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quinta-feira, agosto 23, 2007

GOVERNO LULA [In:] CPFM = (PT + PSDB) - DEM

Planalto conta com Serra e Aécio para vencer batalha pela CPMF

Brasília - Implodir o DEM e continuar a negociar com os governadores do PSDB Aécio Neves (MG) e José Serra (SP). Essa é a estratégia definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para preparar o terreno do Senado, vencer a oposição e aprovar a proposta de emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Para derrubar a resistência do PSDB, o governo joga com o interesse dos dois governadores. Sobre a cabeça de Serra pesa um pedido de empréstimo externo de R$ 4 bilhões junto ao Banco Mundial (Bird), que depende de autorização do Tesouro. Também está pendente de aval um empréstimo semelhante ao governo de Minas, no valor de R$ 2 bilhões. Diferentemente do tucanato, que admite negociar a redução da alíquota de 0,38% para 0,20%, o DEM insiste na derrubada da emenda. Para pôr abaixo o discurso do DEM, Lula entrou pessoalmente na articulação que visa a esvaziar a bancada de 13 senadores. Disposto a afastar qualquer risco de derrota, Lula quer fortalecer a base aliada no Senado - onde a maioria governista é estreita -, transferindo cinco senadores do DEM para partidos aliados. A contabilidade mais pessimista do Planalto aponta a cooptação, já em curso, de quatro membros do DEM, podendo chegar a seis na conta otimista. O governo trabalha com prazo até 30 de setembro para concretizar o troca-troca partidário antes de a emenda da CPMF, que está sendo apreciada na Câmara, chegar ao Senado. Não foi à toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o governador de Minas para tomar um cafezinho com ele no Planalto ontem. Antes de comparecer, no início da tarde, a uma audiência com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, Aécio conversou com o presidente sobre CPMF. Lula expôs claramente sua preocupação em aprovar a proposta. “O presidente insistiu em que considera a CPMF fundamental ao equilíbrio das contas públicas e que quer manter um diálogo com a oposição em busca de uma convergência no Senado”, contou Aécio.O governador destacou a postura “mais equilibrada” dos tucanos, que defendem a redução da alíquota e a partilha dos recursos com Estados e municípios, e não a extinção do tributo. Disse que aposta na negociação e que, ao final, governo e oposição poderão chegar “a uma posição de equilíbrio”. Aécio deixou o Planalto com uma advertência ao governo: “A aprovação da PEC não é um ato de vontade unilateral. A CPMF terá de passar por uma negociação no Senado”. Na avaliação de um dirigente nacional do PSDB, no entanto, a manifestação do governador não passa da retórica. Ele afirma que, exatamente por conta dos empréstimos, nem ele nem Serra têm interesse em um impasse com o governo. Mais do que para o governador mineiro, que se reelegeu com alto índice de aprovação, é para o recém-eleito Serra que o dinheiro do Bird é fundamental. Com a verba, o governador paulista quer fazer obras como a ampliação do metrô e a compra de trens mais rápidos. A despeito da pressão, líderes do PSDB na Câmara e no Senado avaliam que, pela primeira vez, a tradição de o PSDB atuar no Congresso em sintonia com governadores está por um fio. Um tucano de expressão, identificado como membro do grupo serrista, diz que a bancada está disposta a “peitar o governo”, a despeito dos riscos. Segundo ele, governadores foram prevenidos de que, se o governo não negociar, a bancada poderá votar contra. Foi este o sinal claro emitido pela maioria da bancada do PSDB no Senado, que se reuniu na terça-feira com a assessoria técnica e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, para tratar do assunto. “Prorrogar a CPMF do jeito que está eu não aceito. Ou se reduz a alíquota e partilha os recursos com os Estados e municípios, ou se acaba com a CPMF”, advertiu o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). “Minha posição é definitiva, muito clara e consciente, e eu vou usar minha liderança na presidência do PSDB para convencer a bancada a fechar questão em torno disso.”A estratégia no Senado será a de esticar a corda, obstruindo a votação ao máximo, para forçar a base governista a negociar. “O tempo é nosso maior aliado”, diz o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). “Parcela grande da nossa bancada de senadores está convencida de que deixar o governo seguir em frente com o excesso de arrecadação que já colheu e mais R$ 36 bilhões de CPMF é produzir uma bolsa-eleição para nos derrotar em 2010.” Estadão, Christiane Samarco .

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