Relação Bolívia-Brasil novamente tensa por causa do preço do gás
LA PAZ (Bolívia) - A resistência do Brasil em pagar mais pelo gás de exportação da Bolívia voltou a tornar tenso o relacionamento entre os dois países. O presidente Evo Morales insiste em que o governo de Brasília deva pagar 5 dólares por milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica) pelo produto. O Brasil paga 1,09 dólar por milhão de BTU pelo gás natural que recebe pelo duto de Cuiabá e 4,30 dólares pelo destinado a São Paulo, segundo dados oficiais. A questão chegou, inclusive a ameaçar a viagem oficial do presidente Evo Morales ao Brasil nesta quarta-feira. No Brasil há um "mal-estar" com Morales por ele ter condicionado sua visita a Brasília ao resultado do encontro, disseram fontes diplomáticas brasileiras. (...)
O Brasil importa diariamente uma média de 26 milhões de metros cúbicos (MMC) de gás boliviano, pelo qual paga atualmente 4,30 dólares por milhão de BTU, no duto que abastece São Paulo, valor que será reajustado de acordo com a cotação internacional do petróleo, estabelecido numa das cláusulas do contrato de compra e venda assinado por La Paz e Brasília em 1999, com validade de 20 anos. A Bolívia também exporta 1,2 milhão de metros cúbicos diários para o Estado de Mato Grosso, a 1,09 dólar por milhão de BTU, preço considerado pelas autoridades bolivianas como uma verdadeira subvenção. O regime de La Paz calculou que o aumento do preço do gás de exportação para o Mato Grosso aumentará a receita do governo em cerca de 300 milhões de dólares anuais. "Estou quase certo de que o companheiro Lula não pode permitir este tipo de política de subvenção (no preço do gás) de um país subdesenvolvido para um industrializado", reclamou Morales na segunda-feira. De fato, a Petrobras, que opera as importações de gás para o Brasil - 8% da demanda energética nacional e 50% da demanda do industrial estado de São Paulo -, descartou a modificação do sistema de fixação de preços. "Há uma fórmula que rege o contrato de compra e essa fórmula deve ser mantida", disse Almir Barbassa, diretor financeiro da estatal brasileira. Por sua vez, a ministra chefe do gabinete brasileiro, Dilma Rousseff, afirmou na segunda-feira que o preço do gás comprado da Bolívia é "compatível" com o do mercado e exortou a Bolívia a cumprir os contratos. "O importante é que, qualquer que seja a regra, esta seja cumprida", afirmou. (Fonte: FrancePress).
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