A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br
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terça-feira, setembro 24, 2013
TREM PAGADOR?
Trabalho de comissão que apura caso Siemens vai para site, diz Alckmin
Após queixas de falta de transparência, governador de SP promete divulgar atas de grupo que segue o caso
Corregedoria vai apurar ligação de servidor com lobista
Comissão cobra mais transparência do governo Alckmin no caso Siemens
Relembre: Processo sobre cartel pode ser aberto ainda em 2013
terça-feira, agosto 06, 2013
A NOVA VERSÃO DO ''TREM PAGADOR'' (ficção)
06/08/2013 | |
segunda-feira, agosto 05, 2013
TREM FANTASMA
05/08/2013 | |
sexta-feira, julho 05, 2013
''DÁ NADA, NÃO!!!'' (expressão popular e/ou ''Vox populi'')
05/07/2013 | |
quinta-feira, junho 06, 2013
ASAS DE ÍCARO
Azul e Trip recebem multa de R$ 3,5 milhões
Autor(es): Por Thiago Resende | De Brasília |
Valor Econômico - 06/06/2013 |
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) multou em R$ 3,5 milhões as empresas Azul e Trip por informações enganosas no momento da notificação da fusão entre as companhias aéreas.
Segundo o processo, as companhias aéreas não informaram sobre o code share (compartilhamento de voos) entre Trip e TAM, que depois foi um dos pontos de restrição para que o Cade aprovasse a fusão entre Azul e Trip.
De início, as companhias aéreas alegaram que o acordo entre Trip e TAM "não chegou a se concretizar", lembrou o conselheiro Ricardo Ruiz, relator do auto de infração. Apenas depois de pedidos de informações feitos pelo órgão antitruste que as companhias confirmaram a existência do acordo, "reconhecendo a inveracidade da informação prestada no momento da notificação" da operação.
Ruiz considerou o erro como altamente grave. "A informação falsa poderia levar a uma avaliação inadequada", disse. Ele frisou ainda que o compartilhamento de voos era de "tamanha importância" para analisar os efeitos concorrenciais da fusão Azul/Trip que o Cade determinou a extinção do code share entre Trip e TAM. "Dada a existência do acordo, a operação se tornou ainda mais complexa", ressaltou o relator.
"A informação enganosa impactava diretamente na restrição que o Cade fez", reforçou o presidente do Cade, Vinicius Carvalho, que considerou adequado o valor da multa.
Em comunicado, a Azul informou ontem que "respeita a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o auto de infração que versa sobre matéria estritamente processual e em nada afeta a integridade da aprovação da operação Azul-Trip pelo órgão. A Azul aguardará a publicação da decisão para analisar seu conteúdo e definir o melhor encaminhamento."
Terceira maior companhia aérea do Brasil, a Azul se prepara uma oferta pública inicial de ações (IPO) para aumentar a frota e as rotas oferecidas, quitar empréstimos, pagar o arrendamento de aeronaves e reforçar seu capital de giro. (Colaborou João José Oliveira, de São Paulo)
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terça-feira, maio 28, 2013
ITAMBÉ-VIGOR. FUSÕES E AQUISIÇÕES
Cade aprova aquisição de 50% da Itambé pela Vigor
Autor(es): Por Thiago Resende | De Brasília |
Valor Econômico - 28/05/2013 |
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem, sem restrições, a compra de 50% do capital social da Itambé pela Vigor. Conforme anunciado em fevereiro, a Vigor, que é controlada pela holding J&F - a mesma que controla a JBS - pagará cerca de R$ 410 milhões pela participação.
A Itambé pertence à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) e foi a terceira maior captadora de leite do país em 2012. A Vigor foi a 12ª empresa no mesmo ranking. Além de produzirem leite, ambas atuam no mercado de lácteos com produtos como iogurtes e margarinas, entre outros.
Apesar de transitarem no mesmo mercado, o órgão antitruste considerou que o segmento é pulverizado e que há rivalidade suficiente para amenizar eventuais problemas concorrenciais causados pela operação.
O processo foi analisado pela nova lei de defesa da concorrência e agora, com a anuência do Cade, as empresas poderão realizar a operação. O sinal verde foi dado em despacho da Superintendência-Geral do órgão publicado ontem no "Diário Oficial da União" e, portanto, o caso não precisará passar por julgamento em plenário do Cade.
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terça-feira, abril 09, 2013
TELEFONIA CELULAR/CHIP: O ENGODO
09/04/2013 | |
A batalha para ser o chip número 1
Por De São Paulo
As operadoras de serviços móveis entraram em uma batalha para conquistar a posição do chip número 1 no celular do consumidor.
"Queremos, se possível, ser a primeira e única opção do cliente que tem dois chips", diz Marcio Fabbris, diretor de marketing da Vivo. Mas Fabbris não é o único com esse sonho. "O cliente vai usar primeiro o chip que for mais barato para ligações intrarrede. Mas, se não tiver uma comunidade dentro daquela operadora, não adianta. Por isso, tem uma guerra de tarifas", afirma o diretor de fidelização e inteligência da Claro, Fábio Croitor. "Damos uma mãozinha para o cliente formar sua comunidade."
A "mãozinha" se traduz em bônus, tarifas reduzidas, falar ilimitado na área do DDD 11, cadastro de número favorito para ligações gratuitas e outros incentivos. Segundo Croitor, 10 milhões de clientes já se cadastraram e têm um favorito, o que representa um quinto da base pré-paga da empresa. A participação da operadora no mercado pré-pago cresceu um ponto percentual de maio de 2012 a janeiro de 2013, disse o executivo, o que ele considera significativo, pois "nesse mercado se luta por casas decimais".
A tarifa da Claro é de R$ 0,16 ou R$ 0,21 por chamada, dependendo da região. Do fim de 2011 a dezembro de 2012, quando a tarifa caiu de R$ 0,25 para R$ 0,21, o volume médio de minutos por cliente dentro da rede cresceu 36%, disse Croitor.
Dona do maior "clube de usuário", a Telefônica/Vivo quer atrair mais pessoas para sua comunidade. "Nossa rede 3G está presente em 2,1 mil municípios, o que ninguém mais tem", afirma o diretor-executivo de mercado individual nacional, Christian Gebara. Há vários planos de promoções para tráfego dentro da rede fixa e móvel, com opções para clientes pré e pós-pagos. A estratégia tenta envolver também clientes dos concorrentes, que podem entrar na lista de favoritos de usuários da Vivo, por uma promoção de fidelidade.
Quando o cliente do pós-pago vê a conta, sabe se está ligando muito para clientes de outras operadoras e procura atraí-los para sua rede, diz Gebara: "Convencendo mais pessoas a serem Vivo, nosso clube está aumentando."
O tráfego de voz da Vivo cresceu 19,7% no quarto trimestre do ano passado, para 29,4 bilhões de minutos, impulsionado pelo aumento do tráfego intrarrede local e de longa distância, segundo a empresa.
Na Oi, ter um mix de serviços na mesma empresa favorece o modelo convergente, segundo Eduardo Aspesi, diretor de segmentos de varejo. O executivo diz que 70% do tráfego é dentro da rede. Do total das ligações, 70% são entre celulares da Oi e 13% para um número fixo da tele em sua área de atuação nacional, fora São Paulo. No pós-pago, 50% das chamadas são para outro número na rede, 25% para outro fixo da Oi e 25% para teles concorrentes.
Por meio de nota, a TIM informou que tem mais de 70 milhões de clientes que falam de forma ilimitada entre si, pagando valor fixo por chamada ou por mês. A empresa informou ter alcançado um volume recorde de 150 minutos por usuário no fim de 2012, 14,5% a mais que em 2011.
A receita por usuário caiu para a maioria das teles, mas Aspesi diz que na Oi foi possível compensar as cifras, equilibrando os itens da cesta de serviços. "Tem clube que só tem cadeira para sentar. O nosso tem colchão de água e balanço. É mais um parque de diversões", brinca. (IS)
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terça-feira, março 26, 2013
... TUDO EM FAMÍLIA
26/03/2013 | |
Família Klein discorda de acordo no Cade
A família Klein e o Grupo Pão de Açúcar, sócios na empresa Via Varejo, negociam um acordo para fazer avançar a aprovação do processo de fusão de Casas Bahia e Ponto Frio. A operação ainda precisa ser aprovada no Cade e depende de um entendimento - que anda difícil - entre os acionistas.
O Valor apurou que os Klein decidiram não assinar a minuta de proposta que será apresentada ao Cade. Os sócios deixaram isso claro em reunião do conselho da Via Varejo, na semana passada. Ontem à tarde, Enéas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar, e Michael Klein, presidente do conselho de administração da Via Varejo (criada com a união das duas redes), se reuniram em Brasília, na sede do Cade, para tratar do assunto. Klein disse que não aceita um dos pontos da proposta, que prevê a manutenção de todas as lojas da rede Extra em detrimento da Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio), que pode ter 60 unidades fechadas.
Klein propõe ao GPA operar negócio de eletro da rede Extra
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Em carta ao comando do Pão de Açúcar, Michael Klein acusa o grupo de procurar "impor a sua vontade de forma truculenta e com base em ameaças ocas".
A família Klein e o Grupo Pão de Açúcar (GPA), sócios na empresa Via Varejo, negociam um acordo para que consigam avançar na aprovação do processo de fusão das redes Casas Bahia e Ponto Frio. A operação ainda precisa ser aprovada no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e depende de um entendimento, que não existe entre os acionistas hoje. O Valor apurou que os Klein decidiram não assinar o documento final das propostas a serem apresentadas ao Cade. Os sócios deixaram clara a oposição em reunião do conselho de administração da Via Varejo, na sexta-feira passada. O clima entre os acionistas azedou e eles chegaram a trocar correspondências em tom pesado nos últimos dias.
Ontem à tarde, Enéas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar, e Michael Klein, presidente do conselho de administração da Via Varejo (criada com a união das duas redes de lojas de eletroeletrônicos), se reuniram em Brasília, na sede do Cade, para tratar do assunto.
Os Klein e o grupo negociam aspectos da proposta há meses. Na reunião, Michael disse que não aceitaria especificamente um ponto do acordo negociado entre a família Klein, o GPA e o Cade. Trata-se do fechamento de lojas das redes Casas Bahia e Ponto Frio e a manutenção dos pontos da rede Extra, que vende eletroeletrônicos em suas unidades.
Os Klein não aceitam que Via Varejo tenha que fechar lojas (ou passá-las para a concorrência) enquanto, dizem eles, se "preservam" os negócios de GPA, sem qualquer efeito sobre a rede Extra. Por isso, no encontro entre as partes ontem, Michael fez uma proposta: em todas as cidades onde uma loja de Casas Bahia ou Ponto Frio for fechada, a unidade do Extra do mesmo município passará a ter eletroeletrônicos vendidos pela Via Varejo. Ou seja, a receita com a venda desses produtos irá para o caixa da varejista de eletroeletrônicos. Hoje, esse valor entra na receita de hipermercados do GPA.
Pelo negociado até agora, cerca de 60 lojas de Casas Bahia e Ponto Frio podem ser fechadas em cidades em que a participação de mercado de Via Varejo supera 57%, taxa determinada pelo Cade como "corte" na análise de concorrência, apurou o Valor. O que os Klein querem, entende o Pão de Açúcar, é uma espécie de "compensação financeira", já que terão os pontos fechados.
O Valor apurou que Enéas Pestana concordou ontem em analisar a proposta apresentada por Michael e não a considera "absurda", mas o grupo não sabia dessa ideia do sócio e precisa tratar da questão no conselho. O Cade deve aguardar esse entendimento para que o tema da fusão das redes seja colocado na pauta de votação. Há acordo em relação a todos os outros pontos que farão parte do Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), com as restrições definidas pelo Cade.
Nos últimos dias, a relação entre os Klein e o Pão de Açúcar voltou a piorar. Depois de tomar conhecimento, na semana passada, que os Klein não aceitavam assinar a proposta de acordo, o grupo enviou uma carta ao acionista criticando o posicionamento. Afirmou que estava "surpreso" com a postura dos Klein e afirmou que eles estavam sobrepondo os interesses da família aos interesses da empresa. Na carta, o grupo critica os Klein, que não estariam participando de forma ativa, com o fornecimento de dados e informações, e que isso estaria afetando o avanço das conversas. Ao fim da carta, o grupo ameaça entrar com processo contra a família na câmara de arbitragem, caso os Klein não mostrem interesse em negociar pelo bem da empresa.
Na noite de domingo, os Klein responderam à correspondência, em 26 pontos. Disseram que a companhia procura "impor a sua vontade de forma truculenta e com base em ameaças ocas". Afirmam ainda que eles se empenharam para ter a operação aprovada nos termos contratados, já o GPA "abandonou a luta pela aprovação integral [do acordo] e passou a procurar restrições que não são distribuídas equitativamente entre as partes".
Segundo a carta dos Klein, "é bem melhor para CBD [GPA] preservar lucros na sua companhia, ainda que às expensas de perdas em outra da qual só participa em cerca de 52% do capital". Os Klein ainda informam que esperam uma negociação amigável e caso ela não ocorra em 30 dias, a partir do último domingo (data do envio da carta) eles apoiam a abertura de um processo arbitral.
É pouco provável que se chegue a esse ponto. O Pão de Açúcar entende que é preciso alcançar um consenso o mais rápido possível, que a aprovação da fusão das redes já se estendeu demais - e os Klein pensam o mesmo. É possível que as partes se entendam nas próximas semanas, segundo fontes ouvidas.
Não é a primeira vez que os sócios se desentendem. Em fevereiro, os Klein ameaçaram entrar com processo arbitral contra o GPA por causa das condições do acordo de associação assinado pelas partes em 2010.
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terça-feira, março 05, 2013
UM NOVO JEITO DE VOAR
05/03/2013 | |
Quanto TAM e Gol vão perder
Por Daniel Rittner | De Brasília
As novas regras que o governo propôs para redistribuir "slots" (horários de pousos e decolagens) em Congonhas devem reduzir a presença da TAM e da Gol no aeroporto. Simulações das empresas aéreas e de especialistas do setor indicam que cada uma tende a perder de 16 a 18 slots por dia. Hoje, a TAM (incluindo a controlada Pantanal) e a Gol têm 232 e 212 autorizações diárias, em média. Juntas, elas somam 94% dos slots disponíveis para a aviação comercial.
Não é só isso: a oferta poderá ser reduzida em cerca de 500 mil assentos por ano em Congonhas. O aeroporto recebeu 16,7 milhões de passageiros em 2012, volume só inferior ao de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ).
O raciocínio é simples. TAM e Gol usam, em Congonhas, aeronaves para 174 passageiros (o A320 da Airbus) e 187 passageiros (o 737-800 da Boeing). A Azul/Trip, provável maior beneficiada pela mudança de regras na distribuição de slots, opera com aeronaves da Embraer (de 106 a 118 assentos) e da ATR (entre 48 a 70 passageiros).
"Haverá uma redução da quantidade de assentos ofertados", diz o professor Elton Fernandes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que prevê um enxugamento de 3% a 7%. "O aeroporto perderá receita e os passageiros deixarão de ter oportunidades de conexão.
Congonhas não tem a vocação de aeroporto regional."
Enquanto as regras anunciadas pela Anac - e ainda em consulta pública - são gerais, critérios específicos valerão para Congonhas.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, afirma que a entidade não é contra uma revisão das normas para os slots no aeroporto paulistano. Mas sugeriu iniciar as discussões pela ampliação do número de movimentos autorizados por hora. Eram 48, mas diminuíram progressivamente até 34 após o acidente com o voo 3054 da TAM, em julho de 2007, que teve 199 vítimas fatais.
"Congonhas tem espaço para crescer, respeitando as condições de segurança", diz Jorge Leal de Medeiros, professor da Escola Politécnica da USP. Ele prevê que TAM e Gol vão perder cada uma, mantidas as atuais configurações de malha aérea, pelo menos 100 slots semanais. Se houver ampliação das operações, novos concorrentes poderão entrar no aeroporto sem que haja redução da oferta pelas duas maiores empresas do mercado, segundo Leal.
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VOAR, VOAR/ SUBIR, SUBIR...
05/03/2013 | |
Cade pedirá fim de "code share" para Trip e TAM
Por Juliano Basile | De Brasília
Para aprovar a associação entre Trip e Azul, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve determinar o fim do acordo de compartilhamento de voos ("code share") entre Trip e TAM. A restrição foi sugerida pela Superintendência-Geral do órgão antitruste e deve ser seguida pelos conselheiros no julgamento que está marcado para amanhã.
Segundo o Valor apurou, representantes das empresas já teriam concordado em desfazer o compartilhamento de voos entre Trip e TAM. A associação entre Azul e Trip aéreas foi realizada em 28 de maio de 2012, data próxima ao prazo final para que as operações pudessem ser notificadas ao Cade pela antiga Lei de Defesa da Concorrência (Lei nº 8.884, de 1994).
Pela antiga lei, as companhias podiam, primeiro, fazer a fusão e, depois, notificar o Cade à espera da aprovação. Dezenas de empresas fizeram a notificação de fusões e aquisições no fim de maio para aproveitar os últimos dias em vigência da antiga lei e garantir, na prática, a realização de seus negócios antes da aprovação prévia do órgão antitruste.
O negócio entre Trip e Azul resultou na criação da terceira maior empresa do setor aéreo nacional, atrás de TAM e Gol.
A Superintendência só foi informada de que havia um acordo de "code share" entre TAM e Trip em setembro de 2012. Inicialmente, as empresas alegaram que fizeram tratativas para fazer o acordo, mas que o mesmo ainda não havia se concretizado. Depois, admitiram o "code share". A Superintendência considerou "grave" a omissão do acordo às autoridades.
"Trata-se, sem dúvida, de conduta grave, uma vez que a informação falsa inicialmente apresentada poderia induzir as autoridades a informação equivocada ao desconsiderar elemento crucial para a análise antitruste: a existência de acordo de compartilhamento de voos entre uma das requerentes (a Trip) e uma das duas empresas líderes no mercado de aviação civil brasileiro (TAM)", diz o parecer assinado pelo superintendente-geral do Cade, Carlos Ragazzo.
Por causa da omissão dessa informação, a Trip pode ser multada pelo Cade em valor ainda a ser definido.
No entendimento do Cade, os acordos de "code share" podem prejudicar a competição no setor, pois levam as empresas a ter menos interesse em explorar novas rotas e aumenta a possibilidade de coordenação de frequência de voos e tarifas entre distintas empresas. "A probabilidade de que possam produzir efeitos anticompetitivos não deve ser negligenciada", continua o parecer. Segundo a Superintendência, com a associação entre Azul e Trip, "a manutenção de tal acordo poderia desestimular a concorrência no setor aéreo".
Por outro lado, a união dessas duas companhias resultaria numa concentração calculada em até 14% pelo Cade. É bem menos do que o percentual da TAM e da Gol, que estaria em torno de 40%, segundo os estudos feitos pelo órgão antitruste.
"O presente ato de concentração (associação entre Trip e Azul) representa o crescimento de uma concorrente menor, que, com essa operação, pode ter mais condições de concorrer com as líderes, ofertando, entre outros benefícios, malha ampla e interligada, com grande inserção regional", concluiu a Superintendência do Cade.
Na quarta-feira, os conselheiros ainda devem discutir um prazo para que o "code share" entre Trip e TAM seja desfeito. Para a Superintendência, o acordo de compartilhamento de voos deveria ser extinto em dois anos. Agora, caberá ao conselho definir se vai seguir esse prazo ou se vai impor outro.
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terça-feira, outubro 30, 2012
TELEFONIA CELULAR: ''ALÔ, ALÔ! RESPONDA COM TODA SINCERIDADE.." *
Aumentar a concorrência para beneficiar consumidor
Autor(es): Gesner Oliveira |
Valor Econômico - 30/10/2012 |
O Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) é uma janela de oportunidade para reduzir o custo de ligação para celular e melhorar a qualidade do serviço de telefonia no Brasil.
A chave para baratear o celular está no estímulo à concorrência, que passa necessariamente pela queda das tarifas de interconexão, em discussão no plano. Essa tarifa corresponde a um valor que o usuário paga, embutido no preço final, quando liga da rede de uma operadora para falar com alguém que é cliente de outra operadora. A título de exemplo, hoje essa tarifa no Brasil é sete vezes mais cara do que na Itália; 6,2 vezes do que no México; 5,3 vezes do que na Espanha e Alemanha; 9,7 vezes do que no Reino Unido; e 18,5 vezes mais cara do que na França.
Com a tarifa tão elevada, o custo final da ligação no Brasil é muito alto, e, consequentemente, o uso do serviço móvel é baixo. No México, por exemplo, a média de minutos utilizados em ligações por assinante por mês (185 minutos) é 70% superior à do Brasil (109 minutos). Nos Estados Unidos essa média é de 950 minutos por assinante por mês.
As elevadas tarifas de interconexão são forte barreira de entrada para potenciais novos competidores.
Além da baixa utilização, o mercado de telefonia móvel é marcado por uma forte distorção: o custo da ligação é cerca de seis vezes maior quando o usuário chama uma operadora diferente daquela do chip que possui. Isso ocorre, em grande medida, porque em ligações entre clientes de uma mesma operadora não há pagamento pela interconexão.
Essa é uma distorção grave, pois mostra que em vez de integrar as redes, o sistema brasileiro as desintegra! As ligações entre usuários da mesma operadora representam hoje algo em torno de 85% do total de ligações entre celulares no Brasil. A solução adotada pelos consumidores para driblar os custos exagerados de interconexão passa pela aquisição de chips de diferentes operadoras para tentar realizar o máximo possível de ligações para números da mesma operadora. Trata-se de distorção absurda. Nada disso ocorre nos países onde os preços de interconexão são mais baixos e, consequentemente, também as ligações.
As elevadas tarifas de interconexão, mantidas pelas grandes operadoras, são forte barreira de entrada para potenciais competidores. A entrada de novas empresas promove a concorrência e melhora a qualidade para os usuários, como demonstra a experiência internacional. É preciso uma ação do regulador para enfrentar esse problema.
A Anatel já sinalizou uma redução dos preços de interconexão, o que é positivo, porém insuficiente para promover a competição. Novamente a título de exemplo, a redução proposta no Brasil no período de três anos é de 27%, sendo que na Itália já houve a redução de 69%, no México, de 68%, na Espanha, 57% e na França, de 80%, sempre no período de três anos.
Assim, é extremamente necessária e correta a definição, proposta pela Anatel no PGMC, de uma assimetria regulatória que diminua a cobrança de interconexão para empresas entrantes. Essa assimetria na forma de Bill & Keep (BAK) - um sistema em que não há pagamento de tarifas de interconexão entre as operadoras - é de fato a melhor alternativa neste momento. Uma ação simples, mas com grande efeito para a concorrência desse mercado.
A Anatel adotou com sucesso essa modalidade de 2000 a 2006, o que viabilizou o crescimento das então novas operadoras celulares para efetiva competição com as antigas empresas estatais. Tal desconto pode ser novamente adotado para possibilitar que novas e pequenas operadoras tenham capacidade de competir com as gigantes do setor. A adoção do BAK possibilitará desde logo benefícios para o consumidor, que deverá poder falar mais e mais barato e ser atendido por novas operadoras que terão como crescer e se estabelecer neste mercado. O BAK é atualmente utilizado com sucesso em países como os Estados Unidos, Canadá, Cingapura e China.
É possível destacar cinco vantagens da adoção do BAK. Em primeiro lugar, tal metodologia promove competição já que favorece a entrada de novas operadoras no mercado. No Brasil, esse efeito seria especialmente positivo para as pequenas operadoras que já estão no mercado, para aquelas que pretendem entrar e para as operadoras móveis virtuais, também conhecidas como MVNOs.
Em segundo lugar, como consequência da entrada de novas operadoras, há grande benefício para o consumidor, pois haverá disponibilização de serviços mais adequados às diferentes necessidades de cada um. O desenvolvimento de soluções que melhoram a competitividade desses setores tem como consequência o aumento da produtividade geral da economia.
Em terceiro lugar, diminui a distorção decorrente dos chamados clubes, em que há ligações somente para usuários da mesma operadora. A redução dos custos com interconexão permite o crescimento das chamadas para usuários de todas as operadoras e para telefones fixos, com maior integração dos sistemas de telecomunicação. Trata-se de solução eficiente e que utiliza da melhor forma a infraestrutura existente.
Em quarto lugar, há um estímulo para que as empresas aumentem a eficiência. O BAK é a forma mais simples de precificação. Como não há cobrança, não há necessidade de medir o tráfego e, portanto, economizam-se recursos. Além disso, como o BAK não exige compensação pela interconexão, os operadores de destino têm fortes incentivos para reduzir os custos incorridos em prover a interconexão.
Em quinto lugar, a adoção do BAK para as operadoras menores não provoca desequilíbrio econômico-financeiro nas grandes operadoras. Isso porque a receita que as grandes operadoras obtêm de interconexão das pequenas é pouco representativa em seu resultado agregado. A experiência em outros países em que ocorreu redução da tarifa de interconexão, como México e França, corrobora essa afirmação.
A adoção do desconto total nas tarifas de interconexão (BAK) para as empresas menores traz ganhos para a economia, que será mais produtiva e, especialmente, para o consumidor, que terá mais opções de escolha.
Gesner Oliveira é ex-presidente do Cade
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(*) mpb.
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terça-feira, outubro 09, 2012
PLANOS DE SAÚDE: NEGÓCIOS À MIL
UnitedHealth, dos EUA, compra a Amil em operação de R$ 9,92 bilhões
Autor(es): MARINA GAZZONI, LÍLIAN CUNHA |
O Estado de S. Paulo - 09/10/2012 |
Saúde.
Pelo acordo, americanos pagarão R$ 6,5 bilhões aos controladores do grupo brasileiro, e o restante será destinado aos acionistas minoritários, para fechar o capital da empresa; atuais donos da Amil continuarão com uma fatia de 10% da companhia
A americana UnitedHealth Group (UHG)anunciou ontem a compra da operadora de planos de saúde Amil, em um negócio que pode chegar a R$ 9,92 bilhões. A empresa vai pagar R$ 6,5 bilhões pelos 58,9% que estão nas mãos dos controladoras da companhia: o fundador Edson Bueno e sua sócia e ex-esposa, Dulce Pugliese. O restante será pago aos acionistas minoritários por meio de uma oferta pública de aquisição de ações, que resultará no fechamento de capital da empresa.
Após o operação, a UnitedHealth será dona de 90% da Amil. Os antigos controladores continuarão a deter 10% da empresa por pelo menos cinco anos. Bueno permanecerá nesse período como presidente da Amil, mas com a missão de preparar um sucessor. Ele comprou 0,9% das ações da UHG por US$ 470 milhões e se tornou seu maior acionista individual. Também será um dos dez conselheiros do grupo americano - o único estrangeiro.
A Amil faturou R$ 9,27 bilhões em 2011 e soma 5,9 milhões de beneficiários de seus planos. Esses números colocam a empresa na liderança do mercado brasileiro de planos de saúde, com cerca de 10% de participação, mas bem abaixo dos resultados de sua nova acionista. A UnitedHealth fechou o ano passado com cerca de 75 milhões de clientes no mundo todo e uma receita de US$ 102 bilhões.
Bueno afirmou que nada muda para o cliente da Amil imediatamente, mas que a companhia receberá tecnologia e conhecimento da nova acionista. "A entrada da UnitedHealth vai dar um "upgrade" na Amil. Em três anos, seremos uma empresa com outra cara, muito melhor", disse Bueno.
"A United é uma empresa muito informatizada e vai tentar implantar esse sistema aqui", disse um consultor do mercado de saúde, que preferiu não se identificar. "Nos Estados Unidos, ninguém assina papelada ou precisa de guias. É tudo online, como é comprar com cartão de crédito. O desafio da empresa vai ser implantar esse sistema aqui."
Negócio. A UnitedHealth já fez mais de 140 aquisições. A da Amil é a maior já feita fora dos Estados Unidos e a segunda mundialmente - só perde para a compra da californiana PacifiCare, por US$ 9 bilhões, em 2005.
Em apresentação a investidores, a companhia americana justificou a compra da Amil pelas grandes oportunidades que vê no mercado brasileiro. Hoje, cerca de 25% da população tem plano de saúde, índice que é de 78% nos Estados Unidos. A UnitedHealth também apontou que, no Brasil, há "significantes oportunidades de consolidação no mercado": há aqui cerca de 1,6 mil operadoras de planos de saúde, 3,6 vezes mais do que nos Estados Unidos.
"Um das coisas que a UHG vai fazer é entrar com força com o sistema de coparticipação", afirmou Bueno. Pelo sistema, o cliente paga à parte uma porcentagem do custo dos serviços que usa. "Tentamos fazer isso, mas não deu certo. Mas essa é a melhor maneira de reduzir custo. Está cheio de aposentados e hipocondríacos que não têm o que fazer e vão ao centro médico, tomar café e passar por consulta", disse ele, em teleconferência com analistas.
Hospitais. A negociação entre as duas empresas começou há três anos, quando o diretor de relações com investidores da Amil, Erwin Kleuser, foi procurado por representantes da UHG. A conclusão do negócio ainda depende da aprovação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do fechamento de capital. A estimativa da Amil é fazer a oferta pública no primeiro trimestre de 2013.
Investidores brasileiros e americanos receberam bem a operação - a ação da Amil disparou 15,26% e a da UnitedHealth fechou com leve alta, de 0,82%.
Na a coletiva de imprensa, Bueno foi indagado sobre a possibilidade de o negócio esbarrar nas restrições ao capital estrangeiro em hospitais brasileiros, uma vez que a compra inclui 22 centros médicos da Amil. A lei permite que planos de saúde tenham sócios estrangeiros, mas veta a operação de hospitais por estrangeiras. "Perguntamos isso à Advocacia Geral da União na época da abertura de capital, em 2007, e tivemos parecer favorável", disse Kleuser. A Advocacia Geral da União e a ANS enviaram ao Estado comunicados confirmando o entendimento.
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quinta-feira, julho 05, 2012
OLIGOPÓLIOS, TRUSTE E CARTEL
Cade aprova compra da Cimpor pela Camargo Corrêa
Autor(es): CÉLIA FROUFE , EDUARDO RODRIGUES |
O Estado de S. Paulo - 05/07/2012 |
Condição foi saída da Votorantim do capital da cimenteira; empresa trocou ações da Cimpor por ativos no exterior
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem a compra do controle da cimenteira portuguesa Cimpor pela Camargo Corrêa desde que a Votorantim saia do capital da companhia no Brasil. Dessa forma, o órgão antitruste rejeitou a participação da Votorantim na empresa no País.
Em 2010, Camargo Corrêa e Votorantim compraram uma fatia de 54% na Cimpor. As empresas fizeram uma reorganização societária no fim do mês passado que na prática excluirá a Votorantim dos ativos da Cimpor no Brasil. Para sair do capital da companhia, a Votorantim passará a controlar ativos da empresa em outros sete países. Desta forma, haverá uma separação entre as duas empresas como acionistas da mesma companhia, que era o principal alvo de preocupação do Cade.
O órgão antitruste aceitou a saída por completo da Votorantim dos ativos da Cimpor em território nacional. A Votorantim é líder na produção de cimentos no Brasil e, com a Cimpor, a Camargo Corrêa passa a ser a segunda do setor. Segundo o conselheiro Alessandro Octaviani, relator do processo, a Votorantim não poderá mais crescer no mercado brasileiro via aquisições. "Todo o crescimento do grupo nesse mercado terá que ser orgânico, por meio de investimentos próprios", disse.
O Cade também exigiu que a Camargo Corrêa se desfaça de ativos da cadeia de produção de cimento no Estado de São Paulo e invista em pesquisa no setor para poder assumir o controle da Cimpor. "É a primeira vez que se coloca uma obrigação nesse sentido (investimento em inovação) com esse grau de sistematização, num caso concreto, e com acordo entre as partes", destacou Octaviani.
Intervenção. Incomodado com a concentração do setor e com as repercussões para a economia brasileira, o Cade anunciou ontem que pretende intervir no mercado de cimentos brasileiro. Já está nas mãos do órgão antitruste o resultado da investigação de cartel do setor feito pela então Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, que agora foi acoplada ao Cade.
"Seria interessante termos uma intervenção estrutural para lidar com os graves problemas concorrenciais do setor", disse o conselheiro Ricardo Ruiz. Respondendo ao advogado da Camargo Corrêa, Lauro Celidônio, que avaliou a operação com a cimenteira portuguesa Cimpor como primordial para a competição no País ao criar um "vice-campeão nacional" no setor, Ruiz reforçou que o setor precisa ser "revisitado".
Além disso, enfatizou que o caso julgado ontem até poderia estar solucionado, mas que os problemas na área das cimenteiras ainda não estão. "Não adianta termos um campeão e um vice-campeão se isso resultar no fim do campeonato", disse.
Essa promessa de uma radiografia do setor de cimentos não é nova. Quando estava debruçado sobre a movimentação no mercado de fusões e aquisições no segmento de concreteiras, o Cade também decidiu fazer uma análise mais profunda sobre a área.
O motivo é o importância do segmento para as obras de infraestrutura do País e para o mercado imobiliário.
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sexta-feira, junho 22, 2012
COM AÇÚCAR, SEM AFETO
NAOURI, O NOVO DONO DO PÃO DE AÇÚCAR
QUEM É E O QUE PENSA O EMPRESÁRIO FRANCO-ARGELINO JEAN-CHARLES NAOURI, QUE ASSUME O CONTROLE DA MAIOR REDE DE VAREJO BRASILEIRA, EM 22 DE JUNHO. |
Autor(es): Ralphe MANZONI Jr. |
Isto é Dinheiro - 18/06/2012 |
Foram 2.607 dias, ou longos sete anos, um mês e 18 dias. Uma trajetória que começou em 4 de maio de 2005, quando o empresário Jean-Charles Naouri, presidente da rede varejista francesa Casino, assinou um cheque de US$ 900 milhões, o equivalente a R$ 2 bilhões na época, elevando sua participação para 50% no Grupo Pão de Açúcar (GPA), do empresário Abilio Diniz. Na sexta-feira, 22 de junho, Naouri, 63 anos, deve virar uma página do varejo brasileiro e, provavelmente, da história da família Diniz, que controlou a empresa fundada pelo imigrante português Valentim dos Santos Diniz, pai de Abilio, desde 1948.
Se tudo ocorrer conforme o enredo previsto – e nada indica, até agora, que isso deva ser alterado – Naouri, ou seu representante legal, chegará às 9 horas, à sede do Grupo Pão de Açúcar, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. Nessa ocasião, Naouri será eleito o presidente do conselho da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar, no lugar de Diniz. Duas horas mais tarde, os conselheiros da Wilkes terão uma reunião, a primeira desde que a holding foi criada, em 2006. Logo após o almoço, às 14 horas, é a vez do conselho do Pão de Açúcar se reunir. O encontro nomeará três novos conselheiros – Eleazar de Carvalho Filho (ex-Unibanco, UBS e BNDES), Luiz Augusto de Castro Neves (ex-embaixador) e Roberto Lima (ex-Vivo e Credicard).
Com essa nova composição, o Casino passará a contar com oito conselheiros no board da rede varejista. Diniz ficará com três e manterá o cargo de presidente. Outros quatro serão independentes. Esse é o rito que marcará a transição de controle do Grupo Pão de Açúcar, a maior rede varejista brasileira, que fatura R$ 52,6 bilhões e emprega 149 mil pessoas. Há ainda outras formalidades a ser cumpridas. A principal delas é a venda, por Diniz, de um lote de um milhão de ações ordinárias do GPA, o equivalente a 2,4% do capital da Wilkes. O empresário brasileiro tem dois meses para concluir essa operação, mas deverá finalizá-la logo na semana seguinte à reunião do conselho do Pão de Açúcar.
Se não o fizer, o Casino tem o direito de comprar uma ação por R$ 1. Para pessoas próximas, Diniz tem dito que honrará o contrato assinado com Naouri, em 2005. Nos bastidores, no entanto, advogados estudam medidas preventivas, na Justiça, para proteger a companhia – nenhuma delas, no entanto, deverá impedir que o Casino seja o controlador da companhia brasileira, segundo fontes ouvidas por DINHEIRO. A transferência de controle, no entanto, não encerra uma disputa ruidosa e cheia de mágoas entre Diniz e Naouri, que tiveram uma relação harmônica por pelo menos 12 anos. A sociedade começou em 1999, quando o Casino comprou uma participação minoritária do Pão de Açúcar por R$ 1,5 bilhão.
Seis anos depois, a rede francesa elevou sua fatia na companhia brasileira, um acordo foi saudado com grande euforia pelas duas partes na ocasião. Segundo as cláusulas do contrato, os dois teriam um controle compartilhado até 2012, apesar de Diniz manter apenas 21% do capital do grupo. "O que eles estão comprando é o meu passe", afirmou Diniz, em uma entrevista, na época. O empresário brasileiro tinha total autonomia na gestão e nas estratégias de aquisição do Pão de Açúcar. Os bons resultados credenciaram essa parceria franco-brasileira. Tanto que o valor de mercado da empresa passou de R$ 5,6 bilhões, em maio de 2005, para R$ 23,5 bilhões, em maio deste ano.
Abilio Diniz: ele passará o controle ao Casino, mas seus advogados
estudam medidas preventivas para proteger a empresa.
Hoje, está na casa de R$ 19,6 bilhões. O clima amistoso entre ambos, no entanto, desmoronou em junho do ano passado, quando Diniz anunciou a proposta de fusão com o Carrefour. O acordo foi entendido por Naouri como uma manobra para evitar que o Casino assumisse o controle da companhia em 2012. Bombardeada pelo francês, a fusão malogrou. O resto é história. Desde então, os dois empresários têm adotado uma atitude de distância e, principalmente, de desconfiança mútua. A última vez que conversaram foi em 29 de fevereiro deste ano, em Paris, no QG do Casino, no número 83 da Faubourg de Saint-Honoré, uma avenida nobre da capital francesa. Na ocasião, quase houve uma reconciliação.
Mas, logo depois, ficou claro que as feridas abertas entre os dois dificilmente seriam cicatrizadas. As negociações para uma saída de Diniz da empresa estão atualmente paradas – a proposta mais viável era ele ficar com a Viavarejo, o braço do grupo na área de eletroeletrônicos, que reúne Casas Bahia e Ponto Frio, mais uma parte em dinheiro. Há quatro semanas, Pérsio de Souza, da Estáter, que representa Diniz, e Ricardo Lacerda, da BR Partners, do lado de Naouri, não se encontram. "A impressão que dá é que eles empurraram com a barriga", diz uma fonte ligada a Diniz. Do lado do Casino, a opinião é inversa.
"O Casino não está obrigado a aceitar qualquer coisa só porque o Abilio pediu", afirma outra fonte próxima a Naouri. Acostumado a enfrentar diversas batalhas em sua trajetória como empresário – Diniz teve quedas de braço com os irmãos pelo Pão de Açúcar na década de 1980 e com a família Klein, quando comprou a Casas Bahia, em 2010 – ele, desta vez, está enfrentando um adversário incomum. Nascido na Argélia, Naouri é o primogênito de uma professora de inglês e um médico francês. Desde cedo, mostrou uma inteligência acima do normal. Aos 17 anos, foi para Paris estudar na École Normale Supérieure, um centro de excelência francês.
Sua formação inclui mestrado em matemática pela mesma escola, aos 20 anos. Mais tarde, graduou-se em administração na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. É leitor voraz de filósofos gregos, especialmente Platão, que lê no original. Sua formação de negócios o levou a assumir, em 1984, o posto de chefe do gabinete do ministro socialista da Economia e Finanças, Pierre Bérégovoy. O cargo lhe garantiu uma valiosa agenda de contatos, entre eles David Rothschild, um dos herdeiros do banco que leva seu sobrenome. Com Rothschild criou o fundo Euris, com o qual comprou em 1991, a pequena Rallye, em dificuldades financeiras na ocasião, entrando no mercado de varejo.
Na vida pessoal, Naouri é extremamente discreto. Tanto que quando nasceu seu filho do segundo casamento foi trabalhar normalmente. Só informou a equipe do nascimento da criança 15 dias depois. É visto com frequência com o seu indefectível terno preto. Não gosta de piadas e sorri com parcimônia. Seu império na França foi construído à base de negociações com empresas de origem familiar – e muita polêmica. Alguns de seus sócios ficaram para trás, como o caso dos Baud, ex-donos do Franprix e do Leader Price. Outros continuam parceiros, a exemplo dos Guichard, do Casino. Há disputas ainda não resolvidas, como com a família Moulin, fundadora da Galeries Lafayette, dona do supermercado Monoprix (saiba mais no quadro ao final da reportagem).
Naouri é reconhecido também por ser um CEO implacável e autoritário, que coloca extrema pressão sob seus comandados. Se não estão dando resultado, demite-os. Se o enfrentam, também podem perder o emprego. Foi assim com Georges Plassat, ex-presidente do Casino, em 1997, e que hoje comanda o rival Carrefour. Ele se opôs a uma proposta hostil de compra. No meio empresarial, alguns o consideram um gênio. Uma de suas qualidades é a forma minuciosa com que analisa os contratos. Dizem que é viciado em detalhes. Antes da assinatura, passa as noites examinando todas as opções. Por isso, quando há conflitos, sabe exatamente como agir. Tem fama de inflexível.
Desde que entrou em conflito com Diniz, por exemplo, ele não mudou um milímetro sua posição. "O Casino vai assumir o controle do Pão de Açúcar em 22 de junho", repetiu ele, como um mantra, a todos os interlocutores que o questionaram, inclusive em entrevista à DINHEIRO, em julho do ano passado. Para Naouri, trata-se de um direito que lhe está assegurado em contrato e que fez por merecer. "Em 1999, o Grupo Pão de Açúcar era um negócio medíocre, que saía de uma quase falência", afirmou. "Quando Diniz procurou investidores no mundo inteiro, eu fui aquele que aceitou." O que Naouri fará após 22 de junho, no entanto, é ainda uma incógnita. Pelo menos para Diniz.
O empresário brasileiro tem dito a assessores próximos que está muito preocupado com a estratégia de crescimento do Pão de Açúcar. Em sua visão, a fusão com o Carrefour, como fora proposto no ano passado, era o negócio certo para avançar não só no Brasil, como também internacionalmente. "Cansei de disputar o Campeonato Brasileiro", afirmou Diniz a um conselheiro da empresa. "Agora, eu quero a Liga Mundial." Quando é instigado a debater o assunto, ele tem na ponta da língua todas as informações que comprovariam que seria um bom negócio. Um exemplo das divergências que podem ocorrer a partir de agora aconteceu no fim de maio. O Pão de Açúcar havia acertado a compra da rede Tenda Atacado, dona de 17 lojas e faturamento de R$ 1,6 bilhão.
Michael Klein: ele contratou assessores financeiros para fazer
uma proposta pela Viavarejo.
Abilio era favorável ao negócio. O Casino, indeciso, deixou a decisão para a diretoria executiva, que não levou a transação adiante, ao ver que os dois principais acionistas não tinham uma posição clara sobre o negócio, segundo uma fonte próxima a Diniz. O Casino conta uma história diferente e diz que não vetou o negócio. Apesar dos receios de Diniz sobre a estratégia de crescimento do Pão de Açúcar, o Casino, toda vez que se manifesta publicamente, elogia a gestão realizada até agora pelos executivos da companhia. "Não há nenhuma razão para Naouri tirar o Enéas Pestana da presidência do Pão de Açúcar", diz uma fonte ligada ao empresário francês. "O plano que será tocado é o mesmo aprovado no ano passado e que contempla o período de 2012 a 2014."
O combinado é investir R$ 1,8 bilhão neste ano. Na área alimentar, o objetivo é abrir até 80 lojas. Na Viavarejo, a estimativa é de 60 novos pontos de venda. O faturamento bruto deve atingir R$ 57,2 bilhões, alta de quase 9%. "O Brasil é muito importante para o Casino", afirma essa fonte. "Naouri não fará nada para prejudicar o crescimento." É fácil comprovar a importância do Brasil para o Casino, que faturou € 34,3 bilhões em 2011. As vendas na França são responsáveis por 55% do desempenho global. Ao assumir o controle do Pão de Açúcar, Naouri poderá consolidar integralmente o resultado em seu balanço. A operação brasileira passará então a ser ligeiramente superior em receita à da França.
A profissão de fé de Naouri no Brasil, porém, não tem sido suficiente para tranquilizar Diniz. Ele tem dúvidas, muitas dúvidas. A principal delas é qual será o seu papel na nova companhia controlada pelo Casino. Como presidente do conselho do Pão de Açúcar, poderá ajudar a definir a estratégia do grupo, mas estará em minoria. Teme, neste caso, se transformar numa espécie de "rainha da Inglaterra", uma posição que não seria tolerada por um empresário autoconfiante e que acredita que está longe da aposentadoria – aos 75 anos, ele diz estar em plena forma física e intelectual. O empresário Michael Klein, antigo controlador da Casas Bahia, também tem um papel decisivo nessa disputa.
Ele poderá fazer uma oferta pela Viavarejo após 22 de junho. Para isso, teria contratado o Citigroup e a Arion Capital como assessores. "Vamos aguardar a assembleia para definir os rumos dos negócios de minha família", disse Klein à DINHEIRO. Quanto a Diniz , a transferência de controle ao Casino não significa que as negociações para sua saída estejam encerradas. "Nunca trabalhamos com a faca no pescoço em razão de 22 de junho", diz uma fonte. Uma coisa, no entanto, já está definida. Como tem feito nos últimos 30 anos, quando assumiu uma posição de liderança no Pão de Açúcar, ele pretende acordar cedo, fazer exercícios e ir até a sede da empresa, onde ocupa uma mesa em uma sala sem divisórias, em que está localizada toda a diretoria executiva da rede varejista.
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