Pela primeira vez, pesquisa do Banco Central constata que o brasileiro está usando mais a internet para fazer suas operações bancárias do que os terminais de autoatendimento, como o caixa eletrônico. Uma em cada três transações é hoje feita pela rede. Em 2009, 30,6% das operações bancárias foram realizadas via internet
Pela primeira vez, o brasileiro está usando mais a internet para fazer suas operações bancárias do que os terminais de autoatendimento, como o caixa eletrônico. De acordo com o "Diagnóstico do Sistema de Pagamentos de Varejo no Brasil" , divulgado ontem pelo Banco Central (BC) e com dados de 2009, as transações feitas pela rede mundial responderam por 30,6% do total do ano passado, contra 23,8% nos canais tradicionais, como agências e postos bancários. Os correspondentes bancários, como agências de correios e pequenos estabelecimentos comerciais, foram procurados em 9,5% das transações.
- O uso da internet tem crescido pela facilidade de acesso e por ser um canal de multisserviços. A tendência de crescimento (do uso) dos canais eletrônicos é mundial - afirmou o chefe do Departamento de Operações Bancárias do BC, José Antonio Marciano.
Para os bancos, o uso da internet é, além de seguro, rentável. É possível, por exemplo, atender a uma gama maior de clientes com cada vez menos funcionários, que não precisam ficar nas agências. E isso é especialmente válido para a população de maior renda, com mais acesso à rede. Ao todo, quase 50 milhões de pessoas tiveram acesso remoto aos bancos em 2009, segundo o BC.
O analista do setor bancário da corretora Ágora Aloísio Lemos entende que essa tendência é sem volta e sinaliza que os bancos terão cada vez mais de investir em tecnologia, pois existe muito espaço para avanço.
Para o consumidor, também há vantagens. Marciano, do BC, lembra que a resolução 3.518 veta a cobrança de tarifas bancárias em alguns serviços realizados via internet, como extratos e saldos.
Há também um ganho de tempo. E o empresário paulista Sérgio Cross, de 45 anos, sabe disso. Ele, que só paga suas contas pessoais e da sua empresa pelo computador, frequentava seu banco quatro vezes por semana. Agora vai, em média, uma vez por mês apenas para retirar algum dinheiro.
- Tive problemas com o cartão eletrônico, mas nunca com as transações via internet. A produtividade é enorme - disse.
Apesar do salto dos serviços via internet, quando se fala em pagamentos de contas, tributos e transferência de crédito, o usuário ainda prefere canais tradicionais. O BC mostrou que 36% dessas operações foram feitas por meio dos correspondentes bancários. Do total das transações feitas pela internet em 2009, apenas 9,4% eram para pagamentos de boletos e cobranças.
Uso de cheques caiu e de cartões desacelerou
Ao todo, segundo o BC, foram realizadas 8,167 bilhões de operações de pagamento no país em 2009, 6% a mais que em 2008. Esse levantamento foi feito pela primeira vez em 2004. De lá pra cá, o crescimento foi de 59%.
O BC também percebeu que o brasileiro aumentou o uso de papel moeda para fazer seus pagamentos em 2009, sobretudo nas operações de pequeno valor. No ano passado, o valor nominal per capita de cédulas e moedas saltou 12,7% sobre 2008, chegando a R$459,94. Isso ocorreu devido ao aumento dos pagamentos de programas sociais.
O BC observou que a população continua reduzindo o uso dos cheques. Em quantidade, houve queda de 10,20% na emissão de cheques em 2009, com 1,233 bilhão de unidades. Já sobre os cartões de crédito e débito, houve uma desaceleração no crescimento de seu uso: cerca de 10%, abaixo da expansão média anual de 19% e 23%, respectivamente, verificadas entre 2004 e 2008. Mas o BC destacou que ainda há espaço para mais uso do plástico como meio de pagamento. |
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