A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
***************************************************
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
----
''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br
=========valor ...ria...nine
folha gmail df1lkrha
***
sexta-feira, outubro 26, 2012
O MILAGRE DOS PEIXES
Dilma diz que quer tornar o País uma potência da pesca
Autor(es): RAFAEL MORAES MOURA , VANNILDO MENDES |
O Estado de S. Paulo - 26/10/2012 |
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que seu governo tem por objetivo transformar o imenso potencial pesqueiro do Brasil em atividade econômica competitiva e lucrativa, passando o País da condição de importador para exportador. "Nossa ambição é transformar o Brasil numa potência pesqueira mundial", disse a presidente no lançamento do Plano Safra da Pesca e Aquicultura, no Palácio do Planalto. Hoje o País ocupa a 23.ª posição no ranking da produção e gasta U$ 1,2 bilhão anual com importações de pescado.
Segundo a presidente, o País tem 8 mil quilômetros de costa, as maiores reservas de água doce do planeta e mesmo assim vive o paradoxo de importar peixe, embora coma pouco. O consumo per capita do brasileiro, conforme o Ministério da Pesca, é de 9,8 quilos de peixe ao ano, 30% menos que o mínimo recomendado pelo Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), de 12,5 quilos. Para atender a essa demanda mínima, o Brasil precisaria produzir 600 mil toneladas a mais. "Precisamos romper o descompasso entre nosso potencial e o dinamismo da nossa produção."
O Plano Safra prevê investimentos de R$ 4,1 bilhões para expandir a aquicultura, modernizar a pesca e fortalecer a indústria e o comércio pesqueiros. A meta é produzir 2 milhões de toneladas anuais de pescado até 2014, quando o País atingiria a autossuficiência. "Recursos não vão faltar se esses recursos forem gastos de forma produtiva e efetiva. Vamos fortalecer a atividade pesqueira no Brasil", garantiu Dilma. Ela disse que as linhas de crédito do Pronaf, para agricultores familiares, agora também vão beneficiar pescadores.
Entre as ações, está prevista a liberação de linhas de crédito com juros mais baixos, prazos de carência e limites maiores, assistência técnica e extensão rural a 120 mil famílias de pescadores e aquicultores. Com o plano, o governo também pretende resgatar 100 mil famílias da pobreza. Segundo o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, hoje metade dos pescadores brasileiros depende do Bolsa Família. De acordo com o ministro, o País tem cerca de 1 milhão de pescadores.
|
terça-feira, outubro 23, 2012
(...) E EM ''TERRA BRASILIS'', SENHOR GRAZIANO ?
Um em cada oito tem fome
Autor(es): José Graziano da Silva |
Valor Econômico - 23/10/2012 |
Vasculhar a evolução da luta contra a fome é uma das responsabilidades da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Ela requer o mapeamento e o escrutínio dos acertos, erros e omissões - de governos e da cooperação internacional - diante da latejante abrangência de um mal que tem cura, mas mantém sua desconcertante presença no repertório das vulnerabilidades humanas do século XXI.
A fome não é um estoque, mas uma dinâmica histórica. Impulsionada por fragilidades locais e globais, ela sofre agora as determinações profundas da mais abrangente crise registrada no sistema econômico mundial desde 1930.
Não há escassez de oferta ou deficiência tecnológica que justifique a procissão de 870 milhões de pessoas com fome no atual estágio de desenvolvimento humano. 12,5% da população da Terra sobrevive em condições de subnutrição.
Os dados condensados na edição de 2012 do Estado da Insegurança Alimentar no Mundo, produzido em conjunto pela FAO, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), permitem dimensionar melhor os contornos, as singularidades e os desdobramentos dessa superposição de adversidades.
Ente outras coisas, constata-se a ampliação do fosso entre os que conseguem avançar em meio ao nevoeiro e a perda de fôlego adicional dos que já ocupavam uma posição caudatária na segurança alimentar.
Avisos alarmantes, ao lado de revisões encorajadoras, convergem nessa travessia para um denominador inquietante: um em cada oito habitantes do planeta ainda passa fome em nosso tempo.
Não há escassez de oferta ou deficiência tecnológica que justifique a procissão de 870 milhões de pessoas com fome no atual estágio de desenvolvimento humano.
É aberrante: 12,5% da população da Terra sobrevive em condições de subnutrição, como se o domínio ancestral das técnicas de semear e colher que pavimentou saltos tecnológicos sucessivos, hoje compatíveis com manipular o núcleo celular e ter um robô a passeio em Marte, não tivesse ocorrido.
O desfrute desigual desse percurso tem na persistência da fome uma pendência dramaticamente coagulada nos países pobres e em desenvolvimento.
E já foi pior: em 1990 eram um bilhão de pessoas com fome, representando 18,6% da população.
Ainda é possível atingir a meta do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) de reduzir à metade a proporção da população com fome até 2015, se ampliarmos os esforços e conseguirmos superar a desaceleração que começou por volta de 2006.
A radiografia estampada no informe da FAO adiciona um complicador a esse mundo plano feito de estatísticas médias. Na verdade, ela exibe uma perversa progressão, com arranques devastadores justamente ali onde gravitam os mais pobres entre os pobres.
Na África subsaariana, o contingente submetido ao torniquete da desnutrição só fez crescer desde 1990: saltou de 170 milhões para 234 milhões, afetando hoje a vida de 23% da sua população.
No norte da África e no Oriente Médio, a fome passou a ameaçar 41 milhões de pessoas contra 22 milhões no início dos anos 90. As duas regiões juntas - Africa e Oriente Médio - somam 275 milhões de subnutridos em 2012 - 83 milhões a mais que em 1990!
Notícias melhores na América Latina e da Ásia. Nos dois casos, a fome recuou, respectivamente, de 57 milhões para 42 milhões de pessoas, de 13,6% para 7,7% da população regional; e de 739 milhões para 563 milhões, 23,7% para 13,9% da população regional. Somadas, as duas regiões reduziram em mais de 190 milhões o número de subnutridos entre 1990 e 2012.
É nessa intersecção de trajetos e velocidades que age a crise mundial, soprando o vento frio que congela as diferenças, ao contrário de equalizar as conquistas, como seria premente.
Desde 2007, quando implodiu a ordem financeira mundial, os avanços na luta contra a fome praticamente estagnaram. Os novos números divulgados pela FAO encerram ponderações relevantes sobre esse divisor de ambiguidades.
Em primeiro lugar, mostram que no ciclo de crescimento que antecedeu a crise, os avanços da segurança alimentar foram, de fato, mais robustos - e rápidos - do que se calculara anteriormente. E onde o crescimento definha e o investimento agrícola se ausenta, a fome ocupa o vazio.
Em segundo lugar, apontam que a desordem financeira internacional, ao contrário do que se viu em outras crises até mais brandas, desta vez não sustentou uma espiral de fome e preços altos.
Ainda que episódios traumáticos tenham ocorrido no início - e seu refluxo possa ter custado o sacrifício da qualidade pela quantidade da dieta, contribuindo para o aumento da obesidade - a existência de políticas sociais de transferência de renda e o fomento agrícola, principalmente da agricultura familiar, amorteceram significativamente a aterrissagem em muitos países, a partir de 2007.
Se não abriu as comportas da iniquidade, porém, a crise tende a congelar seus níveis intoleráveis. O desempenho modesto que se avizinha em relação aos ODM é o troco dessa fatura.
Seria um equívoco, porém, inferir daí que basta aguardar a retomada do crescimento para se ter uma espécie de cola-tudo, que assumirá a tarefa de recompor mecanicamente o quebra-cabeça da segurança alimentar.
A persistência, quando não o agravamento da fome em algumas regiões pobres, e seu abrandamento em outras, sugere que o diferencial que conta de fato é o papel das políticas públicas na qualificação de um ciclo de expansão.
No campo, por exemplo, para que a geração da riqueza seja um multiplicador de oportunidades e renda, é crucial incentivar o investimento e a produtividade que ampliem a oferta, poupem recursos naturais e incorporem justamente a maior fatia de pobres do planeta, 75% dos quais vivem junto à terra.
Esse é o salto que pode mover o passo seguinte da história. E é em torno dele que a FAO empenha seus esforços.
----------
José Graziano da Silva é diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
|
segunda-feira, novembro 28, 2011
MUNDO [In;] ALIMENTOS, FOME & "MALTHUS"
Fome pode se agravar, diz estudo
Correio Braziliense - 28/11/2011 |
Uma pesquisa divulgada pela Oxfam, organização internacional de combate à fome, prevê um futuro catastrófico na produção de alimentos se a questão ambiental não começar a ser resolvida em breve. De acordo com o estudo, eventos como a seca no nordeste da África, que resultou em pelo menos 13 milhões de famintos, devem se tornar mais frequentes e passar a acontecer de forma generalizada no mundo. Em regiões onde problemas econômicos e políticos já são graves, as mudanças no clima devem impactar de maneira ainda mais severa a alimentação da população mais pobre, que chega a gastar 75% de sua renda com alimentação. "No momento, há comida suficiente com problemas na distribuição. Porém, com as alterações climáticas, será cada vez mais difícil produzir alimentos", diz ao Correio o representante britânico da organização, Tim Coore. "Esse efeito é mais grave em grãos, como milho e arroz, e em alguns vegetais, que são a base da alimentação das populações mais pobres", completa. Em julho, os preços do sorgo na Somália subiram 393%, e os preços do milho na Etiópia e no Quênia aumentaram, respectivamente, 191% e 161% nos últimos cinco anos. Seca e incêndios que se seguiram a uma onda de calor na Rússia e na Ucrânia destruíram grande parte da colheita de 2010 e provocaram um aumento de 60% a 80% nos preços mundiais de trigo em apenas três meses. Tempestades e tufões no sudeste da Ásia ajudaram a subir o preço do arroz em até 30% na Tailândia e no Vietnã. (MMM) Longo caminho COP-13 COP-14 Resultados: A expectativa por um posicionamento do então recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama (foto), travou um avanço mais rápido nas negociações. Das cinco metas, houve consenso em apenas uma: a formação de um fundo internacional para ajudar países pobres a lidar com as mudanças no clima COP-15 Resultados: O que era para ser um momento histórico na mudança das políticas ambientais em todo o mundo, foi considerado por muitos um fiasco. Um acordo mais simples foi assinado nos instantes finais da conferência, mas sem efeitos vinculantes, ou seja, sem a obrigatoriedade de cumprimento pelas nações COP-16 Resultados: De certa forma, esse objetivo foi alcançado. O número de países que aceitaram assumir metas de redução da emissão aumentou, e o os financiamentos cresceram. No entanto, o grupo liderado pelos EUA permanece irredutível quanto à adoção de metas de redução da poluição. Perdeu-se a última chance de aprovar um acordo que pudesse ratificado pelas assembleias nacionais antes do fim do Protocolo de Kyoto Alertas climáticos » Desde 1900, o nível do mar aumentou entre 10cm e 20cm. A temperatura média global da superfície aumentou 0,8ºC. As temperaturas médias em terra aumentaram muito mais rápido: 0,91ºC desde meados do século 20, segundo o Berkeley Earth Surface Temperature Project » Entre 20% e 30% das espécies de plantas e animais enfrentarão ameaça de extinção se as temperaturas globais aumentarem entre 1,5º e 2,5ºC, em comparação com as temperaturas médias das últimas duas décadas do século 20 » Na África, por volta de 2020, entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas ficarão expostas a um maior estresse hídrico. O produto da agricultura irrigada por chuvas em alguns países da África poderá ser reduzido em até 50%. Áreas similares a desertos podem se expandir entre 5% e 8% em 2080 » Na Ásia, a disponibilidade de água doce diminuirá em meados do século. Os megadeltas costeiros correrão risco de inundações devido ao aumento do nível dos mares. A mortalidade atribuída a doenças associadas a cheias e secas aumentará. |
segunda-feira, junho 16, 2008
ETANOL: ONDE ESTÁ A ''SUJEIRA'' ?
- A ascensão da economia brasileira, impulsionada pelo combustível obtido a partir da cana-de-açúcar, traz à tona "o segredo sujo do etanol": as condições primitivas de trabalho às quais são submetidos os catadores da cana, afirma uma reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal americano Los Angeles Times.
O jornal afirma que o Brasil, "a Arábia Saudita dos biocombustíveis", tem mais de 300 mil trabalhadores temporários na indústria da cana vivendo sob condições que variam de "deploráveis à completa servidão". Fontes do Ministério Público ouvidas pelo LA Times afirmam que "pelo menos 18 cortadores de cana morreram nos últimos anos, vítimas de desidratação, ataques cardíacos ou outros fatores ligados à exaustão em regiões onde a floresta passou a dar lugar à agricultura". "Isto não inclui um número desconhecido de outros que morreram em acidentes, por excesso de trabalho. Até prisioneiros têm melhores condições de vida", disse o promotor Luis Henrique Rafael ao diário americano.
Cachaça
"A única forma de lazer deles é a cachaça", acrescentou ele.
O jornal cita o relatório divulgado no mês passado pela Anistia Internacional em que a organização denunciou que mais de mil catadores de cana foram resgatados em junho de 2007 após serem submetidos a trabalho escravo por um grande produtor de etanol, Pagrisa, no Pará. "Apesar de os casos de escravidão ganharem mais destaque, há casos de abusos diários, como baixos salários, longas horas de trabalho, baixos padrões de segurança, ausência de serviços sanitário e de saúde, além de exposição a pesticidas e outros produtos químicos". O Los Angeles Times afirma que as crescentes críticas internacionais provocaram a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o governo e produtores querem melhorar as condições de trabalho na indústria da cana. O jornal destaca uma parte do discurso do presidente durante a conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO), em Roma, em que ele diz que "o trabalho nas lavouras de cana não é mais difícil do que nas minas, que foram a base para o desenvolvimento da Europa". "Peguem uma faca para cortar cana e depois vão a uma mina a 90 metros de profundidade para explodir dinamite. Vocês verão o que é melhor", disse Lula na conferência. Trabalhadores de cana entrevistados pela reportagem reclamaram do regime do trabalho, dizendo trabalhar 12 horas por dia, às vezes sete dias por semana sob um sol escaldante. "Como migrantes de outros países, eles sucubem às suas reivindicações diante da falta de oportunidades de emprego", afirma o jornal.
BBC Brasil. Estadão. 1606.
quarta-feira, junho 04, 2008
LULA/ETANOL/FAO: O ÁLCOOL [ETANOL] É BOM
Na FAO, Lula faz dura defesa do etanol e critica subsídios
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura defesa do etanol brasileiro e uma crítica enfática aos subsídios dados aos agricultores de países desenvolvidos em discurso na reunião da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) nesta terça-feira. Em sua fala, o presidente apontou os subsídios agrícolas como um dos responsáveis pela recente alta nos preços dos alimentos e afirmou que a acusação de que a produção do etanol tem contribuído para esse fenômeno "não resiste a uma discussão séria" e que o argumento se trata de uma "cortina de fumaça lançada por lobbies poderosos, que pretendem atribuir à produção de etanol a responsabilidade pela recente inflação do preço dos alimentos". Ao defender o etanol brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar, Lula comparou o produto ao colesterol e criticou o biocombustível produzido a partir de alimentos básicos, como o milho. "Há quem diga que o etanol é como o colesterol. Há o bom etanol e o mau etanol. O bom etanol ajuda a despoluir o planeta e é competitivo. O mau etanol depende das gorduras dos subsídios", afirmou. "Não sou favorável a que se produza etanol a partir de alimentos, como no caso do milho e outros. Não acredito que alguém vá querer encher o tanque do seu carro com combustível, se para isso tiver de ficar de estômago vazio." Lula aproveitou o discurso na reunião da FAO, que tem como principal ponto de sua agenda a alta nos preços dos alimentos, para rebater com termos duros os críticos dos biocombustíveis. "Vejo com indignação que muitos dos dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão", criticou. "Vejo com desolação que muitos dos que responsabilizam o etanol --inclusive o etanol da cana-de-açúcar-- pelo alto preço dos alimentos são os mesmos que há décadas mantêm políticas protecionistas." De acordo com o presidente, que tem feito do etanol um dos pontos principais de sua política externa, "a superação dos entraves atuais requer uma conclusão bem-sucedida, o quanto antes, da Rodada de Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio)". "Os subsídios criam dependência, desmantelam estruturas produtivas inteiras, geram fome e pobreza onde poderia haver prosperidade. Já passou da hora de eliminá-los", defendeu. Recentemente, críticos dos biocombustíveis, particularmente do etanol brasileiro, têm afirmado que o cultivo do produto tem avançado sobre plantações de alimentos. Para Lula, "essas críticas não têm qualquer fundamento". "Desde 1970, quando lançamos nosso programa de etanol, a produção do etanol de cana por hectare mais do que dobrou", disse. "Por outro lado, de 1990 para cá, nossa produção de grãos cresceu 142 por cento. Já a área plantada expandiu-se no mesmo período apenas 24 por cento", afirmou. Outra crítica rebatida por Lula no discurso foi a de que as lavouras de cana têm avançado sobre a floresta amazônica. O presidente considerou o argumento "sem pé nem cabeça" e atribuiu a informação a pessoas "que não conhecem o Brasil". Lula citou dados, segundo os quais apenas 0,3 por cento da área total de canaviais do país está na região Norte, que abriga a maior parte da Amazônia. "Ou seja, 99,7 por cento da cana está a pelo menos 2 mil quilômetros da floresta amazônica. Isto é, a distância entre nossos canaviais e a Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e o Kremlin", comparou o presidente, citando que o Brasil tem 77 milhões de hectares de terras agrícolas, fora da Amazônia, que ainda não estão sendo utilizados.
terça-feira, junho 03, 2008
ENERGIA vs. ALIMENTOS: IND. AUTOMOBILÍSTICA vs. GOVERNOS
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu durante seu discurso perante a Cúpula da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) em Roma que a produção de alimentos seja duplicada até o ano de 2030 para superar a atual crise mundial.
Durante a abertura do evento Ki-moon exigiu que se passe das palavras à ação e pediu um consenso mundial para a utilização dos biocombustíveis, assim como outras medidas para atenuar a crise na oferta de alimentos. O principal diretor da ONU lembrou que existem 850 milhões de pessoas famintas no mundo, e que o Bird (Banco Mundial) previu que esse número pode aumentar em cem milhões nos próximos anos caso não sejam tomadas as medidas necessárias conter o problema. "Todos os senhores conhecem a severidade e a escala da atual crise mundial. As ameaças são óbvias", disse o secretário-geral aos delegados dos 191 países que participam da cúpula. No entanto, ele destacou que a reunião é uma oportunidade para revisar as políticas, que devem tanto "responder imediatamente aos altos preços" quanto "aumentar a segurança alimentar mundial a longo prazo".
Assistência e restrições
Entre as medidas receitadas por Ban para alcançar esses objetivos, destacou o aumento da assistência, por meio da ajuda em comida, vales e dinheiro, e o ajuste do comércio e das políticas fiscais para minimizar as restrições e as tarifas à importação.
Por esse motivo, rejeitou as limitações impostas às exportações por alguns países, que podem "distorcer os mercados e aumentar os preços". Ban pediu a suspensão dessas restrições às exportações a todas as nações que as impuseram.
Também pediu que o ajuste do comércio e das políticas fiscais sobre a agricultura esteja ligado a uma rápida resolução das negociações na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), e a um maior investimento na agricultura de todo o mundo.
O secretário-geral da ONU calculou em entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões o esforço anual que deverá ser realizado pelos países em desenvolvimento e pelos doadores para poder dobrar a produção mundial de alimentos.
Politização
Ontem, durante sua chegada à Roma, Ki-moon advertiu que o aumento dos preços dos alimentos pode provocar outras crises com efeitos negativos sobre o crescimento econômico, o progresso social e inclusive a segurança política no mundo.
Os governos deixaram de lado "decisões difíceis e subestimaram a necessidade de investir em agricultura", disse o secretário-geral, acrescentando que hoje está se "pagando o preço" dessa atitude. Além disso, o sul-coreano expressou preocupação com a "excessiva politização" na discussão da crise. Em visita ao Brasil, noticiada pela BBC, Ki-moon disse que deve-se "evitar que uma excessiva politização do tema impeça medidas que são necessárias para melhorar a produção e o abastecimento de alimentos". Mais de 30 chefes de Estado discutirão em Roma os fatores que estão causando a alta do preço dos alimentos, que chegou a gerar crises políticas e violência em alguns países. Vários fatores são associados ao aumento --alta do preço do petróleo, aumento da produção dos biocombustíveis, especulação, queda da cotação do dólar e crescente demanda por alimentos em países emergentes. No entanto, não existe um consenso dentro da FAO sobre o peso de cada um dos fatores.
segunda-feira, junho 02, 2008
LULA: 'SUBSIDIANDO' A POLÍTICA MUNDIAL...
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente, disse que para se combater a forme no mundo, uma das atitudes a ser adotada, seria a de concluir o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) na Rodada de Doha, e "que os países ricos abram mão dos subsídios agrícolas que dão aos seus agricultores, que os Estados Unidos diminuam os subsídios. E aí sim os países pobres vão se sentir motivados a produzir mais alimentos para comer e para vender".
Falando de Roma, onde participará da reunião da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o presidente adiantou que, durante seu discurso no evento, falará de programas sociais de seu governo, como o Fome Zero e o Bolsa Família, e procurará lembrar aos demais líderes mundiais que tem batido na tecla do combate à fome desde 2003, quando assumiu o governo. Lula disse ainda que a crise de alimentos é mundial, que passa pela China, Brasil, Chile, Estados Unidos e Europa. Durante a FAO, o presidente disse que afirmará que é preciso fazer algo urgente. "Discutir, por exemplo, porque que o preço do petróleo pode implicar no aumento do custo do produto a partir do custo do transporte e a partir do custo da matéria prima que faz o fertilizante", disse. "Nós temos terra no mundo, nós temos água, nós temos sol em vários países. É importante, então, que a gente comece a estabelecer uma estratégia de melhorar e aumentar a produção de alimentos e, sobretudo, tirar os subsídios na agricultura dos países mais ricos que tornam praticamente impossível do mundo pobre vender comida à Europa. Ou seja, porque não tem incentivo para produzir". E complementou: "Se nós conseguirmos fazer isso, eu penso que nós estaremos criando as condições para que o alimento volte a se tornar acessível, sobretudo à parte mais pobre da população. Eu acho que nós queremos abrir um debate [no encontro da FAO] para discutir a questão do alimento, a questão da inflação e também discutir como fazer para que as pessoas não joguem a culpa do preço dos alimentos em cima dos países pobres mais uma vez".
Grau de investimento
Ao analisar o fato de mais uma companhia de análise de risco, a inglesa Fitch, ter atribuído ao Brasil o grau de investimento, Lula disse ter a certeza de dizer ao povo brasileiro que "a economia está no caminho certo". Essa foi a segunda agência desse tipo que deu esse status ao Brasil. Antes, a nota havia sido dada pela Standard & Poor's.
"O fato do Brasil ser reconhecido por uma segunda agência como grau de investimento demonstra que nós estamos acertando na política fiscal, demonstra que nós estamos acertando na política de investimento, e tudo isso é resultado de uma coisa bem planejada, pensando no futuro". Lula disse que no País hoje se combina o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com "uma política de desenvolvimento produtiva que nós lançamos no País, você vai dando ao mundo e aos investidores a certeza de que o Brasil está levando a sério essa história de se transformar num país de uma economia altamente sustentável e de um novo ciclo de crescimento".
sexta-feira, maio 23, 2008
FAO/GRÃOS: ... E A FOME CONTINUA?
Jamil Chade, GENEBRA. Estadão, 2305.
sexta-feira, abril 27, 2007
LULA A FAVOR DO ÁLCOOL (ETANOL) EM REUNIÃO
O presidente deixou Santiago na noite de quinta, rumo à Argentina. O tema tomou praticamente metade do discurso que o presidente fez no escritório regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em Santiago, onde participou do lançamento da iniciativa América Latina e Caribe Sem Fome. Durante a visita, Lula recebeu de José Graziano, atual representante da FAO para a região e seu ex-ministro da Segurança Alimentar, um estudo sobre o impacto dos cultivos voltados para a produção de energia sobre o abastecimento na região. Preocupado com a "ideologização" do debate, o presidente pediu a Graziano que elaborasse o estudo, que será apresentado e discutido durante a reunião da FAO, em maio próximo. Endossando críticas que haviam sido feitas pelo presidente cubano, Fidel Castro (afastado do cargo), Chávez tem condenado o uso de alimentos para produção de combustíveis. Embora o documento ainda não tenha sido publicado, o ex-ministro adianta que suas conclusões apontam que, tomadas certas precauções, a produção de biocombustíveis não representa ameaça às áreas de cultivo de alimento nem aos preços de produtos usados para gerar bioenergia. "No caso da América Latina e da África, as evidências são suficientes para garantir que não há impacto sobre a produção de alimentos nem necessidade de destruir florestas para chegar ao B5", disse Graziano, referindo-se à mistura de 95% de diesel comum com 5% de diesel de origem biológica. Medidas como zoneamento agroecológico e adoção de tecnologias poderiam ajudar a maximizar as oportunidades e minimizar os riscos da exploração dos biocombustíveis. Caberia à FAO, que Lula quer ver cada vez mais envolvida na discussão, não só dar essas orientações, como monitorar a sua aplicação com o objetivo de criar um selo de certificação internacional. Segundo ele, o estudo Bioenergia e Segurança Alimentar mostra que o impacto hoje no preço do milho é "passageiro" e só é sentido porque os Estados Unidos resolveram quadruplicar a sua produção do grão, de 25 milhões para 100 milhões de toneladas, em quatro anos. Tanto Lula como Graziano defendem que a fome na região não se deve à falta de alimentos e sim à má distribuição de renda. Quanto à iniciativa contra a fome, Graziano disse que a FAO já apóia programas nesse sentido em dez países na região, além do Brasil, mas que espera que, com a iniciativa lançada nesta quinta-feira, a entidade chegue a outubro, quando se celebra o dia de combate à fome, com um número muito maior de países participantes. Segundo o representante da FAO, a entidade quer que os 33 países da região transformem o combate à fome em prioridade. Inspirada no programa Fome Zero, iniciado por Lula em 2003, a campanha anunciada oficialmente nesta quinta-feira conta com fundos da própria FAO e dos países envolvidos. Fora da região, o maior contribuinte é a Espanha. Assim como havia feito em discurso após encontro com a presidente Michelle Bachelet, Lula aproveitou o pronunciamento para bater na questão da liberalização do comércio mundial. O presidente voltou a defender que sem uma Rodada Doha bem sucedida o mundo vai continuar a sofrer com problemas como pobreza e terrorismo. Lula criticou os países ricos por imporem barreiras aos países sem desenvolvimento, embora tenha dito que, depois da criação do G20 "ninguém pode (mais) fazer política sem levar em conta a nossa existência". "Nós não somos mais vistos como países periféricos, sem importância", afirmou o presidente. "(Antes) só éramos chamados para discutir combate ao narcotráfico ou éramos lembrados pelas festas folclóricas". Carolina Glycerio, enviada especial a Santiago, BBC Brasil.