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segunda-feira, maio 03, 2010

BANCO CENTRAL/MEIRELLES [In:] DE ''COPOM'' EM ''COPOM''

Economia

O chato da festa

Por 8 a 0 os especialistas do Banco Central decidiram aumentar os juros para segurar a inflação. Não tem outro jeito?

Wilson Pedrosa/AE
CREDIBILIDADE
Meirelles: opção por deixar a política de lado e ficar no comando do BC

A economia brasileira está a pleno vapor. Coloque pleno nisso. E coloque vapor... Grandes empresários dizem para quem quiser ouvir que não houve nem haverá ano tão bom para a economia. Notícia boa para todos? Não para o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom. Seus integrantes têm compromisso com a saúde do real. Qualquer amea-ça à moeda – e uma aceleração brutal da atividade econômica com ênfase no consumo é uma ameaça – faz o Copom reagir com a agilidade de um felino, cujo único golpe é o aumento dos juros básicos, a taxa Selic. Na semana passada, o Copom decidiu aumentar essa taxa de 8,75% para 9,50% ao ano. A ideia, que pode ser simplista, antiquada, mas funciona, é que juros altos resfriam o consumo e arrefecem o ritmo da economia antes que o crescimento sem base material para sustentá-lo produza o maior inimigo do povo, a inflação alta.

A prontidão de um BC para usar essa arma sem vacilações é um antídoto contra a expectativa inflacionária – a tentação dos agentes de mercado de apostar em uma inflação futura e, depois, trabalhar para que ela efetivamente ocorra. A mexida para cima que o Copom fez na semana passada encontra amplo e quase irrestrito amparo nas melhores teorias e práticas econômicas modernas. Tem sido uma saída dos governos usar mecanismos para compensar o aumento dos juros (leia-se "custo do dinheiro"). Os mais óbvios são a diminuição da carga de impostos e a concessão de subsídios para os setores que mais sofrem. Mas os governos têm dificuldade para harmonizar essas políticas de arrocho e compensação. Em geral, elas andam fora de fase e não surtem efeito. Além disso, os BCs sem independência formal não trabalham no vácuo e sofrem com os solavancos da política. O BC brasileiro viveu momentos de indefinição quanto à possível saída de seu presidente, Henrique Meirelles, para disputar as eleições como vice da candidata petista Dilma Rousseff. Meirelles decidiu permanecer à frente do BC e, na missão de impedir a decolagem da inflação, pode, teoricamente, atrapalhar a candidata de cuja chapa por pouco não fez parte. Caberá ao BC, mais uma vez, o papel de ser o chato da festa.

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Revista VEJA.

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