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terça-feira, maio 26, 2009
CPI/PETROBRAS[In:] SOB RÉDEAS CURTAS
Lula não quer susto na comissão | ||||||
Autor(es): Tiago Pariz e Edson Luiz | ||||||
Correio Braziliense - 26/05/2009 | ||||||
Lula dedicou o dia a reuniões sobre as perspectivas da CPI. Encontrou-se primeiro com o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, o chefe da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage. Na sequência, fechou-se no gabinete reservadamente com o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Com o recado dado a Renan sobre a importância de saber todos os movimentos da comissão e não ficar à mercê de imprevistos, Lula abriu a porta para que o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e o vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF), participassem da conversa. A ideia de colocar um oposicionista na presidência da CPI veio do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Pela proposta, o comando da CPI ficaria com o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). Mas José Múcio deixou claro o desinteresse com a iniciativa. “A minoria tem direito a pedir a CPI e a maioria tem direito de eleger o presidente e o relator. É o que sempre aconteceu no Senado”, afirmou o ministro. Os nomes dos integrantes ainda devem ser indicados. Lula não quer que os escolhidos do PMDB sejam passíveis de uma eventual composição com a oposição. Pressões O presidente está descontente com a atuação dos peemedebistas. Primeiro pelo desinteresse de Jucá quando a CPI estava ainda sendo gestada pela oposição. Segundo, por pressões do partido para trocar o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrela, por Paulo Roberto Costa, nome de confiança do partido, lotado na Diretoria de Abastecimento. Para traçar o real cenário da ambição peemedebista por trás da CPI, Lula dedicou 40 minutos só a Renan. Múcio garantiu que não houve nenhuma cobrança pela mudança na direção da Petrobras. “Há uma preocupação para não haver nenhum embaraço para os investidores da Petrobras, porque não pode haver inibição dos investimentos. Esta é uma CPI importante, talvez a maior neste um ano e meio de governo que resta, por se tratar de uma das maiores empresas do Brasil”, disse o ministro. A preocupação é tanta que Lula quis discutir a motivação da criação da CPI, por isso convocou Hage. O ministro da CGU informou que não há nenhum problema por trás da estatal. “Na avaliação feita na reunião, se reafirmou que a Petrobras e o governo responderão a todos os questionamentos sobre os fatos determinados, até porque nada tem a esconder”, disse Hage, lembrando que contratos da empresa vinham sendo acompanhados por CGU, Tribunal de Contas da União, além de auditorias internas da estatal. “As providências que tinham que ser tomadas já estão sendo encaminhadas”, afirmou.
José Múcio Monteiro, ministro de Relações Institucionais
Dúvidas dentro do PMDB
Lula disse a Renan que o governo enfrentará o debate com a oposição sobre a atuação da Petrobras e que há forças interessadas em impedir as mudanças no marco regulatório do petróleo, pois o seu governo pretende restringir a exploração do pré-sal, que caberia exclusivamente à Petrobras. O Palácio do Planalto tem maioria para impedir a pirotecnia da oposição durante os trabalhos da CPI, mas isso depende bastante da composição da Comissão. Renan saiu do encontro com Lula direto para um almoço com presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o senador Gim Argello (PTB-DF), no qual foi traçada a estratégia para formação da CPI. Depois do encontro, “mergulhou”. Nem mesmo o ex-líder do PMDB no Senado Valdir Raupp (RO) sabe quais serão os nomes indicados por Renan para compor a CPI. “Me coloquei à disposição de Renan para a tarefa, mas ele não me deu resposta até agora”, explica Raupp. No PMDB, a disputa para ocupar as três vagas de titular da CPI que cabem ao partido é grande, principalmente pela relatoria. Seria essa a grande dificuldade de Renan. Os quatro senadores do PMDB que subscreveram o pedido de CPI estão fora de cogitação. Os senadores Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS), Geraldo Mesquita Junior (AC) e Mão Santa (PI), por isso mesmo, estão vetados.
O líder do PMDB também quer evitar a indicação de aliados que estejam em confronto com o PT em seus respectivos estados. Tradicional aliado do governo, com atuação agressiva contra a oposição em comissões de inquérito, o senador Almeida Lima (SE) teria indicação quase certa para a CPI, mas hoje ocupa a relatoria da Comissão de Orçamento. Nomes que surgem como prováveis indicados são dos senadores Gilvam Borges (AP), Paulo Duque (RJ), Lobão Filho (MA), Wellington Salgado (MG), Neuto De Conto (SC) e Leomar Quintanilha (TO). Na oposição, a situação é confusa. O PSDB indicou o senador Álvaro Dias (PR) para presidir a comissão, mas não conseguiu entrar em acordo com o DEM, que também quer a presidência para o senador ACM Junior (BA). “O combinado é o partido que ocupar a presidência abrir mão das duas vagas restantes”, explica Dias. A oposição tem direito a três titulares das 11 vagas que compõem a CPI. Já estão indicados os representantes do PTB, Fernando Collor de Mello (AL), e do PDT, Jefferson Praia (AM), sobre os quais o Palácio do Planalto não tem o menor controle. |
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