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quarta-feira, junho 18, 2008

CPMF/CSS: DECISÃO APÓS AS ELEIÇÕES DE OUTUBRO [fiquem de olho ...]

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O presidente do Senado, Garibaldi Alves, convocou para esta quarta-feira (18) uma reunião dos líderes partidários –os governistas e os oposicionistas.

O pretexto do encontro é a negociação de uma pauta consensual. Garibaldi deseja definir os projetos que serão levados a voto no plenário. Alega que é preciso construir uma agenda de trabalho para os dias que antecedem o início do recesso parlamentar. Os congressistas sairão em férias no dia 18 de julho. José Agripino Maia (RN) e Arthur Virgílio (AM), líderes do DEM e do PSDB, levarão à mesa uma sugestão urdida nesta terça-feira (17). A oposição quer apressar no Senado a análise da proposta que tonifica o orçamento da Saúde. Um projeto que, na Câmara, ganhou um adereço novo: a CSS. PSDB e DEM desejam votar a proposta até 17 de julho. Antes do recesso e das eleições municipais de outubro.
"Chegou a hora de a onça beber água", diz Agripino Maia. "O governo não quer a CSS? Então, vamos ao voto."
Sentindo o cheiro de queimado, Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula no Senado, avisou aos colegas governistas que pretende se insurgir contra a esperteza.
Dá-se no Senado oposto do que se verificou na Câmara. Ali, em franca minoria, tucanos e ‘demos’ armaram um salseiro no plenário. Ajudados pelo também oposicionista PPS, os deputados do PSDB e do DEM bloquearam a mais não poder a votação da proposta de recriação da CSS. Conseguiram protelar a aprovação uma, duas, três vezes. Só na semana passada o governo conseguiu se impor. Ainda assim, pela estreita margem de dois votos.
No Senado, inverte-se a equação. A maioria governista é flácida. Pelas contas de Jucá, se for levada a voto imediatamente, a CSS será rejeitada pelos senadores.
Daí o esforço do operador do Planalto para jogar a votação da encrenca para depois das eleições municipais de outubro.
Avalia-se que, vencida a fase do reencontro dos políticos com as urnas, as resistências à ressurreição da CPMF tendem a esmorecer. A proposta ainda não foi enviada ao Senado. Embora os deputados já tenham aprovado o texto base da lei, restam quatro artigos por votar. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), marcou para as 11h desta quarta a retomada da análise do projeto que inclui a criação da CSS. Na mesma hora, os líderes partidários do Senado iniciarão o encontro no gabinete de Garibaldi. O comportamento dos deputados oposicionistas está condicionado ao resultado da reunião do Senado. Na improvável hipótese de prevalecer a tese da votação a toque de caixa, a oposição se dispõe a levantar as barricadas da Câmara. Do contrário, manterá a tática.
Jucá conta com as armadilhas do calendário para neutralizar a manobra da oposição.
Na semana que vem, os festejos de São João conspiram contra a presença de senadores nordestinos em Brasília.
Na semana seguinte, vence o prazo do registro de candidaturas às prefeituras. Embora poucos senadores sejam candidatos, todos têm interesses a defender nos seus Estados. Nos dias subseqüentes, o Congresso estará na bica de entrar em recesso. E o projeto da CSS, ainda que votado na Câmara e enviado ao Senado, vai à gaveta governista de Jucá. E o governo será pendurado nas manchetes na incômoda posição de responsável pela obstrução de uma proposta pela qual quebrou lanças na Câmara.
Escrito por Josias de Souza - Folha Online, 1806. Foto Sérgio Lima-Folha.

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