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terça-feira, fevereiro 23, 2010

SÃO PAULO/KASSAB [In:] NÃO-CASSADO

Justiça aceita recurso e Kassab fica no cargo

Tenso, Kassab nega que caso crie repercussão negativa
Autor(es): Rodrigo Burgarelli e
Christiane Samarco, BRASÍLIA
O Estado de S. Paulo - 23/02/2010


Decisão ocorreu após os advogados de defesa terem entrado com recurso contra sentença de juiz da 1ª Zona Eleitoral

Em Brasília, DEM declara guerra de retaliação contra o governo federal

Apesar de toda movimentação jurídica que culminou no efeito suspensivo da cassação, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) continuou seguindo sua agenda ontem. Pela manhã, inaugurou um Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) em Aricanduva, zona leste de São Paulo. Acompanhado da vice-prefeita Alda Marco Antônio (PMDB), que também havia sido cassada, e de um séquito de assessores e políticos aliados - como os vereadores Carlos Alberto Bezerra Junior (PSDB) e Gilson Barreto (PSDB) e os deputados federais Jorge Tadeu Mudalen (DEM) e Ricardo Tripoli (PSDB) -, Kassab estava tenso no evento de inauguração, desviando o olhar para baixo e para os lados enquanto não chegava sua vez de discursar.


Assim como fez no domingo, o prefeito saiu logo após se pronunciar sobre a cassação. Indagado sobre as repercussões políticas do caso na provável campanha presidencial de José Serra (PSDB), o prefeito disse não acreditar em consequências negativas para o governador (de quem foi vice-prefeito em 2005 e 2006). "José Serra tem uma folha de serviços prestados que poucos têm no Brasil. A sua carreira e a sua vinculação a eventuais campanhas que surjam pela frente está desvinculada de qualquer ação, de qualquer outra pessoa."

Alda disse não crer que a decisão do juiz Aloísio Silveira seja fruto de perseguição política, como disse anteontem o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). "Acho que tem uma questão técnica que está sendo discutida e confio na Justiça que essa questão será esclarecida o mais depressa possível."

BRASÍLIA

A suspensão da cassação do mandato de Kassab não acalmou o DEM. Certa de que o fato não é isolado, a cúpula do partido pretende dar o troco ao governo no Congresso. "Não se vota mais nada por acordo, porque não dá para negociar com quem nos jurou de morte", afirma o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC). "Por que vamos aprovar os projetos do pré-sal?", indaga Bornhausen, que diz já estar articulando a obstrução com o PSDB. "Se querem radicalização, vamos entregar o produto, e que aprovem o que quiserem com os votos deles; não com os nossos."

"A Câmara pode ser usada como instrumento eleitoral contra o nosso partido, e isso nós não vamos permitir", concorda o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

O líder acusa o PT de mobilizar "células autônomas para destruir a oposição" e de fazer uma "pajelança" com o mesmo objetivo, durante o congresso do partido no fim de semana. "Nos tiraram da categoria de adversários, para inimigos. Isso é prática stalinista, de quem não quer adversário na eleição", diz Bornhausen.

Maia lembra que o discurso dos petistas no congresso partidário no fim de semana remeteu a uma frase de Bornhausen em 2006 - "a gente vai se ver livre dessa raça por pelo menos uns 30 anos". Diz que o PT tentou atualizar a frase antes qualificada como preconceituosa, na base do "tentaram acabar com nossa raça, agora vamos acabar com a raça deles". Depois disso, conclui Maia, "ficou claro que o ambiente é de confronto".

A cúpula do DEM está convencida de que a oportunidade de o partido crescer é agora. "Oposição cresce em período eleitoral e o PT é a prova disso. Vão ter de nos aturar", disse Bornhausen.

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