Nesta quinta-feira (1), o segundo mandato de Lula completa 60 dias. E o presidente não consegue fechar o seu ministério.
Resultaram em
malogro todas as
articulações empreendidas pelo Planalto nos últimos dias para tentar pôr um ponto final na
costura da nova equipe. Em vez de solucionar velhos impasses, o governo criou novos empecilhos. Depois da primeira rodada de reuniões com partidos governistas,
Lula atribuiu missões específicas ao ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). Duas eram consideradas prioritárias. Ambas foram malsucedidas. Tarso começou a se mexer no último domingo (25). Telefonou para o deputado Nélio Dias (RN), presidente do PP. Consultou-o sobre a possibilidade de o partido ceder o
ministério das Cidades para Marta Suplicy (PT-SP). Três dias antes, em privado, Lula dissera que não sabia onde encaixar Marta. Admitira a hipótese de que a ex-prefeita ficasse de fora da Esplanada. Delicadamente, Nélio Dias disse a Tarso que o PP não abre mão de
manter na pasta das Cidades o ministro Márcio Fortes. No dia seguinte, uma segunda-feira (27), enquanto o PT reunia sua Executiva para confirmar o nome de Marta como uma de suas prioridades no ministério de Lula, Nélio trocava telefonemas com seus pares na direção do partido. Mede-se o tamanho da encrenca pelo conteúdo dos diálogos.
A cúpula do PP considera uma “traição” de Lula a simples menção à hipótese de saída de Márcio Fortes das Cidades. A transferência do ministro para a Agricultura, aventada por Tarso, é considerada como algo “inadmissível”. Lula prometera ao PP que manteria Fortes, recordaram os integrantes da direção do partido. Elogiara a atuação do ministro. Para o PP, a questão está “encerrada”. Reabri-la significa comprometer a lealdade do partido ao governo. O gesto de Tarso foi entendido como uma mera estratégia para dar uma satisfação às pressões do PT. Ao discar para Nélio Dias, o ministro sabia de antemão o que iria ouvir. Deu-se com o PMDB a segunda embaixada infrutífera de Tarso. No final de semana, o ministro telefonou para o deputado Michel Temer (SP). Convidou-o para um encontro no Planalto, na segunda (27). Reuniram-se no final da tarde. Foi uma conversa difícil.
Tarso reabriu uma questão que o PMDB de Temer considerava resolvida: o ministério da Saúde. Dias antes, Lula delegara ao PMDB da Câmara a resolução do impasse que rodeia a pasta, disputada pela bancada de deputados e pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Mas Tarso deu meia-volta. Disse a Temer que Lula quer nomear José Gomes Temporão, o nome de Cabral. Como compensação, ofereceu a Previdência a Temer.
Uma Previdência na qual o PT deseja manter Nelson Machado. Temer recusou o aceno. No dia seguinte, liberou o Planalto para nomear Temporão, desde que Lula acomode um deputado do PMDB em outra pasta. O
líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), listou três alternativas: Cidades, Transportes ou Educação. São falsas opções. Sabe-se que Lula não tem como atender a nenhuma delas. Foram lançadas à mesa para que o presidente desista de Temporão e nomeie o deputado que a bancada indicar. Assim, o governo chega ao final de mais com velhos e novos problemas.
O PMDB irritou-se com a tentativa do Planalto de retirar Temer do caminho de Nelson Jobim. A bancada peemedebista da Câmara, que parecia serenada, está em pé de guerra com as hesitações do governo. A unidade do PP, antes festejada por Lula, subiu no telhado.
E o presidente ainda não sabe se terá condições dar um emprego a Marta Suplicy. Em meio ao inimaginável, Lula reiterou nesta quarta-feira (27) que
não tem pressa. O encontro com a direção do PT, previsto para o início da semana, foi empurrado com a barriga. Por ora, o presidente só tem más notícias a dar ao partido.
(Folha Online, Blog do Josias).
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