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quarta-feira, setembro 02, 2009

GOVERNO LULA [In:] PRÉ-SAL e MUITA ''PRESSÃO''

Lula, sobre pré-sal: governo é como uma mãe

Autor(es): Henrique Gomes Batista
Enviado especial
O Globo - 02/09/2009

Presidente diz que nunca pensou em mudar "royalties" e que vai "aumentar cobertor ou colocar todo mundo juntinho


VITÓRIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a urgência para os projetos que tratam do novo marco regulatório do pré-sal. Lula também disse que nunca pensou em retirar recursos dos estados produtores. Em Vitória, durante encontro empresarial entre Brasil e Alemanha, Lula afirmou que nem seria possível no pré-sal uma divisão diferente da atual dos royalties — que reserva 40% dos recursos aos estados produtores.

— O papel de um governo é como o papel de uma mãe: tem que tratar todos com muito carinho, com muito amor, não deixar faltar nada para ninguém.

E jamais uma mãe iria descobrir um filho para cobrir outro. O que nós precisamos é ou aumentar esse cobertor ou colocar todo mundo mais juntinho para que todo mundo tenha e receba a caloria adequada desse dinheiro — afirmou.

Lula diz que exportações são ‘a espuma do chope’ Entretanto, a primeira versão do novo marco regulatório para o pré-sal discutida pelo governo reduzia o percentual de royalties para os estados produtores e previa uma redistribuição desses recursos entre todas as 27 unidades da federação. A atual divisão só apareceu na nova proposta do pré-sal, depois de um jantar no domingo entre o presidente e os governadores dos três estados que mais produzirão o petróleo do pré-sal: Rio, São Paulo e Espírito Santo.

Para o presidente, a proposta do marco regulatório foi bem debatida pelo governo em quase um ano. Ele disse ainda que foram os líderes dos partidos aliados que, de forma unânime, pediram urgência constitucional aos projetos do pré-sal. Esse rito reduz o tempo para o debate pelos parlamentares.

— Agora a bola é do Congresso Nacional. Quem sou eu, um humilde presidente, para ter qualquer interferência no debate que está dentro do Congresso — disse.

Lula alertou, contudo, que a tramitação do marco regulatório não pode tardar muito, pois o país, em sua opinião, deseja começar a usufruir logo desses recursos. Durante o 27oEncontro Econômico Brasil e Alemanha, num auditório repleto de empresários dos dois países, Lula voltou a defender investimentos visando ao mercado doméstico: — Nós não temos que ficar chorando a queda das exportações.

As exportações são alguma coisa que a gente queria. É como se fosse a espuma no copo de chope, que é importante, dá um prazer. Mas o mercado interno é toda a parte amarela, que é o conteúdo mesmo que a gente bebe. Eu nunca vi ninguém ficar bêbado por beber espuma, mas eu já vi gente ficar bêbada por beber o líquido de verdade.

O presidente disse também que vai anunciar nos próximos meses um projeto de construção de hidrelétricas com menos impacto ambiental: a Hidrelétrica Plataforma. O objetivo é tratar as usinas nos rios como as plataformas de petróleo em altomar, ou seja, serão feitas e manejadas por helicópteros, reduzindo assim o desmatamento e evitando a criação de grandes cidades próximas aos diques.

— É uma engenharia que nem o mais radical dos ambientalistas vai botar defeito.

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