PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

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terça-feira, janeiro 29, 2013

"ACORDA, ALICE!!!" *


28/01/2013 - 23h14
PAULO GAMA-FOLHA
DE SÃO PAULO


Na 1ª fala após derrota, Serra ignora 2014 e se diz em "fase de arrumação"


Em seu primeiro discurso depois de ter perdido a disputa pela Prefeitura de São Paulo há três meses, o ex-governador José Serra (PSDB) ignorou nesta segunda-feira seu futuro político e não citou a disputa pela Presidência em 2014.

Ainda estou em fase de descanso e arrumação, afirmou, após o discurso, ao ser questionado sobre sua atuação política no ano que vem.

Desde que foi derrotado por Fernando Haddad (PT) em outubro do ano passado, o tucano havia aparecido em apenas dois eventos públicos, mas não tinha discursado nem dado entrevistas.

Hoje, Serra falou na abertura do congresso do PSDB paulista. Em um discurso de pouco mais de 20 minutos, abordou a reforma política, defendeu o voto distrital e criticou o loteamento de cargos no governo federal.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
José Serra participa de Congresso Estadual do PSDB
José Serra participa de congresso do PSDB paulista


Em entrevista depois do evento, o tucano criticou também a discussão sobre seu futuro. Tem tanta plantação e bobagem. [...] Sempre fico sabendo pelos jornais as coisas que estão me acontecendo.

Questionado mais de uma vez sobre o tema, Serra não quis falar a respeito da realização de prévias para escolher o candidato do PSDB à Presidência em 2014, tema que disse a aliados que seria abordado em seu discurso.

O ex-governador ainda trabalha para ser o nome tucano na corrida pelo Planalto, mas o candidato favorito no partido hoje é o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Líderes do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defenderam publicamente o nome do mineiro.

O senador Aloysio Nunes (SP), que discursou antes de Serra, disse ter uma preocupação enorme para 2014, em relação à tentativa de reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). Nossa ação política hoje tem de ser a defesa do governo Alckmin, afirmou.
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* Bordão de programa humorístico televisivo, em alusão a Alice no país das maravilhas.

terça-feira, outubro 09, 2012

P S (D) B. ''SPLISH, SPLASH''


...
Vitoriosos em 2012, Aécio e Campos flertam com 2014


O senador do PSDB e o governador de Pernambuco (PSB) conseguiram eleger os prefeitos de suas capitais

Amigos e aliados em nível regional, políticos podem ser concorrentes de Dilma, que, acreditam, será a candidata do PT

LEANDRO COLON
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
NATUZA NERY
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE



Eles conseguiram eleger os prefeitos de suas capitais e saíram das eleições com uma vitória política sobre o PT da presidente Dilma Rousseff.

Ao mesmo tempo, se tornam cada vez mais potenciais adversários dela em uma disputa presidencial em 2014.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), são amigos e aliados políticos em espaços regionais. Cada um tem seu projeto político presidencial.

A diferença é que o tucano milita hoje na oposição, enquanto Campos é da base de apoio do governo federal. Mas ambos flertam com uma aliança para 2014.

Ontem, em entrevistas à Folha, os dois adotaram o discurso de que ainda é cedo para decidir se vão disputar a Presidência em dois anos.
"Nem o PSB pode decidir nem ninguém tem isso decidido", disse Campos.
Aécio afirmou que o PSDB vai escolher seu candidato somente na virada de 2013 para 2014, mas deu um passo a mais do que o colega do PSB.
"Posso ser eu? É uma possibilidade, e não posso fugir disso. É uma decisão que deve ser tomada pelo partido. Obviamente, se recair a mim a responsabilidade, vou estar preparado para isso."
Os dois concordam em um ponto: Dilma deve ser a candidata do PT à reeleição.

RESULTADOS

Reeleito em Belo Horizonte tendo Aécio como maior fiador, o prefeito Marcio Lacerda é do PSB de Campos. Venceu o petista Patrus Ananias, apoiado por Dilma.

O governador de Pernambuco conseguiu eleger seu candidato, Geraldo Julio, prefeito de Recife. Derrotou principalmente os petistas, que lançaram o senador Humberto Costa, terceiro colocado.

Aécio quer lançar Lacerda ao governo mineiro em 2014 para tentar atrair Campos na disputa pelo Planalto. Ambos não descartam esse acordo, mas preferem valorizar as alianças regionais.
"Nós temos essa relação [com o PSDB] à luz do dia, não às escondidas", disse o governador de Pernambuco.
"Há uma identidade do PSB com PSDB no país em vários lugares", afirmou Aécio.
O tucano mudou de estilo e protagonizou na campanha embate público com Dilma, a quem chamou de "estrangeira" pela interferência na eleição em Belo Horizonte.
A presidente revidou. Lembrando ser mineira, disse que deixou a cidade por causa da ditadura militar, e não "foi à praia" -uma provocação às rotineiras viagens de Aécio ao Rio de Janeiro.
"Eu acho que ela está ajudando a fazer minha campanha no Rio. Isso é uma grande bobagem. A resposta está aí: temos um projeto muito bem aprovado em Minas", disse ontem o senador.
Campos deu um recado para quem, desde já, se incomoda com o avanço eleitoral de sua legenda: "É bom para a presidente Dilma ter um partido amigo crescendo".
Sob seu comando, a sigla socialista cresceu nestas eleições. O próprio governador acumulou um ganho pessoal com reflexos nacionais: desbancou o PT de Recife ao eleger um afilhado político até então desconhecido.

SUCESSO 1

A vitória de Marcio Lacerda em Belo Horizonte teve reflexos no desempenho do PSB na eleição para vereador: a sigla foi a mais votada na cidade


SUCESSO 2

O mesmo ocorreu em Recife, capital onde outro candidato do PSB, Geraldo Julio, também venceu: o partido foi o que recebeu mais votos para a Câmara


MACEIÓ

Heloisa Helena (PSOL), candidata à Presidência em 2006, foi a mais votada e se reelegeu vereadora

"A grande corrente silenciosa que se formou na cidade nos trouxe ao 2º turno"


FRUET (PDT), que surpreendeu em Curitiba


DELAY

No domingo, mesmo com o 2º turno já definido, a campanha de Luciano Ducci pedia votos no Twitter...


DÚVIDA
Após ver seu candidato, o prefeito Ducci, ficar de fora, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), disse ontem não saber se apoia Ratinho Jr., Fruet ou fica neutro.




segunda-feira, outubro 08, 2012

HIBRIDO


08/10/2012 - 03h11

Análise: Nenhuma sigla pode se considerar a grande vitoriosa



O segundo turno entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad em São Paulo garante sobrevida à polarização nacional PSDB-PT, mas o principal marco da eleição para prefeituras de capitais neste ano foi a pulverização partidária.



Nenhuma sigla pode se arrogar como grande vitoriosa. Afora o PSB, que ganhou em Belo Horizonte e Recife, e o PMDB, que levou no Rio de Janeiro e em Boa Vista, as vitórias em primeiro turno foram fatiadas entre vários partidos, cada um deles com uma capital. São eles: PDT (Porto Alegre), PT (Goiânia), PP (Palmas), PSDB (Maceió) e DEM (Aracaju).

O partido que mais concorre às capitais em segundo turno é o PSDB, em oito. Depois o PT, com cinco, o PDT, com quatro, e o PMDB, com três.

É claro, porém, que há capitais e capitais. No eixo político e econômico do país, sobressaem-se os principais partidos, com PMDB consolidado como força hegemônica no Rio, o PSB em aliança com o PSDB, em BH, e PT e PSDB disputando São Paulo.

O PMDB, que tem a maior capilaridade nacional, fez o maior número de prefeituras, incluindo capitais e interior. Em segundo lugar está o PSDB, e o PT, em terceiro, segundo dados de ontem.

CACIQUES

A presidente Dilma Rousseff pode se considerar perdedora na eleição, já que articulou pessoalmente a desistência do PMDB e o apoio do PSD ao candidato do PT em Belo Horizonte, Patrus Ananias, que foi derrotado.

O vitorioso foi o atual prefeito, Marcio Lacerda, do PSB, em uma aliança que pode se tornar perigosa para Dilma em 2014: entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, e o senador Aécio Neves, do PSDB.


Campos tem um pé no governo e outro na oposição e, se não se arvorar ele mesmo em candidato, tanto pode apoiar Dilma quanto Aécio na sucessão presidencial.


O ex-presidente Lula também sofreu derrota doída em Recife, onde a cúpula nacional do PT vetou a candidatura do prefeito João da Costa à reeleição e amargou o terceiro lugar com um nome imposto de cima para baixo.

A derrota ou a vitória de Lula, porém, como a do governador Geraldo Alckmin, depende dos resultados do segundo turno em São Paulo, onde as campanhas devem ser acirradas e agressivas. O que está em jogo, ali, é muito mais do que só a principal prefeitura do país.

Ali também começam a se desenhar as alianças que vão extrapolar as eleições municipais e tendem a chegar à eleição presidencial.

Se Eduardo Campos derrotou Lula e o PT em BH e Recife, o vice-presidente Michel Temer correu para providenciar ontem mesmo o apoio do PMDB a Haddad em São Paulo. Está garantindo o próprio espaço em 2014.

segunda-feira, setembro 24, 2012

REVOADA

...

22/09/2012 - 07h00

Lula não é 'o dono do povo', diz Sérgio Guerra, presidente do PSDB


FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, atacou ontem o conteúdo da nota divulgada por partidos governistas nesta semana acusando a oposição de "recorrer a práticas golpistas". Para o tucano, trata-se de reação do PT e de seus aliados por causa do baixo desempenho em pesquisas de opinião nas campanhas para prefeito.

A nota dos governistas foi uma ação visando a preservar a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos efeitos do julgamento do mensalão. Em entrevista ao Poder e Política, projeto da Folha e do UOL, o presidente do PSDB afirmou que o texto é uma "bobagem completa" e Lula "não é o dono do povo" --pois estaria coletando fracassos eleitorais em grandes capitais, como Recife e Belo Horizonte.

Os discursos de Lula em algumas capitais a favor de candidatos do PT ou apoiados pelo partido são "um negócio sem pé nem cabeça", diz Guerra. "Pessoal, rancoroso. Um ex-presidente da República não devia nem podia agir assim".

Para o tucano, Lula se excede: "É um sentimento de que é dono do povo. Isso não é uma boa ideia. Até se, por acaso, ele tiver, e tem, uma popularidade relevante, a melhor atitude é de ter, diante disso, humildade e não arrogância. Acho que ele se acha o dono do povo. Acha que tudo pode ser enfrentado, inclusive a verdade".

Guerra disse esperar que o PSDB eleja 900 prefeitos neste ano. Em 2008, foram cerca de 800. "Vamos crescer. Principalmente nos centros de mais de 200 mil eleitores, os que têm de 150 mil a 200 mil eleitores. Nos quais a gente vai crescer, o PT vai diminuir. A gente está ganhando opinião pública e eles estão perdendo", afirmou.

O dirigente do PSDB avalia que nas eleições municipais deste ano haverá um movimento de entrada do PT em cidades menores, nas quais a sigla nunca conseguiu se estabelecer de maneira robusta. "O PT se empurra. Ele próprio se movimenta nas direções dos grotões".

Sobre a disputa pelo Planalto em 2014, o PSDB estaria hoje entre dois nomes, disse Sérgio Guerra: os senadores Aécio Neves (MG) e Álvaro Dias (PR). 

Derrotado nas eleições presidenciais de 2002, 2004 e 2010, o partido agora teria de rever seu "erro" de não ter promovido o "legado de FHC", diz o tucano.

Acesse a transcrição completa da entrevista.


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22/09/2012 - 07h00

Leia a íntegra da entrevista de Sérgio Guerra à Folha e ao UOL



Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, participou doPoder e Política, projeto do UOL e da Folha conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. A gravação ocorreu em 21.set.2012 no estúdio do UOL em Brasília.



Trechos da entrevista com Sérgio Guerra - 12 vídeos






Sérgio Guerra - 21/9/2012
Narração de abertura: O presidente nacional do PSDB, Severino Sérgio Estelita Guerra, tem 65 anos. Nascido no Recife, Guerra exerce atualmente seu 4º mandato de deputado federal por Pernambuco.
Hoje tucano, Sérgio Guerra já foi de outros partidos. Antes do PSDB, esteve no PMDB, no PDT e no PSB.

Sérgio Guerra entrou para o PSDB em 1999. Elegeu-se senador em 2002. Em 2006, coordenou a campanha de Geraldo Alckmin a presidente da República. Em 2007, foi eleito presidente nacional do PSDB. Em 2010, coordenou a campanha presidencial de José Serra.
Agora, em 2012, Guerra tem a missão de conduzir o PSDB nas eleições municipais e preparar o partido para a próxima eleição presidencial, de 2014.


Folha/UOL: Olá internauta. Bem-vindo a mais um "Poder e Política - Entrevista".
Este programa é uma realização do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL. E a gravação é sempre realizada aqui no estúdio do Grupo Folha, em Brasília.
O entrevistado desta edição do Poder e Política é o deputado federal Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB.
Folha/UOL: Olá, deputado Sérgio Guerra, muito obrigado por estar aqui. Eu começo perguntando o seguinte: Ontem, nesta semana, os partidos governistas, PT incluso, soltaram uma nota acusando os partidos de oposição de "serem forças conservadoras dispostas a qualquer aventura" e dizendo que os partidos, inclusive o seu, "não hesitam em recorrer à práticas golpistas, à calúnia, à difamação e à denúncia sem prova". O PSDB, segundo essa nota, está pregando um golpe. É verdade?
Sérgio Guerra: Não. A gente tem clareza sobre o que quer. A gente quer as eleições esse ano, as eleições daqui a dois anos, as eleições sempre, em clima de normalidade e respeito aos partidos. Quer o judiciário trabalhando e quer a justiça sendo feita e a punição acontecendo.
Nós não temos nada a ver com os fatos que envolvem o PT hoje. Mesmo a denúncia do mensalão não foi de nossa autoria, não foi denúncia da oposição, nem dos partidos da oposição. Aliás, as crises do governo Lula, todas elas, foram produzidas na sua base, não fora dela.
O que eu quero te falar é o seguinte: a gente, na nossa opinião pessoal, essa questão aí tem a ver com as estatísticas, as pesquisas [eleitorais]. Tem a ver com o incômodo com o julgamento do mensalão de muita gente importante e, para nós, ela reflete essa situação de incômodo.
Verdadeiramente, não acredito que aquela nota seja consciente, represente os partidos, nem os que a assinaram. É uma nota produzida num ambiente de solidariedade ao Lula, que é um brasileiro importante, que a gente respeita, etc. e que desperta a solidariedade de muita gente.
Agora, não tem nada a ver a intenção da nota com o texto que foi feita. É uma bobagem completa, sem pé nem cabeça. A gente não a levou ela a sério.
Folha/UOL: Deixa eu perguntar para o sr. sobre esse caso do mensalão, que é o que tem chamado muita atenção, é o que recebe maior cobertura na mídia. Em 2005, quando o escândalo eclodiu, houve um momento em que tudo ficou conhecido, tudo o que está sendo julgado agora, sete anos depois. E a impressão de todos nós em Brasília é que a oposição arrefeceu a sua a atuação e havia algumas conversas sobre propor um impeachment, mas isso não foi levado adiante pela oposição. Na época, a oposição errou?
Sérgio Guerra: Alguns setores defenderam o impeachment do presidente. Nós nunca subscrevermos essa ideia, nem a subscrevemos em nenhum momento. A gente acha que o Brasil está num bom quadro de normalidade e que esse momento agora é de absoluta normalidade.
Folha/UOL: Não foi um erro não ter pressionado...
Sérgio Guerra: Inclusive, teve um momento no Supremo Tribunal Federal... Não cabia fazer impeachment do presidente contra a vontade da sociedade, contra a vontade do povo e não cabe nada agora que não seja o respeito das leis e a valorização do Judiciário.
Folha/UOL: Então, em 2005, a oposição fez o correto? Avançou na CPI e entregou as provas.
Sérgio Guerra: Não tenho a menor dúvida. O que nós tínhamos para fazer, nós fizemos.
Folha/UOL: Não cabia pedir impeachment lá, nem agora?
Sérgio Guerra: Não. Cabia à oposição fazer o que ela fez. Insistir em que o julgamento do mensalão fosse feito o quanto antes.
Folha/UOL: Agora, o que eu me referia, é que o governo atual, da presidente Dilma Rousseff, é do PT. É uma sucessão do governo Lula. Em que medida o julgamento do mensalão fragiliza, também, a administração da presidente Dilma?
Sérgio Guerra: A presidente Dilma assumiu e demitiu cinco, seis, sete ministros. A presidente Dilma fez uma lavagem da roupa suja na Petrobrás. A presidente Dilma tem agido, em vários aspectos, no sentido da austeridade. Agora, o que eu acho é que há um conflito entre a presidente e a base dela. Há uma contradição muito séria entre o que a presidente quer e o que base deseja. Entre o que a presidente termina fazendo e o governo também.
Acho que isso tudo é crise do lado de lá. Do nosso lado, cumpre fazer o que nós vínhamos fazendo: campanha, defendendo os nossos candidatos e os nossos pontos de vista. E, aqui entre nós, sem nenhum recurso extraordinário. Porque é uma luta desigual.
Folha/UOL: Mas a presidente Dilma, o sr. imagina, será afetada em sua popularidade de alguma forma por causa desse julgamento do mensalão?
Sérgio Guerra: Acho que, num primeiro momento, talvez não. Mas, seguramente, sim [será afetada], porque ela é presidente [da República] do PT e, por mais que ela discorde do julgamento do mensalão ou de situações que atinjam o seu governo e que afetaram, por exemplo, a Petrobrás, ela não pode deixar de reconhecer que ela está dentro disso tudo. Que os ministros foram nomeados por ela. Num primeiro instante ela cria um ambiente, em grande parte, favorável a ela. Mas não vai seguir com o passar do tempo. As contradições são vivas demais. Então, eu já vejo, eu já percebo um certo cansaço da sociedade com a diferenças entre o discurso da presidente e a prática do governo dela.
Folha/UOL: A oposição, o seu partido inclusive, sempre foram muito críticos, se não de todos, da maioria dos indicados para o Supremo Tribunal Federal pelo presidente Lula em muitas ocasiões. Agora, durante o governo Dilma, ouvi críticas em relação a alguns dos indicados por Dilma. Não obstante, a maioria desses ministros indicados por presidentes [da República] do PT, estão agora julgando o mensalão e dão indicações que vão condenar a maioria dos réus. A crítica da oposição aos indicados para o Supremo estava certa ou estava errada?
Sérgio Guerra: Alguém da oposição pode ter feito críticas. No geral, a oposição votou a favor da nomeação de todos os ministros que estão no Supremo. Não confere a ideia de que a gente tenha criado dificuldade à nomeação desses ministros. A gente, aliás, defendeu e acho que eles estão cumprindo os seus papéis. Essa é a regra. Inclusive os que, normalmente, não tem um ponto de vista parecido com o nosso.
Folha/UOL: Deixa eu fazer uma pergunta agora sobre o seu partido, que sempre tem sido muito crítico. É o principal partido de oposição. Tem sido crítico ao PT, na forma conduz os seus procedimentos internos a respeito de quem é acusado de alguma irregularidade. O PSDB diz: "Olha, o PT não expulsa, não pune de maneira exemplar internamente". Agora, eu queria falar do seu partido. No PSDB, no caso mais recente de Carlos Cachoeira, apareceram pessoas, que são filiadas ao PSDB, políticos e que continuam no partido. Vou citar dois: Marconi Perillo, governador de Goiás, e, na Câmara dos Deputados, o deputado Carlos Leréia, de Goiás. Por que o PSDB não abre um procedimento também para investigar e, eventualmente, punir e expulsar esses dois quadros?
Sérgio Guerra: Há uma Comissão Parlamentar de Inquérito em curso [a CPI do Cachoeira]. Investigação, teoricamente, sendo feita. A gente vai aguardar pelas suas conclusões.
Agora, eu posso dizer duas coisas. Primeiro: com relação ao governador de Goiás, que nada indica, nada prova, nada demonstra que ele tenha, como governador do Estado, desenvolvido qualquer tarefa que o comprometa. Segundo: do ponto de vista do deputado Leréia, a coisa vai ser vista pelo conselho de ética do partido, mas vamos dar a ele o direito de defesa, vamos ouvir os fatos que estão sendo discutidos na CPI.
Folha/UOL: Então, nesse caso do deputado Leréia, que não é muito conhecido do grande público brasileiro, ele é de Goiás, ele fala abertamente que tem amizade com Carlos Cachoeira, que sabia das atividades de Carlos Cachoeira. O sr. não acha que já há quase que uma autoconfissão nesse caso? O PSDB não podia ser mais rápido para agir nesse caso?
Sérgio Guerra: A gente tem que dar todos os direitos de defesa. Tem, já que a gente assinou a CPI, que a gente entrou na CPI e faz parte dela, a gente tem que deixar que ela siga seu curso. Ela deve ser concluída daqui a pouco. Tão logos as conclusões sejam claras, a gente vai trabalhar no assunto do Leréia. É isso que a gente vai fazer porque, do nosso lado, a gente não quer defender ninguém que tenha culpa e não quer punir ninguém sem o direito de defesa.
Folha/UOL: Então, no caso do deputado Leréia, estou entendendo, o PSDB prefere o encerramento e a conclusão da CPI para, depois, tomar uma atitude interna, se for o caso?
Sérgio Guerra: Para vê-lo, caso observem, do ponto de vista da comissão de ética do partido, já que ele tem relações pessoais mais do que claras com Carlos Cachoeira.
Folha/UOL: O sr., particularmente, conhece o caso. O que o sr. acha desse caso?
Sérgio Guerra: Não tenho opinião formada sobre Leréia e sobre o Cachoeira. Eu acho que o deputado Lereia é uma pessoa de qualidade, boa gente. Tinha uma amizade lá, com o Cachoeira, como quase todo mundo de Goiás tinha. Por enquanto, nada o envolve de fato.
Folha/UOL: Vamos voltar para o mensalão. O procurador-geral da República [Roberto Gurgel] afirmou que o mensalão, que agora está sendo julgado, teve como laboratório o mensalão, ou seja lá o que for, que teria sido praticado ou montado em Minas Gerais por políticos ligados ao PSDB. E, agora, o Supremo tem lá, também, uma ação na qual aceitou a denúncia e um dos réus é o ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo. O sr. concorda com essa afirmação da Procuradoria-Geral da República de que o mensalão mineiro foi o laboratório do mensalão do PT?
Sérgio Guerra: Não. É Bobagem, bobagem. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nunca houve mensalão em Minas Gerais, nunca houve pagamentos a parlamentares. Nunca houve maiorias formadas com recursos públicos. Não tem mensalão. Tem métodos, processos de eleição. A gente tem que ver isso com calma num ambiente que deve ser visto.
Folha/UOL: Porque foi aceita a denúncia nesse caso também, não é?
Sérgio Guerra: Eu sei que foi. Com votação até bastante diferente, não é? Se eu não me engano, cinco a quatro, uma coisa assim.
Folha/UOL: O sr. acha que é errado dizer, então, que o mensalão, atribuído ao PSDB em Minas Gerais, tenha sido...
Sérgio Guerra: Toda vez que o PT tem problemas desse tipo, ele adota uma posição semelhante. No primeiro momento ele diz que: "Esse problema não é meu, é de todo mundo". Segundo: "Vocês também fizeram". Terceiro: "Vocês fizeram isso e aquilo". Tudo, menos a investigação. Tudo, menos a punição. A gente vai, no caso de Eduardo Azeredo... Primeiro, quero dizer que a gente confia nele muito, não é pouco não. Segundo: que, se alguém tinha responsabilidade nisso, não é ele. Terceiro: não há mensalão. E, quarto, ele vai sair bem dessa história.
Folha/UOL: Vamos então falar do mensalão que está sendo julgado agora, vários partidos envolvidos. Na propaganda eleitoral na campanha de São Paulo para prefeito da cidade de São Paulo, o seu partido, o PSDB, tenta vincular um pouco a imagem do candidato do PT ao caso do mensalão. Não obstante, o seu partido, na cidade de São Paulo, é aliado de um dos partidos que está envolvido no mensalão. O PR do deputado Valdemar Costa Neto que, aliás, é réu e deve ser condenado também. Como o sr. explica isso?
Sérgio Guerra: A vinculação da candidatura do PT ao mensalão, dos candidatos do PT ao mensalão, não fomos nós que fizemos. A sociedade que o faz já. Porque, efetivamente, há uma concentração de parlamentares ligados ao Partido dos Trabalhadores...
Folha/UOL: O candidato do PSDB em São Paulo, José Serra, mencionou isso...
Sérgio Guerra: Pois é, em São Paulo, há uma vinculação muito forte de petistas ao esquema do mensalão, primeiro. E, segundo: o nosso conjunto de alianças não pode ser homogêneo, não pode ser tranquilo, nem pode ser, como não é no Brasil de uma maneira geral, ortodoxo. O Valdemar Costa Neto, no que couber e no que for preciso, deverá ser julgado. Mas o PP, verdadeiramente ou coisa parecida, o PR, não foi quem liderou o mensalão. Quem liderou o mensalão foi o PT, quem o fundou e quem o sustenta.
Folha/UOL: Mas o PSDB, o sr. não acha que, idealmente, deveria procurar não se aliar a esse tipo de sigla que está aí totalmente encrencada nesse processo do mensalão?
Sérgio Guerra: O PSDB não, rigorosamente, ele disputa as eleições com candidatos limpos e projetos limpos. E governa com absoluta limpeza. Por isso é que a gente está no poder em São Paulo por tantos anos. E eu acho que nós vamos continuar lá, do mesmo jeito. Nosso problema sem São Paulo não é esse. Não é a aliança que a gente tem com um partido ou outro. Nosso problema em São Paulo é, rigorosamente, o tempo que já governamos o estado.
Folha/UOL: Qual é a expectativa do PSDB para número de prefeitos eleitos este ano no país?
Sérgio Guerra: Não fosse o Cachoeira e outras coisas que nos atingiram de alguma fora, A gente teria em torno de 1000 prefeitos eleitos. Eu acho que agente vai eleger 900 ou mais de 900. Na outra eleição, a gente elegeu 780. Vamos crescer. Principalmente nos centros de mais de 200 mil eleitores, os que têm de 150 mil a 200 mil eleitores. Nos quais a gente vai crescer, o PT vai diminuir.
Folha/UOL: Isso significa o quê?
Sérgio Guerra: Significa que a gente está ganhando opinião pública e eles estão perdendo.
Folha/UOL: Há um movimento, então, o sr. está dizendo, de o PSDB empurrar o PT para municípios menores, é isso?
Sérgio Guerra: O PT se empurra. Ele próprio se movimenta nas direções dos grotões.
Folha/UOL: E, então, o número só espera que seja na faixa de 900 prefeitos eleitos?
Sérgio Guerra: Espero, 900 é um número bem plausível.
Folha/UOL: O PSDB, o sr. está dizendo, vai ganhar nas cidades. Mas, nas últimas três eleições presidenciais, fracassou. O que deu errado?
Sérgio Guerra: São vários fatores que colaboraram. Um fator relevante do nosso desvio eleitoral é o fato de não termos valorizado o nosso legado. A cerca de dois anos, um ano e meio, a gente fez uma pesquisa pela qual ficou claro que alguns atributos são do PSDB. Do tipo capacidade gerencial, capacidade administrativa, relativa austeridade. Agora, outros não são. Benefícios sociais, no geral. E muito do que foi feito no governo Fernando Henrique, foi esquecido ao longo dos últimos oito anos. Nós não valorizamos a nossa trajetória. Acho que a gente pagou um preço por isso, agora não pagamos mais.
Folha/UOL: O sr. acha então... O sr. atribuiria as derrotas em 2002, 2006 e 2010 sobretudo a não ter valorizado o legado do governo Fernando Henrique?
Sérgio Guerra: Acho que o Lula, o Lula tem um papel na história brasileira muito forte. No passado principalmente. Ele é um cara lá de baixo, saiu do povo, do Nordeste do Brasil. Veio aqui para cima. Veio para São Paulo, para o ABC. Virou líder sindical. De alguma forma, fundou o melhor movimento sindical brasileiro. Adiante, fundou um grande partido. Adiante, disputou várias eleições de presidente e outras eleições. Perdeu muitas, ganhou algumas. No final, é uma bela lição de saúde democrática do país.
Todos nós pagamos tributo ao Lula. E o PSDB também.
Folha/UOL: O que tem que...
Sérgio Guerra: O Lula tem muito a ver com as vitórias do PT. Só não tem nessa. Até porque não tem vitória.
Folha/UOL: O sr. acha que, agora, a disputa para prefeitos tem qual tipo de influência em 2014? Ou não tem?
Sérgio Guerra: Não tem grande não. A gente já estudou isso várias vezes. O que tem relação direta são as eleições de prefeitos com as eleições de bancada federal. E a bancada federal é quem determina, rigorosamente, dois aspectos que são fundamentais: o tempo partidário, o tempo na televisão [de propaganda], primeiro, e, segundo, o fundo partidário. Então, a relação mais objetiva das eleições municipais é com isso.
Agora, nessa eleição, há uma certa coincidência.
Folha/UOL: Qual seria?
Sérgio Guerra: O esvaziamento do PT como legenda de oposição do país, não apenas em São Paulo.
Folha/UOL: O PT, o sr. acha que sai dessa eleição com menos prefeituras?
Sérgio Guerra: o PT não sei. Pode ganhar muitas eleições do tipo... nos grotões. Agora, no geral, vai perder sim. O PT já não disputa a primeira colocação em várias capitais e sim a segunda.
Folha/UOL: Vamos falar de uma eleição que é muito relevante politicamente, que é a da cidade de São Paulo, a maior cidade do país, capital do Estado de São Paulo. Lá o candidato do PSDB, José Serra, começou como favorito, com uma pontuação alta e, agora, enfim, luta para ir para o segundo turno. O que aconteceu?
Sérgio Guerra: Acho que alguns desvios de conduta se deram. A gente tinha que ter uma campanha mais incisiva, mais política, menos administrativa. Mas o Serra é, reconhecidamente, o candidato que tem... Reconhecidamente por nós e por muita gente... O candidato que tem mais atributos para ser prefeito.
Eu acho que a gente já está no segundo turno. E no segundo turno nosso candidato tem muito mais conteúdo que o candidato do... Eu não lembro nem o partido.
Folha/UOL: PRB.
Sérgio Guerra: PRB, que apoia lá o Russomanno.
Folha/UOL: Como o sr. explica essa alta do candidato Celso Russomanno num grande centro urbano como São Paulo?
Sérgio Guerra: Há um certo cansaço com o conflito de sempre. PSDB, PT... Há uma necessidade grande de mudança que nós devemos saber interpretar, ler e nos apropriarmos dela. Se fizermos isso, vamos para frente. Se não fizermos, não vamos.
Folha/UOL: É um fato raríssimo em eleições desse tipo, como a de São Paulo, que está se configurando, que, no caso de haver segundo turno, como parece que haverá, que o candidato que está muito à frente, que é o caso de Celso Russomanno, venha a perder no segundo turno. Se Celso Russomanno vier a ganhar, ele tem um partido muito pequeno, o PRB. O PSDB poderia eventualmente ajudá-lo a governar São Paulo?
Sérgio Guerra: Eu não trabalho coma hipótese de o Celso Russomanno governar a cidade de São Paulo. Acho que, se não me engano, é o terceiro orçamento do Brasil. Russomanno não tem experiência nem proposta para governar uma cidade daquelas. Além disso não tem base política e partidária. Eu acho que a gente vai ganhar a eleição lá e que o Serra é, de longe, o melhor candidato.
Folha/UOL: O sr. tem acompanhado, estava em São Paulo nesta semana, há uma... se não uma prevalência, uma presença muito grande de temas religiosos na campanha eleitoral em São Paulo. Isso é correto?
Sérgio Guerra: Não necessariamente. Agora, é explicável.
Folha/UOL: Por quê?
Sérgio Guerra: Porque as forças que estão atuando em torno da Igreja e de algumas igrejas têm conteúdo eleitoral forte. Então não há porque, nem democraticamente... É impossível impedir que elas se expressem como sendo forças eleitorais ativas. Então elas passam a ter em cenários importantes, como o São Paulo, um papel também.
Folha/UOL: Não é um pouco reducionista levar a discussão política para o campo religioso como tem acontecido?
Sérgio Guerra: Claro. A discussão tem que ser mais ampla, mais complexa. A gente tem um candidato que, na nossa opinião, representa não somente uma mudança em São Paulo, uma mudança na capital. [Representa] uma mudança em São Paulo, um discurso forte para o Brasil e até para o Brasil no mundo. Tanto que foi nosso candidato, por duas vezes, a presidente da República. A gente acha que a dimensãoo dele é muito mais que religiosa.
Folha/UOL: Que bom que o sr. mencionou isso. José Serra sofre um pouco em São Paulo, as pesquisas dizem, porque alguns eleitores, ou uma parcela considerável dos paulistanos, não acreditam que ele, se vencer, vai ficar os quatro anos como prefeito de São Paulo. Tanto que já saiu do cargo de prefeito, de governador. O que o sr. acha disso?
Sérgio Guerra: Eu acredito que ele vá ficar todos os anos.
Folha/UOL: O sr. assinaria um documento dizendo que ele fica?
Sérgio Guerra: Meu documento não vale quase nada. Mas, se fosse possível assiná-lo, eu o assinaria dez vezes. Eu acho que o Serra vai governar São Paulo e vai governar muito bem. E que, governar São Paulo, ele próprio já me disse uma vez, que é uma das melhores experiências que ele teve na vida.
Folha/UOL: O ciclo, então, de José Serra, se ele ganhar a prefeitura de São Paulo, ficar quatro anos, o ciclo dele como candidato a presidente, acabou?
Sérgio Guerra: Neste momento, sim. Neste momento, ele não tem nenhuma viabilidade como candidato a presidente da República.
Folha/UOL: Neste momento, não. Mas e em 2014?
Sérgio Guerra: Tem toda viabilidade como candidato a prefeito. Agora, ele é uma pessoa de uma grande energia, de uma forte liderança, pode pretender ser qualquer coisa. Mas o que ele pretende mesmo é ser prefeito de São Paulo e reeleito prefeito de São Paulo.
Folha/UOL: Mas o sr. o enxerga como candidato a presidente, pela terceira vez, pelo PSDB?
Sérgio Guerra: Não. Não é plausível. Acho que a gente deve ter como candidato a presidente alguém que possa falar de coisas novas no país.
Folha/UOL: Ou seja, José Serra não será mais candidato a presidente?
Sérgio Guerra: Neste momento, não.
Folha/UOL: Mas e no futuro?
Sérgio Guerra: Não trabalho com a hipótese de o Serra ser candidato a presidente.
Folha/UOL: Se ele não for em 2014, teria que ser em 2018.
Sérgio Guerra: Eu não trabalho com a hipótese de o Serra vir a ser candidato a presidente. Eu trabalho com a hipótese de ele governar São Paulo.
Folha/UOL: A propósito, quais são os nomes, na sua avaliação, dentro do PSDB, habilitados a pleitear a vaga de candidato a presidente?
Sérgio Guerra: Dois já se colocaram. Um é o nome do ex-governador de Minas, Aécio Neves. Outro é do senador, líder [do PSDB] no Senado, Álvaro Dias. E o partido está vivendo uma ebulição, uma mudança forte. E nesse cenário, eu espero que novos argumentos e novas lideranças surjam e se coloquem.
Folha/UOL: O candidato a presidente da oposição em 2014 precisa ser, necessariamente, do PSDB?
Sérgio Guerra: Não tem reserva de mercado para ninguém.
Folha/UOL: O que isso significa?
Sérgio Guerra: Nesse assunto eleitoral, tem que trabalhar com a hipótese... "Esses eleitores são meus, são do PSDB, são do PT, são de não sei quem mais". Esse pessoal está dizendo bobagem. Tem que interpretar melhor. O que aconteceu nas últimas eleições? A Marina, sem partido, sem coisa alguma, de repente ganhou em grandes capitais, no Brasil ela teve 20% dos votos. A população quer mudanças. Quem representá-las, vai ganhar.
Folha/UOL: Eu pergunto isso porque há nomes já, inclusive até dentro do campo governista que pensam em ser eventualmente candidatos a presidente. Vou citar um, que é do seu Estado, que é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB. Qual é a sua avaliação sobre essa indicação que Eduardo Campos poderia vir a ser candidato a presidente?
Sérgio Guerra: Eu acho que Eduardo participa desse movimento de renovação da vida política do Brasil. E é um quadro de muita qualidade. Então, na medida em que o nome dele é especulado, é um nome positivo e ajuda a democracia.
Folha/UOL: O sr. enxerga o PSDB e o PSB juntos em 2014 para eventualmente disputarem a Presidência [da República]?
Sérgio Guerra: Eu gostaria dessa ideia. Mas não acredito nela.
Folha/UOL: Por quê?
Sérgio Guerra: Porque sou de Pernambuco, eu conheço Eduardo. Conheço o PSB.
Folha/UOL: Mas explique para nós que não somos de Pernambuco.
Sérgio Guerra: Eu acho que não há... a tendência é essas forças se diferenciarem na campanha. Eu não vejo um cenário de Eduardo candidato, Aécio candidato, por exemplo, eu não trabalho com essa ideia.
Folha/UOL: Como assim? Os dois juntos?
Sérgio Guerra: Os dois separados, eu não trabalho.
Folha/UOL: Mas então isso quer dizer que os dois [podem estar] juntos [na eleição]?
Sérgio Guerra: Nem Eduardo, nem Aécio querem ser candidatos a vice-presidente, nem projetam isso. Aliás, ninguém deve ser candidato a vice.
Eu acho que o PSDB deve desenvolver o PSDB, evitar a multiplicação de partidos como se dá hoje. Trabalhar por novas alianças e, principalmente, representá-lo além do que sempre foi. Um país que botou o Brasil nos trilhos e que, agora, precisa recuperar esse ativo.
Folha/UOL: Então, deixe-me entender uma coisa: o sr. diz que não enxerga Aécio Neves, PSDB, e Eduardo Campos, PSB, juntos numa chapa e um dos dois tendo que ser vice. É isso?
Sérgio Guerra: Não trabalho com isso [essa hipótese].
Folha/UOL: Agora, e separados? Cada um sendo candidato a presidente contra o PT?
Sérgio Guerra: Também não trabalho com essa ideia.
Folha/UOL: Por que o sr. acha que isso é impossível?
Sérgio Guerra: Porque os dois trabalham, basicamente, o mesmo espaço geral do país. Então não vão disputar, conheço bem um e conheço bem o outro.
Folha/UOL: Em 2014, a expectativa é que a economia do país, se não estiver uma maravilha, vai estar um pouquinho melhor do que o que está hoje. A presidente Dilma Rousseff desfruta de popularidade alta neste momento, de popularidade bem alta. Aliás, mais alta do que todos os presidente eleitos pós-ditadura neste mesmo período no primeiro mandato.
Sérgio Guerra: Por uma razão óbvia, não será pela economia. Será, principalmente, por ela ter feito um discurso de austeridade e, em grande parte, o discurso da oposição.
Folha/UOL: Então...
Sérgio Guerra: Agora, entre o discurso e a prática, vai uma imensa distância.
Folha/UOL: Então, é fascinante que a economia não esteja tão bem e a popularidade dela esteja tão alta. Nos leva a crer também que só a economia não ganha uma eleição.
Sérgio Guerra: Não, claro que não.
Folha/UOL: Agora, ela tendo esses dois elementos, mais adiante, coma economia um pouco melhor, ela não se torna uma candidata imbatível para a eleição?
Sérgio Guerra: Acho que a economia não vai eleger, nem vai derrotar ninguém na próxima eleição. Os candidatos terão que pensar no Brasil que está surgindo, que ninguém controla mais. Essa eleição municipal agora é uma boa demonstração de que cenários imprevistos estão se formando. Um certo esgotamento do pensamento convencional.
Folha/UOL: Qual o sr. acha que seria a fórmula para 2014 dar à oposição de ser competitiva e, eventualmente, disputar a Presidência?
Sérgio Guerra: Ser contemporânea. Fernando Henrique escreveu sobre isso. Um ajuste com as novas classes sociais que estão se formando no Brasil, ou que se formaram já. Uma conduta da área política que tem a ver com o país. Não pode a política fazer um discurso e a sociedade pensar de outro jeito.
Folha/UOL: Há uma interdição muito grande no quadro político, embora existam 30 partidos, a maioria dos partidos médios, imensa maioria, se atrelou ao governo federal. E o campo para aliança para a oposição no plano federal ficou muito limitado. Quem o sr. enxerga, dos partidos disponíveis, para serem aliados do PSDB em 2014?
Sérgio Guerra: Há um bloco claramente governista...
Folha/UOL: Muito grande...
Sérgio Guerra: Não... claramente oposicionista e, no meio do campo, muita gente que vai ao sabor do vento ou que é influenciado pelo vento. A ventania, eu estou simplificando as coisas, mas o ambiente eleitoral vai influenciar isso.
Folha/UOL: Quem o sr. enxergaria hoje, no plano nacional, que poderia apoiar o PSDB, além dos tradicionais parceiros, Democratas e PPS?
Sérgio Guerra: Eu não enxergo que o Brasil dispute a eleição com o ambiente que prevalece hoje. O Brasil não tem saúde para disputar a eleição com esse ambiente que hoje prevalece. Vamos ter que mudar muita coisa. Muita gente do governo pensa assim também e nós pensamos também.
Folha/UOL: Surgiu um partido novo recentemente do prefeito de São Paulo, o PSD. Que avaliação o sr. faz desse partido? Aqui em Brasília, o que se interpreta é que eles estão prontos para aderirem formalmente o governo.
Sérgio Guerra: A maioria desse partido foi formada por gente dissidente. Dissidente porque... Por ambiente, por razões diferentes. Eu acho que o PSD vai se confirmar como partido, mas que vai ter que tomar uma definição. Quando tomar uma definição vai deixar de ter, sobre ele, essa curiosidade. Ou será um partido da base do governo, em grande parte, ou um partido que vai operar na oposição. Não tem esse negócio de ser mais ou menos do governo ou mais ou menos da oposição.
Folha/UOL: Recentemente, a Folha publicou um ranking de candidatos nesta eleição de 2012 que tiveram problemas e foram barrados por causa da Lei da Ficha Limpa. E no ranking a gente encontrou 59 candidaturas vetadas do PSDB, que ficou em primeiro lugar seguido do PMDB, com 49, PP, 30, e por aí vai. O PSDB não poderia ter sido mais rigoroso nas suas convenções para evitar que essas pessoas tivessem sido lançadas candidatas?
Sérgio Guerra: Não, a gente não reclamou. A gente apoia das decisões tomadas pelo Judiciário, que muitas vezes contrariam interesses de eventuais candidatos nossos. Então, para nós, isso é bom. Não é ruim, não.
Folha/UOL: Sim, é bom que a justiça tenha sido feita, mas o PSDB não poderia ter tomado uma providência de nem lançar essas pessoas?
Sérgio Guerra: Ao perceber, não tem dono. A gente não...
Folha/UOL: Não, mas as convenções são soberanas.
Sérgio Guerra: A gente não tem capacidade de mandar no partido, nem nas pessoas.
Folha/UOL: Mas e as convenções locais?
Sérgio Guerra: As pessoas que foram no PSDB são candidatos municipais em áreas mais ou menos remotas do Brasil e não são significativas.
Folha/UOL: Mas não haveria uma forma de o PSDB ter controles internos democráticos que impedissem esse tipo de situação?
Sérgio Guerra: Seguramente, nós vamos evoluir nessa direção.
Folha/UOL: De que forma?
Sérgio Guerra: Criando regulamentos internos que nos garantam isso. Fazendo a comissão de ética do partido funcionar mais. Algo que precisamos desenvolver e vamos desenvolver. A sociedade pede isso de nós.
Folha/UOL: O PSDB, o sr. disse, vai ganhar em muitos grandes centros. Mas, salvo engano, dificilmente vai ter sucesso, a julgar pelas pesquisas, em São Paulo. O sr. diz que não, vai ganhar mas, ainda assim, é dúvida. Em Belo Horizonte, apoia um candidato do PSB. E no Rio de Janeiro também está muito atrás nas pesquisas. Ou seja, nas três principais capitais do país, o PSDB está fora. Por quê?
Sérgio Guerra: Bem, é sua opinião. Primeiro, eu acho que nós não estamos fora em São Paulo. Segundo, em Belo Horizonte, a disputa, clara, é entre o Governo Federal e o que ele representa através do PT e o ex-governador Aécio Neves. Então nós vamos ganhar em São Paulo e nós vamos ganhar em Minas Gerais.
Folha/UOL: Em Minas Gerais, é o PSB que vai vencer, aparentemente, a julgar pelas pesquisas que estão aí...
Sérgio Guerra: Não sei porque você falou "aparentemente", mas o fato é que nós vamos vencer lá. Eu estive lá ontem. O Marcio Lacerda [prefeito e candidato a reeleição] fez um grande governo. O PT rompeu uma aliança por razões paroquiais e o Aécio está liderando a campanha do Marcio. A gente vai ganhar lá. Dessa vez sem nenhuma dúvida.
Folha/UOL: A gente volta para aquele assunto de duas ou três perguntas atrás. É PSDB junto com PSB em Belo Horizonte. Isso daí não pode evoluir, o sr. acha, não vai evoluir para o plano nacional?
Sérgio Guerra: Eu não trabalho com a hipótese de que vá evoluir, mas tem chance de evoluir. Não é impossível que evolua.
Folha/UOL: Do que depende?
Sérgio Guerra: De vários fatos. Das eleição que estão se desenvolvendo agora. É claro que essas eleições de hoje nos colocam de outro jeito. Primeiro, lá em Minas, nós ganhamos com o PSB. Em Curitiba, nós ganhamos com PSB. Em Pernambuco, nós vamos disputar com o PSB, o PT foi lá para trás. Em Recife, né? Eu estou achando que os fatos vão prevalecer e não terá candidatura de Edurado [Campos], candidatura de Aécio, enfim. Temos uma relação construtiva com ele, mas, pelo o que eu conheço do PSB, eu o conheço bem, é provável que ele se alinhe no ambiente do governo.
Folha/UOL: O PSDB tem feito alguns elogios, às vezes, para a presidente Dilma Rousseff. Essa é uma boa estratégia?
Sérgio Guerra: Não, é apenas uma questão de justiça do que ela faz. Se merece elogio, a gente não vai deixar de fazê-lo.
Folha/UOL: Que nota o sr. dá para o governo da presidente Dilma até agora?
Sérgio Guerra: Seis. Seis.
Folha/UOL: Meia dúzia, só?
Sérgio Guerra: Ela não tem capacidade gerencial demonstrada. Ela concentra decisões. Ela é muito autoritária. Os projetos do governo, em grande parte, estão parados. Mas ela tem intenções positivas na Petrobrás... Ela mandou um bocado de ministro bandido para casa. Enfim, vamos ver os fatos, como é que eles vão se apresentando.
Folha/UOL: Se o sr. dá seis para a presidente Dilma, que nota o sr. teria dado então para o ex-presidente Lula?
Sérgio Guerra: [risos] Três. Acho que o Lula fez um trabalho social importante, mas ele desorganizou o país e continua desorganizando agora... Essa nota dos partidos [criticando a oposição] é criação dele.
Folha/UOL: Do ex-presidente Lula?
Sérgio Guerra: O discurso dele lá, com o Arthur Vigílio [ex-senador pelo PSDB, candidato a prefeito de Manaus] em Manaus, é um negócio sem pé nem cabeça.
Folha/UOL: Por quê?
Sérgio Guerra: Pessoal, rancoroso. Um ex-presidente da República não devia nem podia agir assim.
Folha/UOL: O sr. acha que ele se excedeu, então, nesse discurso em Manaus?
Sérgio Guerra: Claro. Nesse e noutros.
Folha/UOL: E teve um, recente também, em Salvador...
Sérgio Guerra: E um pouco sentimento de que é dono do povo. Isso não é uma boa ideia. Até se, por acaso, ele tiver, e tem, uma popularidade relevante, a melhor atitude é de ter, diante disso, humildade e não arrogância.
Folha/UOL: O sr. acha que ele se acha o dono do povo?
Sérgio Guerra: Acho que ele se acha o dono do povo. Acha que tudo pode ser enfrentado, inclusive a verdade.
Folha/UOL: Deputado federal Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, muito obrigado por sua entrevista à Folha e ao UOL.
Sérgio Guerra: Um prazer falar com vocês.




sexta-feira, março 23, 2012

PRIVATIZAÇÕES OU CONCESSÕES [IN:] ... APENAS SEMÂNTICA!


'Privatizações', ontem e hoje



Autor(es): Josef Barat
O Estado de S. Paulo - 23/03/2012

PRESIDENTE DO CONSELHO DE, DESENVOLVIMENTO DA FECOMÉRCIO, , FOI DIRETOR DA ANAC

Em recentes debates confrontou-se a "privatização" petista com a tucana, a propósito dos leilões de concessões de aeroportos. Ficou evidente uma preocupante falta de entendimento sobre o que representam privatizações de empresas estatais, de um lado, e concessões de serviços públicos, de outro. Como diria Tim Maia, "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". Cabe, assim, uma reflexão mais ampla.

A ameaça de hiperinflação, o descontrole das contas públicas e a crise fiscal induziram o governo FHC a promover profunda reestruturação do setor público. Foram seguidas duas linhas de ação quanto à participação do Estado na economia, diante da falência do modelo estatal-desenvolvimentista. Na primeira, empresas estatais que desempenhavam atividades econômicas foram privatizadas, mediante a alienação total ou parcial de seus ativos, como, por exemplo, a Vale, a CSN, a Cosipa e a Embraer.

Tratou-se, neste caso, de transferir, mediante ofertas em leilões públicos, a propriedade dessas empresas ao setor privado. Optou-se pela venda em bloco de ações, em vez da venda mais disseminada no mercado, como ocorreu, por exemplo, na Grã-Bretanha. Os vencedores foram grupos empresariais associados a fundos de pensão. Por estarem voltadas para o mercado e por ele reguladas, não houve a necessidade de mecanismos institucionais para a sua regulação, exceto os bancos estaduais privatizados. Essas empresas tinham de ser competitivas e ganhar (ou garantir) o seu espaço no mercado. Portanto, o conceito de privatização aplicou-se à transferência de ativos de empresas, reguladas pelo mercado, que perderam privilégios, proteções, subsídios ou cobertura de prejuízos com recursos do Tesouro. Malgrado os protestos na época, elas se tornaram de fato competitivas e expandiram seus horizontes de mercado para uma escala mundial.

A segunda linha foi a das concessões dos serviços públicos. Muitas autarquias e empresas operadoras tiveram seu papel reduzido ou modificado pela transferência das operações e investimentos para empresas ou consórcios concessionários privados. O mecanismo foi o de licitações que geraram contratos de concessões por prazos longos, em geral de 25 a 30 anos. Assim, com relação à denominação genérica de "privatizações", não se podem confundir os casos de serviços públicos concedidos com os de atividades econômicas exercidas por empresas anteriormente estatais. Não cabe, também, avaliar os desempenhos e resultados das duas categorias por critérios análogos.

A necessidade de regular contratos de concessão e parceria para a prestação de serviços públicos introduziu um novo referencial na organização do Estado brasileiro, particularmente no Executivo. A criação das agências reguladoras obedeceu ao imperativo de uma nova realidade econômica, social e política resultante das concessões na prestação dos serviços públicos. Levou à diluição do papel - que prevaleceu por décadas - do setor público atuando na implantação de infraestruturas e na prestação exclusiva ou principal dos serviços públicos, quando entes estatais se tornaram reguladores de si mesmos.

Mas as agências reguladoras só garantem equilíbrio e estabilidade no relacionamento entre as partes envolvidas (concedente, concessionário e usuários) na medida em que têm credibilidade e imagem pública de isenção. Tanto a subordinação das agências ao governo, tornando-as objeto de barganhas político-partidárias, quanto a sua captura por interesses privados afetam o trinômio que sintetiza sua imagem perante a sociedade: independência, credibilidade e capacitação técnica. Esse é o grande dilema da postura petista quanto às concessões. Elas são exatamente iguais às dos tucanos, mas querendo, envergonhadamente, parecer diferentes. O busílis da questão é justamente o da regulação. Se as agências reguladoras forem objeto de aparelhamento de cunho político-partidário e trazidas para a tradição patrimonialista do Estado, as concessões petistas abrirão um novo capítulo no enredo do que chamam de "privataria"

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terça-feira, fevereiro 28, 2012

ELEIÇÕES SP [In:] SERRA 'BY' FHC

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SERRA AINDA PODE DISPUTAR A PRESIDÊNCIA, INDICA FHC

PARA FHC, DISPUTA EM SP "REVITALIZA" SERRA E NÃO O TIRA DO PÁREO PRESIDENCIAL


Autor(es): Gustavo Chacra
O Estado de S. Paulo - 28/02/2012

Ex-presidente acha correta decisão do tucano de candidatar-se à Prefeitura de São Paulo e afirma acreditar que opção "não significa que ele não possa ser outra coisa" no futuro

Gustavo Chacra, correspondente de O Estado de S.Paulo

NOVA YORK - A candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo permitirá a ele "voltar à cena política com força" e foi a decisão mais adequada para o ex-governador e para o PSDB, afirmou ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista exclusiva ao Estado. "Dá a chance para o partido ganhar e dá a ele uma revitalização política", analisou o ex-presidente.

Segundo FHC, a eleição para prefeito não significa que o ex-governador abandona o projeto de disputar a Presidência no futuro. "Política é uma coisa muito dinâmica. Tem sempre a cláusula de prudência. Política não é uma coisa em que os horizontes se fecham", disse, ao comentar sobre a possibilidade de o tucano, mais uma vez, deixar um cargo para se candidatar a outro, como aconteceu quando era prefeito e governador de São Paulo.

O ex-presidente falou com o Estado em Nova York, onde lidera uma comitiva de 12 CEOs de empresas brasileiras ligadas à Comunitas, entidade criada por Ruth Cardoso para incentivar o investimento social corporativo.

O anúncio da candidatura de José Serra à Prefeitura não esvazia as prévias do PSDB?

Não estou no Brasil e não acompanhei de perto esta evolução. Quem está coordenando é o governador Geraldo Alckmin. Agora, o peso eleitoral do Serra é de tal magnitude que eu acho que o partido vai se ajustar à realidade política.

Mas não faltam caras novas no PSDB? Afinal, há anos Serra e o Alckmin se revezam em candidaturas em São Paulo. O PT tenta essa renovação agora com Fernando Haddad.

As prévias foram uma tentativa nesta direção. Mas quando você tem alguém com a densidade política do Serra, que se disponha a ser candidato a prefeito, do ponto de vista do PSDB há uma importância estratégica porque existe realmente viabilidade de ganhar São Paulo.

O sr. mencionou que o senador Aécio Neves (MG) é o candidato óbvio do PSDB para 2014.

Foi uma pergunta feita pela revista The Economist: quem é o candidato óbvio? Eu respondi que o Serra vai sair candidato, não vai desistir. E eles perguntaram quem seria o outro. É o Aécio. É uma coisa que todo o mundo sabe. São os dois que estão despontando com mais força.

Mas com o Serra se candidatando a prefeito...

Abre espaço para uma outra candidatura para presidente. Agora, sempre tem que colocar aquela cláusula de prudência. A política é muito dinâmica. O Serra pode ganhar ou pode perder. Nos dois casos, o fato de ele ser candidato agora reforça a presença dele como um líder. Todo líder político, enquanto quiser se manter ativo na política, tem de ter a expectativa de poder. Tem que ser candidato. Eu, por exemplo, quando deixei a Presidência, disse que não seria mais candidato a nada e não fui. Disse que estava saindo de cena. No começo, as pessoas não acreditaram. Como não sou ingênuo, ao tomar esta decisão, estava mesmo saindo de cena. Para quem não tomou esta decisão ainda, a melhor coisa a fazer é se candidatar. Você pode se candidatar em vários níveis. O Serra, ao tomar a decisão de se candidatar (para a Prefeitura), volta à cena política com força. Onde ele é necessitado neste momento? Onde o partido o vê com bons olhos neste momento? É aí (na Prefeitura). Isso significa que amanhã ele não pode ser outra coisa? Não.

Mas não pega mal para o Serra, que já foi prefeito uma vez e saiu para se candidatar (o tucano deixou a Prefeitura em 2006, para disputar a Presidência, e o governo do Estado, em 2010, para mais uma vez entrar na disputa presidencial)?

Ele vai tomar as precauções devidas porque ele tem de ganhar a eleição. Provavelmente ele vai reafirmar a disposição dele (de permanecer na Prefeitura). Mas não vi, não falei com ele. Política não é uma coisa em que o horizonte se fecha. De repente, o que estava fechado se abre. Acho que a decisão do Serra foi a mais adequada neste momento para ele e para o partido. Dá a chance para o partido ganhar e dá a ele uma revitalização política.

Mas para a Presidência, o Serra e o Aécio continuam sendo os dois nomes fortes do PSDB?

Eu acho que sim.

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JOSÉ SERRA [In:] COMEÇAR DE NOVO E CONTAR CONSIGO... *

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RECOMEÇA A LUTA ENTRE PT E SERRA

É SÓ O COMEÇO DA GUERRA DE 7 MESES


Autor(es): » PAULO DE TARSO LYRA » ERICH DECAT
Correio Braziliense - 28/02/2012

A

Confirmação da candidatura do tucano a prefeito de São Paulo reedita nas redes sociais troca de acusações que marcou a disputa para presidente da República em 2010


Com a confirmação da candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo, tucanos e petistas iniciam a troca de acusações nas redes sociais. Campanha oficial só a partir de julho, mas o debate partidário está aberto

Antes de discutir as eleições presidenciais de 2014, o tucano José Serra terá que enfrentar uma batalha local que deve se estender pelos próximos sete meses, até o primeiro domingo de outubro, data do primeiro turno.

Tão logo o tucano confirmou ontem, pelo Twitter, a pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, as redes sociais explodiram com reações de adversários e defesas de correligionários do ex-governador. O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu lembrou que o PT já tem candidato e que é hora de pensar na pré-campanha de Fernando Haddad. No sábado, ele já havia postado outra provocação ao PSDB, em um artigo intitulado Quem tem medo de José Serra? . No texto, Dirceu lembra que Serra perdeu as eleições de 2010 e transformou-se em uma figura isolada no partido. "Se Serra não serve para ser presidente do Brasil, por que serviria para ser prefeito de São Paulo?", desdenhou o dirigente.

Ao coro do dirigente se uniu o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), ex-líder do partido na Câmara, que também recorreu ao Twitter para disparar contra a candidatura de Serra. Segundo o parlamentar, a presença do tucano na disputa traz consigo "o antigo, o ultrapassado, o rancor e as trevas!". O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), que até então deixara para o governador Geraldo Alckmin a tarefa de conduzir o processo eleitoral em São Paulo, viajou ontem no fim da manhã para a capital paulista para uma reunião com os caciques tucanos .

Pelas redes sociais, Guerra comemorou a decisão do ex-governador de São Paulo de aceitar disputar dentro do partido o direito de concorrer às eleições de outubro. "A decisão do ex-governador José Serra de disputar as prévias faz bem para a democracia interna e fortalece o PSDB", afirmou. Ex-líder do partido na Câmara e um dos parlamentares mais próximos ao governador Geraldo Alckmin, o deputado Duarte Nogueira (SP) disse que o partido já esperava a reação dos petistas. "Eles sabem que o Serra tem bagagem administrativa e eleitoral e propostas concretas para a cidade. Por isso, abandonaram o debate político e partiram para os ataques pessoais. Mas enganam-se se pensam que assim conquistam os eleitores", afirmou ele.

Em entrevista coletiva realizada após o encontro nacional da Comissão Eleitoral do PT, o presidente do partido, deputado estadual Rui Falcão, buscou minimizar os prejuízos a Haddad com a decisão de Serra de entrar na disputa. "Não foi nenhuma surpresa. Para nós, parece claro que ele seria candidato. O PT continua fazendo o que já vinha fazendo. Começamos a construir o nosso programa de governo, com agenda nos bairros e continuamos dialogando com partidos da base para eventuais alianças", completou.

Alianças


a confirmação da candidatura Serra deu novo ânimo não apenas para o PSDB, mas também para os demais partidos que planejam uma aliança com o PSDB. O DEM, por exemplo, insiste na indicação de Rodrigo Garcia, secretário estadual de Desenvolvimento Social em São Paulo, para vice. Como instrumento de sedução colocam à disposição dos tucanos o tempo de TV de cerca de um minuto e meio no horário eleitoral. Em troca, pedem que o PSDB apoie a candidatura de ACM Neto em Salvador; de Mendonça Filho em Recife; e David Alcolumbre em Macapá.

Fiel aliado de Serra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), também defende que o seu partido deve ter a primazia na escolha do companheiro de chapa do PSDB. Há tempos ele afirma que, se Serra fosse candidato, o PSD teria de ter a vice. Na análise política do prefeito, se o PSDB tiver uma chapa puro-sangue — como defendem alguns tucano, inclusive com a indicação do secretário de Cultura, Andrea Mattarazzo, que abriu mão de disputar as prévias — seria mais difícil convencer o eleitorado de que ele não vai abandonar o cargo no meio do mandato para disputar as eleições para o governo estadual ou a presidência em 2014.

Outro partido que também está de olho nesse embate é o PSB. No plano estadual paulista, o partido é aliado do governador Geraldo Alckmin. Mas o governador de Pernambuco e presidente nacional do partido, Eduardo Campos, já avisou ao PT que vai operar para que o diretório municipal apoie a candidatura de Fernando Haddad.

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TUITADAS
A eleição municipal em São Paulo movimentou o Twitter durante toda a segunda-feira. Pré-candidatos e presidentes de partidos envolvidos na disputa comentaram a decisão de José Serra de concorrer a prefeito da capital. Confira:

Sempre fui favorável às prévias para a escolha do candidato a prefeito do PSDB. E delas pretendo agora participar. Hoje comunicarei por escrito à direção do PSDB de São Paulo minha disposição de disputar a prefeitura de SP

José Serra, ex-governador de São Paulo (@joseserra_)

Eleição em SP: a decisão do ex-governador @JoseSerra_ de disputar as prévias faz bem para a democracia interna e fortalece o PSDB

Sergio Guerra, presidente nacional do PSDB (@Sergio_Guerra)

Também tem gente que resiste à disputa. O Mário Covas dizia que o PSDB não deve temer as disputas

José Aníbal, pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo (@jose_anibal)

Parabéns militantes e filiados, que o processo das prévias seja conquista permanente da democracia interna do partido

Ricardo Trípoli, pré-candidato do PSDB a prefeito de São Paulo (@ricardotripoli)

Site: ex-presidente do PT ironiza decisão de Serra de disputar prévias

Rui Falcão, presidente nacional do PT (@rfalcao13)

O PT já tem candidato.
É hora de partirmos para a pré-campanha

José Dirceu, no Blog do Zé Dirceu (@BlogdoZeDirceu)

Serra entra na disputa:
traz consigo o antigo, o ultrapassado, o rancor e as trevas!

Paulo Teixeira, deputado federal do PT em São Paulo (@pauloteixeira13).


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(*) Parafraseando Ivan Lins.

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quinta-feira, fevereiro 23, 2012

PRIVATIZAÇÕES [In:] ONTEM, HOJE e SEMPRE...

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Mitos e equívocos

23 de fevereiro de 2012 | 3h 05


JOSÉ SERRA - O Estado de S.Paulo

As avaliações sobre a recente privatização de três aeroportos brasileiros têm misturado duas coisas: a questão política, enfatizada pela maior parte da oposição e retomada pelo PT, e a da forma e do conteúdo do processo.

Ao contrário do que se propalou, as privatizações dos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas (Viracopos) não são as primeiras dos governos do PT. Basta lembrar as espetaculares privatizações na área do petróleo, lideradas pelo megainvestidor Eike Batista, sob a cobertura da lei aprovada no governo FHC - alterada recentemente para pior -, e na geração e transmissão de energia elétrica.

Outra ação privatizante digna de menção ocorreu nas estradas federais, a qual fracassou, não obstante o clima de comemoração na época. Fez-se a concessão de graça, pôs-se pedágio onde não havia, mas os investimentos não chegaram, as estradas continuam ruins e o governo federal só faz perdoar as faltas dos investidores. Um modelo furado, que pretendia ser opção vantajosa ao adotado por São Paulo, com vista a dividendos eleitorais em 2010.

O padrão petista de privatização chega ao dinheiro público. O governo faz concessões na área elétrica e as subsidia, via financiamentos do BNDES e reduções tributárias. Não se trata de dinheiro do FAT, mas tomado pelo Tesouro à taxa Selic, repassado ao BNDES a custo bem inferior. Outro exemplo é o da importante e travada Ferrovia Transnordestina. O governo está pagando quase toda a obra, com dinheiro subsidiado, mas a propriedade da concessão é privada. Quem banca a diferença? O contribuinte, é lógico. Quem faz a filantropia? Os governos petistas, cujas privatizações são originais, ao incluírem grandes doações de capital público ao setor privado.

O outro grande exemplo - felizmente, ainda virtual - é o do trem-bala Rio-São Paulo, projeto alucinado que poderá custar uns R$ 65 bilhões, a maior parte de recursos diretos ou indiretos do governo federal e até mesmo dos Estados, via renúncia fiscal, ou dos municípios, que teriam de fazer grandes obras urbanas. O governo quer bancar também os riscos operacionais do empreendimento: se houver número insuficiente de passageiros, o Tesouro comparecerá para evitar prejuízo para o empreendedor privado!

Para alguns representantes extasiados da oposição, com as concessões dos aeroportos, "finalmente o PT se rendeu à privatização", como se este governo e o anterior já não tivessem promovido as outras que mencionamos. Poderiam, sim, ter lembrado o atraso de pelo menos cinco anos na entrada do setor privado na atividade aeroportuária - atraso ocorrido quando a agora presidente comandava a infraestrutura do Brasil.

As manobras retóricas do petismo são toscas. O primeiro argumento, das cartilhas online e de grandes personalidades do partido, assegura que não houve "privatização" de aeroportos, mas "concessão". Ora, no passado e no presente, os petistas chamavam e chamam as "concessões" tucanas (estradas em São Paulo, telefonia, energia elétrica, ferrovias, etc.) de "privatização".

Os PT argumenta ainda que a Infraero mantém 49% das ações de cada concessionária. Isso é vantagem? Em primeiro lugar, a estatal está pondo bastante dinheiro para formar o capital das empresas sob controle privado - sociedades de propósito específico (SPEs) - que vão gerir os aeroportos. Além disso, vai se responsabilizar por quase metade dos recursos investidos, sem mandar na empresa.

Mais ainda: pagará 49% da outorga (preço de compra da concessão) de cada aeroporto. O total de outorgas é de R$ 25 bilhões, número comemorado na imprensa e na base aliada. Metade disso virá do próprio governo, via Infraero! Isso sem contar os fundos de pensão de estatais, entidades sob hegemonia do PT, que predominam no maior dos consórcios, ganhador do Aeroporto Franco Montoro, em Guarulhos. Tais fundos detêm mais de 80% do grupo privado que comandará o empreendimento!

A justificativa de que a Infraero obterá os recursos para investimentos e outorgas da própria concessão é boba - até porque ela já está investindo nas SPEs e vai sacrificar seus retornos. De mais a mais, quais retornos? As outorgas são obrigatórias, enquanto as receitas são duvidosas. A receita líquida do aeroporto de Guarulhos foi de R$ 347 milhões em 2010. A bruta, R$ 770 milhões. A outorga dessa concessão será paga em 20 parcelas anuais de R$ 820 milhões... Mesmo que a receita líquida duplicasse, de onde iriam tirar o dinheiro para os investimentos? No caso de Brasília, a outorga exigirá cerca de 94 % da receita líquida...

Com razão, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), favorável, como eu, às concessões, ponderou: "Com o que sobra é possível entregar a qualidade desejada? Difícil. Difícil até mesmo operar com os baixos níveis atuais, pois sobrará para as concessionárias muito menos dinheiro do que a Infraero tem hoje".

O que poderá acontecer? As possibilidades são várias: mudanças nos contratos, revisão, para cima, de tarifas, atrasos nos investimentos necessários, subsídios do governo e prejuízos para os cotistas dos fundos. Tudo facilitado pela circunstância de que a privatização (um tanto estatizada) tirará o TCU do controle e transparência de gastos com aeroportos...

Existe ainda um erro elementar e pouco notado. De todos os consórcios que entraram no leilão foi exigida a participação de uma operadora internacional de aeroportos. Mas os consórcios onde estavam as boas operadoras perderam a licitação. E as operadoras internacionais dos grupos que ganharam são de segunda linha...

A Presidência da República reclamou disso, como se não fosse o governo o responsável. O correto teria sido as operadoras internacionais serem introduzidas depois da licitação. Cada consórcio vencedor convidaria então uma operadora, a ser aprovada previamente pelo governo como condição para a homologação da concorrência. É uma sugestão que pode ser adotada nos futuros leilões. Por ora, fica o leite derramado...

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*EX-GOVERNADOR E EX-PREFEITO DE SÃO PAULO

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