Enquanto o plenário da Casa espera o carnaval passar, senadores disputam cargos para garantir visibilidade até 2010, ano de eleições Gustavo Moreno/Esp. CB/D.A Press - 15/10/08 | | Azeredo (dir.), ao lado do petista Tião Viana: Tucano trabalha para assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores |
| Desde que retornou aos trabalhos legislativos no último dia 2 para eleger seu novo presidente, o Senado parou. Ou melhor, nem começou. Foram duas semanas de muita guerra nos bastidores e pouco resultado prático. A disputa pelo comando das principais comissões transformou-se num palco de egos, promessas e cobranças. Enquanto isso, o plenário continua vazio. O que está em jogo não é nem a comissão em si, mas a necessidade de um senador ter visibilidade até 2010, quando terá que disputar mais uma eleição para continuar na Casa ou ser governador em seu estado. A regra é que a escolha dos presidentes das comissões respeite o princípio da proporcionalidade das bancadas. Mas nem todos os partidos pensam assim. O PTB, por exemplo, quer o comando da Comissão de Relações Exteriores. Já indicou o ex-presidente Fernando Collor (AL) para a vaga. Teoricamente, a cadeira pertence ao PSDB, que já escolheu Eduardo Azeredo (MG), um parlamentar de olho nas eleições de 2010. A guerra interna foi aberta: o PTB cobrou do PMDB apoio nessa briga por ter apoiado a candidatura de José Sarney (AP) à Presidência do Senado, enquanto os tucanos ficaram com o petista Tião Viana (AC). Não adiantou muito. O próprio Sarney entrou em campo e deixou claro que o PMDB não vai se envolver. Se o PTB quiser a vaga, terá que disputá-la no voto. Collor, uma figura apagada dentro do Senado, sonha com as Relações Exteriores porque avalia que é uma pasta perfeita para um ex-presidente da República. O PTB sabe que Collor deve perder. Pressionado pelo colega, o líder da legenda, Gim Argello (DF), procurou o líder da bancada petista, Aloizio Mercadante (SP), e propôs um acordo: o PT apoiaria Collor e, em troca, os petebistas ajudariam a impedir a eleição de Demostenes Torres (DEM-GO) para o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O Palácio do Planalto não esconde a preocupação de ter um ferrenho opositor na comissão mais importante do Senado. Demostenes é outro que precisa de visibilidade e holofote nos próximos meses. É candidato à reeleição ao Senado. O apelo de Gim não deu certo. Mercadante não topou a oferta. Por uma simples razão: não quer colocar em risco a indicação de Ideli Salvatti (PT-SC) para presidir a Comissão de Infraestrutura. Conversa Ideli é candidata ao governo do seu estado em 2010 e não abre mão de comandar uma comissão. O PMDB chegou a tentar emplacar Valdir Raupp (PMDB-RO) para a vaga. Ideli endureceu o discurso com Roseana Sarney (PMDB-MA) numa conversa presenciada por quem estava ao redor. “Se o PMDB tem débito com alguém do PT, essa pessoa sou eu”, disse, referindo-se ao apoio que deu para impedir a cassação de Renan Calheiros em 2007. Ao ser informado da proposta feita por Gim a Mercadante, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), mandou um recado em tom de ameaça: ou o petebista aceita a proporcionalidade das bancadas, ou o tucano começará a usar a tribuna do Senado para questionar o passado do senador. A turma do “deixa-disso” entrou em ação e acalmou os ânimos. Na semana passada, o senado Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) comemorava a indicação para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Candidato à reeleição em 2010, Garibaldi tentou continuar na Presidência do Senado. Foi atropelado pela candidatura de José Sarney. Ganhou a promessa de comandar a CCJ. O DEM não abriu mão da vaga. E, agora, o PMDB articula a CAE para o senador. No ano que vem, Garibaldi terá dois adversários de peso para brigar por apenas duas vagas ao Senado pelo Rio Grande do Norte: José Agripino (DEM) e a governadora, Wilma de Faria (PSB). | O que está em jogo Comissão de Relações Exteriores
Dentro da regra da proporcionalidade das bancadas, a presidência pertence ao PSDB. O partido já indicou Eduardo Azeredo (MG), que disputará as eleições de 2010. O PTB, porém, quer a vaga para Fernando Collor (AL). A disputa pode ir para o voto. Comissão de Constituição e JustiçaConsiderada a principal do Senado, deve ser presidida pelo senador Demostenes Torres (DEM-GO). O Palácio do Planalto está preocupado já que o parlamentar é um duro opositor ao governo Lula. O PTB tentou um acordo com o PT para derrotar Demostenes em troca de eleger Collor nas Relações Exteriores. Mas os petistas recusaram. O parlamentar do DEM é candidato à reeleição como senador em 2010. Comissão de Assuntos EconômicosO PSDB sonhava com a vaga, e chegou a indicar Tasso Jereissati (CE), mas aceitou negociar para garantir Relações Exteriores. O posto ficou então para o PMDB, que deve optar por Garibaldi Alves (RN), candidato à reeleição para senador em 2010. O acordo só será descumprido se o DEM não conseguir emplacar Demostenes Torres na CCJ. Comissão de InfraestruturaA presidência do órgão deve ficar com a petista Ideli Salvatti (SC). O PMDB queria indicar Valdir Raupp (RO), mas Ideli cobrou o apoio para livrar Renan Calheiros da cassação em 2007 e, a princípio, obteve sucesso. A petista precisa de visibilidade porque é candidata ao governo de Santa Catarina em 2010. ---------------- http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/2/16/em-um-senado-parado-briga-so-pelas-comissoes------------------- (*) Quando o Carnaval chegar (Chico Buarque). "Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar Tô me guardando pra quando o carnaval chegar ...". ------------- http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45165/--- | |
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