PENSAR "GRANDE":

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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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sábado, julho 19, 2008

EDITORIAL: "DECIFRA-ME OU TE DEVORO"

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O caminho da impunidade


Uma série de notícias mais ou menos discretas, comentários e citações, publicada hoje pelos jornais, oferece a pista para o leitor sobre a direção que está sendo dada ao volumoso inquérito que a Polícia Federal batizou de Satiagraha. Um detalhe está em declaração do ministro da Justiça, Tarso Genro. Ele afirmou ontem a uma emissora de rádio, e a Folha de S.Paulo reproduz hoje, que o relatório apresentado pelo delegado Protógenes Queiroz para fundamentar os pedidos de prisão preventiva que tanto sensibilizaram altas figuras da República, indicavam "instabilidade na forma de conduzir as questões". Os advogados do banqueiro Daniel Dantas com certeza já correram atrás da gravação da declaração de Tarso Genro.
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Ora, se o próprio ministro da Justiça coloca sob suspeita o equilíbrio de seu subordinado, responsável pelo inquérito, não fica difícil para os defensores oficiais de Dantas desmontarem a acusação.
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Faltaria pouco para alguém demonstrar que não houve fraudes, que a tentativa de corrupção era brincadeira, que o instável delegado agiu movido por sentimentos mesquinhos e que Daniel Dantas merece, na verdade, ser beatificado.
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Outro detalhe do noticiário pode levantar no leitor e cidadão uma suspeita ainda mais grave. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, permitiu que o senador Heráclito Fortes, do Partido Democratas, citado no inquérito, tenha acesso aos autos. A razão é simples: o parlamentar é apontado no inquérito como lobista do grupo Opportunity. Dessa forma, o senador fica oficialmente incluído no rol dos investigados. Se Heráclito Fortes quiser, poderá requerer que o caso seja transferido das mãos do juiz Fausto Martin de Sanctis para o Supremo Tribunal Federal. Como se sabe, Dantas andou alardeando que temia apenas a Polícia Federal e a primeira instância da Justiça, e que no STF as coisas andariam a seu favor. Os jornais seguem publicando novas descobertas de irregularidades no banco controlado por Daniel Dantas.
Revela-se, por exemplo, que o Banco Central registra operações suspeitas no Opportunity desde 2002. Está nas mãos do senador Heráclito Fortes, que já se declarou publicamente amigo de Daniel Dantas, transferir o processo para o ambiente onde o banqueiro se sente seguro. Está nas mãos da imprensa investigar por que Dantas faz pouco caso da Suprema Corte. Mais uma trapalhada.
A aparição do presidente da República na televisão, com olhar transtornado, exigindo que o delegado Protógenes Queiroz reassuma o caso Daniel Dantas ou peça para sair foi uma decisão equivocada. A divulgação de trechos da conversa na reunião que decidiu pelo afastamento do delegado só aumenta a confusão.
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Alberto Dines:- A sociedade brasileira só acredita em grampos e vazamentos – é o que se deduz da esdrúxula idéia do governo de gravar a reunião da cúpula da Polícia Federal e distribuí-la para a imprensa. Se a intenção era mostrar que o governo não forçou o delegado Protógenes Queiroz a se afastar da Operação Satiagraha, o resultado foi oposto: a reunião durou três horas, a Polícia Federal só divulgou quatro minutos, descontínuos, que não provam coisa alguma. Uma nota pública da PF junto com uma declaração escrita do delegado teriam mais credibilidade e não correriam o risco de serem ridículas. A verdade é que o conceito em sânscrito de Satiagraha, "vontade e firmeza", corre o risco de ser traduzido para o português como "enorme trapalhada". Nunca, em tão curto tempo, cometeram-se tantos desatinos como neste caso. O que deixou o Executivo constrangido não foi o conflito entre o presidente do STF e um juiz de primeira instância, foi o vazamento de um relatório protegido pelo segredo de justiça que atingiu o staff da presidência da República. Se desejasse mostrar firmeza o governo deveria prontamente punir os autores do vazamento. Não o fez porque teria que punir com a mesma severidade aqueles que vazaram o dossiê com os supostos gastos do presidente FHC. A mídia que se serve de vazamentos – porque não quer ou não sabe investigar – prefere passar ao largo de uma discussão crucial em benefício do interesse público. O único a mexer-se até agora foi senador Expedito Júnior, de Roraima, que resolveu fazer uma emenda ao projeto de lei para controlar abusos com grampos. Como é da base aliada, não quer castigar os vazadores, quer punir o veículo de comunicação que divulgar o vazamento. Expedito Júnior está oferecendo um novo modelo de mordaça. Ao invés de obrigar o governo a respeitar o Estado de Direito, quer acabar com ele.
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Postado por Luciano Martins Costa em 18/7/2008 às 8:34:35 AM
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Os mal-informados informam

Pergunto a um experiente colega, que ocupa cargo de primeira linha em um dos principais jornais brasileiros:
“Você se considera bem informado sobre o caso Daniel Dantas?”
“Em linhas gerais”, responde.
Muito pouco para quem está no ofício de informar.
E o pior é que, desde a entrada em cena da Operação Satiagraha, o grosso da informação é vazamento – que os jornais e os leitores, como Alberto Dines foi o primeiro a ressaltar, aceitam de bom grado.
E nem tudo que vaza é potável, ou tem o mesmo sabor.
Tome-se o caso do afastamento do delegado Protógenes Queiroz. Vazou para a imprensa inteira que, na reunião dos federais da qual ele saiu saído – e foi para isso que ela se deu –, Protógenes falou em continuar trabalhando na investigação nos fins de semana [porque de segunda a sexta ficaria em Brasília para completar um curso que iniciara em março].
Para a Folha, isso significa que “sentindo-se desautorizado, o delegado decidiu precipitar sua saída…”.
Para o Estado, isso signfica que “Protógenes resistiu o quanto pôde e chegou a se oferecer para trabalhar só nos finais de semana”. E, reiterando, dois parágrafos adiante: “Ele concordou em sair de foco da crise e da mídia, mas sem se desligar do comando do caso…”.
Ontem, o presidente Lula desancou o policial, chamando-o de “esse cidadão” – como se, de livre e espontânea vontade, ele tivesse resolvido tirar o time de campo, deixando no ar um serviço começado quatro anos atrás.
A imprensa pode só saber “em linhas gerais” o que vai pelo caso Dantas. Mas sabe – e sabe porque foi informada disso – que, naquela mesma segunda-feira, Lula aprovou a remoção do delegado, numa conversa com o ministro da Justiça, Tarso Genro.
Como a Folha titulou: “Presidente havia avalizado afastamento na 2a”.
A imprensa também já tinha sido deliberadamente informada de que, em dobradinha com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa – o tal que saiu de férias em meio ao tiroteio -–, Tarso armava a guilhotina para decepar o cabeça do inquérito contra Dantas e companhia bela.
Em linhas gerais, é isso aí.
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P.S.
Enquanto atola a barca, ganha o dia o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, com a seguinte constatação:
“Há deputados e senadores que vazam mais que chuveiro, tem ministros de tribunais superiores que falam mais com a imprensa do que nos autos, tem Polícia Federal que age fora da lei, tem Ministério Público que às vezes também abusa de sua autoridade.”
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[Postado por Luiz Weis em 17/7/2008 às 4:35:27 PM].
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