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sexta-feira, maio 22, 2009

ILHA DE VERA CRUZ [In:] 3o. MANDATO

Tarso nega negociação para o terceiro mandato
Governo descarta terceiro mandato, afirma Tarso


Autor(es): Ayr Aliski e Rivadavia Severo
Gazeta Mercantil - 22/05/2009

O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou, ontem, que o governo esteja negociado para garantir um terceiro mandado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao mesmo tempo, o presidente também negou, em sua viagem à China, a intenção de concorrer à Presidência pela terceira vez consecutiva, o que exigiria uma mudança na Constituição. Apesar das negativas oficiais de representantes do PT, os aliados do PMDB demonstram vontade de avançar na construção do terceiro mandato. É que os peemedebistas não acreditam que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, terá fôlego para enfrentar a campanha, devido ao tratamento a que está se submetendo para tratamento de um câncer linfático.

Na próxima semana, o PMDB também deve apresentar ao presidente Lula um pedido duro de ser atendido pelo Partido dos Trabalhadores, caso a candidata a presidente seja Dilma Rousseff: o PT deve abrir mão da candidatura própria ao governo de Minas para facilitar as conversas em torno do apoio à ministra em 2010.

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A possibilidade de o governo estar negociando com objetivo de garantir as chances de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está descartada, afirmou ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro. Em viagem internacional, Lula também negou durante a passagem pela China a intenção de concorrer à Presidência pela terceira vez consecutiva, o que exigiria uma mudança na Constituição. Apesar das negativas oficiais de representantes do PT, os aliados do PMDB demonstram vontade de avançar na construção do terceiro mandato.

Os peemedebistas não acreditam que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff terá fôlego para enfrentar a campanha, devido à sua recuperação no tratamento contra um câncer linfático, e por isso estariam liderando as articulações na construção do terceiro mandato. Tarso, por sua vez, rejeita a hipótese de que Dilma estará de fora da próxima eleição. "Ela permanece, sim, sem a menor sombra de dúvida, a nossa pré-candidata à presidência da República", disse o ministro da Justiça.

Esta semana a ministra Dilma voltou a receber atendimento médico no Hospital Sírio Libanês em São Paulo, devido a dores enfrentadas em decorrência do tratamento de quimioterapia. Ela recebeu alta na quarta-feira, mas foi recomendada para diminuir o ritmo de trabalho. Dilma saiu do hospital dizendo que considerava "de muito mau gosto misturar uma doença que hoje é curável com questões políticas".

Segundo Tarso Genro, são dois os fatores principais que levam o PT a manter a aposta em Dilma para as eleições de 2010. "A ministra Dilma está respondendo bem ao tratamento, está muito otimista, muito tranquila. É um tratamento normal para esse estágio e também falta muito tempo para as eleições", disse Tarso. Segundo o ministro da Justiça, a volta das discussões sobre a elaboração de um cenário que permitisse um terceiro mandato é, na prática, nada além de um sinal de aprovação ao governo Lula.

"Eu tomo essa discussão sobre o terceiro mandato como uma homenagem a um bom governo e não como um tema que tenha alguma eficácia política para o futuro", declarou Tarso Genro. O ministro argumentou que essa aprovação deve-se ao fato de o atual governo ter mantido a estabilidade da economia e ter conseguido fazer o País "resistir à crise de uma maneira extraordinariamente positiva".

Mas Tarso sinalizou que não há intenção de o atual governo arcar com o ônus de ser o autor de traumas institucionais, uma vez que o terceiro mandato exigiria mudanças na Constituição. "A democracia brasileira não é uma democracia plebiscitária. É uma democracia estabilizada, deliberativa, com instituições sólidas. A mudança de uma norma constitucional para promover um terceiro mandato seria uma ruptura com esse processo de normalidade que todos nós estamos empenhados em afirmar", afirmou o ministro da Justiça.

A candidatura de Dilma para a presidência, no entanto, é um incômodo para o ministro, porque a direção nacional do PT articula o apoio do PMDB para Dilma em troca de composições regionais, o que poderia atrapalhar os planos de Tarso de ser o candidato do PT ao governo gaúcho. O PMDB tem candidato forte no estado, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, líder nas pesquisas de opinião, e a candidatura de Tarso iria na contra a corrente de apoio à Dilma no País.

O ministro se adiantou a convenção nacional do PT e se lançou como pré-candidato ao governo, contrariando a executiva nacional dos petistas. Outro pré-candidato do PT gaúcho, o ex-governador Olívio Dutra abriu mão de candidatar-se ao governo. Analistas políticos do estado entenderam o gesto de Olívio como uma abertura a um entendimento com o PMDB no estado para formar palanque para Dilma à presidência. O motivo da desistência de Olívio seria o enfraquecimento do PT no Rio Grande do Sul que perdeu a prefeitura da capital gaúcha para Fogaça depois de 16 anos no poder e o governo gaúcho para Germano Rigotto (PMDB) e depois para Yeda Crusius (PSDB). Segundo esses analistas, a composição com o PMDB também poderia ser explicada pelo enfraquecimento do partido no estado, mas o ministro Tarso parece acreditar em um eventual sucesso de sua candidatura, o que seria mais viável com um terceiro mandado para Lula, o que excluiria a necessidade do apoio do PT ao PMDB no estado.

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