo o que (os Kirchners) roubaram", afirmou Carrió.

A ex-secretária presidencial apontou o ministro de Planejamento Federal, Julio De Vido, e o ex-secretário presidencial Daniel Munoz, como alguns dos receptores das entregas. A denúncia foi feita no domingo à noite, durante o programa Jornalismo Para Todos, do jornalista Jorge Lanata, no canal Trece.

O ex-chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández (2003-2008), afirmou ontem não saber nada sobre o caso.

"Eu nunca vi nada disso que a Miriam contou. Mas tampouco posso dizer que aquilo que ela está dizendo não é certo. Talvez acontecesse em outras salas da Casa Rosada. Eununcavi uma sacola de dinheiro no palácio presidencial Mas isso não quer dizer que não existiram".

Fernández rompeu com o governo há cerca de dois anos.

Segundo Miriam - que trabalhou com o casal Kirchner mais de dez anos atrás na Província de Santa Cruz - a presidente Cristina "estava por dentro de tudo". "A proximidade que teve com o presidente (Kirchner) me permitiu sempre ouvir as conversas".
Em 2011, uma reportagem da revista Noticias a classificou como "a outra viúva de Néstor Kirchner".

As sacolas, entregues na Casa Rosada, eram, segundo ela, levadas na sequência para a Província de Santa Cruz, terra natal de Kirchner e seu feudo político. Miriam disse que na época em que trabalhava com Kirchner ouviu conversas dos assessores presidenciais que indicavam que o dinheiro, além de lingotes de ouro, estava dentro de cofres em casas que os Kirehners possuíam nas cidades de Rio Gallegos e El Calafate.

Miriam, que foi locutora do ex-presidente e diretora do Centro de Documentação Presidencial ~ além de sua secretária (embora sem o cargo formal) foi despedida poucas semanas depois da morte de Kirchner.

Patrimônio. 
A ex-secretária, que tinha seu escritório na frente da sala de Kirchner na Casa Rosada, também citou as conexões do casal presidencial com, o empresário Lázaro Báez, que há um mês começou a ser investigado pela Justiça por lavagem de dinheiro.

Báez, sócio dos Kirchners em vários empreendimentos, deu a Cristina o luxuoso mausoléu de granito no qual está o corpo de Kirchner em Rio Gallegos. O empresário, que nos anos 90 era um simples funcionário do Banco de Santa Cruz, enriqueceu nos últimos dez anos com uma empreiteira criada em 2003.

A empresa realizou grande parte das obras públicas do governo Kirchner e detém 82% dos contratos desse tipo em Santa Cruz; Baéz é o dono da empresa "Atlântico Sul, que tem um hangar onde está estacionado o avião presidencial Tango 01.

O casal Kirchner também enriqueceu nesta década em que esteve no poder.

Segundo a declaração oficial de bens, a fortuna aumentou em mais de 1.000% desde 2003. No período, o patrimônio dos Kirchners saltou de US$ 1,47 milhão para US$ 18,8 milhões.

Para lembrar

"A outra viúva", disse revista
Miriam Quiroga tornou-se conhecida em fevereiro de 2011, quando a revista Notícias publicou uma reportagem de seis páginas sobre ela intitulada "a outra viúva de (Néstor) Kirchner". "Tinha uma união muito forte com ele. Deixei tudo para vir com ele do sul. Deixei minha família", declarou Miriam, sem entrar em detalhes. Em janeiro de 2031, três meses após a morte de Kirchner, Cristina Kirchner a demitiu do cargo de diretora do Centro de Documentação Presidencial. / A.P.