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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

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segunda-feira, julho 15, 2013

''--ALÔ, ALÔ MARCIANO!" (Elis Regina)

15/07/2013
O marciano, o Brasil e Aristóteles 


:: Denis Lerrer Rosenfield
MARCELO

Um marciano desembarcou no planeta Terra e, desta vez, optou por conhecer o Brasil. Há muito tempo atrás, antepassados seus tinham visitado a Grécia clássica. Lá tomaram conhecimento da filosofia de Aristóteles, que os apaixonou. Levaram, inclusive, os manuscritos mais elaborados para seu planeta, deixando para os terráqueos o duro trabalho de edição de suas obras por séculos a fio.

Particularmente, tinham sido atraídos pelo princípio de não contradição, que passou a ser ensinado em todas as escolas. Mais especificamente, qualquer político deveria fazer provas duríssimas, aplicando esse princípio aos assuntos públicos. Afinal, tratava-se de algo maior: a prevalência do bem comum.


Nosso amigo marciano ficou, então, surpreso com o que estava ocorrendo em nosso país, pois tudo o que via percebia como uma infração às regras mais elementares da lógica e, neste sentido, de como entendia a política. Nas manifestações da última quinta-feira, anunciadas como "greve geral" ou como "dia nacional de lutas", ele não conseguia compreender o que bem podia significar uma "greve" de movimentos sociais "organizados", como CUT e MST, aparelhados pelo PT e financiados pelos governos petistas, contra o próprio governo petista. Traduzindo em miúdos, isto significa uma "greve" do PT contra o PT. O princípio de não contradição estaria sendo infringido!


Como podia acontecer que, no décimo terceiro ano de um governo petista, o PT se sentisse tão incomodado com o seu próprio governo? Cansado de si mesmo? Desorientado consigo? O que diriam, então, os cidadãos confrontados com tal confusão? Como pode alguém fazer oposição a si mesmo?

Ficou particularmente intrigado com uma expressão de muito uso no governo do ex-presidente Lula e posta à prova no da presidente Dilma. 

Trata-se de uma tal de "herança maldita". 

Não conseguia bem perceber o que significava. Em sua formação intelectual, além de Aristóteles, tinha lido muito Descartes, quando de outra incursão de seus antepassados ao planeta Terra. Tinha aprendido com o filósofo francês um critério de verdade baseado na clareza e distinção das ideias. Lógico como era, tratou de aplicar esse critério à expressão "herança maldita".

Ora, qual não foi a sua estupefação ao constatar que o que o ex-presidente Lula considerava como herança "maldita" de seu antecessor tinha sido "bendita", assegurando-lhe o êxito de seu primeiro mandato. 

Ficou sabendo que o primeiro governo petista tinha mantido as linhas básicas de sua política econômica e, mesmo, social. Tinha tucanado. A lógica do governo teria sido uma, a retórica outra. Ou seja, fazia uma coisa e dizia outra. Não há princípio de não contradição que resista, além do problema de ordem propriamente moral de não reconhecimento.

Perseguindo ainda a clareza e a distinção das ideias, terminou por compadecer-se com a presidente Dilma, pois ela se encontrou em uma sinuca de bico. Do ponto de vista moral, teve uma atitude digna ao qualificar a herança de seu antecessor como "bendita", quando, na verdade, ela é "maldita". Está agora recolhendo os seus frutos que crescem nas ruas em manifestações autônomas. O seu discurso está, neste sentido, impregnado de contradições, apesar de ter, no início de seu mandato, mantido a coerência ao ter reconhecido o legado do ex-presidente Fernando Henrique. Aliás, de sua própria iniciativa, fez uma "faxina ética", tendo depois recuado ao seguir novamente o seu antecessor.

Contudo, os dilemas de nosso marciano não pararam por aí. 

Seus princípios e critérios não cessavam de ser postos à prova - e que provação! Não conseguia entender o que o governo e o PT entendiam por "movimentos sociais" quando confrontou duas manifestações, a monstro de duas semanas atrás e a esquálida desta última quinta, tendo sido esta uma caricatura daquela.

Ele próprio, apenas poucas décadas atrás, tinha entrado em contato com outro grego, naturalizado francês, de nome Cornelius Castoriadis. Em privado, era chamado Corneille, porém isso também o confundia por lembrar o célebre dramaturgo francês. O problema, porém, não era esse. O que estava em questão era a distinção feita por esse filósofo entre "autonomia" e "heteronomia".

Autonomia designava movimentos populares autônomos, genuínos, que brotavam da sociedade por ela mesma, lutando contra governos que os oprimiam ou não atendiam às suas reivindicações. Heteronomia, por sua vez, significava movimentos controlados por aparatos partidários e burocráticos, de uso corrente na esquerda, cujo objetivo consistia precisamente em substituir e aniquilar uma manifestação independente da sociedade civil.

Ora, as manifestações de duas semanas atrás se caracterizaram, precisamente, por serem autônomas, nascidas do próprio seio da sociedade civil, ultrapassando qualquer "aparelho" que tenha procurado controlá-las. Foi um espetáculo de liberdade. Uma expressão da mais legítima indignação com distintos governos de diferentes partidos, sejam eles do PT, PMDB ou PSDB, tanto no nível federal, quanto estadual e municipal.

Em uma manobra de grande inabilidade, o governo federal e o PT, em vez de procurarem atender a uma indignação generalizada dos cidadãos brasileiros, partiram para a cooptação e a burocratização de movimentos autônomos. Colocaram em pauta a heteronomia. 


Sindicatos financiados com recursos públicos e movimentos sociais organizados como o MST, também financiados pelo governo, usurparam a bandeira da liberdade e da moralidade. O resultado foi um fiasco total. Ruas comparativamente vazias, burocratização das marchas, uniformização dos discursos e indignação fingida.


A presidente, com humildade, deveria ter reconhecido desde o início os seus erros e os de seu antecessor, resgatando o princípio de não contradição e a clareza e a distinção de ideias. Poderia ter aberto um novo caminho. Nosso amigo marciano, por sua vez, confuso, preferiu voltar ao seu planeta. Pelo menos lá reinam a coerência e a racionalidade.

adicionada no sistema em: 15/07/2013 04:01

sexta-feira, dezembro 28, 2012

ARGENTINA: 'NO LLORES POR MÍ', CRISTINA



Contra patrões e Cristina, sindicalistas param sistema bancário na Argentina



O Estado de S. Paulo - 28/12/2012

Greve. Categoria exige aumento salarial de 35%,com base no índice extraoficial de inflação, mas governo diz que preços subirão 10% em 2012 e se recusa a discutir correção acima de 18%; Casa Rosada teme que reivindicação de sindicatos ieve a escalada inflacionária

Uma greve geral paralisou ontem o sistema bancário em toda Argentina. O sindicato optou pelo confronto direto com o governo da presidente Cristina Kirchner e prometeu não recuar da exigência de aumento salarial de 35%. Inicialmente, os sindicalistas pretendiam estender a greve até hoje, mas depois voltaram atrás.
A proporção reivindicada pelos bancários equivale à inflação extraoficial registrada neste ano, segundo consultorias argentinas e agências internacionais de rating. Mas a Casa Rosada rejeita esse índice e sustenta que a alta dos preços em 2012 não passará de 10%.
Na quarta-feira, o Ministério do Trabalho ordenou a conciliação obrigatória, medida que suspenderia automaticamente a greve. No entanto, os sindicalistas rejeitaram a decisão, alegando que Cristina e os bancos estão aliados contra os trabalhadores.
O governo argentino recusa qualquer tipo de aumento salarial superior a 18%. O objetivo é evitar um efeito de contágio que aumente a escalada inflacionária - embora a Casa Rosada negue haver uma crise desse tipo. Segundo os bancários, o governo pretende "disciplinar" os bancários para evitar que outros sindicatos também exijam aumentos similares.
A vice-ministra do Trabalho, Noemi Rial, declarou que o governo aplicará suas "ferramentas administrativas" contra os sindicalistas por não aceitar a ordem de conciliação obrigatória e cancelar a greve.
Com a paralisação dos bancários, abre-se mais uma frente de batalha entre o governo e setores que se opõem à Casa Rosada.
Na quarta-feira, quatro associações ruralistas do país paralisaram as atividades agropecuárias por 24 horas em protesto contra o confisco dos terrenos e edifícios da Sociedade Rural no bairro de Palermo. No local, são realizadas anualmente a Exposição Rural e a Feira do Livro de Buenos Aires. Ambos os eventos costumam ser tribunas de duras críticas à presidente.
O    líder da Sociedade Rural, Luis Etchevere, afirmou que a estatização das instalações da entidade são uma vingança do governo pela crise de 2008, quando associações ruralistas enfrentaram Cristina com um locaute de quatro meses. Na época, a Casa Rosada pretendia- aplicar um "impostaço agrário", derrubado no Senado por margem estreita - apenas um voto.   
No dia 18, alas "rebeldes" da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) realizaram uma manifestação com dezenas de milhares de pessoas na Pra-çadeMaio. Eles exigiam uma mudança na política econômica do governo de Cristina.
Os sindicalistas - que no dia 20 de novembro já haviam realizado a primeira greve geral da era Kirchner - acusam a presidente de aplicar "políticas econômicas mais ortodoxas do que  as do FMI" e de ter traído os  "ideais trabalhistas" do peronismo.
Na manifestação, o secretáriogeral da "CGT rebelde", o caminhoneiro peronista Hugo Moya-no, afirmou que os sindicatos não se "ajoelharão" diante de Cristina.
As principais causas da insatisfação com o governo argentino em 2012 são o aumento da inflação e a retomada do crescimento da pobreza, segundo um relatório da consultoria Diagnóstico Político. De acordo com o estudo, ao longo do ano, foram, registrados 4.897 piquetes em estradas e avenidas - um aumento de B 52,36% em comparação com 20ix. Os protestos também foram reprimidos com maior violência por parte das forças de segurança. Segundo dados da CTA, nos últimos três anos, 22 pessoas morreram em manifestações.

RIVAIS DE BATALHA
® Grupos de comunicação
Com a Lei de Mídia, atualmente em debate no Judiciário, o governo Cristina tenta desmembrar as principais empresas jornalísticas críticas à Casa Rosada, como 0 grupo Glarín e 0 jornal "La Na-ción". 0 primeiro rompeu com o governo em 2008
Alas  "rebeldes!  de sindicatos
Em novembro, grupos dissidentes da Confederação-Geral do Trabalho (CGT) e da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) realizaram a primeira greve da era Kirchner. Ontem, O sindicato dos bancários decretou greve geral em desobediência à ordem de conciliação do governo
 Associações ruralistas
Na quarta-feira, quatro grupos de ruralistas decretaram greve: a Sociedade Rural, Coninagro, Confederações Ruralistas Argentinas e a Federação Agrária. Em 2008, crise abalou 0 governo do casal Kirchner

quarta-feira, dezembro 26, 2012

GREVES [In:] APRENDEU-SE A 'PESCAR' ...



GREVES PARAM AS TRÊS MAIORES OBRAS DO PAÍS POR SEIS MESES

TRABALHADORES DEIXAM AS TRÊS MAIORES OBRAS DO PAÍS PARADAS POR SEIS MESES

O Estado de S. Paulo - 26/12/2012
 

Disputas trabalhistas e negociação salarial têm contribuído para travar as três maiores obras de infraestrutura do País. Somadas, as greves na Hidrelétrica de Belo Monte, na Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro chegam a quase seis meses, informa Renée Pereira. O campeão de paralisações é o Comperj, que ficou parado por 82 dias entre novembro de 2011 e maio deste ano. A estratégia dos trabalhadores tem surtido efeito. Além de reajuste salarial acima da inflação, eles tiveram mais benefícios. O valor da cesta básica foi o item que mais cresceu nas três obras - na refinaria subiu de R$ 25 para R$ 260 em 4 anos. Entre os fatores que explicam a mobilização, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada da Bahia, Adalberto Galvão, estão maior cultura sindical e melhor escolaridade.

Disputas trabalhistas, as vezes violentas, em Belo Monte, Abreu e Lima  e Comperj atrasaram empreendimentos, mas garantiram benefícios
O    jogo mudou. Se no passado, com o nível de desemprego nas alturas, o trabalhador tinha de aceitar qualquer proposta, hoje em dia é ele quem dá as cartas nas negociações trabalhistas. Sem acordo, podem ficar semanas de braços cruzados até conseguir melhorar os benefícios. E o que tem ocorrido nos três maiores projetos em construção no Brasil: Hidrelétrica de Belo Monte, Refinaria Abreu e Lima e Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Juntas, as obras somam quase meio ano de paralisação desde o inicio das atividades.
O    campeão de greves é o Comperj. Entre novembro de 2011 e maio deste ano, os trabalhadores do empreendimento ficaram 82 dias parados - sendo 58 deles este ano, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon). Na Abreu e Lima, também chamada de Rnest,foram 71 dias desde 2010; e em Belo Monte, cujas obras começaram no ano passado, 16 dias. A estratégia dos traba-Ihadores tem surtido efeito.
Além de reajustes salariais bem acima da inflação, eles conseguiram turbinar os benefícios concedidos pelas empresas. O valor da cesta básica, por exemplo, foi o item que mais cresceu nas três obras. Na refinaria, aumentou 940% em quatro anos, de R$ 25 para R$ 260. Mas, nesse item, quem paga melhor é o Comperj: R$ 300. Em Belo Monte, os valor subiu 110% em um ano e meio de atividades, para R$ 200.
"Num ambiente como o atual, em que há escassez de mão de obra, o trabalhador vive num céu de brigadeiro", afirma o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, especialista em relações de trabalho. Segundo ele, a situação é mais favorável nas obras localizadas em áreas distantes e inóspitas. Nesses casos, o trabalhador fica isolado nos canteiros de obras, longe da família e sem. acesso a serviços e entretenimento.
" Pastore comenta que muitas empresas o têm procurado paia ensinar os profissionais de Recursos Humanos a negociar. "Mas não adianta treinamento. Hoje em dia os trabalhadores conseguem tudo o que pedem. O quadro virou", afirma o professor. Nas três obras, os reajustes salariais da data base atual ficaram na casa de 11%.
Em Belo Monte, eles conseguiram reduzir de 180 dias para 90 dias o tempo para visitar a família; na Refinaria Abreu e Lima, de 120 para 90 dias, "Há uma mudança na formação do s trabalhadores da construção. Antes tinha baixo valor social. Hoje eles precisam ter maior qualificação profissional e absorver alta tecnologia", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav), Adalberto Galvão.
Ele explica que, além de maior cultura sindical, os trabalhadores de agora têm maior grau de escolaridade e estão conectados a informações de todo o País. Na prática, isso significa maior rotatividade. Se veem uma oportunidade melhor, com cesta de benefícios melhor, não hesitam e trocam de emprego, diz Galvão.
Pacote. "O governo lançou um pacote de obras importantes, mas não olhou para o desenvolvimento social do trabalhador. O teto de proteção social e os benefícios não estavam sendo concedidos na mesma velocidade que do lucro das empresas." Galvão explica que o trabalhador que tem mais consciência vai fazer grandes mobilizações exigindo que a riqueza sei a distribuída.
O problema é que nem sempre as paralisações são pacíficas, a exemplo do que ocorreu em Belo Monte e no Comperj, Com milhares de trabalhadores em campo, as centrais sindicais não têm conseguido controlar os ânimos dos grupos, que acabam destruindo o que veem pela frente: ônibus, máquinas, equipamentos ou o próprio alojamento.
A situação ficou tão preocupante que, logo após os primeiros episódios de violência nos canteiros de obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, o governo federal decidiu criar o Compromisso Nacional para Aperfeiçoamento i das Condições de Trabalho na Indústria da Construção - que envolve os trabalhadores e as empresas. A ideia é criar um pacto para evitar novos conflitos.
O presidente do Sinicon, Rodolpho Tourinho, conta que durante 11 meses foram discutidas uma série de medidas para melhorar o ambiente de trabalho e intermediar futuras paralisações. Foram definidos seis compromissos: contratação de mão de obra pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), eliminando os famosos gatos (aliciador de mão de obra); qualificação; saúde e segurança; ambiente seguro e saudável para o trabalhador relações com a comunidade, com compensações sociais e representação sindical no local. Os empreendedores precisam aderir ao compromisso.
"O objetivo é criar uma mesa permanente de discussão. Se há  algum movimento de greve e j não se chega a um acordo, um grupo de trabalho é acionado para apaziguar a situação", diz Tourinho. Mas as centrais sindicais reclamam que o acordo não está funcionando. "Vai haver muita confusão nas obras do PAC em  2013", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.  "Assinamos o convênio e mesmo assim os trabalhadores continuam sendo maltratados", argumenta o sindicalista, / colaborou MARCELO HEHOEfl

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

DIREITO DE GREVE [In:] ... ESTAR NO LADO DA ''GAVETA''...

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'Epidemia' de greves faz Dilma rediscutir direitos de servidores públicos

Autor(es): Marta Salomon
O Estado de S. Paulo - 08/02/2012

Engavetado pela presidente quando era ministra da Casa Civil, projeto obriga manter 40% do efetivo público


BRASÍLIA - Em meio à greve dos PMs na Bahia e a possibilidade de paralisações de policiais virarem "epidemia pelo País", atingindo pelo menos outros oito Estados, o governo Dilma Rousseff desengavetou projeto de lei que disciplina o direito de greve de servidores públicos e exige que o governo seja comunicado com antecedência mínima de 72 horas na paralisação de atividades "inadiáveis de interesse público".

Ontem, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil (Ugeirm-Sindicato) do Rio Grande do Sul anunciou o início de uma operação padrão. No dia 15, PMs e bombeiros ameaçam entrar em greve no Espírito Santo. Líderes da PEC 300 (que aumenta o salário de policiais e unifica os pisos pelo País) informaram que Minas também já enfrenta focos de reclamação da categoria.

No Rio, policiais e bombeiros marcaram uma assembleia para hoje e podem definir greve a partir de amanhã. Isso apesar da tentativa do governo de adiantar reajustes para evitar mobilizações. Levada ontem a Assembleia, a proposta foi considerada insatisfatória por associações e representações de classe, recebeu 78 emendas e saiu de pauta.

Líder do PSDB baiano, legenda que abriga o líder da paralisação, o deputado Antônio Imbassahy diz que o governo federal, "ao assumir a negociação na Bahia, da forma como foi feito, convocou os policiais de outros Estados a aderir ao movimento".

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse ontem que o Congresso está disposto a rediscutir o direito de greve. Mas reiterou que não vai pôr em votação a PEC 300.

Direito de greve. O projeto de lei de restrição ao direito de greve foi preparado pela Advocacia-Geral da União em 2007, mas parou na Casa Civil, que, então comandada por Dilma Rousseff, não levou a proposta adiante.

O projeto de lei preparado em 2007 prevê que a deflagração de greves de servidores públicos seja aprovada por pelo menos dois terços da categoria. Hoje, na Bahia, a paralisação é liderada por uma associação que só representa 2 mil dos 32 mil PMs. E a assembleia da categoria só poderá ser convocada dez dias após o envio da pauta de reivindicações à autoridade competente.

O texto inclui segurança pública entre os 19 serviços considerados "inadiáveis de interesse público", em que o estado de greve deverá ser declarado com antecedência mínima maior, de 72 horas. E a proposta limita a paralisação a 40% dos servidores de um órgão. /

COLABORARAM ALFREDO JUNQUEIRA E DENISE MADUEÑO

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sexta-feira, outubro 07, 2011

GOVERNO DILMA [In:] NÃO FAÇAM O QUE ENSINAMOS ...



PLANALTO AVISA A GREVISTAS QUE SÓ VAI PAGAR A INFLAÇÃO



GREVES IRRITAM GOVERNO
Autor(es): CRISTIANE BONFANTI
Correio Braziliense - 07/10/2011
Insistência de manifestantes desafia o Palácio do Planalto. Dilma ordena às estatais que só aceitem repor a inflação
A radicalização dos funcionários dos Correios e dos bancários está irritando o governo. Muito além dos prejuízos à população, que enfrenta o atraso na entrega de 150 milhões de cartas e encomendas e tem dificuldades para pagar suas contas em dia, o temor do Palácio do Planalto é que a resistência dos grevistas em encerrar o movimento e a exigência de aumentos salariais elevados motivem outras categorias a pressionar o poder público, empurrando para cima os preços de produtos e serviços em todo o Brasil. Não à toa, a presidente Dilma Rousseff deu ordem para que o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST) tenha pulso firme com os presidentes e diretores das companhias, em especial Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica Federal e ECT.
O comando, dado por meio da ministra do PlanejamentoMiriam Belchior, é para que eles concedam, no máximo, a reposição da inflação. Os motivos para tanta preocupação são simples. Com mais dinheiro no bolso, os trabalhadores vão às compras e aumentam a demanda por produtos, o que faz a inflação disparar. As empresas, por sua vez, repassam ao consumidor o custo dos aumentos salariais. Outro perigo que o governo quer evitar é a volta da indexação de preços.
O tom das conversas na equipe da presidente Dilma ficou ainda mais áspero nesta semana, depois de os funcionários dos Correios rejeitarem a proposta de aumento de R$ 80 mais reajuste de 6,87% nos salários e benefícios formalizada na terça-feira, durante reunião de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Em assembleias em todo o país, eles preferiram manter a paralisação iniciada em 14 de setembro e bater o pé por um aumento de R$ 200 a todos os trabalhadores, além de reposição da inflação calculada em 7,16% e da elevação do piso salarial de R$ 807 para R$ 1.635.
O alerta do Planalto deve-se não apenas aos pedidos dos
bancários e dos funcionários dos Correios, mas também ao fato de outras categorias terem conquistado aumentos expressivos neste ano. Para se ter ideia, balanço do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que, de um total de 353 negociações salariais realizadas no primeiro semestre, 93% tiveram reajustes iguais ou superiores à inflação.
Na avaliação de Frederico Araújo Turolla, professor de administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP) e sócio da Pezco Consultoria, os sindicatos estão lutando para assegurar reajustes elevados porque perceberam que os próximos anos serão mais difíceis, em razão das incertezas econômicas. "Por algum tempo, houve a possibilidade de reajustes generosos no setor público, por causa da folga fiscal, e no privado, por causa do crescimento vigoroso da economia. Mas a fase das vacas gordas está passando e os aumentos terão de ser mais modestos", afirmou Turolla.
Impasse bancário
No caso dos bancários, a briga também é por um aumento real.
A categoria, de braços cruzados desde 27 de setembro, quer um reajuste de 12,8% (reposição da inflação mais 5%). Ontem, a paralisação atingiu 8.758 agências de bancos públicos e privados em todo o país. Enquanto o impasse não é resolvido, o brasileiro sofre para honrar compromissos e até mesmo sacar ou depositar dinheiro. Os bancos continuam lotados mesmo em meio à greve, pois muitos tentam resolver, sem sucesso, a vida nos caixas eletrônicos. O problema já afeta inclusive as transações na internet.
Poupança capta R$ 4 bi
Apesar da inflação, o avanço do emprego e da renda está permitindo aos brasileiros pouparem mais. Em setembro, o saldo da caderneta de poupança ficou positivo (mais depósitos que retiradas) em R$ 4,1 bilhões. O valor é praticamente o dobro de agosto, R$ 2,2 bilhões. O mês passado foi o quarto consecutivo com resultado da aplicação no azul. O bom desempenho coincide com os meses marcados pela piora da crise econômica mundial. Em períodos de incerteza, investimentos de maior risco, como em ações na bolsa, são evitados pelos aplicadores, que preferem um porto seguro, como a velha caderneta ou os fundos de renda fixa. Do total captado R$ 1,8 bilhão foi depositado na Caixa Econômica Federal. Sozinha, a Caixa detém, praticamente, um terço da caderneta de poupança.
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quarta-feira, outubro 05, 2011


Após 22 dias, Correios faz acordo e encerra greve

Após 22 dias, Correios faz acordo e encerra greve
Autor(es): agência o globo: Geralda Doca
O Globo - 05/10/2011
 

Acordo no TST põe fim à greve dos Correios, que durou mais de 20 dias
Não houve avanço nas negociações com bancários e petroleiros preparam paralisação

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Os funcionários dos Correios devem voltar ao trabalho amanhã, depois de 22 dias de paralisação geral. Ontem, representantes da categoria e da estatal fecharam acordo sobre os termos do reajuste salarial, em audiência de conciliação realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Foi estabelecido um reajuste de 6,87%, retroativos a agosto, para cobrir as perdas com inflação e um aumento linear de R$80, a partir deste mês. Segundo a empresa, este valor, que será incorporado aos salários, representa um ganho real de 9,9% para os carteiros. Enquanto isso, os bancários vão para o décimo dia de greve e os petroleiros se preparam para greve nacional, que pode começar na próxima semana.
Hoje, os 35 sindicatos dos Correios realizarão assembleias em todo o país, mas o comando do movimento vai orientar os trabalhadores a aprovar o acordo celebrado entre as partes e com isso, pôr fim à greve. Assim que a metade das entidades se manifestar, as atividade voltarão ao normal, aos poucos.
Os serviços de Sedex 10, Sedex Hoje e Disque Coleta somente deverão ser aceitos a partir de amanhã, segundo a estatal. A empresa informou que a paralisação causou atrasos em 147 milhões de cartas e encomendas e que ainda não se sabe quando a situação será normalizada. O prejuízo estimado sobre o faturamento é de R$20 milhões por dia.
O acordo celebrado permitiu a compensação, por parte dos trabalhadores, da maioria dos dias parados (15 dias), durante sábados e domingos, até maio de 2012. Os seis dias que foram descontados do contracheque serão devolvidos em folha suplementar imediatamente. Eles só serão descontados a partir de janeiro até dezembro, sendo o equivalente a meio dia parado por mês.
Dez mil metalúrgicos
fizeram manifestação
O TST passou a mediar o conflito na última sexta-feira, quando a direção da empresa entrou com pedido para que a Justiça suspendesse a greve por se tratar de serviço essencial e instaurasse processo de dissídio coletivo no Tribunal. A liminar para acabar com a paralisação foi negada pela vice-presidente do TST, Cristina Peduzzi.
Já os bancários, em greve há mais de uma semana, enviaram ontem carta à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) cobrando a retomada nas negociações do acordo coletivo da categoria. No início da noite, a Fenaban alegou não ter conhecimento da carta e nenhum encontro havia sido agendado. A greve dos bancários já mobiliza cerca de 32 mil trabalhadores. O silêncio dos bancos, segundo os sindicalistas da confederação dos bancários, tem ajudado a ampliar a paralisação, que ontem atingiu 8.328 agências e 21 prédios administrativos.
Os bancários, que iniciaram a greve no dia 27 de setembro, reivindicam 12,8%, e os bancos ofereceram 8%.
Também em campanha salarial, dez mil metalúrgicos de várias empresas das regiões sul e oeste da capital paulista participaram ontem de um ato de mobilização para a campanha salarial, cuja data base é em novembro.

terça-feira, março 29, 2011

STF/GREVE [In:] Greve de fome ...

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Juízes federais marcam greve por reajuste de 14,79%


Por reajuste, juiz quer que STF atropele Congresso


Autor(es): Mariângela Gallucci -
O Estado de S. Paulo - 29/03/2011

Magistrados anunciam greve em abril para forçar Congresso a votar aumento de 14,79%


Juízes federais marcaram paralisação nacional em 27 de abril, para forçar a aprovação de reajuste de 14,79% para seus salários. Paralelamente, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que reconheça suposta omissão do Congresso ao não aprovar o reajuste e determine a revisão.

Segundo o presidente da Ajufe, Gabriel Wedy, há no STF defensores da tese que a própria corte pode conceder o aumento diante de omissão do Congresso. Se a correção ocorrer nos moldes do que foi pedido ao Congresso, o salário dos ministros do STF, que é o teto do funcionalismo, passará dos atuais R$ 26.723 para R$ 30.675. Como a remuneração dos juízes é toda escalonada com base no teto, um reajuste do salário do STF representará imediato aumento para toda a categoria.

Antes de se lançar na ofensiva pela votação do reajuste, Wedy já havia entrado em confronto com o Executivo no mês passado pelo mesmo motivo, após uma declaração polêmica: "O governo não pode tratar sua relação com outro Poder, que é independente, como se estivesse negociando com sindicato de motorista de ônibus". Com a repercussão negativa da frase, Wedy divulgou nota negando a comparação.

Não é a primeira vez que a Ajufe recorre ao Supremo para elevar os vencimentos dos juízes. Em 2000, às vésperas de um anunciado movimento grevista de magistrados, o STF concedeu liminar garantindo auxílio-moradia para a categoria, o que representou aumento na remuneração e afastou o risco de greve.

O presidente do Supremo, Cezar Peluso, não quis comentar ontem a decisão dos juízes federais. Em agosto, seis meses após o Judiciário ter recebido a segunda parcela de revisão salarial, Peluso enviou ao Congresso o projeto de lei propondo o reajuste de 14,79%. No entanto, a proposta ainda não foi votada pelo Legislativo e a entidade sustenta que há omissão do Congresso.

Wedy garantiu ontem que, no dia da paralisação, o Judiciário decidirá casos de emergência. "A população pode ficar tranquila. Vamos atender aos pedidos de urgência", afirmou. A paralisação de um dia foi aprovada por 74% dos 767 juízes que participaram de assembleia na semana passada. Nova assembleia poderá ser marcada para avaliar a necessidade ou não de greve.

O presidente da Ajufe sustenta que a revisão anual dos salários dos magistrados está prevista na Constituição, que garante a irredutibilidade de vencimentos. Segundo ele, a possibilidade de revisão anual foi acordada em 2005, quando foi fixado o teto salarial do funcionalismo para acabar com supersalários de até R$ 100 mil.

Além da revisão salarial, os juízes reivindicam também que seja reconhecida a simetria de carreira com o Ministério Público. Segundo a Ajufe, promotores têm direitos como licença prêmio que não são garantidos a magistrados.

Sem pressa. Mesmo com a pressão do Judiciário, a Câmara não tem pressa para votar a proposta de reajuste. A tendência é deixar o projeto na gaveta até que o Congresso aprove uma alteração na Constituição para igualar os salários de deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República e ministros de Estado aos vencimentos dos ministros do STF.

"Esse tema não está sendo colocado entre os assuntos prioritários", afirmou o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), também informou que o projeto não está na pauta. /

COLABOROU DENISE MADUEÑO

quinta-feira, março 24, 2011

GOVERNO DILMA [In:] HERANÇA MALDITA ou QUANDO OS DISCÍPULOS SUPERAM OS MESTRES ?

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GREVES DE 80 MIL PARAM PRINCIPAIS OBRAS DO PAC

DILMA QUER SAÍDA PARA GREVES EM OBRAS DO PAC



Autor(es): Paulo de Tarso Lyra e
André Borges | De Brasília
Valor Econômico - 24/03/2011

As principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão sendo paralisadas não pela austeridade fiscal, mas por algo surpreendente em um terceiro governo do PT: greves de trabalhadores. O Planalto está preocupado e quer agir antes que o movimento se alastre. Estima-se que 80 mil trabalhadores estejam parados. Aos empregados que atuam nas usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, somam-se pelo menos 34 mil de braços cruzados em Suape (PE) - 20 mil na Refinaria Abreu e Lima e 14 mil na Petroquímica Suape, ambas controladas pela Petrobras - e 5 mil em Pecém (CE). Em assembleia, ontem, os operários do consórcio Conest, formado por Odebrecht e OAS, decidiram manter a paralisação das obras da refinaria, que já dura 15 dias.
A presidente Dilma Rousseff pediu ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que se reúna na terça-feira com as centrais sindicais, empresas concessionárias e Ministério Público do Trabalho para tentar chegar a um acordo e impedir a interrupção do principal programa de investimentos do governo.


O governo está alarmado com a onda de paralisações de operários nas principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e quer agir antes que a crise se torne incontrolável e se alastre ainda mais, como adiantou o Valor na edição de ontem. Ontem, 80 mil operários da construção civil estavam parados, somados os profissionais que atuam nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), além dos complexos portuários de Suape (PE) e Pecém (CE). No início da noite, 16 mil destes decidiram retornar ao trabalho hoje, após acordo com o consórcio que administra a obra da usina de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia.

A presidente Dilma Rousseff pediu ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que se reúna com as centrais sindicais, empresas concessionárias e Ministério Público do Trabalho para tentar chegar a um acordo e impedir um colapso no principal programa de investimentos do governo. O encontro vai ocorrer na terça-feira, em Brasília.

Após reunião no Palácio do Planalto com o ministro Gilberto Carvalho, os presidentes da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, reforçaram a necessidade de encontrar uma saída com urgência. "É preciso estabelecer um mínimo de regras nas relações trabalhistas. Muitos dos serviços foram terceirizados, alguns deles até quarteirizados. Não dá para colocar 20 mil homens trabalhando sem um mínimo de organização", afirmou o presidente da CUT, Artur Henrique. "Há dois anos a CUT avisava que poderia dar problema nas obras. Defendemos contrapartidas sociais para que essas obras sejam realizadas", afirmou ele.

Para os sindicatos, o momento de resolver os problemas é agora, enquanto as obras estão no início. Pelos cálculos da Força Sindical, quando o PAC estiver em pleno funcionamento - incluindo as obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 - cerca de 1 milhão de pessoas estarão trabalhando nos diversos canteiros de obras do país. "Se não resolvermos agora, tudo ficará mais complicado mais tarde", disse Paulinho. Ele estima que 5 mil estão parados nas obras de Pecém, no Ceará, além dos 40 mil de Santo Antônio e Jirau (ontem, antes do acordo que negociou a volta de 16 mil deles) e 34 mil nas obras de Suape, em Pernambuco.

O sindicalista admite que tanto a Força quanto a CUT não têm experiência para lidar com multidões. "Naquela região de Jirau, construíamos no máximo uma ponte ou um prédio, empregando no máximo mil pessoas. Estamos lidando com 20 mil", comentou. Segundo Paulinho, uma das saídas para os impasses nessas obras é criar uma "comissão de fábrica" para estabelecer a negociação entre os trabalhadores e as empresas. "Nessas revoltas em Jirau, percebemos que não existe um líder para negociar uma trégua", completou.

Além da "comissão de fábrica", será sugerido que os benefícios e salários sejam pagos de forma igual quando se tratar das mesmas funções, mesmo sendo pagas por consórcios diferentes.

Para o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), o cenário é reflexo da escassez de mão-de-obra do setor. "A construção civil ficou internada em um hospital por 25 anos, até 2005. Foram idas e vindas para a UTI. Agora pegaram esse organismo debilitado e o colocaram para correr uma maratona", diz Eduardo Zaidan, diretor de economia do Sinduscon.

O setor de construção civil tem batido recordes sucessivos de contratação. Em 2006, empregava 1,8 bilhão de trabalhadores. Hoje são 2,8 bilhões de pessoas. Só no ano passado, de acordo com o Sinduscon, foram gerados 320 mil empregos no setor com carteira assinada, crescimento de 13% sobre o ano anterior. Hoje a taxa de desemprego no segmento é praticamente inexistente, de apenas 2,3%.

O governo pretende repetir no setor da construção civil o mesmo acordo fechado com as empresas e empregados que trabalham no setor sucroalcooleiro. Esse segmento sofria com a péssima relação estabelecida entre as usinas, os plantadores e os cortadores de cana, contratados ilegalmente por meio dos chamados "gatos" (intermediadores de mão-de-obra barata e pouco qualificada). "Com a regularização nas relações trabalhistas, o setor hoje eliminou a pecha de trabalho escravo. Se os Estados Unidos quiserem comprar nosso etanol, não poderão dar mais esta justificativa para vetar os acordos", declarou Paulo Pereira da Silva.

Segundo Eduardo Zaidan, do Sinduscon, já não é mais possível dizer que os trabalhadores da construção civil estão em condições menos favoráveis que outros setores da indústria nacional, já que houve um movimento forte de formalização de trabalho nos últimos quatros anos. A escassez de mão-de-obra no setor, porém, levou a classe operária a cobrar por melhores condições de trabalho e salário. "A situação é muito clara. Essa classe de trabalhadores virou a moça mais bonita do baile e todos querem dançar com ela. O problema é que ela sabe disso", comenta Zaidan.

Para o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Divonzir Gusso, o país começou a pagar a conta pela enxurrada de obras que passou a realizar sem ter se preparado para isso. "Nem governo nem empresas estavam preparados e agora terão de trocar os pneus com o carro em alta velocidade", diz.

Hoje, segundo José Bonifácio Júnior, diretor do consórcio construtor da hidrelétrica de Santo Antônio, os 9 mil funcionários da usina que trabalham no período diurno devem voltar ao trabalho. Ontem a noite, o consórcio fechou acordo para a volta dos outros 7 mil trabalhadores. Em Jirau, a situação ainda é de impasse. Ontem, a Comissão do Trabalho da Câmara decidiu que vai mandar cinco deputados para Jirau para analisar o caso. O presidente da construtora Camargo Corrêa, Antonio Miguel Marques, será convocado para uma audiência. Por meio de nota, a Camargo Corrêa informou que "está sempre aberta ao diálogo com seus funcionários e sindicatos representantes de trabalhadores".

No Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco, há cerca de 34 mil trabalhadores de braços cruzados, sendo 20 mil na Refinaria Abreu e Lima e 14 mil na Petroquímica Suape, as duas controladas pela Petrobras, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada de Pernambuco. Em Assembleia ontem, os operários do consórcio Conest, formado por Odebrecht e OAS, decidiram manter a paralisação das obras da refinaria, que já dura 15 dias. Procurado pela reportagem, o consórcio Conest - que emprega 4,8 mil dos 20 trabalhadores parados nas obras de Suape - informou que "as reivindicações e paralisações fazem parte de um processo democrático" e que o Conest "permanecerá com a postura de estar aberto ao diálogo e a negociação".

A legalidade da greve em Suape será apreciada amanhã pelo Tribunal Regional do Trabalho. Está marcada também para amanhã uma nova assembleia dos trabalhadores, que reivindicam reajuste nas horas extras e no benefício de alimentação. (Colaborou Murillo Camarotto, de Recife)

terça-feira, outubro 19, 2010

FRANÇA/SARKOZY [In:] REFORMA DA PREVIDÊNCIA. LONGE, TÃO PERTO!

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Sarkozy promete ação contra manifestantes e refinarias

Presidente classifica greve de antidemocrática e reitera que aprovará reforma da previdência


19 de outubro de 2010 | 8h 51
Agência Estado e Associated Press


Estudantes desariam policiais em Nanterre, perto de Paris.

PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, jurou intervir nas ações dos "arruaceiros" que entrarem em confronto com a polícia nos protestos que tomaram o país nos últimos dias contra uma reforma no sistema previdenciário.


lista Entenda: Reforma na previdência motiva greve

Sarkozy disse compreender "a inquietação" gerada pela reforma, insistiu que a oposição tem direito de manifestar-se "sem violência" e reiterou que não voltará atrás porque o déficit atual do sistema de previdência "não pode durar".

O presidente francês assinalou que no seu retorno a Paris nesta tarde vai resolver a questão, porque "há muita gente que quer trabalhar" e "não pode porque não tem combustível". Ele indicou que trabalhará com as forças da ordem para conter os atos de violência.

Sarkozy ainda disse que a paralisação das atividades nas refinarias - o que causa falta de combustíveis nos postos do país - "não podem existir em uma democracia, onde há pessoas que querem trabalhar". O presidente insistiu que é seu dever aprovar a reforma da previdência, embora as manifestações estejam ganhando proporções maiores e caráter violento.

Segundo Sarkozy, o aumento demográfico e da expectativa de vida demandam a extensão da idade mínima para a aposentadoria - que passará de 60 para 62 anos. O presidente ainda disse que outras nações europeias já tomaram a mesma decisão.

Paralisação

Os serviços aéreo, ferroviário, rodoviário e de abastecimento de combustíveis na França estão prejudicados pelas paralisações, que contam com a adesão dos movimentos estudantis.

Todas as 12 refinarias da França continuam em greve. Os produtos derivados de petróleo não estão deixando as fábricas, exceto aqueles enviados para suprir os serviços de emergência, informou a Confederação Geral do Trabalho (CGT), central sindical que representa os trabalhadores. "Todas as refinarias estão em greve", disse Charles Foulard, acrescentando que a ação continuará em "quase todas" as refinarias até sexta-feira, já que os trabalhadores votaram a favor da manutenção do protesto.

Os protestos nacionais chegaram ao 6º dia nesta terça-feira. Estão programados mais de 200 protestos de rua na França. Nas cidades de Lyon e Nanterre, já foram registrados confrontos entre estudantes e as forças de segurança. Segundo uma pesquisa do instituto CSA, as manifestações contra a reforma da previdência têm o apoio de 71% dos franceses.

Ainda que o país tenha reservas de combustível para várias semanas e os distribuidores de combustível possam importar combustível de países vizinhos, há o temor de que a falta do produto leve muitas pessoas a correr para fazer estoques, acabando com as reservas nos postos em algumas áreas, alertou ontem Jean-Louis Schilansky, presidente da União Francesa de Indústrias Petrolíferas.


Outros serviços

A Sociedade Nacional de Caminhos de Ferro (SNCF, na sigla em francês) anunciou que, por enquanto, suas previsões estão sendo cumpridas. Para esta terça está prevista a circulação de 60% dos trens com saída ou destino a Paris, metade dos trens de alta velocidade (TGVs), 25% dos trens regionais e todos os Eurostar.

Nos aeroportos de Paris, serão cancelados 50% dos voos de Orly e 30% das chegadas e partidas do internacional Roissy-Charles de Gaulle. A companhia aérea Air France estima manter 100% dos voos de longa distância, 80% dos voos de média distância e 50% dos voos de curta distância.

Nas rodovias francesas, as ações de bloqueio conhecidas como "operações caracol" começam a ser sentidas sobretudo nas estradas de acesso a Paris. A greve também terá repercussão em La Poste - empresa pública de correios -, na France Télécom e no setor público audiovisual.

Um terço dos professores primários também cruzará os braços, segundo os sindicatos, número que o Ministério da Educação reduz para 10%. Além disso, cinco universidades se somarão à greve. Este será um dos pontos mais sensíveis da jornada, já que os protestos estudantis resultaram em 196 detenções e em torno de 20 policiais feridos na segunda.


O ESTADÃO.

segunda-feira, maio 17, 2010

GOVERNO LULA E GREVISTAS [In:] A ''CUT'' PERDEU O ''TIMÃO'' ?

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REAJUSTE DE ATÉ 576% A SERVIDOR NÃO EVITA GREVES

GOVERNO LULA DEU REAJUSTES DE ATÉ 576%


Autor(es): Lu Aiko Otta
O Estado de S. Paulo - 17/05/2010

Ao fim do segundo mandato do presidente Lula, nenhum servidor público federal terá recebido reajuste salarial inferior à inflação do período, mas o governo já enfrenta uma onda de greves no funcionalismo. Enquanto os preços medidos pelo IPCA subiram 51,8% de janeiro de 2003 a abril de 2010, os reajustes salariais variaram de 100% a 576%. Preocupado com a escalada de paralisações, Lula mandou questioná-las na Justiça e cortar o ponto de grevistas.

Nenhuma categoria teve aumento abaixo da inflação; greves atuais, diz sindicalista, são para garantir novos reajustes ainda em 2011

Ao longo de seus dois mandatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou os servidores públicos de mal remunerados a invejados pelo mercado. Em alguns casos, o reajuste ao longo dos últimos oito anos chegou a 576%. É o caso dos pesquisadores em topo de carreira do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que iniciaram 2003 com salário de R$ 1.959,00 e hoje ganham R$ 13.249,00.

O salto salarial foi fruto de um acordo fechado em 2008 com várias categorias, que deixarão ao sucessor de Lula uma fatura de gastos adicionais com folha de R$ 35 bilhões só em 2011. Ainda assim, Lula chega ao fim de seu último ano enfrentando uma onda de greves que pode aumentar esta semana. A Finep é um dos órgãos atualmente parados.

Nenhum servidor público federal chegará ao fim da era Lula tendo recebido um reajuste inferior à inflação do período. Enquanto os preços medidos pelo IPCA subiram 51,8% de janeiro de 2003 a abril de 2010, os reajustes são de pelo menos 100%.

Os números constam de um levantamento que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, entregou a Lula. Diante dos números, o presidente determinou que não se concedam mais reajustes salariais neste ano. Mandou também cortar o ponto dos grevistas e questionar na Justiça a legalidade das paralisações.

"Só em 2012". Os reajustes elevados, justifica Paulo Bernardo, foram dados para atrair e manter servidores com o grau de qualificação necessário para exercer bem as funções públicas. Ele admite, porém, que o governo não teria sido tão generoso se o acordo de 2008 tivesse sido fechado após a eclosão da crise financeira. O aumento concedido à época foi dividido em três anos, de forma que a última parcela será paga em julho.

O ministro se queixa do fato de servidores que têm aumentos a receber, como é o caso dos que atuam na área ambiental, estarem em greve. Na sua avaliação, é aparentemente uma tentativa de arrancar o máximo possível de concessões deste governo, por segurança.

"Isso é um sofisma", rebateu o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), Oton Pereira Neves. As greves, disse, não visam aumentos neste ano. "Sabemos que não tem previsão orçamentária", justificou.

Eles pressionam por reajustes em 2011 - o que precisa ser feito com o envio de um projeto de lei ou de uma medida provisória (MP) ao Congresso até o dia 3 de julho próximo, devido à legislação eleitoral. "Se o reajuste não for proposto este ano, só teremos aumento em 2012."

Outras categorias poderão cruzar os braços nos próximos dias para engrossar a pressão. A generosidade do governo Lula com algumas categorias, porém, é a causa das greves hoje. "Se todo mundo ganhasse como na Polícia Federal e no Banco Central, não tinha greve", disse Neves.

sexta-feira, março 26, 2010

SP/SERRA [In] GREVE, MOTIVAÇÕES POLÍTICAS e DESRESPEITO MÚTUO

Horror à política

FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - Não é preciso ser muito esperto para perceber que a greve dos professores paulistas liderada pela Apeoesp tem motivações políticas. Mas também não é preciso conhecer muito a história para saber que já havia greves, "políticas" inclusive, antes de o PT existir. Além disso, a estigmatização da "greve política" parece constrangedora para quem ingressou na vida pública como presidente da UNE na época do golpe de 64.

A Apeoesp reúne, de fato, o que há de pior no espírito corporativo. A aversão dos grevistas a qualquer política pública e salarial baseada na meritocracia é escandalosa. E nada justifica que um docente rejeite ser avaliado de forma periódica.

Por outro lado, também é fato que a categoria, de 230 mil pessoas, ganha pouco (o salário inicial é de R$ 1.800,00) e não teve nos últimos anos nem direito à reposição da inflação. Existe, pois, uma demanda material, antes de ser "ideológica".

A verdade é que José Serra dispensa aos grevistas exatamente o mesmo tratamento de que julga ser vítima. Demoniza, desqualifica, não reconhece os professores como interlocutores e parte de conflitos próprios do jogo democrático. Recusa-se a conversar porque são petistas, porque estão a serviço da campanha adversária, porque são, enfim, uns "energúmenos" -como disse a um infeliz que protestava.

Se no país falta oposição a Lula, os tucanos de São Paulo, há 16 anos no poder, também ficaram muito mal acostumados. Deve ser fácil governar São Paulo tendo a Assembleia Legislativa a seus pés. Sempre que a política não se desenrola entre quatro paredes, com atores previsíveis, Serra se revela inábil. Sua intransigência, que pode sugerir uma virtude republicana, também é um sinal de pendores autoritários.

Em 2008, sua condução desastrosa da greve da Polícia Civil, recusando-se ao diálogo simplesmente porque acreditava ter razão, desembocou numa batalha campal com a PM a poucas quadras do Bandeirantes. Desde então, pode-se dizer que Serra não aprendeu nada.
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terça-feira, junho 09, 2009

''AIR FRANCE'': TAXIANDO...

Grupo de pilotos faz ameaça de paralisação
Pilotos exigem troca de sensor e podem parar



Autor(es): MARCELO NINIO
Folha de S. Paulo - 09/06/2009


Um grupo de pilotos da Air France ameaçou parar de voar até que a empresa substitua os sensores de velocidade da frota de Airbus. Mensagem enviada pelo avião que caiu indicava problema nos sensores externos. Para os pilotos, a falha pode ter causado o acidente. O maior sindicato da categoria na França confirmou as suspeitas, mas disse estar satisfeito com as medidas já tomadas pela companhia.Aeronáutica e Marinha já resgataram 24 corpos de vitimas do voo 447. Cinco navios e 14 aviões mantêm as buscas dia e noite.
Membros de sindicato minoritário criticam Air France por não suspender voos mesmo após admitir problemas em sensores de velocidade Grupo, que representa cerca de 10% dos comandantes, disse acreditar que falha está entre as principais hipóteses para queda de Airbus no mar Um grupo de pilotos da Air France ameaçou ontem parar de voar até que a empresa substitua os sensores de velocidade da frota de Airbus.
Membros de um sindicato minoritário, o Alter, que representa cerca de 10% dos comandantes da Air France, criticam a empresa por não ter suspendido os voos dos Airbus-A330 e A340 mesmo após admitir, no sábado passado, que os sensores desses modelos haviam apresentado problemas.Uma das mensagens automáticas enviadas pelo Airbus que caiu no Atlântico, com 228 pessoas, indicava problema nos sensores externos.Para os pilotos, a falha está entre as principais hipóteses para o acidente. "Queremos proteger nossos tripulantes e passageiros", disse o sindicalista Christophe Presentier à emissora France Info.
No sábado, a agência francesa que investiga o acidente confirmou que a peça já havia mostrado falhas nos A330 e A340 e que a Airbus havia recomendado a troca. E acrescentou que o avião que caiu no dia 31 não havia passado pela atualização.Cada avião tem três dessas peças, chamadas pitots. São tubos instalados na dianteira do avião, que medem a velocidade do vento e enviam os dados para outros sistemas.
Uma das mensagens automáticas enviadas pelo Airbus em seus minutos finais indica problemas na medição dos pitots, dentro da sequência de panes que o aparelho acusou.
Uma das hipóteses é que, com isso, o computador do avião tenha interpretado dados errados e induzido os pilotos a fazer manobras inadequadas.
Sem admitir ligação com o acidente, a Air France anunciou no sábado que iria "acelerar" a troca dos sensores. Ontem, disse que todos os aviões A330 e A340 já estão com pelo menos um sensor novo."Em nove aviões já foram trocados dois ou três dos sensores", disse a porta-voz da Air France, Veronique Brachet.
A Air France tem 15 aviões do modelo A330 e 19 do A340. Segundo Brachet, a troca de apenas um dos sensores é suficiente para dar segurança imediata ao avião. Ela disse que a substituição total será "rápida", mas não falou em prazos.
A porta-voz disse não temer uma greve de pilotos (a empresa tem 4.000), já que a ameaça partiu de uma minoria.Outro sindicatoO maior sindicato de pilotos da França, o SNPL (Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha da França), também diz existir a suspeita que o desastre esteja ligado ao sensor, mas afirma estar satisfeito com as medidas adotadas. "O ideal seria a troca imediata dos três sensores, mas ter um trocado já dá uma boa garantia de que os dados de velocidade serão enviados corretamente", disse o vice-presidente do SNPL, Pascal Guerin.Para Guerin, comandante de um A340, ainda é cedo para dizer o que derrubou o Airbus, mas está claro que uma falha simultânea dos três sensores coloca o piloto em apuros. "Sem eles o piloto perde todas as indicações de velocidade."Ele classificou de "excessiva" a exigência do sindicato Alter, que orientou seus membros a se recusarem a voar enquanto ao menos dois dos sensores não forem trocados.Indagada por que a troca não havia sido feita antes do acidente, a porta-voz da Air France disse que a explicação está no comunicado emitido pela empresa no sábado.
Nele, a Air France afirma que se antecipou à proposta da Airbus de realizar uma experimentação dos novos sensores e decidiu trocar todas as peças a partir de 27 de abril.E conclui: "Sem pressupor uma ligação com as causas do acidente, a Air France acelerou este programa de troca".Por meio de sua assessoria em São Paulo, a Airbus disse que recomendações como a de troca dos sensores "são frequentes e não relacionadas a incidentes específicos". Afirmou que a intenção "é melhorar a performance do equipamento, e não a segurança". A empresa não respondeu aos outros questionamentos para "não prejudicar a apuração".
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terça-feira, maio 26, 2009

USP E OS ANOS 60: "CAMINHANDO E CANTANDO..."

Reitores ficam quatro horas detidos por alunos da USP
Alunos invadem USP e reitores das 3 estaduais ficam detidos no local


Autor(es): Simone Iwasso, Élida de Oliveira e Mariana Mandelli
O Estado de S. Paulo - 26/05/2009


Ocupação de cerca de 4h da reitoria foi motivada por desentendimento antes de reunião; vidros foram quebrados

Um grupo de aproximadamente 40 alunos da Universidade de São Paulo (USP) manteve a reitoria da instituição ocupada por cerca de quatro horas no fim da tarde de ontem. Os reitores das três universidades estaduais - USP, Unesp e Unicamp - estavam no local e não puderam sair até as 19h30.


O motivo da ocupação foi um desentendimento entre alunos, funcionários e o conselho de reitores (Cruesp) antes da reunião de negociação salarial marcada para o início da tarde. Em 2007, alunos e funcionários ocuparam a reitoria por 50 dias em protesto contra decretos administrativos assinados pelo governador José Serra (PSDB). Desde então, a ameaça de invasão aparece em todas as rodadas de reivindicações na USP.

De acordo com o sindicato dos funcionários, que estão em greve desde o dia 5 deste mês, o Cruesp colocou imposições para a reunião de ontem, fazendo uma provocação aos alunos e funcionários. "Sempre entram dois representantes de cada categoria na reunião e os reitores dessa vez permitiram que houvesse apenas um representante dos alunos", afirmou Magno Carvalho, diretor do Sintusp.

Outra questão foi a proibição da entrada de Claudionor Brandão, funcionário demitido no ano passado, mas que continua na diretoria do sindicato. "Além disso, nos obrigaram a entrar pela porta dos fundos. Neste momento, houve confronto entre alunos e a guarda universitária, que fechou a porta na cara deles", conta ele.

Os funcionários permaneceram do lado de fora e parte dos alunos arrombou a porta dos fundos, entrando no hall. Vidros foram quebrados e câmeras de segurança foram cobertas com jornal. Sem apoio do Sintusp e do Diretório Central de Estudantes, o grupo, do qual faziam parte alunos da USP, Unesp e Unicamp, decidiu sair, após uma assembleia.

"Não foi uma ocupação planejada. Aconteceu no momento, pelo comportamento do Cruesp. Votamos pela saída e vamos discutir o tema em assembleia", afirma Débora Manzano, do DCE da universidade. Na quinta-feira haverá uma reunião geral dos estudantes, na qual será definida a pauta de reivindicações deles e uma possível greve de alunos.

O Cruesp divulgou sua versão em uma nota oficial. Os reitores dizem "lamentar que os representantes do Fórum das Seis tenham se recusado a participar da reunião agendada" e que também "lamentam a invasão ocorrida no prédio da reitoria, em que houve dano ao patrimônio público, além de suscitar tensão entre funcionários que ali trabalham". A reitora da USP, Suely Vilela, não se pronunciou. No início da noite, foi a vez de o Fórum das Seis, que representa os sindicatos e entidades estudantis das três universidades estaduais, pronunciar-se. Em nota, disse que, "apesar deste conjunto de provocações e dificuldades, a coordenação do Fórum das Seis, presente no interior da reitoria da USP para a negociação, tentou dialogar com o Cruesp, mas não obteve sucesso". Tradicionalmente, o mês de maio é tumultuado nessas instituições por ser o momento de debate dos reajustes salariais e outras reivindicações de sindicatos de alunos e professores.

REIVINDICAÇÕES

Funcionários: Pedem reajuste de R$ 200 mais 17% no salário; querem a readmissão de Claudionor Brandão, membro do sindicato demitido no ano passado; defendem a retirada de processos contra servidores

Professores: Pedem reposição salarial de 16,1%; reposição de 10% para os docentes do Centro Paula Souza e realização de concurso público

quarta-feira, agosto 20, 2008

BOLÍVIA: REFERENDO E GREVE

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Greve acaba na Bolívia, mas Santa Cruz manterá protesto

Os cinco departamentos (Estados) da Bolívia que realizaram greve na terça-feira suspenderam a paralisação, como era previsto, mas Santa Cruz, o mais rico do país, realizará novos protestos nesta quarta-feira.
O anúncio destes protestos foi feito pelo presidente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, Branco Marinkovic, opositor ao governo do presidente Evo Morales.
Segundo Marinkovic, serão bloqueadas todas as estradas que ligam o departamento ao restante do país. "Esta nova medida de pressão faz parte da nossa decisão de defender os recursos do IDH (Imposto Direto aos Hidrocarbonetos)",
disse ele, numa entrevista à imprensa em Santa Cruz de la Sierra, capital de Santa Cruz.
O protesto será realizado no dia seguinte à greve, marcada por episódios violentos, nos departamentos --Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca.
Os prefeitos destas regiões, assim como Marinkovic, reclamam a suspensão dos cortes no repasse destas verbas do setor petroleiro, determinados pelo governo Morales. A administração Morales informa que os recursos são usados para pagamento de benefício aos maiores de 60 anos de idade.
Violência
O anúncio de Marinkovic foi feito após uma jornada tensa. No fim da tarde de terça-feira, grupos de manifestantes opositores ao governo central enfrentaram moradores do bairro Plano 3000, reduto de eleitores de Morales, em Santa Cruz de la Sierra.
Segundo a imprensa, várias pessoas saíram feridas. Mas não foram divulgados números. Os opositores de Morales usaram paus e pedras e teriam tentado saquear lojas que não aderiram à paralisação, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI, que é oficial).
Logo depois, numa votação improvisada, os moradores do Plano 3000 decidiram ser "autônomos" de Santa Cruz de la Sierra. Eles vão pedir apoio parlamentar para serem "independentes" desta zona opositora.
O porta-voz da Presidência, Iván Canelas, disse que a greve de terça-feira foi um "fracasso". Marinkovic, por sua vez, disse que a paralisação teve "forte adesão".
Durante o dia, em Santa Cruz de la Sierra, três policiais foram agredidos por opositores de Morales quando tentavam abastecer o carro num posto de gasolina.
Em meio a socos e pontapés, os policiais deixaram o local feridos e correndo, de acordo com a agência de notícias boliviana Red Erbol.
Na manhã de terça, manifestantes bloquearam parcialmente estradas que ligam o departamento de Beni ao território brasileiro e também acessos de Tarija para o território paraguaio, segundo as rádios bolivianas.
Os motoristas que tentaram furar os bloqueios tiveram vidros quebrados e pneus furados. O governo reforçou o policiamento em prédios públicos.
"Parcial"
Os departamentos que aderiram a greve de terça-feira --Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca-- representam mais de 50% do PIB do país. Segundo a Polícia, a paralisação foi "parcial" nestas cinco regiões.
Em vários pontos, lojas e escolas foram fechadas e o transporte público suspenso, em muitos casos por temor de violência.
O aeroporto de Beni suspendeu suas atividades e o mesmo foi feito, parcialmente, em Santa Cruz.
Referendo
Os protestos ocorrem nove dias depois do referendo revogatório que ratificou tanto Morales quanto a oposição no poder.
O presidente boliviano recebeu, segundo dados oficiais, cerca de 10 pontos percentuais a mais (67%) do que quando foi eleito, em dezembro de 2005.
No fim de semana, mais de 20 pessoas ficaram feridas em enfrentamentos em Santa Cruz. Na ocasião, deficientes protestaram por uma bonificação anual de 3 mil bolivianos (em torno de US$ 420).
"Uma situação insólita. Deficientes com cadeiras de rodas e muletas brigando nas ruas. Único setor social a apoiar os opositores de Morales", disse a comunicadora Amalia Pando, da Red Erbol, em seu editorial de terça-feira.
Imposto
O protesto de terça-feira e a continuidade dele em Santa Cruz, nesta quarta, representa mais um capítulo na disputa entre oposição e governo.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse estar "preocupado" que os protestos tenham sido realizados, na terça, data do golpe militar de 1971.
"Devo manifestar nossa profunda preocupação por esta estranha coincidência de que decretem uma paralisação cívica na mesma data em que Bolívia viveu, há 37 anos, o início do violento golpe militar", disse.
O presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz reagiu: "Nós não somos violentos. O governo sim".
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MÁRCIA CARMO da BBC Brasil, em Buenos Aires

quarta-feira, agosto 22, 2007

LEI DE GREVE: DIREITOS & DEVERES

Médicos rejeitam proposta e greve segue em AL

Os médicos da rede estadual de Alagoas não aceitaram a proposta do Governo de reajuste salarial de 31% parcelado em três vezes até abril do ano que vem. Com isso, a greve da categoria continua. A reunião entre as duas partes começou na noite de terça-feira (21), durou cerca de sete horas e acabou na madrugada desta quarta-feira (22). Desde o início da paralisação, a categoria pede aumento de 50%. A greve completa 87 dias e prejudica 2 mil pacientes por dia, que procuram a rede pública. Na segunda-feira (20), o Governo convocou médicos da Polícia Militar para atender a população. A Justiça anunciou que vai cobrar multa de R$ 100 por dia de cada médico parado, desde terça-feira. A Procuradoria Geral do Estado pediu o bloqueio das contas do sindicato para garantir o pagamento da multa diária de R$ 5 mil. O Conselho Regional de Medicina informou que a negociação entre o estado e os médicos deve continuar nesta quarta. *(Com informações do Bom Dia Brasil e da TV Gazeta).

sexta-feira, julho 27, 2007

GOVERNO LULA [In:] "MARACANÃ" MARAVILHA! *





Não chegou a ser um novo “maracanaço”. Mas todo mundo ouviu. Lula foi vaiado. De novo. Deu-se em Aracaju (SE), nesta quinta-feira (26), quando são decorridos apenas 14 dias desde os apupos que constrangeram o presidente na abertura do Pan. Dessa vez, as vaias foram entoadas por funcionários públicos em greve. Gente do Incra e do Ministério da Cultura. Lula foi à capital sergipana para anunciar a liberação de cerca de R$ 400 milhões para obras nas áreas de habitação e saneamento. Falou em ambiente fechado. Só entraram convidados. A barulheira, produzida por um grupo de cerca de 40 pessoas, veio de fora. Uma claque lulista, majoritária, entrou em cena. Fez o que pôde para abafar o zunido. Não deu. É do jogo. Vida que segue. Não há em Aracaju nenhum Cesar Maia à mão. Mas sempre se poderá atribuir as novas vaias a uma orquestração de sindicalistas aloprados. Curiosamente, Lula decidira inverter seu calendário de viagens justamente para evitar surpresas do gênero. Antes, iria para Porto Alegre, cidade de onde partiu o Airbus da tragédia da TAM. Preferiu voar para o Nordeste. Ali, encontrou o que Drummond chamaria de uma pedra no caminho. Uma pedra barulhenta. Folha Online, Escrito por Josias de Souza.
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(*) "VAIA" CON DIOS MY VIDA... [Obviamente que não é esse o sentido da letra da canção...].

quarta-feira, junho 27, 2007

LULA & GREVISTAS DO INCRA [In:] "GOOD TIMES..."


Lula defende limitar greve diante de protesto.

Cerca de 40 servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realizaram protesto diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (27) em cerimônia no Palácio do Planalto para reivindicar aumento salarial. Exaltado, Lula reagiu e defendeu a regulamentação do direito de greve no funcionalismo público. “Quando os companheiros do Incra imaginavam entrar para fazer protesto dentro do Palácio do Planalto? E entram porque enquanto eu for presidente, o Incra pode gritar aqui e lá fora. Na hora de fazer acordo, tem que sentar na mesa de negociação e fazer o acordo possível que é possível fazer”, afirmou Lula sob aplausos. Os funcionários vestiam coletes vermelhos com a inscrição “servidores em greve” tentaram levantar uma faixa de protesto durante o discurso do presidente: “Lula não cumpre acordos”. Os seguranças presidenciais, que já haviam recolhido duas outras faixas, agiram rapidamente e proibiram a manifestação, o que gerou um breve bate-boca com os funcionários. Após levantarem a faixa, Lula ficou irritado e elevou o tom da voz para defender a regulamentação da greve e lembrar sua atuação como dirigente sindical no comando de greves no ABC Paulista, na década de 1970. “Eu não sou contra a greve , eu quero é regulamentar a greve. Ninguém pode ficar 60 dias sem trabalhar e depois receber os dias que não trabalhou. É preciso receber os dias que trabalha”, afirmou o presidente. Os funcionários do Incra estão em greve desde 21 de maio e têm três reivindicações básicas: incorporação de todas as gratificações no salário; equiparação entre os vencimentos de ativos e inativos; e aumento salarial para igualar com o que recebem servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). Lula citou como exemplo o caso do Ibama, cujos servidores estão em greve desde 14 de maio, para criticar paralisações que, segundo ele, não tem sentido. “Não é possível fazer 90 dias de greve hoje. Pergunta para o pessoal do Ibama porque eles estão de greve? Eles não sabem. A gente deu aumento para eles, mas eles estão de greve porque não aceitam as mudanças implementadas pela Marina”, disse o presidente referindo-se à ministra do Meio Ambiente. Os servidores do Incra entraram no Palácio sem os coletes vermelhos e os colocaram apenas quando chegaram ao Salão Oeste, com capacidade para cerca de 400 pessoas. Antes do discurso de Lula, os funcionários públicos levantaram duas faixas de protesto, que foram recolhidas. Diante dos protestos dos funcionários, os seguranças viram-se obrigados a apanhar faixas de outras categorias que elogiavam a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o Plano Safra. Os seguranças, segundo presenciou o G1, ameaçaram retirar os cerca de 40 funcionários caso continuassem com protesto. G1, Tiago Pariz, Brasília.

sexta-feira, maio 18, 2007

LULA, GREVE & SINDICALISTAS [In:] "TUDO É ESSENCIAL!"

Lula defende restrições para greve no setor público; sindicalistas reagem.

BRASÍLIA - Entre os diversos temas abordados na entrevista concedida pelo presidente da República terça-feira (15), no Palácio do Planalto, um despertou a reação das organizações sindicais: a regulamentação do direito de greve no setor público. Lula defendeu a responsabilização de grevistas e criticou longas paralisações de servidores federais. “O que não é possível, e nenhum brasileiro pode aceitar, é alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados, porque, aí, deixa de ser greve e passa a ser férias”. Segundo o presidente, a greve no setor público deve ser tratada de maneira diferente do setor privado. Uma das diferenças seria a classificação de diversos serviços como áreas “essenciais”, nas quais o direito de greve é mais restrito do que no conjunto. A greve nestes setores, afirmou Lula, não prejudica os “patrões”, mas a população brasileira. As declarações reafirmaram a disposição do Governo Federal em construir uma proposta de regulamentação para ser enviada ao Congresso. Reportagem do jornal O Globo do último dia 11 já adiantava que uma minuta de projeto foi elaborada pela Advocacia Geral da União e pelo Ministério do Planejamento, e entregue já na última semana para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Em entrevista ao jornal, o advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, afirmou que a situação trabalhista no setor público é uma "lei da selva" e que a proposta estabelece requisitos para que uma greve no serviço público seja considerada “legítima”. A Constituição Federal de 1988 consagrou o direito de greve para os servidores públicos, mas não regulamentou seu exercício. Diferente da área privada, onde a arbitragem dos conflitos é feita pela Justiça do Trabalho, no caso do Estado não há regras nem poder específico que resolva os conflitos, em última instância. Para as entidades sindicais de servidores, esta situação deixa os trabalhadores à mercê dos órgãos empregadores públicos. No entanto, a saída encontrada pelo governo para este vácuo não é ampliar os direitos de greve, mas as exigências para a realização desta manifestação.A primeira seria que a paralisação fosse aprovada por no mínimo 2/3 da categoria e fosse previamente avisada ao responsável pelo setor. Nas áreas de serviços inadiáveis e de interesse público, haveria a exigência de manter 40% dos servidores trabalhando, com possibilidade deste percentual variar conforme a necessidade de manter a continuidade do serviço. Isso se a greve for considerada “legal”. Caso um questionamento judicial contra ela seja acatado, os trabalhadores seriam obrigados a descontar o tempo de paralisação. “Todos nós temos direito de fazer greve, mas todos nós sabemos que a gente pode ganhar ou pode perder”, justificou Lula na entrevista coletiva. Entre as áreas “inadiáveis e de interesse público” estariam: atendimento ambulatorial, assistência médica, tratamento e abastecimento de água, tratamento de esgoto, serviços funerários e de necropsia, inspeção agropecuária, defesa e controle do tráfego aéreo, segurança pública, serviços de telecomunicações e de tratamento e lixo hospitalar, e de concessão e pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais. Para o jornal O Globo, o advogado-geral da União admitiu que a filosofia da proposta é que “o serviço público como um todo deve ser considerado essencial”. Críticas durasEm entrevistas e notas públicas, dirigentes de entidades sindicais classificaram o projeto como “autoritário”, “ditatorial” e “intervencionista”. Para Josemilton Costa, da Confederação dos Servidores Públicos Federais (Condsef), na prática a proposta visa “impedir a greve no serviço público”. A posição é endossada pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique dos Santos, para quem as exigências colocadas têm como finalidade inviabilizar paralisações no serviço público. “Estipular que uma assembléia só terá direito de aprovar greve se reunir 2/3 da categoria é uma tentativa mal-disfarçada de proibir greve no setor”, afirma. O presidente da CUT exemplifica citando o caso do sindicato de professores de São Paulo, que teria de reunir 100 mil de seus 150 mil filiados em assembléias para deflagrar uma greve. No caso dos servidores federais, seria necessária a aprovação de mais de 670 mil dos 1 milhão empregados. Em relação à definição dos serviços de interesse público, Santos critica a proposta, afirmando que ela “padroniza setores diferentes entre si”. “Num hospital sucateado, com poucos trabalhadores efetivos, podem ser necessários mais de 40%. No setor de energia elétrica, dependendo da unidade de geração ou transmissão, podem ser necessários menos de 40%”. Segundo os sindicalistas consultados pela Carta Maior, hoje as entidades já fazem esta avaliação e mantêm a continuidade dos serviços. Mas é exatamente a iniciativa de o Governo Federal decidir sobre o tema o que motiva as críticas mais ferrenhas dos dirigentes. “Isso é intromissão do Estado na organização dos trabalhadores como na época da ditadura. Me parece que o presidente esqueceu que foi sindicalista. Presidente só vê agora a classe dominante, e não aquele setor que o levou à presidência”, bate Josemilton Costa. Para ele, o governo deveria retomar o compromisso assumido com as organizações de servidores de construir uma proposta de sistema de negociação permanente iniciada junto ao Ministério do Planejamento. Costa afirmou que o processo vinha caminhando até o governo “tirar da cartola” esta nova proposta na ressaca da greve de controladores de vôo. Segundo o presidente da Condsef, se o governo não voltar atrás e retomar a diálogo sobre a propostas de negociação permanente, os sindicalistas vão radicalizar sua reação. “Podemos fazer greve inclusive para combater este projeto”, alerta. Arthur Henrique dos Santos endossa a cobrança. “Exortamos o governo a jogá-la fora imediatamente e a cumprir o que já foi combinado, e apresentar na Mesa de Negociação Permanente a perenização do Sistema de Negociação Permanente”. No próximo dia 22, as entidades têm reunião marcada com representantes do Ministério do Planejamento.
Jonas Valente - Carta Maior