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sexta-feira, setembro 03, 2010

PT/DOSSIÊs [In:] NEM O CÉU É MAIS O LIMITE

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PF INVESTIGA SE SIGILO FOI VIOLADO TAMBÉM NO BB


BB também sob suspeita


Autor(es): Gerson Camarotti e Jailton de Carvalho
O Globo - 03/09/2010

Depois da quebra ilegal do sigilo fiscal de Verônica Serra na Receita, a Polícia Federal investiga agora se o Banco do Brasil também atuou na violação de contas bancárias do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. A PF pediu que o BB forneça os dados do sistema de controle. O presidente Lula mandou que a PF apresse as investigações sobre o vazamento. Na Receita, é incômoda a situação do secretário Otacílio Cartaxo. Mas, para preservar a campanha de Dilma Rousseff (PT), o governo não mudou o comando do órgão. Ao comentar o caso, Dilma disse que houve "um malfeito" na Receita, negou envolvimento no crime e disse que o PSDB usa o episódio para tentar ganhar a eleição "no tapetão". O corregedor do TSE, Aldir Passarinho, arquivou o pedido do PSDB para cassar o registro da petista. Em seu programa de TV, José Serra (PSDB) atacou o PT e classificou o episódio de baixaria: "Isso não é política, é sujeira." Ele mostrou imagens de Fernando Collor em 1989 com a filha de Lula na TV, seguidas de cena, atuais de Collor pedindo votos para Dilma.

Além das violações contra tucanos na Receita, conta de Eduardo Jorge teria sido acessada.

Além da quebra ilegal do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, e de outros políticos tucanos, a Polícia Federal passou a investigar uma suposta ação ilegal no Banco do Brasil para violar as contas bancárias do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. A exemplo do que foi feito na Receita, onde os registros no sistema apontaram as senhas de quem devassou os dados fiscais de tucanos, a PF quer saber a identidade dos servidores do BB que podem ter extraído informações das contas de Eduardo Jorge. A PF já encaminhou à Justiça um pedido para que o banco seja obrigado a fornecer os dados do sistema de controle.

A denúncia foi feita por Eduardo Jorge em depoimento prestado à PF, em 5 de agosto. Ele atribui o vazamento ao comitê da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Apesar da denúncia ter sido levada à PF há quase um mês, o BB informou ontem que "não há fato concreto" e, por isso, não determinou qualquer medida para apurar a denúncia. Segundo o banco, o caso só será apurado internamente se houver "fato concreto".

A PF decidiu apressar a apuração da quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra e de Eduardo Jorge e intimar para depor o técnico contábil Antônio Carlos Atella Ferreira, acusado de usar uma procuração falsa para violar o sigilo fiscal de Verônica. A polícia tentaria interrogá-lo ainda ontem.

A polícia também quer ouvir Verônica. Ela já declarou que não assinou a procuração usada por Atella.

Peritos vão analisar procuração.

Com autorização judicial, a PF também já teve acesso e está analisando o disco rígido do computador de Adeildda Ferreira Leão Santos, servidora da Receita acusada de vasculhar indevidamente às declarações de Eduardo Jorge. O Ministério Público pediu e a juíza Pollyana Alves, da 12ª Vara, autorizou que a polícia abra e confira as informações registradas no computador da servidora.

A PF também pediu a quebra do sigilo bancário e telefônico de Adeildda. Quer saber com quem a servidora manteve contato no período das quebras de sigilo.

Peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) vão analisar também a procuração usada por Attella para obter uma cópia da declaração de renda de Verônica Serra. Confirmada a irregularidade, Attela será indiciado por uso de documento falso.

Falta a parte mais importante: identificar os mandantes da quebra de sigilo. A PF interrogou o jornalista Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicações, empresa encarregada de contratar repórteres na fase da pré-campanha de Dilma. Lanzetta foi acusado por Onésimo Souza de pedir um levantamento sobre Serra e o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ).

Lula pede pressa nas investigações

Lanzetta diz que foi o ex-delegado quem se ofereceu para investigar o suposto grupo de Itagiba, que produziria dossiês contra aliados de Dilma. Também foi interrogado o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Mathias, o Dadá. Onésimo, Dadá e o jornalista Amaury Ribeiro seriam contratados por Lanzetta.

O presidente Lula determinou ontem que a PF apresse as investigações sobre a quebra de sigilo. Segundo o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, Lula espera que os culpados sejam devidamente punidos.

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