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terça-feira, março 16, 2010

ELEIÇÕES 2010/BOLSA FAMÍLIA [In:] UM ''SACO SEM FUNDO''...

BOLSA FAMÍLIA ELEVA EMISSÃO DE MOEDA

PROGRAMA SOCIAL ELEVA EMISSÃO DE DINHEIRO


Autor(es): Janes Rocha, do Rio
Valor Econômico - 16/03/2010

A Casa da Moeda do Brasil tem de suprir uma demanda por dinheiro que cresce de 15% a 20% ao ano desde o Plano Real, em 2004. Além da estabilidade, outros fatores recentes intensificaram a tendência: os programas sociais, como o Bolsa Família e os reajustes do salário mínimo e das aposentadorias. O Banco Central elevou em 54% seus pedidos de moedas metálicas em 2009, de 1,3 bilhão de unidades em 2008 para pouco mais de 2 bilhões. A quantidade de cédulas e moedas em circulação aumentou de 0,5% do Produto Interno Bruto para 4% em 2009.

Para atender a demanda, a Casa da Moeda concluiu em 2009 a primeira parte de um programa de investimentos em modernização tecnológica que consumiu R$ 380 milhões de um total de R$ 457 milhões. Agora, a estatal vai voltar a produzir dinheiro para outros países, como fazia até os anos 80.

O Banco Central (BC) elevou em 54% seus pedidos de cédulas e moedas em 2009 para a Casa da Moeda do Brasil(CMB), de 1,3 bilhão de unidades em 2008 para pouco mais de 2 bilhões, obrigando a fábrica a duplicar sua produção. A CMB é uma estatal ligada ao Ministério da Fazenda, que tem o monopólio da produção de cédulas, moedas e selos.

O aumento da produção só foi possível porque a Casa da Moeda concluiu em 2009 a primeira parte de um programa de investimentos em modernização tecnológica que consumiu R$ 380 milhões, de um total de R$457 milhões, que resultaram na duplicação da capacidade de produção.

João Sidney de Figueiredo Filho, chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, explicou que a expansão incluiu uma demanda "reprimida". "Há anos vínhamos pedindo mais moeda e não tinha. No ano passado eles ofereceram mais, nós pedimos mais", disse. Ele se referia à ampliação da capacidade instalada de produção da Casa da Moeda.

De acordo com as estatísticas do BC, a demanda do público por meio circulante vem crescendo 15% a 20% anuais desde 1994, ano da implantação do Plano Real e início da estabilização econômica do país. De lá para cá, o meio circulante - quantidade de dinheiro em circulação na economia - aumentou de pouco mais de 0,5% a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) para 4% no ano passado.

No paísescom história de economia estável como Estados Unidos e os países europeus, o meio circulante chega a representar entre 7% e 8% do PIB, enquanto no Japão este índice atinge 15%. "O Brasil está convergindo para um padrão de uso de moeda corrente similar às economias maduras",afirmou Figueiredo Filho.

Segundo o chefe do Departamento do BC, a estabilidade gerou o crescimento econômico e, consequentemente, uma série de fatores diretose indiretos que fazem com que haja um aumento do numerário em circulação: maior acesso a crédito e a serviços bancários que, por sua vez, geram mais recursos na mão do público. "Em algum momento isso cai na economia",disse Figueiredo Filho.

Porém, mais recentemente, outros movimentos fizeram subir fortemente a demanda por cédulas e moedas no Brasil: os programas sociais do governo federal - que representaram maior quantidade de renda nas mãos de pessoas mais pobres, que usam exclusivamente dinheiro vivo (já que não têm conta em banco, talões de cheque ou cartões de crédito); os reajustes do salário mínimo e das aposentadorias.

"Todos estes fatores são importantes, eu não apontaria uma causa só", disseFigueiredo Filho. "Uma coisa que ficou patente logo depois do Real, foi o fortalecimento da economia informal, na qual o uso da moeda é talvez a única possibilidade (de comércio)", disse o chefe de departamento doBC.

A Casa da Moeda implantou duas novas linhas de produção de cédulas, incluindo novas máquinas, importadas da Alemanha, e a adequação da área industrial para abrigar os novos equipamentos. A última atualização do maquinário havia sido em 1977.

Agora são quatro linhas de produção, duas novas e duas antigas. As duas antigas produziam 2,1 bilhões de cédulas por ano em dois turnos. Com as duas novas, a CM vai produzir 4,2 bilhões em dois turnos. As máquinas antigas tinham capacidade para imprimir 8 mil folhas por hora, enquanto as novas podem fazer 10 mil folhas por hora.

A inauguração das máquinas ocorrerá com a produção das novas cédulas do real, anunciadas pelo Banco Central em fevereiro. Em 15 de abril se inicia a produção de notas de R$ 50 e R$ 100, que serão lançadas nos primeiros dias de junho. Em setembro começam a ser fabricadas as notas de R$ 10 eR$ 20 e em janeiro de 2011, as de R$ 2 e de R$ 5.

O próximo passo é a internacionalização e a entrada em novos nichos de mercado, disse Luiz Felipe Denucci Martins, presidente da Casa da Moeda. A estatal vai voltar a produzir dinheiro para outros países, atividade suspensa há cerca de 30 anos pelo forte crescimento da demanda interna e a defasagem tecnológica. Uma das mais antigas empresas do Brasil, fundada há 300 anos, a Casa da Moeda fornecia cédulas e moedas para pelo menos 15 países até os anos 80.

Neste momento está em negociações com quatro países sul-americanos. Denuccia firmou que não poderia divulgar os nomes até que as negociações estejam encerradas, já que este mercado "é muito competitivo".

Também foi feita proposta de emissão gratuita de moeda para o Haiti, mas o governo haitiano ainda não respondeu se quer ou não. A proposta foi feita atendendo ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dentro do programa de colaboração para reconstrução do país destruído por um terremoto em janeiro.

A proposta é de produção de cem milhões de cédulas novas de Gourde (amoeda doHaiti), que poderiam ser entregues em 180 dias. Denucci também não quis dizer quanto isso custaria à CMB.

Fora o Haiti, que seria uma doação, a produção para outros países, segundo Denucci, é orientada diretamente pelo Ministério da Fazenda, levando em conta as linhas de política externa do governo federal. Duas regiões terão prioridade nas ofertas: Mercosul, América do Sul e Latina como um todo e a África sub-saariana, com prioridade para os países de língua portuguesa. Mas Denucci diz que este não é um mercado fácil, com grande concorrência de empresas internacionais, como a francesa Thomasde La Rue, a alemã G&D, a espanhola Cecosa e a Royal Canadian Mint.

"Caso se concretize a demanda internacional, podemos ir a três turnos", disse Denucci. "A tecnologia que temos permite fabricar cédulas com o mesmo rigor e avanços em segurança que dólar e euro".

No balanço de 2009 divulgado semana passada, a Casa da Moeda mostra um faturamento de R$ 1,533 bilhão, o dobro dos R$ 762,4 milhões registrados em 2008. O lucro líquido triplicou, de R$ 103,5 milhões para R$ 330,1 milhões. O envelhecimento do parque industrial fica clarono balanço dos ativos, onde o valor das depreciações, de R$ 350 milhões equivale a 77% do valor declarado dos bens da companhia, como observa o especialista em contabilidade e professor Alberto Borges Mathias.

Denucciafirmaque todo o aumento do capital social da Casa da Moeda de 2009,que deconforme o balanço foi de R$ 144 milhões em 2008 para R$ 246milhões,foi feito com incorporação de lucros passados. "Desde 2007 aCasa daMoeda não recebe nada do Orçamento da União", disse, lembrandoque aparticipação de R$ 300 milhões que o governo federal deveriafazer nosinvestimentos da empresa em 2008 foi cortada devido à crisefinanceirainternacional.

Paratornar-secada vez mais independente dos recursos orçamentários e garantir verba para os investimentos em modernização do maquinário, a Casa da Moeda renegociou os contratos maiores que tem com o BancoCentral e a Receita Federal e tem buscado diversificar sua produção.

A participaçãode produtos (cédulas, moedas, carteiras de identidade epassaportes),que já representaram 70% do faturamento da empresa em 2007, no ano passado caiu para 56% e em 2010 a previsão é baixar para 50%, disse Denucci. O restante está dividido entre diversos serviços prestados a órgãos do governo como os selos postais, fiscais e cartoriais - a empresa tem o monopólio na produção de selos no país. O segmento que mais tem crescido nas vendas são os selos de bebidas friase cigarros, produzidos para a Receita Federal.

Entre os novos nichos de mercado está a abertura de duas novas unidades, uma para fabricação de discos de metal para moedas e outra de cartões inteligentes. Segundo Denucci, a produção de discos metálicos não será apenas para suprimento da demanda da própria CMB, mas para"regular o mercado": "Os mercados de nossas matérias primas são oligopolizados", afirmou. "Queremos ter uma visão objetiva dos custos e se, numa crise, ou numa demanda crescente, podemos atender". E completa: "Nosso negócio é dinheiro. Temos que estar presentes em tudo o que diga respeito a dinheiro e documentos de segurança".

quarta-feira, maio 16, 2007

DÓLAR: Á VENDA EM "LOJINHAS DE 1,99"

Ministro anuncia política de ´emergência´ a cinco setores.

Com a queda do dólar abaixo dos R$ 2, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, anunciou na terça-feira que o governo irá beneficiar cinco setores da economia por uma política industrial de ´emergência´: indústria têxtil e de vestuário, automobilística, naval, de calçados e móveis. Além da redução dos tributos incidentes na folha de pagamento, haverá aumento de alíquotas de importação para proteger alguns produtos. Durante a entrevista coletiva de terça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou seu apoio à política do Banco Central. Ele deixou claro que o câmbio continuará flutuante e vai se ajustar na medida em que houver importação de bens de capital, e os juros vão continuar sendo reduzidos. ´Não tem milagres. O governo fará a sua parte, mas não há mágica.´ Sob o olhar discreto do BC e com uma infinidade de boas notícias vindas do mercado internacional, especialmente dos Estados Unidos, a moeda despencou. Fechou a terça com queda de 1,34%, cotada em R$ 1,982, no menor nível desde janeiro de 2001. O que causou surpresa no mercado foi a tímida atuação do BC para conter o forte recuo da moeda num dia carregado de notícias favoráveis. No início da manhã, quando o dólar já abriu em queda, o BC apenas observou o mercado. Só por volta das 15 horas, o banco fez o tradicional leilão de compra de moeda, quando adquiriu cerca de US$ 425 milhões. ´O BC foi burocrático para conter o dólar, o que deixou o mercado meio perdido´, afirmou o gerente de câmbio do Banco Prosper, Jorge Knauer. A expectativa é que o dólar continue oscilando em torno dos R$ 2, com forte inclinação para baixo. Na avaliação do economista do Santander Banespa, Mauricio Molan, a moeda americana deve terminar o ano em R$ 1,90. Os cálculos, diz ele, estão baseados em fatores estruturais, como o robusto crescimento global, que eleva as exportações brasileiras, alta dos preços das commodities, melhora dos fundamentos econômicos internos e a desvalorização mundial do dólar ante outras moedas. ´Como todos esses fatores não têm dado sinais de mudança, a tendência do dólar é continuar recuando, mesmo com atuações do BC.´ (Com Renée Pereira), O Estadão.