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terça-feira, junho 03, 2008
ENERGIA vs. ALIMENTOS: IND. AUTOMOBILÍSTICA vs. GOVERNOS
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu durante seu discurso perante a Cúpula da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) em Roma que a produção de alimentos seja duplicada até o ano de 2030 para superar a atual crise mundial.
Durante a abertura do evento Ki-moon exigiu que se passe das palavras à ação e pediu um consenso mundial para a utilização dos biocombustíveis, assim como outras medidas para atenuar a crise na oferta de alimentos. O principal diretor da ONU lembrou que existem 850 milhões de pessoas famintas no mundo, e que o Bird (Banco Mundial) previu que esse número pode aumentar em cem milhões nos próximos anos caso não sejam tomadas as medidas necessárias conter o problema. "Todos os senhores conhecem a severidade e a escala da atual crise mundial. As ameaças são óbvias", disse o secretário-geral aos delegados dos 191 países que participam da cúpula. No entanto, ele destacou que a reunião é uma oportunidade para revisar as políticas, que devem tanto "responder imediatamente aos altos preços" quanto "aumentar a segurança alimentar mundial a longo prazo".
Assistência e restrições
Entre as medidas receitadas por Ban para alcançar esses objetivos, destacou o aumento da assistência, por meio da ajuda em comida, vales e dinheiro, e o ajuste do comércio e das políticas fiscais para minimizar as restrições e as tarifas à importação.
Por esse motivo, rejeitou as limitações impostas às exportações por alguns países, que podem "distorcer os mercados e aumentar os preços". Ban pediu a suspensão dessas restrições às exportações a todas as nações que as impuseram.
Também pediu que o ajuste do comércio e das políticas fiscais sobre a agricultura esteja ligado a uma rápida resolução das negociações na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), e a um maior investimento na agricultura de todo o mundo.
O secretário-geral da ONU calculou em entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões o esforço anual que deverá ser realizado pelos países em desenvolvimento e pelos doadores para poder dobrar a produção mundial de alimentos.
Politização
Ontem, durante sua chegada à Roma, Ki-moon advertiu que o aumento dos preços dos alimentos pode provocar outras crises com efeitos negativos sobre o crescimento econômico, o progresso social e inclusive a segurança política no mundo.
Os governos deixaram de lado "decisões difíceis e subestimaram a necessidade de investir em agricultura", disse o secretário-geral, acrescentando que hoje está se "pagando o preço" dessa atitude. Além disso, o sul-coreano expressou preocupação com a "excessiva politização" na discussão da crise. Em visita ao Brasil, noticiada pela BBC, Ki-moon disse que deve-se "evitar que uma excessiva politização do tema impeça medidas que são necessárias para melhorar a produção e o abastecimento de alimentos". Mais de 30 chefes de Estado discutirão em Roma os fatores que estão causando a alta do preço dos alimentos, que chegou a gerar crises políticas e violência em alguns países. Vários fatores são associados ao aumento --alta do preço do petróleo, aumento da produção dos biocombustíveis, especulação, queda da cotação do dólar e crescente demanda por alimentos em países emergentes. No entanto, não existe um consenso dentro da FAO sobre o peso de cada um dos fatores.
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