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quinta-feira, junho 14, 2012
VENDILHÕES DO TEMPLO
Projeto de lei libera compra de terras por estrangeiros
Comissão libera terra para estrangeiros |
Autor(es): Por Tarso Veloso | De Brasília |
Valor Econômico - 14/06/2012 |
Companhias brasileiras controladas
por capital estrangeiro podem ser liberadas para adquirir grandes
extensões de terra no Brasil, conforme relatório aprovado ontem pela
Comissão de Agricultura da Câmara.
O texto substitutivo do deputado
Marcos Montes (PSD-MG), que derrotou o relatório original de Beto Faro
(PT-PA), excluiu as restrições atuais, que limitam essas aquisições a um
teto em operações de compra e arrendamento. O parecer foi apoiado pela
bancada ruralista, contra a vontade do governo.
Empresas brasileiras controladas por
capital estrangeiro podem ser liberadas para adquirir grandes extensões
de terras no Brasil, de acordo com relatório aprovado ontem pela
Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
O texto substitutivo do deputado Marcos
Montes (PSD-MG), que derrotou o relatório original de Beto Faro
(PT-PA), excluiu as restrições atuais que limitam essas aquisições a um
máximo em operações de compra e arrendamento. O parecer, apoiado pela
bancada ruralista contra a vontade do governo e do Núcleo Agrário do
PT, já havia sido aprovado na subcomissão especial do tema.
Os petistas apresentaram um voto em
separado, lido pelo vice-líder do partido na Câmara, Valmir Assunção
(BA), em que tentavam reduzir as "facilidades" de aquisição, por
estrangeiros, de um percentual mínima de companhias nacionais para
obter a condição de empresa brasileira. "Como iremos impedir que uma
empresa estrangeira adquira 0,1% do capital de uma empresa nacional e
possa sair comprando terras?", questionou Assunção. Ele criticou,
ainda, a indefinição sobre o tempo máximo do arrendamento das terras.
"O texto diz que o prazo é indeterminado. Ou seja, pode ser de 300
anos", disse.
O texto aprovado define que todas as
operações já realizadas ou em negociação serão automaticamente
regularizadas. O governo e o PT queriam limitar o benefício aos negócios
fechados entre 1999 e 2010, período em que o assunto estava
regulamentado por dois pareceres contraditórios da Advocacia-Geral da
União (AGU).
Hoje, as negociações de terras por
estrangeiros e empresas brasileiras controladas por estrangeiros no
país sofrem restrições. Um parecer da AGU em vigor restringe as
aquisições de imóveis rurais por empresas que tenham 51% ou mais de seu
capital votante nas mãos de não brasileiros. Essas aquisições são
limitadas a 50 módulos fiscais para pessoas físicas (250 a 5 mil
hectares) e a 100 módulos (500 a 10 mil hectares) para empresas
estrangeiras, desde que aprovadas pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O relatório aprovado ontem estabelece
que empresas nacionais, mesmo com maioria de capital estrangeiro, serão
consideradas brasileiras. Com isso, até empresas com 99,9% de capital
estrangeiro poderão adquirir qualquer extensão de terra, desde que
sigam as regras da legislação para empresas 100% nacionais. Mas
organizações não governamentais, empresas e fundos soberanos
estrangeiros ficam impedidas de adquirir terras no Brasil. "Uma estatal
de outro país, convertida em nacional, poderá se apoderar de áreas
gigantescas no Brasil. Alienaríamos, para o exterior, o poder decisório
sobre o quê, quando e onde produzir", criticou Valmir Assunção.
A questão dos limites de terras que
poderão ser adquiridas não foi incluída no texto final. Assim, não
haverá um máximo para as compras por estrangeiros. No relatório
derrotado de Beto Faro, havia um limite de 50 módulos (2,5 mil
hectares) para estrangeiros, até mesmo para aquelas cujo capital era
majoritariamente estrangeiro.
O relatório segue agora para análise das demais comissões da Câmara, que serão designadas pela Mesa Diretora.
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