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segunda-feira, novembro 22, 2010

GOVERNO LULA [In:] ''... SUBO NESTE PALCO, MINHA ALMA CHEIRA A TALCO..." *

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Democracia e risos


Autor(es): Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense - 22/11/2010

Alguns jornais publicaram, na última semana, uma foto e uma frase, que nada têm a ver entre si: a primeira, colhida no Brasil; a segunda, proferida na antiga Birmânia. Ambas, no entanto, contêm bons ensinamentos de compostura e sabedoria políticas.

Na foto, com macacões da Petrobras, estão outros e o presidente Lula. Este diz qualquer coisa que provoca risos alvares dos homens que o cercam, mas não da única mulher entre eles. A frase referida acima foi dita pela mulher San Suu Kyi, presa, por 15 anos, nos últimos 20 da ditadura militar do Mianmar (a ex-Birmânia), após pregar a reconciliação nacional a mais de 4 mil pessoas postadas à frente de sua casa: “Vocês têm de se levantar para o que é certo. A luta de apenas uma mulher não é democracia”.

Dir-se-ia, da postura digna do silêncio da mulher, que não riu dos gracejos de Lula, entre os que gargalhavam na ocasião, foi uma advertência silenciosa, como as palavras sérias de Suu Kyi, aplaudidas sem risos. Rir das palhaçadas dos truões da corte ou dos ditos do rei é próprio dos regimes, mesmo com grandes problemas, que não dispensam aplausos ao monarca do dia.

O rosto da mulher silenciosa esboça um sorriso mais contido que o da Gioconda, o que dá menos margem a interpretações do que o quadro de Leonardo da Vinci. Ela se manteve séria, como convinha a quem sabe de nossos problemas, avaliados, aliás, com base no último pleito, pelos 45 milhões de eleitores divergentes do governo Lula, inventor da candidatura presidencial vitoriosa da mulher Dilma Rousseff.

O repórter exagerou, talvez, ao ler as risadas e o sorriso crispado. Mas quem olhar a foto não achará a leitura longe da verdade. Comparada a face da brasileira à de Suu Kyi, verá, nelas, a impaciência de mulheres avessas a graçolas, seja o gaiato quem for.

Essa foto lembra Chaplin (no papel de Calvero), comediante decadente (Luzes da ribalta), e a bailarina que ele salvou da morte. Que o Calvero de Lula, salvador de Dilma, e os que votaram nela não venham, no fim desse filme, a “lamentar perdidas ilusões”.

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(*) PALCO (Gilberto Gil).

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