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sábado, março 10, 2007

EDITORIAL: A VISITA DO BUSH AO BRASIL - 2007


EDITORIAL - 10 de março de 2007.

O assunto a ser comentado hoje não poderia deixar de ser sobre a visita do presidente americano George W. Bush ao Brasil e os resultados do encontro havido com o presidente Luis Inácio Lula da Silva, cuja reunião fora agendada há um ano e meio. A “pauta” da reunião como se sabe foi o acordo de intenções assinados por eles e por seus assessores: Condoleezza Rice (Secretária de Estado) e Celso Amorim (Ministro das Relações Exteriores). O documento, conhecimento também como “memorando de entendimento sobre biocombustíveis”, tem por finalidade o desenvolvimento da tecnologia de álcool de celulose ou conforme amplamente “americanizado” pela imprensa: “tecnologia de etanol de celulose”. Desta visita dois aspectos podem ser evidenciados: 1) a transformação do álcool (etanol) em “commodity” e 2) a não-eliminação ou redução da tarifa de US$ 0,54/galão cobrada sobre o álcool brasileiro importado pelos Estados Unidos (1 galão = 3,785 litro).
A expectativa de se transformar o álcool em uma “commodity” vai além da produção do álcool em “terra brasilis” à medida que se propõem para isto, sua produção em vários países da América do Sul, Central e Caribe, a exemplo de Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e República Dominicana. Daí, já se especulando a idéia de se formar uma “OPEP do álcool ou etanol”, dado que Brasil e Estados Unidos da América (EUA) produzem em torno de 70% do álcool mundial. Entretanto, nos EUA o álcool (etanol) é extraído do milho, enquanto que no Brasil o álcool combustível é produzido (praticamente) da cana-de-açúcar. Nesse sentido, observa-se que a produção brasileira de cana-de-açúcar foi crescente nos últimos 15 anos. De acordo com a União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA), na safra de 90/91 a produção de cana foi de 222,4 milhões de toneladas e a de 05/06 esteve em torno de 386,5 milhões de toneladas, sabendo-se que os estados da região Centro-sul vêm aumentando sua participação nesse total. Esses estados passaram de 76% para 87% da produção brasileira de cana-de-açúcar, nesse mesmo período. Outro dado relevante refere-se a produção de álcool(*) anidro e hídrico (ou hidratado) no Brasil. Segundo a UNICA, a produção de álcool acompanhou esse crescimento, cuja produção elevou-se de 11,5 milhões de m3 (safra 90/91) para 15,9 milhões de m3 (safra 05/06), onde o álcool anidro teve uma participação relativa crescente nesse período: de 1,2 milhões/m3 (safra 90/91) para 7,7 milhões/m3 (safra 05/06). Considerando que os EUA produzem o álcool a partir do milho é de se especular se no Brasil não haveria essa “adaptação” produtiva mediante o protocolo de intenções assinado ontem (9/3), uma vez que dele faz parte a “transferência” bilateral de tecnologia na produção de álcool combustível. Outra especulação que se tem é quanto a possibilidade de substituição de áreas utilizadas na produção de milho ou de pastagens (áreas produtoras de alimentos num sentido amplo) por um “extenso” canavial, aqui, ali, alhures... De acordo com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) nos últimos 15 anos a produção de milho no Brasil cresceu de 24,1 milhões de toneladas (safra 90/91) para 42,5 milhões/t (safra 05/06), numa área em torno de 13 milhões de hectares (ha). O dado mais relevante é em relação a produtividade observada (kg/ha), a qual cresceu de 1,79 para 3,27 no mesmo período. Todos esses dados são de conhecimento das autoridades brasileiras, notadamente do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, entusiasta desse novo “programa” do álcool combustível. O ex-ministro é integrante da Comissão Interamericana de Etanol (CIE), onde representa os interesses da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e cuja comissão é composta também pelo presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do ex-governador da Flórida (Jeb Bush). Numa antecipação (ou complemento) desse “memorando de entendimento sobre biocombustíveis”, foi criado na semana passada em Nova Iorque (03) o “Fórum internacional de biocombustíveis”, dele fazendo parte o Brasil, China, Estados Unidos, Índia, África do Sul e União Européia, cuja proposta é trabalhar pelo desenvolvimento e a expansão da produção e uso sustentável em escala mundial. Segundo o que foi divulgado, os biocombustíveis são uma "alternativa economicamente viável" para a substituição parcial dos derivados do petróleo e para diversificar a matriz energética mundial, beneficiar o meio ambiente e contribuir para a fixação da mão-de-obra no campo (Radiobrás).
Por outro lado, qual seria o real interesse do governo americano em relação a produção “mundial” de álcool combustível e a sua transformação em “commodity”? Seria efetivamente interesses humanísticos e altruísticos em relação a “implantação” de um combustível limpo, “ecologicamente correto” no mundo e, independentemente da não-assinatura de seu governo no Protocolo de Kyoto, dar a contribuição “norte americana” ao desaquecimento global? Ou estaria tudo isso centrado única e exclusivamente no embate americano (ou da família Bush) contra o Oriente Médio, produtores de petróleo, e em especial ao Irã e Iraque. Ou, ainda, em relação ao seu desafeto, Hugo Chávez, presidente venezuelano, que se pretende líder latino-americano, e cujo país também é produtor e exportador de petróleo, bem como membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)? Nesse sentido, numa luta de poder político ou de “poder de mercado” a quem caberia o “market share” da “OPEP do Álcool”? Ao Brasil ou ao EUA?
Finalmente, em relação a eliminação ou redução da tarifa sobre o álcool brasileiro cobrada pelo governo americano, conforme reivindicada pelo governo brasileiro, o presidente Bush disse que no momento isto não seria “factível politicamente”, a medida que existe um forte “lobby” dos produtores de milho e o enfraquecimento dos “republicanos” no Congresso americano. Registra-se ainda que, nesta semana, paralela e acintosamente o presidente Chávez dirigiu inúmeras críticas em relação à visita do presidente Bush ao Brasil. Numa conversa com o Fidel Castro, Chávez disse que “um hectare de milho corresponde a 18,8 litros de etanol e que (...) 70% da água utilizada na agricultura é para a manutenção de monoculturas”. Chávez disse ainda que “os Estados Unidos precisam reduzir o consumo de energia” (...) considerando que “milhões de famílias poderiam ser alimentadas com esse milho que está sendo convertido em etanol”.
Por ocasião do encerramento da visita da comitiva americana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou a possibilidade de incentivar os países em geral a trocar suas principais fontes de produção de energia – hoje muito dependente de combustíveis não-renováveis, como petróleo, gás natural e derivados. Dirigindo-se ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o presidente brasileiro sugeriu uma atuação conjunta com esse fim: “a sua visita ao Brasil pode significar definitivamente uma aliança estratégica que permita um convencimento do mundo mudar sua matriz energética”.
Resta-nos aguardar!!!

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(*) A diferença entre o álcool anidro e o hídrico (hidratado) está na água. O anidro é isento de água e é usado na mistura com a gasolina A na proporção de 25% para formar a gasolina C, vendida nos postos de gasolina. O hidratado é aquele usado diretamento no tanque dos automóveis e é vendido diretamente ao consumidor nos postos de gasolina (Fonte: http://www.ale.com.br/).

N.B.: Os dados sobre a produção agroindustrial (cana, milho, álcool) foram coletados por Márcio Sinfães Pinto, aluno do 3º. ano de Economia/UEM.

Um comentário:

Anônimo disse...
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