A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
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terça-feira, outubro 30, 2012
''... (Me salve) MEU PADINHO PADI CIÇO ROMÃO BATISTA !!! "
O RECADO DAS URNAS - NORTE-NORDESTE DERROTA PT E REANIMA OPOSIÇÃO
REDUTO DE LULA, NORTE-NORDESTE FORTALECE OPOSIÇÃO |
O Globo - 30/10/2012 |
PSDB e DEM conquistam seis capitais nas duas regiões; PSB se consolida
Maria Lima
Guilherme Voitch
SÃO PAULO
O mito Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2006 foi reeleito com 60,8% dos votos de seus conterrâneos nordestinos, e em 2010 ajudou a presidente Dilma Rousseff a fazer 70,5% dos votos na região, nestas eleições não teve forças para impedir que o Nordeste se transformasse no novo bunker do bloco PSDB/DEM.
Juntas, as duas legendas levaram sete das 15 maiores cidades da região. Entre elas quatro capitais: Salvador, Aracaju, Maceió e Teresina. O mesmo fenômeno se repetiu no Norte, onde Lula teve 65,5% dos votos em 2006, e Dilma obteve 57,4% em 2010. Nas eleições de domingo, a oposição passou a controlar três capitais, com a vitória do PSDB em Manaus e Belém, e do PSOL em Macapá.
Além disso, o PSB, que já fala em alianças com os tucanos, consolidou-se nas duas regiões, com vitórias sobre o PT em Fortaleza e Recife, e em Porto Velho.
- O declínio do prestígio de Lula no Nordeste nestas eleições é um fato novo, relevante, que deve ser analisado. Ele foi a Salvador duas vezes. Em Fortaleza, foi uma vez. Gravou para o candidato do PT em Recife e não conseguiu virar as situações negativas. O que parece é que as pessoas se cansaram dessa coisa de mito, de deus. É um exagero dizer que ele foi o grande derrotado, porque ganhou São Paulo. Mas há um declínio de Lula, quer ele queira, quer não - avaliou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que apoiou a candidatura de Geraldo Júlio, do PSB de Eduardo Campos.
Bolsa Família deixa de ser recurso eleitoral
Fora São Paulo, Lula centrou fogo no Nordeste, em comícios, carreatas e gravações para seus candidatos. Para a oposição, as derrotas de Lula se devem ao fato de grande fatia do eleitorado, beneficiada pelo o Bolsa Família, considerar o benefício uma política pública consolidada:
- Lula perdeu força nessa eleição porque se exauriu um pouco essa coisa da Bolsa Família como fidelização do eleitorado - avalia o diretor da CEF Geddel Vieira Lima (PMDB), que apoiou ACM Neto, do DEM, em Salvador.
Em Salvador, Lula usou o discurso do Bolsa Família e chamou ACM Neto de mentiroso:
- É uma mentira sórdida dizer que o avô dele (Antônio Carlos Magalhães) criou o Bolsa Família - disse Lula no palanque de Nélson Pelegrino.
Animado com a conquista de Aracaju e Salvador, o presidente do Democratas, senador Agripino Maia (DEM-RN) afirma:
- Lula era uma fortaleza inexpugnável em Pernambuco, sua terra natal, uma potência no Nordeste. O exemplo mais emblemático do fim desse mito é Salvador. Ele desembarcou lá com Dilma, era Bolsa Família de ponta a ponta. Tinham obrigação de eleger o candidato deles lá. O pobre do Bolsa Família aprendeu a votar e votou em quem quis. O messianismo de Lula morreu - disse Agripino.
No PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ressalta o fortalecimento da oposição no Norte e Nordeste, onde estava praticamente aniquilada. E minimiza a liderança da dupla Lula/Dilma.
- Com exceção de São Paulo, onde estiveram no palanque de Haddad, com um discurso muito raivoso, Dilma e Lula perderam todas. Não tem mais esse negócio de Lula ser o dono da cocada preta não! Voltamos para o jogo com muita força no Norte e Nordeste - disse Aécio Neves.
Em Recife e Fortaleza, onde o PSB ganhou, a avaliação da oposição é que esse reduto também não pode ser contabilizado como de aliados do Planalto, porque houve um embate entre petistas e socialistas. E os irmãos Ciro Gomes e Cid Gomes, governador do Estado, ficaram irritados com a ida de Lula a Fortaleza para fazer campanha contra Roberto Cláudio (PSB).
- Onde Lula impôs candidatos, o PT se quebrou - disse Cid Gomes em conversa com Agripino Maia ontem.
O deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), vice-líder do governo na Câmara, reconhece que a relação do PT e do PSB tem que ser rediscutida na Executiva Nacional do PT.
-No Ceará a disputa tomou rumos que não são aconselháveis para aliados. O PSB constituiu ampla aliança que deu musculatura ao antipetismo. Lamentavelmente, o PCdoB foi instrumento disso, junto com o DEM. Foi uma ação contra o Lula -avalia Guimarães.
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(...) A NATA DA MALANDRAGEM *
PT sai em defesa de réus do mensalão
PT vai condenar "politização" do mensalão |
Autor(es): VERA ROSA , DENISE MADUEÑO |
O Estado de S. Paulo - 30/10/2012 |
Passadas as eleições, partido divulgará manifesto em que condena a "politização" do julgamento do mensalão. O empresário Marcos Valério fez oferta de delação premiada.
Documento deve apontar pressão da mídia e afirmar que teses do STF abandonam cultura do direito penal que garante as liberdades individuais
A cúpula do PT deve divulgar na quinta-feira um manifesto condenando o que chama de "politização" do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A primeira versão do texto, a ser submetido à Executiva Nacional do partido, diz que teses construídas pelo STF abandonam a cultura do direito penal que garante as liberdades individuais. O documento preliminar afirma, ainda, que houve pressão da mídia para influenciar o resultado do julgamento.
O PT só esperava o fim das eleições para sair em defesa dos réus do partido. O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares por corrupção ativa e formação de quadrilha, mas ainda não fixou as penas. Além deles, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, foi condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
"A minha expectativa é que eles não sejam condenados a penas privativas de liberdade", afirmou ontem o deputado Rui Falcão, presidente do PT. "Todos eles têm serviços prestados ao País." Falcão negou que a nota a ser divulgada pelo PT contenha a defesa da regulação da mídia. "Não vamos tomar esse debate como revanche", afirmou ele. "Isso seria tolice."
No último dia 10, vinte e quatro horas após a condenação do núcleo político do PT no julgamento do mensalão, o Diretório Nacional petista fez duro ataque ao Judiciário e avaliou que a elite adota "dois pesos e duas medidas" para criminalizar o partido. Naquele documento, que não menciona a palavra mensalão, os petistas se disseram vítimas de uma "intensa campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo explícito é criminalizar o PT".
Embora o estatuto do PT determine a expulsão de filiados condenados pela Justiça, a norma não será aplicada nesse caso. O partido considera os seus réus como "prisioneiros políticos" de um "tribunal de exceção". O artigo 231, inciso XII do estatuto petista prevê a expulsão do filiado quando ocorrer "condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitado em julgado".
"Eu não me conformo com esse julgamento", afirmou o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de Comunicação do PT. "Pessoalmente, eu sou contra a expulsão de qualquer um, mas as condições em que houve o julgamento não foram as mais democráticas."
Vargas disse que o STF julgou os réus sob pressão dos grandes meios de comunicação que, por sua vez, instigaram a opinião pública contra os acusados. "O ministro que deu voto diferente dessa posição passou a ser achincalhado na rua. É um escândalo e um acinte um ministro ter sido tratado assim quando foi foi votar", insistiu.
No domingo, o ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, foi insultado e vaiado na saída da sessão em que votou em segundo turno. Ele absolveu Dirceu, Genoino e João Paulo, mas foi voto vencido no julgamento.
O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou que o estatuto não será aplicado no caso dos condenados no processo do mensalão. "O julgamento deles foi político. Não há motivo para serem expulsos", disse Tatto. Ele disse, porém, que a decisão do STF será respeitada, e os condenados terão de cumprir a pena.
Em entrevista ao Estado, Genoino disse que sua condenação foi injusta porque se baseou na "tirania" da hipótese pré-estabelecida. "A minha função de presidente do PT é que me levou a essa injustiça monumental. Dizer que eu participei de corrupção ativa é uma grande injustiça", destacou Genoino. " Era minha tarefa defender o governo Lula, a relação com os movimentos sociais e a unidade da bancada num momento difícil. Que associação ilícita? É um absurdo falar isso." Para ele, o STF o condenou usando deduções. "Era possível ou impossível? O julgamento penal precisa se basear em provas concretas", argumentou.
Dirceu também afirma que foi condenado pelo STF "porque era ministro da Casa Civil.
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(*) Chico Buarque. HOMENAGEM AO MALANDRO.
''... Agora já não é normal/ O que dá de malandro/ Regular/ Profissional/ Malandro com o aparato de malandro federal/ Malandro candidato a malandro federal: ... Que nunca se dá mal".
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''MALANDRO É MALANDRO..." (Salvados de campanha)
DILMA FARÁ MUDANÇAS NO MINISTÉRIO
AJUSTE NA ESPLANADA |
Autor(es): PAULO DE TARSO LYRA J ULIANA BRAGA LEANDRO KLEBER |
Correio Braziliense - 30/10/2012 |
Pelo menos duas mexidas são dadas como certas. De olho na reeleição, a presidente deve entregar uma pasta para o PMDB abrigar Gabriel Chalita e outra para o PSD de Gilberto Kassab
Concluída a disputa nas urnas, Dilma prepara o terreno para a reforma ministerial. PMDB de Gabriel Chalita e PSD de Kassab serão agraciados com uma pasta cada um. Gleisi e Padilha aparecem como as apostas de 2014
A presidente Dilma Rousseff vai promover duas mudanças na Esplanada dos Ministérios para reacomodar a base após as eleições municipais e iniciar a caminhada rumo à reeleição em 2014.
Os dois novos espaços serão ocupados pelo PMDB de Gabriel Chalita (SP) e pela adesão do PSD ao governo federal. No caso de Chalita, os peemedebistas ouviram a sinalização de que ele iria para o Ministério da Ciência e Tecnologia, uma pasta ligada à área de educação e ocupada atualmente por um técnico, Marco Antonio Raupp. Para o PSD, o espaço será definido em uma conversa da presidente com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Uma das grandes vitoriosas nas urnas com a eleição de Gustavo Fruet (PDT) para a prefeitura de Curitiba, a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, permanecerá na Esplanada até 2014, quando deve retomar o mandato de senadora para concorrer ao governo do Paraná contra o tucano Beto Richa. Ela deixará o governo ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nome cada vez mais forte no PT e no Planalto para concorrer ao governo de São Paulo.
A adesão do PSD ao governo, apesar de ser um desejo da presidente, ainda precisa ser mais bem articulada. Não existe uma pasta na Esplanada pronta para receber o partido de Kassab. Pelos corredores palacianos especula-se que a legenda poderia ocupar o ainda inexistente Ministério da Micro e Pequena Empresa, cuja criação tramita no Congresso. Três nomes são cotados: o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos; o presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão; e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO).
Nenhum dos três nomes é de fácil viabilização. Afif é o vice do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele sempre defendeu a manutenção da aliança com o PSDB paulista, mas Kassab já avisou que essa parceria não se repetirá em 2014. O prefeito demonstrou seu total descontentamento com o uso da máquina estadual em Ribeirão Preto para tentar eleger o deputado Duarte Nogueira (PSDB) contra a pessedista Dárcy Vera, que acabou garantindo mais um mandato. Kassab já afirmou que o PSD estará ao lado do PT em 2014 em São Paulo.
Reaproximação
A senadora Kátia Abreu é amiga de Dilma, mas expôs uma divergência com Kassab ao criticar a intervenção do diretório nacional do partido a favor da candidatura de Patrus Ananias (PT-MG) em Belo Horizonte. Mesmo que esse episódio seja superado com a reaproximação entre a senadora e o presidente do PSD, ela ainda terá que renovar o mandato em 2014, o que faria com que permanecesse na Esplanada pouco mais de um ano. "A presidente Dilma, quando escolhe um ministro, não escolhe para ser temporário, escolhe para passar um tempo e resolver os problemas", disse ao Correio um assessor palaciano.
Paulo Safady Simão também é próximo da presidente, especialmente pela atuação na implantação do Programa Minha Casa, Minha Vida. Mas como a intenção do Planalto é compensar o partido pelo "bom comportamento" no Congresso, existem dúvidas se ele seria um bom nome, pois tem um perfil mais técnico do que político.
O pós-eleição também mantém o tradicional pranto e ranger de dentes de aliados insatisfeitos. Como disse uma vez o ex-ministro de Relações Institucionais José Múcio Monteiro, "só os insatisfeitos e derrotados retornam para Brasília após as eleições para prefeito". Tanto o PMDB quanto o PT mineiro querem ser recompensados, apesar da derrota para o PSB de Márcio Lacerda. Existe uma boa vontade com Patrus Ananias, mas precisaria ser criado um espaço para ele. Ele não sofreria vetos de Fernando Pimentel (MDIC), já que Dilma selou uma paz entre ambos, promovendo a candidatura de Patrus a prefeito de Belo Horizonte e amarrando com a nome de Pimentel para o governo de Minas em 2014.
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''MALANDRO É MALANDRO, MANÉ É MANÉ...'' (outra versão)
Nina e Carminha em Brasília
''MALANDRO É MALANDRO, MANÉ É MANÉ ..." *
Nelson Rodrigues e o mensalão
Arnaldo Jabor - Arnaldo Jabor |
Autor(es): Arnaldo Jabor |
O Estado de S. Paulo - 30/10/2012 |
Depois de muito tempo, falei ontem com Nelson Rodrigues no velho telefone preto que ele atende lá no céu, entre nuvens de algodão e estrelas de purpurina. Ele riu ao telefone:
- Você só me liga quando está em crise? A crise é tua ou do país?
- Nelson, sou parte dos detritos da nação.
- Não faz frase, rapaz, olha a pose... Este momento do país é maravilhoso: o Brasil está assumindo a própria miséria, a própria lepra... Os brasileiros deviam se agachar no meio-fio e beber dessa sagrada lama que apareceu, com o "negão" bisneto de escravos abolindo a corrupção... Ali está a salvação. Finalmente, os marxistas de galinheiro estão aparecendo no relatório do STF. É impressionante ver as trapalhadas que fizeram; achavam que ninguém estava vendo. Eles são parte dos cretinos fundamentais que infestam o país e se escondem sob a capa da "revolução". Antigamente, o cretino se escondia pelos cantos, envergonhado da própria sombra; hoje, se você subir num caixotinho de querosene "Jacaré" e falar "meu povo", eles formam uma multidão de Fla x Flus. Você pegue o Prestes, por exemplo; ele só fez errar, na vida. Tudo que ele quis deu zebra, de 1935 até o fim... No entanto, quem falar mal do Prestes leva um dedo na cara: "Não admito, ouviu?!" Durante 30 anos organizaram um partido e chamaram os intelectuais, que fizeram um carnaval danado, transformando o Lula num "Padim Ciço". Mas, quando chegaram ao poder, debaixo de papel picado, resolveram se suicidar como as virgens do meu tempo: ateando fogo às vestes. Daí, a verdade inapelável: os comunistas odeiam governar; só querem "tomar" o poder para entrar nas boquinhas, com a mentira de serem "socialistas". Eles acham a democracia uma vigarice burguesa para enganar as massas.
- Mas... Nelson... o proletariado sob o capitalismo...
- Para com isso, rapaz; o Homem é capitalista... Existe mercado desde o tempo dos macacos disputando minhocas no buraco... Só os cegos acreditam na "utopia" e só os profetas enxergam o óbvio. O óbvio é um Pão de Açúcar que ninguém vê. E o óbvio é que os petistas queriam fazer a "revolução" com o mensalão, ali na cara do Lula. Mas, foram mexer com a única coisa proibida: com o canalha brasileiro. O canalha é um patrimônio da nacionalidade. Desde Tomé de Souza que roubam sem parar. Pois, os canalhas estavam quietos, metendo as mãos nas cumbucas do Estado, quando de repente apareceu o Zé Dirceu, achando que ia passar-lhes a perna. Os canalhas olharam maravilhados aquela burrice dos petistas e sacaram na hora: "Esses comunas acham que a gente é babaca? É tudo mané!..." Dirceu prometia grana mas não pagava na hora, humilhando a gangue aliada. Eles piscavam cinicamente uns para os outros, contendo o riso e preparando o bote: "Perfeitamente, camarada Dirceu..."
- Você acha o quê do Dirceu?
- Ele me fascina. Eu o conheci em 67, por aí... Ele vivia atracado em postes, como vira-latas... Explico: o Dirceu não podia ver um poste que ele trepava em cima e escrachava o capitalismo. Você sabe que os comunas tratam o capitalismo como uma pessoa: "Hoje o capitalismo acordou de mau humor, o capitalismo tem de morrer!!!" Eles falam no tal do "neoliberalismo" como se os grandes empresários de cartola tivessem resolvido: "Vamos fundar este neoliberalismo para acabar com aqueles trouxas!" Acham que a IBM, a Coca-Cola e a GM estão dando gargalhadas de bruxa de peça infantil. A velha esquerda não entendeu até hoje a grande lição de Marx: quem manda são as mercadorias, quem manda é a salsicha. Ninguém controla o Mercado. Aliás, o Marx está ali numa nuvem, exalando cava depressão. Bem, como eu ia dizendo, o Dirceu vivia trepado em postes, falando da "utopia", que ninguém sabia o que era. Alguns sujeitos rosnavam: "Quem é essa tal de Utopia? É a mulher dele?" Pois um dia o nosso Dirceu encontrou o Lula. Foi uma festa. O Lula era o "robô" perfeito para os petistas intelectuais: operário, foice e martelo, barba e sem dedo - tinha tudo para se tornar um símbolo de santidade, um messias da USP, onde as professoras se estapeavam para pegar um autógrafo do "proletário". Os bolchevistas, desempregados desde 68, se deram bem quando Lula chegou ao poder: "Vamos desapropriar a grana desse Estado burguês para conquistar nossos objetivos populares." Aí, apareceu o Dirceu esfregando as mãos: "Oba!... Deixa comigo, Lula!" E virou "primeiro-ministro". O Lula achou ótimo porque estava em fremente lua de mel consigo mesmo, segredando para dona Marisa: "Ei, mãezinha, quem diria, nós aqui, hein...?" E nem ligava: "Deixa que o Dirceu resolve!" E ia beijar rainhas e reis, lambido pelos granfinos internacionais. Foi aí que surgiu o Jefferson, denunciando o comandante da "revolução corrupta". Jefferson saiu da mentira para a verdade e o Dirceu da "verdade" para a mentira. Um é o espelho invertido do outro. O Jefferson e Dirceu são a essência do Teatro: protagonista e antagonista. A maior peça do teatro brasileiro foi o duelo dos dois na Câmara. O país parou como no Brasil x Uruguai. Os dois juntos levantaram a cortina do erro brasileiro. O Jefferson, que tinha passado a vida escondido na própria gordura, se esgueirando por estatais e fundos de pensão, descobriu a deliciosa alegria do sucesso. Ninguém foi mais feliz que o Jefferson naqueles dias, espojando-se na verdade, regozijando-se no papel de herói ao avesso, abrindo o alçapão de ratos... E Dirceu se deu bem também, apesar da condenação no STF. Ele ficou livre de sua "revolução" fracassada, finalmente no ansiado martírio, o único sossego dos paranoicos. Jefferson fez o maior tratado de sociologia política da vida nacional e Dirceu fez uma revolução inesperada - queria um socialismo stalinista e acabou fortalecendo a democracia.
- Mas, Nelson, qual o futuro disso tudo?
- Não há mais futuro, rapaz... Mas, garanto que um dia Jeff e Zé terão uma estátua em bronze - os dois sob os braços de uma grande deusa nua: a República celebrando seus heróis. Rapaz, isso é o óbvio: Dirceu e Jefferson salvaram o Brasil!
E desligou.
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(*) mpb-samba.
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STF: 'YES, WE CAN!!!'
O STF, a lei e a política no Brasil
Autor(es): Lourdes Sola |
O Estado de S. Paulo - 30/10/2012 |
O julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) suscita uma unanimidade perturbadora quanto ao alcance histórico das decisões tomadas até aqui. O que se entende por alcance histórico, porém, varia muito, o que não surpreende. Os aspectos a explorar são muitos e dependem do foco do analista. Conforme se privilegiem as dimensões político-eleitoral ou institucional, a legal-constitucional, ou se adote uma perspectiva histórica fundamentalista do tipo "nunca antes neste país", ter-se-ão apostas distintas sobre o impacto das decisões do STF. Por certo, há muito em comum entre os que compartilhamos a percepção de que elas marcam um daqueles pontos de virada que geram um impulso transformador dos mores políticos e, sobretudo, das expectativas em que se baseiam os cálculos políticos. Um de seus efeitos subversivos é a reversão das expectativas gêmeas que poluíram as discussões anteriores: a da impunidade e a do ceticismo entre os indignados.
Isto posto, qual o foco privilegiado aqui? Como situar o Rubicão que atravessamos pela mão dos membros do STF e com apoio nas análises que a mídia propicia? Atenho-me a um par de aspectos em registro de médio e de longo prazos. Descarto o foco político-eleitoral pelo repúdio ao que a campanha em São Paulo conteve de cinismo de ambos os lados: de um, o argumento de que a voz das urnas equivale a uma absolvição, com o que se deslegitima o ordenamento jurídico; de outro, a tentativa de estender a um partido como o PT - cujos representatividade e compromisso com avanços sociais é inquestionável - uma condenação que todos os atores do sistema de Justiça circunscrevem a alguns de seus membros.
O alcance histórico das decisões do STF é também "geográfico", pela relevância geopolítica. Valho-me do olhar de um cientista político americano, Douglas Chalmers, que ainda nos anos de chumbo se empenhou em entender como nossa formação histórica afetava o modo de fazer política na região. Atenho-me exclusivamente à relação com a lei. Numa intuição profética, destacava "uma característica estrutural dominante" no século 20, que consistiria na instabilidade inerente tanto aos regimes autoritários quanto democráticos. Diz ele: "A razão está na percepção generalizada de que as instituições são um meio instrumental e tentativo para resolver conflitos". É a percepção de que "os conflitos se resolvem pelo choque de forças, quer dizer, politicamente, e não por referência a um conjunto fixo e estabelecido de procedimentos". Trocando em miúdos, a força da lei, quando se exerce, é sempre passível de contestação nesse tipo de Estado que Chalmers caracterizava como "o Estado politizado", por contraposição ao Estado institucionalizado.
É fácil explorar outras especificidades derivadas dessa. Por um lado, a falta de credibilidade do Estado enquanto lei, ou seja, o ceticismo quanto à sua capacidade de fazer valer o ordenamento jurídico previamente acordado. Por outro, a tendência a redefinir a lei ao sabor das resultantes dos embates políticos. Isso explica, a meu ver, seja a dificuldade de aceitar como final a intermediação do sistema de Justiça pelas partes em conflito, seja a tentação de redefinir continuamente o ordenamento jurídico. Basta lembrar as crises de sucessão durante nosso regime autoritário, ou a contínua redefinição do sistema partidário em resposta à eleições tuteladas, para situar a nossa versão de Estado politizado. Pouco que ver com o Estado autoritário institucionalizado da Espanha ou do Chile. Nos anos de chumbo, porém, a constatação dessa instabilidade congênita soava como música aos ouvidos de uma democrata.
Mas até que ponto o insight de Chalmers vale para os dias de hoje? Cabe como luva à Venezuela de Chávez, à Argentina dos Kirchners, ao Equador de Correa. Mas não se aplica ao Brasil, ao menos não nos mesmos termos (apesar da "insegurança jurídica" detectada pelos economistas). Nosso avanço se deve a um processo cumulativo de institucionalização, cuja peça central foi a Constituição de 1988 e o consequente apoderamento dos atores do sistema de Justiça, notadamente os do Ministério Público. Se é verdade que culmina hoje com a reafirmação do Estado como lei pelos membros do STF, vale lembrar que foram subsidiados pelos juízes de instrução e pelos dois procuradores-gerais que analisaram as denúncias pertinentes. As decisões do STF, portanto, aproximam-nos mais do Chile e nos distanciam dos outros vizinhos. Seu alcance potencial, no entanto, deverá ser testado, em dois registros. Um: o Estado de Direito é uma construção política coletiva e, como toda construção, pode ser fragilizado. Entre nós, está exposto à vocação restauradora que busca sobrepor legitimidade política, êxito econômico e popularidade ao império da lei. Dois: valendo para todos, depende da reiteração desse princípio, na prática, e quando cabível pelo sistema de Justiça.
É possível detectar outros desdobramentos desse impulso transformador. Minha aposta é que nos próximos anos os profissionais da Justiça deverão (re)conquistar um espaço privilegiado enquanto atores políticos. Similar ao dos economistas, na esteira das democratizações marcadas pela crise econômica e por megainflações.
O espaço reservado na mídia ao debate político centrado na economia foi e é uma das características distintivas da nossa democratização, pela quantidade e pelo vigor. Entra em cena agora o debate político centrado na Justiça e o aprendizado que isso exige de nós, leigos. E dos próprios especialistas obrigados a renunciar ao aconchego de seu dialeto. A exposição pública é essencial: pela exemplaridade da argumentação cerrada, da tolerância pelo contraditório, pela contestação da defesa e pelas tensões entre os ministros relator e revisor. Contribui para a redução de um dos hiatos que caracterizam a nossa (e toda) democracia: entre o acesso instantâneo às informações e a capacidade dos cidadãos leigos de elaborá-las.
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UM GOLPEAR PRECISO
Palavra, mentira e mensalão
Autor(es): Sérgio Bruno Cabral Fernandes |
Correio Braziliense - 30/10/2012 |
Promotor de Justiça, coordenador do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
O sujeito encosta no balcão e pede um pedaço de cuscuz. Logo lhe vem à lembrança o aroma de milho e a imagem de uma leve fumaça saindo da fatia amarela colocada no prato. Planeja incrementá-lo com manteiga e decide que a iguaria será escoltada por um cafezinho. Eis que chega o almejado quitute. Branco, frio e coberto de coco ralado. Reclama e argumenta que pediu cuscuz.
Em resposta, ouve que aquilo é, sim, cuscuz e ainda recebe do interlocutor, em vez de manteiga, uma lata de leite condensado para despejar em cima. Quem está mentindo? Nesse caso, ninguém. Ao colocar alimentos diversos sob o mesmo signo (cuscuz), a palavra igualou coisas distintas, desprezando as diferenças de cor, aroma e sabor entre o cuscuz feito no Nordeste e o no Rio.
Qual é o cuscuz verdadeiro? A designação cuscuz é válida para ambos os casos. A necessidade de comunicação fez nascer a palavra. Signos que formam um código de linguagem, uma convenção adotada por um grupo de pessoas para denominar as coisas e, assim, se relacionar. A vida, contudo, é mais ampla que a ficção da linguagem. Por isso, a palavra tende a reduzir o real, a igualar o desigual e uniformizar a diversidade.
Essa padronização é indispensável para que haja comunicação dentro do grupo social. Em que pese o mal-entendido do cuscuz, as palavras polissêmicas não afetam a comunicação, visto que o pacto linguístico nesses casos não é violado. O significado da palavra será deduzido do contexto por meio da interpretação.
Veja: "Navegar é preciso, viver não é preciso". Qual o significado da palavra "preciso"? Necessário? Navegar é mais importante do que viver? Ou, quem sabe, essa palavra remeta à ideia de precisão, exatidão? Navegar, dispondo de instrumentos como bússolas e cartas náuticas, é preciso, é exato, é determinável, ao passo que a vida não. Duas significações para a mesma palavra, sem que haja violação à convenção da linguagem.
A correspondência entre palavra e coisa, isto é, a correta utilização do pacto social estabelecido pelo grupo para se comunicar é a primeira noção que se tem de verdade e mentira. O pior mentiroso é aquele que procura alterar a realidade por meio da sabotagem da palavra. Em seu discurso, o irreal vira real, o que não é fica sendo. É capaz de elogiar um arco-íris olhando para o céu da noite. Nomear uma coisa, contudo, não tem o condão de mudar sua essência.
Corrupção não vira caixa dois. Propina não se transforma em recursos não contabilizados, ainda que isso seja repetido como um mantra. Às vezes é o próprio grupo social que cria um signo, a fim de evitar adulteração dos fatos e subversão da linguagem. Exemplo é a palavra mensalão, incorporada socialmente para que não haja dúvidas de que se trata de algo ilícito e, portanto, diverso de doação, contribuição ou ajuda. Note-se que o mentiroso não se vale de palavras com plurissignificações, como cuscuz.
O mendaz distorce, confunde e trai o código de comunicação estabelecido pelo grupo social. A mentira que viola o significado das palavras é a mais vil, porque sabota o pacto de fé que é a linguagem. A mentira que simplesmente nega, ou que diz o oposto da verdade, é menos danosa ao convívio social do que a que subverte o sentido das palavras. O mentiroso que diz que há branco onde há preto falseia sem alterar os signos estabelecidos. Por seu lado, o dissimulado constrói um mundo todo cinza, visando ocultar-se no emaranhado de distorções e embustes até que possa emergir socialmente, como uma raposa que sai da toca após a passagem dos caçadores.
Michel de Montaigne, em seus Ensaios, advertia já no século 16: "Na verdade, a mentira é um vício maldito. Apenas pela palavra somos homens e nos ligamos uns aos outros. Se conhecêssemos o horror e o peso da mentira, iríamos persegui-la a fogo mais merecidamente que outros crimes". No século 21, o Brasil ainda tem dificuldades de encarar a mentira como um mal.
É certo que ainda não há distância temporal suficiente para avaliar o impacto do julgamento do mensalão na história brasileira. Mas não é cedo para se afirmar que o movimento dado pelo Supremo Tribunal Federal vem proporcionando uma brisa auspiciosa no tratamento dado à criminalidade de elite no Brasil e, via de consequência, às mentiras que subvertem a linguagem.
Chamar de golpe um julgamento feito nesses moldes, com ampla publicidade, com largo direito de defesa, iniciado por um Ministério Público independente e conduzido por juízes com visões de mundo tão diversas é, isso sim, a própria tentativa de golpe. Um golpe contra a linguagem e contra o bom-senso. O julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal tem sido preciso. E, também, preciso.
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TELEFONIA CELULAR: ''ALÔ, ALÔ! RESPONDA COM TODA SINCERIDADE.." *
Aumentar a concorrência para beneficiar consumidor
Autor(es): Gesner Oliveira |
Valor Econômico - 30/10/2012 |
O Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) é uma janela de oportunidade para reduzir o custo de ligação para celular e melhorar a qualidade do serviço de telefonia no Brasil.
A chave para baratear o celular está no estímulo à concorrência, que passa necessariamente pela queda das tarifas de interconexão, em discussão no plano. Essa tarifa corresponde a um valor que o usuário paga, embutido no preço final, quando liga da rede de uma operadora para falar com alguém que é cliente de outra operadora. A título de exemplo, hoje essa tarifa no Brasil é sete vezes mais cara do que na Itália; 6,2 vezes do que no México; 5,3 vezes do que na Espanha e Alemanha; 9,7 vezes do que no Reino Unido; e 18,5 vezes mais cara do que na França.
Com a tarifa tão elevada, o custo final da ligação no Brasil é muito alto, e, consequentemente, o uso do serviço móvel é baixo. No México, por exemplo, a média de minutos utilizados em ligações por assinante por mês (185 minutos) é 70% superior à do Brasil (109 minutos). Nos Estados Unidos essa média é de 950 minutos por assinante por mês.
As elevadas tarifas de interconexão são forte barreira de entrada para potenciais novos competidores.
Além da baixa utilização, o mercado de telefonia móvel é marcado por uma forte distorção: o custo da ligação é cerca de seis vezes maior quando o usuário chama uma operadora diferente daquela do chip que possui. Isso ocorre, em grande medida, porque em ligações entre clientes de uma mesma operadora não há pagamento pela interconexão.
Essa é uma distorção grave, pois mostra que em vez de integrar as redes, o sistema brasileiro as desintegra! As ligações entre usuários da mesma operadora representam hoje algo em torno de 85% do total de ligações entre celulares no Brasil. A solução adotada pelos consumidores para driblar os custos exagerados de interconexão passa pela aquisição de chips de diferentes operadoras para tentar realizar o máximo possível de ligações para números da mesma operadora. Trata-se de distorção absurda. Nada disso ocorre nos países onde os preços de interconexão são mais baixos e, consequentemente, também as ligações.
As elevadas tarifas de interconexão, mantidas pelas grandes operadoras, são forte barreira de entrada para potenciais competidores. A entrada de novas empresas promove a concorrência e melhora a qualidade para os usuários, como demonstra a experiência internacional. É preciso uma ação do regulador para enfrentar esse problema.
A Anatel já sinalizou uma redução dos preços de interconexão, o que é positivo, porém insuficiente para promover a competição. Novamente a título de exemplo, a redução proposta no Brasil no período de três anos é de 27%, sendo que na Itália já houve a redução de 69%, no México, de 68%, na Espanha, 57% e na França, de 80%, sempre no período de três anos.
Assim, é extremamente necessária e correta a definição, proposta pela Anatel no PGMC, de uma assimetria regulatória que diminua a cobrança de interconexão para empresas entrantes. Essa assimetria na forma de Bill & Keep (BAK) - um sistema em que não há pagamento de tarifas de interconexão entre as operadoras - é de fato a melhor alternativa neste momento. Uma ação simples, mas com grande efeito para a concorrência desse mercado.
A Anatel adotou com sucesso essa modalidade de 2000 a 2006, o que viabilizou o crescimento das então novas operadoras celulares para efetiva competição com as antigas empresas estatais. Tal desconto pode ser novamente adotado para possibilitar que novas e pequenas operadoras tenham capacidade de competir com as gigantes do setor. A adoção do BAK possibilitará desde logo benefícios para o consumidor, que deverá poder falar mais e mais barato e ser atendido por novas operadoras que terão como crescer e se estabelecer neste mercado. O BAK é atualmente utilizado com sucesso em países como os Estados Unidos, Canadá, Cingapura e China.
É possível destacar cinco vantagens da adoção do BAK. Em primeiro lugar, tal metodologia promove competição já que favorece a entrada de novas operadoras no mercado. No Brasil, esse efeito seria especialmente positivo para as pequenas operadoras que já estão no mercado, para aquelas que pretendem entrar e para as operadoras móveis virtuais, também conhecidas como MVNOs.
Em segundo lugar, como consequência da entrada de novas operadoras, há grande benefício para o consumidor, pois haverá disponibilização de serviços mais adequados às diferentes necessidades de cada um. O desenvolvimento de soluções que melhoram a competitividade desses setores tem como consequência o aumento da produtividade geral da economia.
Em terceiro lugar, diminui a distorção decorrente dos chamados clubes, em que há ligações somente para usuários da mesma operadora. A redução dos custos com interconexão permite o crescimento das chamadas para usuários de todas as operadoras e para telefones fixos, com maior integração dos sistemas de telecomunicação. Trata-se de solução eficiente e que utiliza da melhor forma a infraestrutura existente.
Em quarto lugar, há um estímulo para que as empresas aumentem a eficiência. O BAK é a forma mais simples de precificação. Como não há cobrança, não há necessidade de medir o tráfego e, portanto, economizam-se recursos. Além disso, como o BAK não exige compensação pela interconexão, os operadores de destino têm fortes incentivos para reduzir os custos incorridos em prover a interconexão.
Em quinto lugar, a adoção do BAK para as operadoras menores não provoca desequilíbrio econômico-financeiro nas grandes operadoras. Isso porque a receita que as grandes operadoras obtêm de interconexão das pequenas é pouco representativa em seu resultado agregado. A experiência em outros países em que ocorreu redução da tarifa de interconexão, como México e França, corrobora essa afirmação.
A adoção do desconto total nas tarifas de interconexão (BAK) para as empresas menores traz ganhos para a economia, que será mais produtiva e, especialmente, para o consumidor, que terá mais opções de escolha.
Gesner Oliveira é ex-presidente do Cade
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(*) mpb.
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PETROBRAS: ''¿QUÉ ESTÁ PASSANDO?"
Baixa produção derruba ações da Petrobrás
Produção da Petrobrás decepciona e ações caem |
O Estado de S. Paulo - 30/10/2012 |
Produção em baixa, custos em alta e importações crescentes fizeram o mercado castigar a empresa com uma queda de 3,45% nas ações ordinárias na BM&FBovespa
A fraca produção da Petrobrás registrada em setembro, a pior desde abril de 2008, foi a grande decepção do balanço do terceiro trimestre da companhia, detalhado hoje pela diretoria da estatal. Produção em baixa, custos em alta e importações crescentes fizeram o mercado castigar a empresa com uma queda de 3,45% nas ações ordinárias na BM&FBovespa.
"Não há muito o que dizer: levará tempo para que a Petrobrás dê uma reviravolta e investidores pagarão caro por isso", disseram em relatório os analistas Emerson Leite e André Sobreira, do Credit Suisse.
Segundo eles, as duas únicas informações positivas no trimestre - o aumento de preços nos combustíveis e a taxa de utilização de 98% no refino - não foram suficientes para gerar um crescimento significativo do lucro. O lucro de R$ 5,5 bilhões divulgado na noite de sexta-feira reverteu prejuízo de trimestre anterior, mas ficou abaixo dos R$ 8 bilhões projetados pelo mercado.
A Petrobrás produziu apenas 1,843 milhão de barris por dia de petróleo no Brasil em setembro. O pior resultado mensal em mais de quatro anos se deveu a paradas programadas para manutenção mais longas do que o esperado nos campos de Marlim e Roncador (plataformas P-19 e P-52).
O diretor de Exploração e Produção, José Miranda Formigli, garantiu que os próximos meses terão resultados melhores, sendo outubro estimado previamente em cerca de 1,941 milhão de barris.
A companhia já admite, contudo, não atingir a meta de produção neste ano, mesmo após o corte de previsão feito há quatro meses.
"A produção deve ser de 2,022 milhões de barris por dia em média, mais ou menos 2%. Vai ser dentro dessa faixa. Posso dizer que estamos trabalhando pesado para conseguir isso", declarou Formigli.
A tarefa não será simples. Para atingir a meta, a empresa deverá produzir 2,24 milhões de barris por dia nos meses de novembro e de dezembro. Um crescimento de cerca de 20% em relação a setembro.
Simultaneamente à entrevista de Formigli, durante palestra na UFRJ, a presidente Graça Foster destacava o investimento de US$ 5,6 bilhões em quatro anos para recuperar a produção da Bacia de Campos.
Esta é a área de maior preocupação do mercado. Mas, segundo Formigli, o projeto de recuperação da eficiência, iniciado em abril, já apresenta resultados. Desde então, a produção cresceu em 16 mil barris/dia e a eficiência, de 70% para 72% - a meta é chegar à casa de 90%. Outro programa semelhante será lançado em novembro para a unidade de operação Rio de Janeiro, que inclui os campos novos da Bacia de Campos, como Roncador, Marlim Sul, Albacora Leste e Marlim Leste.
O aumento dos custos de produção e de refino reportados pela Petrobrás no terceiro trimestre foram destacados pelo Itaú BBA como pontos negativos. A extração ficou 15% mais cara entre o segundo e o terceiro trimestres e o custo do refino subiu 21%, influenciados pelos acordos salariais da empresa que elevaram gasto com pessoal.
"A verdade é que a empresa não registrou melhoras operacionais", disseram os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes no relatório. Outro fator negativo foi a necessidade de importar combustíveis para atender à crescente demanda interna, já que as refinarias da Petrobrás operam no limite e novas só são esperadas a partir de 2014.
Houve um aumento de 45% no saldo negativo da balança comercial de derivados na passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2012, o que significou um déficit de 261 mil barris/dia.
A diretoria da Petrobrás admitiu que há limites para as suas refinarias acompanharem o aumento da demanda por combustíveis. "O que se trabalha é a adequação ao mercado. Mas isso tudo tem limites. A demanda média de diesel, neste trimestre, cresceu 8%. Este momento do ano é de grande demanda de diesel. Mas não é um cenário que permanecerá na sua integralidade no futuro", ponderou o diretor Financeiro, Almir Barbassa./Sabrina Valle, Fernanda Nunes, Andre Magnabosco, Beth Moreira e Sergio Torres
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''QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?''
SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS
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PSB de Eduardo Campos conseguiu vitórias contra petistas em Fortaleza e Recife; pelo país, votação dos socialistas cresce 52,8%. Eleição de Haddad em São Paulo dá ao PT liderança no total de votos conquistados
Reduto eleitoral de Lula e do PT, o Norte-Nordeste deu vitórias importantes à oposição. No Nordeste, que dera 60,8% dos votos a Lula em 2006 e 70,5% a Dilma em 2010, sete das quinze maiores cidades estão agora com PSDB e DEM, entre elas quatro capitais. Presidente do PSB, partido que mais cresceu e se toma central para 2014, o governador Eduardo Campos cobrou do Congresso e da presidente Dilma o ajuste do Pacto Federativo e novo rateio para o FPE. (Págs. 1, 3 a 5, Míriam Leitão, Merval Pereira e editorial “Fragmentação partidária e fadiga de material”)
Nenhum senador foi eleito (Págs. 1 e 9)
A redação do Enem terá novos critérios de correção. Se a diferença entre as notas dos dois avaliadores for superior a 200 pontos, um terceiro será chamado. Caso a discrepância persista, a correção será feita por uma banca com três integrantes. (Págs. 1 e 17)
Uma onda oposicionista mudou a cara do poder nas maiores cidades do Brasil.
Governistas perderam, as eleições de anteontem na maioria das 85 cidades mais importantes, onde estão 37% dos eleitores do país.
Nesse grupo de cidades, composto por capitais e municípios com mais de 200 mil eleitores, partidos oposicionistas venceram em 50.
O número representa um aumento de 56% neste ano em relação ao desempenho das oposições na campanha municipal anterior, em 2008.
Naquele ano, os governistas ganharam em 53 cidades, e os oposicionistas, em 32.
Pelo país, grupos políticos instalados há décadas no poder local tiveram reveses, casos de Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e Diadema (SP).
De acordo com especialistas, entre as explicações está a queda no poder de investimento dos prefeitos, resultado do menor crescimento econômico do país.
A dificuldade de renovação dos grandes partidos também é apontada como uma das causas. (Págs. 1 e Eleições 2012)
Kassab diz que dará apoio incondicional’ a Haddad (Págs. 1 e Eleições 2012)
Fotolegenda: Promessa é dívida
Dilma se encontra com o prefeito eleito, Fernando Haddad (PT), em Brasília; eles discutiram a renegociação da dívida de SP, promessa do petista. (Págs. 1 e Eleições 2012)
Hélio Schwartsman
Economia terá mais peso em 2014 do que a eleição municipal. (Págs. 1 e Opinião A2)
Eliane Cantanhêde
Casado com o poder, PSB já se prepara para trair o PT. (Págs. 1 e Opinião A2)
A Bolsa de Nova York não operou, e cerca de 14 mil voos foram afetados — 16 partindo do Brasil ou chegando ao país. (Págs. 1 e Mundo A11)
Eleições 2012
No dia seguinte à vitória, o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), foi a Brasília receber os cumprimentos de Dilma Rousseff, obteve da presidente sinal verde para a renegociação da dívida da cidade, visitou o ex-presidente Lula e falou do plano de aprovar em 2013 uma série de leis necessárias para a reforma urbana que deseja realizar, batizada em seu programa de governo de Arco do Futuro. Haddad afirmou que enviará à Câmara no primeiro semestre o Plano Diretor e uma série de projetos de leis complementares, como a legislação do zoneamento urbano e um novo Código de Obras. Para isso, precisará do apoio do PSD, presidido pelo prefeito Gilberto Kassab. O petista prometeu rever o sistema tributário para ajudar a “equilibrar” a cidade. Hoje, Haddad tem reuniões marcadas com Kassab e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), com quem disse querer estabelecer parcerias. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que o partido buscará o apoio do PSD para a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. (Págs. 1 e Nacional A4, A6 e A8)
Kassab: ‘Vamos trabalhar a 4 mãos’
Gilberto Kassab prometeu fazer uma transição tranquila com o sucessor. “Vamos trabalhar a quatro mãos”, disse. "Tudo o que vier demandado por ele (Haddad) será por nós encaminhado.” O prefeito disse ainda que a relação com Haddad é “a melhor possível" e promete deixar R$ 5,5 bilhões em caixa. (Págs. 1 e A4)
Aécio minimiza derrota de Serra
Aécio Neves minimizou ontem, em entrevista ao Estado, o impacto para o PSDB da derrota de José Serra em São Paulo. “Essa eleição não teve um grande derrotado.” (Págs. 1 e A8)
Perfil social divide eleitores em SP
O mapa da eleição em SP mostra que nas zonas eleitorais onde o PT venceu a renda média é de R$ 2.227 e onde o tucano José Serra ganhou sobe para R$ 5.286. (Págs. 1 e A8)
Aliança
Fernando Haddad
Prefeito eleito
“Independentemente do rumo do PSD, as condições de diálogo estão dadas."
Rui Falcão
Presidente nacional do PT
“Queremos que o PSD esteja também na aliança nacional em 2014.”
No PT, emerge da eleição um discurso pragmático em contraponto ao ânimo radical, que até “fala” à militância, mas não conquista o público. (Págs. 1 e Nacional A6)
A queixa de abandono do tripé - metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal - é a nostalgia do que nunca foi. (Págs. 1 e Economia B5)
Ex-presidente intuiu que não bastaria dar uma nova chance à ex- prefeita Marta Suplicy. (Págs. 1 e A3)
O gargalo nos portos é grave. A utilização total da capacidade instalada existente será atingida em 2013 no Sudeste, em 2014 no Sul, em 2015 no Norte e em 2016 no Nordeste, aponta o estudo, conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina, com auxílio de consultores do Porto de Roterdã (Holanda). (Págs. 1 e A16)
Muitos prefeitos que encerram seus mandatos estão na iminência de ter as contas desenquadradas das metas impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Podem ser responsabilizados por isso e sofrer as penalidades previstas na lei, que vão de multa a prisão. (Págs. 1 e A7)
A equipe de Haddad e o governo federal montarão um grupo para acompanhar a transição de governo em São Paulo. "Dilma quer reforçar as parcerias com o governo municipal", disse o petista. Segundo ele, sua equipe vai analisar todos os programas dos governos federal e estadual que possam ser implementados na cidade. "Vou explorar todas as possibilidades, todos os recursos disponíveis". (Págs. 1 e A7)
Numa iniciativa que deve desencadear mais consolidação, as empresas anunciaram que 53% da Penguin Random House serão propriedade da Bertelsmann e os 47% remanescentes serão da Pearson, dona do "Financial Times". Os dois grupos concordaram em conservar suas participações durante pelo menos três anos, depois dos quais a Bertelsmann deverá tentar ampliar sua fatia, de acordo com uma fonte. (Págs. 1 e B5)
Controle da inflação não é só tarefa da política monetária, e crescimento do PIB não é só produto da política fiscal. (Págs. 1 e A2)
Jeffrey D.Sachs
Os Estados Unidos, hoje, estão quase com o pior grau de mobilidade social entre os países de alta renda. (Págs. 1 e A15)