A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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sábado, setembro 04, 2010
EDITORIAL II [In:] O VELHO, O BURRO, O CÃO e o GATO (*)
O pastor não ouviu o que disse
Para evitar a ampliação do estrago causado pelo estupro do sigilo fiscal de políticos tucanos, eles esconderam o caso de Verônica Serra. Para reduzir o impacto da violência imposta à filha de um candidato à Presidência, eles providenciaram uma procuração falsificada. Para diminuir o assombro provocado pela descoberta da fraude, eles escalaram para o papel de culpado um contador especializado em maracutaias no Fisco. Para abrandar a perplexidade decorrente da notícia de que o contador é um petista de carteirinha, eles agora costuram às pressas a mentira de amanhã.
Nesta quinta-feira, em entrevista ao Jornal Nacional, o contador Antonio Carlos Atella Ferreira garantiu que nunca fora filiado a partido nenhum. “Se alguém me filiou, nem conheço quem é, se caso eu tiver filiado”, gaguejou. A mentira foi implodida 24 horas depois: hoje, o JN informou que Atella foi adepto da seita entre 20 de outubro de 2003, quando assinou a ficha de inscrição no PT de Mauá, e 21 de novembro de 2009, menos de dois meses depois da violação do sigilo de Verônica Serra.
Atella primeiro jurou que não se lembrava dos seis anos de militância. Logo admitiu que pode ter assinado alguma ficha “num momento de empolgação”. Foi socorrido por José Eduardo Dutra, presidente nacional do partido. Até o fim da tarde, Dutra nunca ouvira falar em Atella. Descobriu em menos de duas horas que o contador bandido “nunca teve participação política dentro do PT”. Se existiu, declamou o companheiro, a filiação foi “apenas cartorial”.
Em 17 de julho de 2005, levado às cordas pelo escândalo do mensalão, o presidente Lula usou uma entrevista ao programa Fantástico para esquivar-se da saraivada de golpes e escapar do nocaute. “Trabalhar com a verdade é muito melhor”, disse com pose de professor de jardim de infância. “A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentiras para justificar a primeira que você contou”.
Verdade. Só que o pastor não prestou atenção no que dizia. Nem o rebanho.
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A candidata, o ministro, o contador bandido e o dialeto dos condenados à impunidade
A candidata Dilma Rousseff afirma que não encomendou dossiê nenhum contra José Serra, muito menos o estupro do sigilo fiscal da filha do adversário. “Se alguém fez alguma coisa errada, não tenho nada com isso”, vem repetindo. Ela alega que não pode controlar a movimentação no comitê de campanha, como ficou claro no episódio do programa de governo que rubricou e assinou, mas não leu. “Me pediram rubrica”, já explicou. “Rubricar é rubricar e eu rubriquei”.
O contador Antonio Carlos Atella afirma que não fez nada de errado ao consumar o estupro do sigilo fiscal de Verônica Serra com a procuração que apresentou à Receita Federal. “Não faço a menor ideia de quem encomendou o serviço”, vem repetindo. Ele só lembra que os interessados tinham pressa e que o documento lhe foi entregue pelo office-boy Ademir Estevam Cabral.
Se a candidata não controla o tráfego no comitê, sobretudo em seus subterrâneos, o contador alega que não pode controlar a movimentação da papelada que despacha diariamente: “Pediu, estou tirando”, já explicou. “Se pedir de quem quiser eu tiro, e a Receita tem que entregar”. O Fisco já foi mais cuidadoso na lida com gente assim. Entre outros pontapés nos códigos legais, o alentado prontuário de Atella informa que o portador já foi pilhado em flagrante usando quatro CPFs ao mesmo tempo.
Dilma promete processar José Serra pelo que anda dizendo no horário eleitoral. “Estou sendo ofendida na minha honra”, recita. Atella promete processar jornais e revistas que andam divulgando notícias sobre as enrascadas em que se meteu. “Estou sofrendo danos morais”, declama. A candidata jura que não teme perder, em consequência do escândalo, a liderança nas pesquisas eleitorais. O contador tem certeza de que não perderá o direito de ir e vir.
(Ficou mais confiante nesta sexta-feira: depois de um depoimento de cinco horas na Polícia Federal, não foi sequer indiciado. Os sherloques querem ouvir com urgência Verônica Serra. A conversa com a vítima da violação com motivações eleitoreiras lhes parece mais urgente que, por exemplo, o interrogatório de evelações de Otacílio Cartaxo, secretário da Receita Federal).
“Não existe sistema inviolável”, disse nesta tarde o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Pode ser. Nos países que não se assemelham a um clube dos cafajestes, contudo, os autores do crime vão para a cadeia e funcionários públicos relapsos ou cúmplices, como Cartaxo, são demitidos. Não é o caso do Brasil, confirma o contador. “Todo mundo aqui está passível de ter a vida investigada”, ensina Atella. “Esse é o Brasil dos f.d.p.”
Nesse Brasil, como comprovam as frases entre aspas, uma candidata à Presidência, um ministro da Fazenda e um especialista em maracutaias fiscais falam a mesma linguagem. É o dialeto dos que se consideram condenados à impunidade.
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O PT aprendeu com Collor a estuprar a intimidade da família do adversário
Na campanha presidencial de 1989, o candidato Fernando Collor estuprou pelo menos duas vezes a intimidade do adversário Luiz Inácio Lula da Silva. Uma das abjeções consumou-se em surdina. Horas antes do último debate debate na TV, Marisa Letícia foi chamada ao telefone para ouvir que o marido havia presenteado com um aparelho de som a namorada que morava em Brasília. O segundo estupro foi testemunhada pelo país inteiro: no horário eleitoral de Collor, Miriam Cordeiro acusou o ex-namorado Lula de tentar forçá-la a praticar um aborto ─ e de repudiar a filha Lurian depois do nascimento.
Até promover o agressor a companheiro e, em seguida, conferir-lhe o título de amigo de infância, o agredido repetiu que devia a Fernando Collor momentos incomparavelmente dramáticos. “Nunca me senti tão deprimido”, ouvi de Lula durante um jantar. “Não há nada mais sujo que envolver a família da gente numa disputa política”. No dia seguinte ao da apresentação de Miriam Cordeiro, Collor foi publicamente censurado pelo senador Fernando Henrique Cardoso e pelo deputado federal José Serra.
Em março de 2008, para livrar o governo da enrascada em que se metera com a gastança dos cartões corporarativos, a ministra Dilma Rousseff foi encarregada de produzir um papelório abjeto que tentava reduzir Fernando Henrique e Ruth Cardoso a perdulários incuráveis, uma dupla decidida a desperdiçar o dinheiro da nação em vinhos caros e futilidades gastronômicas. Por ordem de Lula, Dilma foi a primeira a agredir uma mulher gentil, suave, e também por isso tratada com respeito até por ferozes inimigos do marido.
Acuada pelo noticiário, a chefe da Casa Civil telefonou para Ruth Cardoso e jurou que o dossiê era uma invencionice da imprensa. Atropelada por mais provas e evidências, Dilma tentou transformar em “banco de dados” a fábrica de dossiês cafajestes infiltrada no coração do poder. Lula, claro, recitou que não sabia de nada. Ele sempre diz isso quando fica sabendo de tudo.
A humilhação ensaiada contra Ruth Cardoso não foi menos ultrajante que a imposta em 1989 a Marisa Letícia. Nem existem diferenças essenciais entre a afronta sofrida por Lurian e o estupro do sigilo fiscal de Verônica Serra. Mas Lula não fica tão chocado quando a filha é dos outros. “É um crime grave de falsidade ideológica”, ensinou nesta quinta-feira a usina de reducionismos oportunistas.
O presidente tratou do assunto como se discorresse sobre uma questão técnica. Pareceu tão sincero quanto seria Collor se dissesse, em 1989, que resolvera usar o caso do aborto para mostrar algumas ideias do candidato na área de ginecologia. Serra precisa deixar claro que o Brasil foi controntado com um gravíssimo crime político, um pontapé na Constituição e uma bofetada na face de todos os brasileiros. Os quase 150 estupros localizados no mafuá de Mauá avisam que a invasão da privacidade é coisa rotineira. O direito ao sigilo foi abolido.
As informações obtidas criminosamente no mafuá de Mauá apareceram pela primeira vez no dossiê contra José Serra denunciado por VEJA em maio. Os jornalistas Luiz Lanzetta e Amaury Ribeiro Junior, contratados pelo comitê de Dilma, ainda não revelaram de que forma conseguiram obtê-las ─ e quem encomendou o serviço sujo. A candidata do PT capricha na pose de vítima: “As acusações são falsas, levianas e não têm sustentação jurídica”, voltou a declamar nesta tarde. Dilma faria melhor se saísse à caça de álibis mais convincentes do que os balbuciados para escapar do caso do dossiê contra Ruth Cardoso.
Lula aprendeu o que os sarneys já nascem sabendo: numa disputa eleitoral, só é proibido perder. Foi ele quem sugeriu a Dilma a linha de argumentação: quem a trata como suspeita está cometendo um crime contra a honra. Que honra?
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http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
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