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sexta-feira, novembro 08, 2013

TREM DOS ONZE

08/11/2013
Justiça Federal bloqueia bens de suspeitos do cartel dos trens


A Justiça Federal decretou ontem o bloqueio de bens de cinco pessoas e três empresas investigadas no caso Alstom/Siemens, conforme antecipado pelo estadão.com.br. As multinacionais são suspeitas de fraude nas licitações do Metrô e da CPTM, entre 1995 e 2008, nas gestões dos governadores do PSDB Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. O inquérito investiga a prática dos crimes de corrupção, evasão e lavagem de dinheiro

Justiça bloqueia bens de suspeitos de integrar esquema de cartel dos trens

Fausto Macedo


A Justiça Federal brasileira decretou ontem o bloqueio de bens de suspeitos de atuar em um cartel de multinacionais formado para obter contratos metroferroviários de estatais paulistas entre 1995 e 2008, nas gestões dos governadores do PSDB Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

Cinco pessoas físicas tiveram seus bens bloqueados, "sendo três ex-diretores da CPTM", a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Também foram alcançados pela medida três empresas, "duas delas suspeitas de terem sido utilizadas para a prática dos crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro". Os nomes dos suspeitos e das empresas não haviam sido divulgados até a conclusão desta edição.

O confisco alcança valores em contas bancárias, títulos de investimento e ações pertencentes a investigados em processos de concorrência do Metrô e da CPTM. A Polícia Federal representou à Justiça Federal pelo bloqueio dos valores "com o objetivo de garantir o ressarcimento do Estado".

O Ministério Público Federal se manifestou pelo bloqueio dos ativos. Em parecer, a procuradora Karen Kahn pontuou a importância da medida a partir do cruzamento de dados bancários e fiscais dos investigados com informações recebidas da Suíça por meio de pedido de cooperação jurídica internacional.

A Polícia Federal baseou seu pedido em documentos da Procuradoria de Genebra.

O sequestro de bens foi determinado pelo juiz Marcelo Costenaro Gavali, da 6ª Vara Criminal Federal. Em fevereiro de 2011, os procuradores suíços enviaram para o Ministério Público Federal em São Paulo um dossiê com extratos bancários e movimentações financeiras.

A Suíça pediu, inclusive busca e apreensão na residência de um investigado, o engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor de operações e manutenção da CPTM entre 1998 e 2003, quando recebeu depósitos de US$ 836 mil na conta Milmar, alojada no Credit Suisse de Zurique, de sua titularidade.

Os procuradores suíços requereram interrogatório dos consultores Artur Teixeira, Sérgio Meira Teixeira (já falecido) e José Amaro Pinto Ramos, a quem o Ministério Público atribui o papel de lobistas - eles repudiam a suspeita. Amaro Ramos, advogado, destaca que a Suíça já arquivou procedimento sobre sua conduta. O criminalista Eduardo Garnelós destaca a longa carreira de técnico e consultor de Arthur Teixeira, engenheiro formado na Poli.


A solicitação da Suíça ficou engavetada na Procuradoria da República por quase 3 anos - o procurador Rodrigo de Grandis, então responsável pelo caso, está sob investigação do Conselho Nacional do Ministério Público.

Em setembro passado, em regime de compartilhamento, os mesmos papéis chegaram finalmente à PF. O delegado Milton Fornazari Júnior investiga desde 2008 o cartel da Alstom na área de energia e estatais paulistas. Em agosto de 2012, Fornazari indiciou 11 investigados, inclusive o economista tucano Jorge Fagalli Neto, irmão do ex-presidente do Metrô, José Fagalli.


Há três meses, Fornazari assumiu a investigação sobre o cartel no setor de transportes públicos que a Siemens revelou em acordo de leniência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Gade). As duas frentes de investigação foram unificadas como caso Alston/Siemens com amparo em compartilhamento autorizado pela Justiça Federal. A PF avaliou que buscas na casa de Zaniboni, a essa altura, se tornaram desnecessárias. Mas decidiu pedir o bloqueio de bens do grupo, inclusive do ex-diretor de operações da CPTM.

O dossiê que a Suíça enviou ao Brasil mostra que Zaniboni recebeu depósitos na conta Milmar entre 22 de setembro de 1999 e 20 de dezembro de 2002 - final do governo Mário Covas e início da gestão Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

Em fins de 2002, Zaniboni autorizou e assinou aditamentos a três contratos da CPTM que elevaram gastos da estatal em R$11,6 milhões - valores da época. Na mesma ocasião, segundo o Ministério Público da Suíça, Zaniboni recebeu "numerosos pagamentos". Parte dos ativos, US$200 mil, foi repassada para a conta de Zaniboni por Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira.

Os promotores suíços descobriram que a Alstom remeteu o dinheiro para duas offshores sediadas no Uruguai, que seriam controladas por Arthur e Sérgio Teixeira. Ambos teriam feito os repasses para Zaniboni.

adicionada no sistema em: 08/11/2013 05:30

segunda-feira, outubro 21, 2013

''SINCE'' ENTRADAS E BANDEIRAS

21/10/2013
Suspeito no caso Alstom usou logística de Maluf


Fausto Macedo


O engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor de operações e manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em dois governos do PSDB (Mário Covas e Geraldo Alckmin), entre 1999 e 2003, usou a mesma logística e os mesmos agentes empregados pelo ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996) e por empresários e investidores do caso Banestado para transferir pelo menos US$ 836 mil para a conta Milmar, de sua titularidade, no Credit Suísse, em Zurique.

Documentos enviados pelo Ofício Federal de Justiçada Suíça para o Brasil revelam passo a passo os caminhos do dinheiro de Zaniboni - o Ministério Público de São Paulo suspeita que o ex-diretor da CPTM recebeu propinas para favorecer aAlstom, multinacional francesa, em contratos de fornecimento e serviços de revisão geral de 129 vagões.

Dois nomes conhecidos dos investigadores integram a estrutura da qual também se valeu Zaniboni: a casa de câmbio Lespan, sediada no Uruguai, e a Goldrat Corporation, controlada pelo famoso doleiro brasileiro Marco Antonio Gursini, garantiram as transferências dos recursos que abasteceram a Milmar.

A Lespan operava nos Estados Unidos para cambistas da América Latina, inclusive doleiros do Brasil Ela desponta como personagem central em uma das mais importantes e decisivas investigações já realizadas contra Maluf, mantido preso na Polícia Federal, por 41 dias, em 2005.

Na época, uma força tarefa envolvendo o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal descobriu, a partir de dados enviados pela promotoria de Manhattan, que a Lespan enviou US$ 11,3 milhões para a conta Chanani, do doleiro Birigui, em Nova York - o dinheiro, segundo os promotores, teve origem em desvios de recursos do tesouro paulista que Maluf teria realizado. A Lespan também foi usada pelo doleiro Toninho da Barcelona para mandar valores para paraísos fiscais por meio das contas CC5, operações desmascaradas pela CPI do Banestado - evasão de US$ 30 bilhões nos anos 1990.

Relatório de investigação de polícia criminal da Suíça informa que "numerosos pagamentos" caíram na conta de Zaniboni "pela maioria em procedência da companhia Lespan AS, domiciliada em Montevidéu, no Uruguai".

Marco Antonio Gursini, o doleiro, foi condenado em 2009 a uma pena de 3 anos e 3 meses de prisão por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação no caso Banestado. Foi beneficiado com redução de pena em delação premiada. Ele revelou clientes e pagou indenização significativa, R$ 4 milhões ao todo, por imposição da Justiça Federal no Paraná e em São Paulo.
Gursini também fez pacto de colaboração na Castelo de Areia, operação da Polícia Federal, deflagrada em 2009, que pegou executivos da empreiteira
Camargo Correia em lavagem de dinheiro e remessas ilegais para fora do País. Por ordem do Superior Tribunal de Justiça, a investigação foi anulada.


Lobistas. 
João Roberto Zaniboni, o ex-diretor da CPTM, caiu na malha fina do Ministério Público da Confederação (MPC) suíça apartir da investigação criminal que tinha inicialmente como alvo os consultores brasileiros Arthur Gomez Teixeira e Sérgio Meira Teixeira, apontados como lobistas e elo da Alstom com dirigentes de estatais paulistas.

Os investigadores de Genebra identificaram a cadeia de transferências de capitais, apartir de depósitos nas contas Rockhouse e Sunrock, de Arthur e Sérgio Teixeira - alojadas no Credit Suísse abastecidas por operações de duas offshores, GTH Consulting AS e Gantown Consulting AS, por eles administradas.

A GTH e a Gantown, sediadas no Uruguai, aparecem como empresas que teriam prestado consultoria paraaAlstom.Apesqui-sa revelou que parte do dinheiro migrou, depois, para a conta 180636, a Milmar - primeiras letras das duas filhas de Zaniboni.

Do saldo de US$ 836 mil, composto entre setembro de 1999 e dezembro de 2002 - período em que Zaniboni exercia o cargo diretivo na CPTM - a Milmar recebeu US$ 216, 87 mil pelas offshores dos Teixeira. Em 2 de maio de 2000, a Rockhouse transferiu R$ 103,5 tnil para o ex-dirigente da CPTM; Em 27 de dezembro daquele mesmo ano, a Sunrock enviou US$ 113,3 mil para a Milmar.

"Antecedentes". Em um capítulo intitulado "antecedentes de fato", o relatório dos promotores suíços assinala que os Teixeira foram enquadrados por lavagem de dinheiro. "Eles foram indiciados por lavagem de dinheiro agravado por corrupção de funcionários estrangeiros. Acusa-se as pessoas de terem assistido companhias da Alstom na obtenção de projetos de grande porte no Brasil, particularmente também no âmbito dos transportes, em qualidade de tais consultores, e ter transmitido no âmbito dessas atividades propinas por conta da Alstom."

Os investigadores suíços apontam "numerosos outros pagamentos" para, Zaniboni realizados pela offshore controlada por Gursini - a Goldrate Corporation, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, com uma conta no Deutsche Bank de Hamburgo.

A investigação mostra que em 23 dejulho de 2007, o ex-diretor da CPTM esvaziou aMilmar e deslocou todos os ativos para a conta 6034632, no Safra National Bank em Nova York - a titular dessa conta é uma filha de Zaniboni. A transferência foi promovida por Gursini, afirma a Suíca. Desta vez, o doleiro usou outra offshore, denomina da Gelateria, que mantém conta no Bank Holmann AG, em Zurique.

TRECHO
"Numerosos para gamentos (foram feitos na conta de Zaniboni)... pela maioria em procedência da companhia Lespan AS, domiciliada em Montevidéu, no Uruguai"

adicionada no sistema em: 21/10/2013 01:49